Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 30
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic já tava muito amorzinho… vamos agitar esse negócio? Vamos…



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"Pesadelos, por favor me acordem."

Chat Noir estava ferido em sua frente. Ajoelhado no chão, estancando o sangue da ferida aberta em seu abdômen com as mãos.

— Não! Chat! - Ladybug correu em direção a ele. Mas parecia não sair do lugar, não importando o quanto estivesse se esforçando. - Eu vou te salvar! - Ela gritava, berrava, enquanto ele parecia se distanciar mais e mais.

As lágrimas quentes rolavam por suas bochechas, pingando pelo seu queixo. Esticou sua mão para frente, tentando alcançá-lo de todo jeito, mas era tarde demais. A transformação dele se desfez na frente dos olhos da heroína.

Então, viu o corpo de Adrien tombar para o lado, caindo no chão, completamente imóvel, em uma poça de seu próprio sangue. Seu desespero multiplicou.

“Não, por favor não!”

Ela congelou totalmente ao vê-lo desacordado, parando de correr. Um sentimento horrível e avassalador toma conta dela, fazendo-a soltar um grito doloroso em completa agonia.

— Meu príncipe! - Ela se debruçou sobre o próprio corpo, tentando conter a dor que tomou conta do seu interior. Só então percebeu que não usava o seu traje de heroína. Era Marinette que estava ali, não Ladybug.

Quando conseguiu se reerguer, o corpo dele havia sumido.

Antes que pudesse raciocinar sobre isso, ela foi virada bruscamente para trás, por uma garra branca e gélida agarrando seu ombro.

Se deparando com Chat Blanc sorrindo para ela. Ela queria chorar mais, e tentar se soltar dele, mas em vão. Estava fraca demais para relutar.

— Foi tudo culpa sua M'Lady! — A voz dele, carregada de amargura chegou aos seus ouvidos. Uma mão dele passeou por sua bochecha, secando suas lágrimas.

"Não… não"

— Você não pode mais me salvar! — Ele parecia bravo, e triste ao mesmo tempo. Aquilo só fazia com que o coração dela se apertasse mais. Chat Blanc a segurou pelos dois ombros. Marinette estava sem forças, até para se manter de pé. Apoiou ambas as mãos espalmadas no peito dele enquanto chorava.

"Posso sim"

Ela fechou os olhos, reparando que no peito branco de Chat a sua frente, debaixo das suas mãos apoiadas, nenhum coração batia.

— Não pode não, Marinette… Está tudo acabado agora. Você falhou.

— NÃO CHAT! - Marinette arfou quando se sentou na cama. Respiração irregular, corpo suado, coração batendo forte.

O normal de sempre quando acordava de um pesadelo.

O incomum era o fato de que Adrien estava sentado ao seu lado, quieto, a olhando aflito.

— Minha presença já não está funcionando mais, não é? - O garoto sentia que iria chorar a qualquer momento.

Adrien recapitulou sobre os últimos dias. Tudo estava indo bem. Estava indo para a casa de Marinette à noite como sempre, foram dormir juntos como faziam há meses, mas ainda assim, nas últimas noites, os pesadelos dela haviam retornado.

Na primeira vez que isso aconteceu, foi quando ela dormiu sem ele à tarde, pensou que talvez, ela ter ido dormir sozinha de alguma forma, trouxe o pesadelo à tona. Na segunda vez, foi o dia em que ela foi à sua casa, pensou que o pesadelo tivesse sido mais forte, e por isso nada iria o impedir. Uma exceção à regra, talvez.

Ele a acalmou como fazia começo e “voltaram” a dormir. Na verdade, tentaram, pois nenhum dos dois conseguiu. Mas então, na noite seguinte, aconteceu a mesma coisa. Adrien perguntou à Marinette diversas vezes se algo havia mudado, se ela estava com medo de algo específico, e nada. Ela continuava a dizer que estava tudo bem.

Essa era a sétima noite consecutiva que ela era acordada da mesma forma, e ele também.

Os terrores noturnos haviam voltado. E Adrien não sabia o que pensar sobre isso.

— Não sei mais o que fazer princesa… - Sua voz saiu dolorosa, e ele suspirou derrotado. Estava ajoelhado ao lado dela, finalmente libertando às lágrimas que segurou a tanto custo para não caírem.

Odiava não ser mais o bastante. Odiava não conseguir se controlar para aparentar estar forte por ela. Mas depois de vê-la sofrer a semana inteira… Adrien não aguentava mais. Tentou esconder o rosto dela, para que não visse o quão devastado ele estava, em vão.

Sentiu os delicados braços dela o envolverem por trás, e agarrou os pequenos braços dela que o rodeavam. Mari ainda tremia pelo sonho, e ele se culpou mais.

— Eu sinto muito meu amor…Me desculpa!

— Adrien, não faz isso… A culpa não é sua! - Mari consolou, enquanto Adrien se derramava em seus braços. Era horrível vê-lo assim. - Ei, olha para mim. - Chamou-o de forma delicada, virando o rosto dele para encontrar com o seu. - Eu estou bem. - Ela não estava. Tinha medo do que seus sonhos significavam, e o motivo de não conseguir mais evitá-los, mesmo com o namorado ao lado dela. Mas precisava dizer isso para acalmar Adrien. Ela precisava dele bem, acima de tudo. - Vamos dar um jeito nisso juntos, ok?

Adrien respirou fundo, se recuperando enquanto apreciava o contato das mãos de Marinette em seu rosto. Elas eram pequenas, quentes e reconfortantes.

— Eu sei que você não está bem. - Ele passou uma das mãos pelos cabelos soltos dela, fazendo uma carícia em sua cabeça, a voz dele estava embargada. - Mas sei que diz isso só para não me deixar preocupado princesa. - Adrien deu um beijo na testa dela. - Mas não minta mais para mim, por favor.

Aquele pedido fez o corpo de Marinette tremer. Agradeceu internamente por estar escuro o bastante para Adrien não conseguir ver sua cara espantada.

— Então vamos deitar? - O tom normal de Adrien havia voltado, ela suspirou com isso, ele estava, como sempre, aliviando o clima. - Temos duas horas antes do seu despertador tocar.

— S-sim, vamos. Eu só quero molhar meu rosto, suei muito. - Ela deu um beijinho na bochecha dele antes de se arrastar para fora da cama. - Pode dormir, e já volto.

Não podia ver o rosto dele direito, mas pela falta de resposta, imaginou que ele havia concordado.

Marinette saiu da cama, indo em direção a sua pia. Molhar o rosto sempre a deixava um pouco melhor, a água gelada trazia frescor para seu rosto e mente.

Terminou, pegando a toalha ao lado, se secou e ao levantar, viu um vulto branco pendurado na janela atrás de si através do reflexo.

“Chat Blanc!”

Ele soltou um pequeno grito de susto e se virou rapidamente, levando uma mão ao coração pelo susto. Mas não havia nada na janela, além da imensidão escura da noite.

— Está tudo bem aí princesa? - A voz sonolenta de Adrien levou sua atenção até o andar de cima.

— E-está sim! - Respondeu antes que ele viesse atrás dela. — P-pode voltar a dormir, já estou indo. - Seu coração ainda batia rápido, e seus pés pareciam ter travado no chão.

Ela levou as mãos aos cabelos soltos,penteando-os para trás com os dedos.

“Estou ficando louca!”

Esperou sua respiração voltar ao normal antes de voltar para a cama. Não queria acordar o namorado com sua agitação. Mas desistiu da ideia quando percebeu que não iria conseguir dormir de jeito nenhum.

Esperou para conferir se Adrien realmente havia ido dormir, e depois, foi até seu diário.

“Querido diário

Não sei o que está acontecendo comigo.

Quando aceitei meus sentimentos pelo Chat Noir, foi a primeira vez em que tive um pesadelo com ele ao meu lado. Achei que havia sido pelo medo de perdê-lo, ele estava tão bravo comigo naquele dia.

Mas agora eu não sei mais se era só isso.

Além dos pesadelos que retornaram, estou vendo e ouvindo Chat Blanc acordada agora. E isso me assusta muito.

Talvez, ter riscado o último item da minha lista trouxe consigo um mau agouro.

Eu sinto medo. Mas não um medo qualquer, de algo específico ou alguma coisa. Não é o mesmo medo que sinto quando vejo Chat Blanc em meus sonhos.

É um medo puro. Como se tudo fosse acabar.

Como um predador, ele rasteja até mim em momentos aleatórios. E sinto que está cada vez mais perto de me alcançar.

Não sei o que vai acontecer quando finalmente me pegar.

Talvez eu esteja realmente ficando louca.”

******************************************

Não gostou de nada do que estava vendo no espelho pela manhã. Mesmo com o reflexo embaçado pelo recente banho, ainda era possível ver sua imagem decadente.

Olhos vermelhos e inchados pelo choro. Olheiras fundas. Carranca pelo mau humor.

Marinette se sentia péssima, e aparentemente, seu físico gritava o mesmo.

— Nossas noites difíceis voltaram. - Ela desabafou para a kwami que flutuava atrás de si e a olhava preocupada.

— Sinto muito por isso, Mari. - Tikki se aproximou dela, pousando em seu ombro em um ato consolador.

— Ouviu nossa conversa de ontem? - Mari perguntou, enquanto usava a maquiagem que comprou meses atrás para o mesmo objetivo de agora: Esconder suas olheiras e melhorar sua aparência.

— Sim, eu e Plagg estávamos ouvindo… - Tikki contou, temendo que sua dona ficasse constrangida pela falta de privacidade. Mas Marinette não se importou, na verdade, torcia para Tikki estar inteirada do assunto para poder desabafar.

— Estou deixando Adrien preocupado… Odiei vê-lo daquele jeito Tikki. - Ela soltou, feliz por poder compartilhar isso com sua kwami. Andou pelo quarto de toalha, indo até o guarda-roupa. Mesmo que seu corpo pedisse descanso, era domingo, e também, era o aniversário de Juleka. Havia prometido aos seus amigos que iria se juntar a eles no barco agora à tarde para a festa dela.

— Eu sei, Marinette. - Tikki falou com pesar, e deu uma pausa antes de continuar a falar. Sabia que sua dona não ia gostar nadinha de sua sugestão. - Talvez seja hora de… contar a verdade a ele? - Marinette fechou a porta do armário com brusquidão. Buscando a figura vermelha e pequena que flutuava atrás de si.

— Está falando sério Tikki? - Viu a kwami acenar, incerta. E isso fez o cenho dela se fechar. - Sabe que nunca farei isso. Como isso ajudaria afinal? Só traria Chat Blanc para mais perto de mim! - Ela bufou irritada, enquanto vestia suas roupas.

— Não Marinette! Você e Adrien são mais fortes juntos! Mantê-lo afastado só vai piorar as coisas. - Tikki tentava falar, mas Marinette não conseguia ouvir.

— Ele saber meu segredo é que vai piorar as coisas! - Rebateu impaciente. Odiava brigar com Tikki. Era raro, mas quando acontecia, se sentia péssima. Até porque geralmente, a kwami estava certa.

“Mas não dessa vez!” - Seguiu até seu espelho, indo pentear os cabelos molhados. Não queria continuar aquela conversa.

Ouviu Tikki suspirar derrotada, ainda indo atrás de si.

— Então ao menos conte das suas visões! - A kwami pediu, e parecia aflita. - Conte a ele o que acontece nos sonhos, conte que escuta Chat Blanc te chamar acordada. - Mari largou a escova de cabelo na mesa, apoiando as mãos na mesma enquanto abaixava a cabeça, respirando fundo. - Tudo isso são verdades que você pode contar, mas que ainda está escondendo dele. E isso está te adoecendo Marinette! - A garota fechou os olhos, ignorando o aperto que sentia no peito ao ouvir esse conselho.

— E deixá-lo mais preocupado vai ajudar em que? - Contestou novamente. Pegou suas gominhas de cabelo para fazer seu penteado usual.

— Já se perguntou que a razão do Adrien estar tão preocupado é exatamente por não entender o porquê de tudo estar acontecendo de novo? - As palavras de Tikki faziam seu interior se revirar. - Ele pergunta e você sempre diz que está bem. Mas Adrien confia tanto em você que nem questiona.

— Nem eu entendo o porquê Tikki! Nem eu! - Explodiu, se virando para trás para encarar a kwami. - Dormir com Chat Noir funcionava pois eu me sentia segura com ele ao lado. Ainda me sinto… mas por que não funciona mais? - Um turbilhão se passava em sua cabeça. Ela estaria realmente quebrada agora? Com danos tão fundos que seriam impossíveis de ser reparados?

— Por que você deixou de ver Adrien como um parceiro e passou a enxergá-lo como alguém que você deveria proteger. - A voz de Tikki carregava verdade. Isso prendeu a atenção de Marinette. - Você é a Ladybug, e ele é o Chat Noir. - A kwami flutuou até bem perto de seu rosto. - Yin e yang, Marinette! Não existe um maior que o outro. Os dois cuidam um do outro. Mas você está tomando tudo para si!

Arregalou os olhos com essa alegação. Um soco no estômago teria doído menos.

Ouviu a campainha tocar. Adrien havia chegado.

— Promete pensar no que te falei! - Tikki clamou, ficando em cima de sua mão que estava prestes a abrir a porta de alçapão de seu quarto.

— Eu prometo Tikki. - Falou em um suspiro, deixando a kwami mais calma antes de entrar em sua bolsinha.

Desceu as escadas de forma lenta. Marinette já era desastrada por natureza, não queria ganhar um tombo a mais por estar exausta.

Abriu a porta, se deparando com um loiro alto, lindo e extremamente cansado.

— Precisa dormir melhor, Agreste. Daqui a pouco as empresas de colchões vão ser as únicas a te chamar para ser modelo. - Ela riu, apontando para as manchas arroxeadas em volta dos olhos do namorado. - Talvez as de pijama também.

— Ha-ha, muito engraçado, princesa! - Ele ironizou, oferecendo o braço a ela para caminharem até o carro estacionado na porta, que os levaria ao Liberdade. - Bom saber que fica de bom humor mesmo sem dormir.

Ela riu. Se soubesse o quanto estava ranzinza, Adrien não diria isso. Mas estava se tornado um hábito, um péssimo hábito, camuflar seus reais sentimentos quando se tratava do seu problema durante esses dias. E o humor havia se tornado um ótimo mecanismo de defesa.

Apesar de errado, sentia que precisava fazer isso, esconder de Adrien o quanto os pesadelos a estavam afetando, para que a culpa não o dominasse. Já era ruim o bastante os pesadelos serem com "ele".

As palavras de Tikki tocaram bem fundo em seu interior enquanto pensava isso. Mas estavam no carro, e Gorila estava ali, não iria conversar sobre nada naquele momento.

Na verdade, aproveitou que o balanço do automóvel a embalava e deitou no ombro do namorado, fechando os olhos.

— Gorila vai achar que somos loucos. - Ouviu a voz de Adrien, mas não quis acabar com aquele momento que estava tendo, de olhos fechados. Soltou um resmungo para que ele terminasse o pensamento. - Pedi para ele nos levar a uma festa, mas estamos os dois quase dormindo no carro. - Marinette riu, mas depois quase quis chorar, pois era a verdade. Estava literalmente caindo de sono. Abriu um olho com muito custo, olhando para cima e vendo o rosto de Adrien sereno, também de olhos fechados e com a cabeça escorada no banco.

— Qualquer coisa, falamos para ele que é festa do pijama. - Brincou, voltando a fechar os olhos, e sentiu a cabeça ser sacudida pelos ombros de Adrien, enquanto ele ria.

— Festa do pijama à tarde? Essa é nova. - Sentiu o braço dele que estava em suas costas se mexer, sentindo a mão do garoto em seus cabelos logo em seguida.

Agora sim ela ia dormir.

— Príncipe! Não me faça cafuné agora! - Ela resmungou, soltando um bocejo imediatamente. - Viu? Droga… agora estou com sono.

Adrien riu mais, parando o cafuné e envolvendo os ombros dela com o braço.

— Aham, a culpa é toda minha e dos meus dedos né? - Ele disse, mas ficou quieto em seguida. - De toda forma, é minha culpa.

O sono se foi e Marinette desencostou do ombro dele, olhando-o.

— Sabe que não é… - Ela parou a frase no meio quando o carro parou. Haviam chegado. Olhou pela janela e viu o barco já cheio com seus amigos. Quando voltou o olhar, Adrien já estava abrindo a porta e a oferecendo a mão para sair.

— Estou bem amor. - Ele disse enquanto ela saía do automóvel. - Depois conversamos ok? - Marinette assentiu, se despedindo de Gorila e caminhando até o barco. Adrien parecia mesmo bem, apesar da aparência cansada, estava com o mesmo sorriso amável no rosto.

E estavam indo a uma festa, não era lugar para a conversa que queria ter com ele. 


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Notas finais do capítulo

Apertem os cintos, peguem seus coletes e se preparem para o próximo cap.

Beijos doces! E até quinta ♡



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