Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 32
Presente


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoinhas do meu coração? ❤️

Sentiram minha falta no sábado? Porque eu senti falta de vocês! kkk

Enfim, me pediram um bônus essa semana por causa da minha falta, mas infelizmente, não to com capítulos prontos o suficiente pra isso kkkk então, como um agrado, ta aí, um cap de 5000 palavras, BUM espero que gostem!

Boa leitura!



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Ladybug pulou até o último telhado, dando fim à patrulha daquela noite. Respirou fundo, aproveitando os últimos instantes em um corpo revigorado. Logo, estaria de volta ao seu modo zumbi, com a mente pesada pelo sono.

— Ah Bugaboo, como eu me sinto bem hoje a noite! - Ela quis rir com o comentário de Chat Noir. Sabia bem como era a sensação.

Se transformar com o corpo exausto fazia com que as diferenças entre eles e seus civis fossem enormes. Talvez Chat não percebesse tanto assim, afinal, ele se transformava todos os dias para ir à sua casa. Mas ela não.

Já fazia mais de uma semana que não patrulhavam, e com nenhum akumatizado nesses dias, ela não havia se transformado em Ladybug.

Respirou novamente o ar fresco de Paris.

— É Chat, também me sinto muito bem. - Ela sentou no telhado, torcendo para que o parceiro fizesse o mesmo. Não estava pronta para voltar para casa ainda.

Não estava pronta para ser Marinette ainda.

Por sorte, o gatinho aceitou o convite silencioso dela. E isso a fez pensar se ele também não estava pronto para ver um certo alguém.

Ladybug balançava os pés na beirada do telhado, sentindo-os incrivelmente leves. Percebeu que mesmo tendo corrido quase toda a cidade, já estava pronta para outra rodada. Sim, estar com o físico de volta era incrível. Mas naquela noite, percebeu que seu emocional também mudou muito ao se transformar.

Desde a briga com Adrien no dia anterior, Marinette estava triste. Além de completamente frágil psicologicamente. Afinal, ela achou que perderia Adrien.

Ainda achava que iria perdê-lo pelas suas mentiras.

Ele pediu a verdade, e mesmo a verdade estando sentada bem ao seu lado agora, admirando a Torre Eiffel junto com ele, Adrien não poderia conhecê-la.

Suspirou fundo, aliviada por não sentir mais os sentimentos negativos que a estavam afligindo.

— Tudo bem M’lady? - Encontrou o olhar dele sobre si.

— Por que não estaria? - Ela se reclinou para trás, apoiando o corpo sobre os cotovelos, admirando o céu e as estrelas que iluminavam a noite.

— Você está… estranha. - Sim, ela estava estranha.

Estava com medo de ir para casa essa noite e as coisas não serem mais as mesmas com Adrien quando ela fosse encontrá-la. Mas não podia desabafar sobre nada disso com Chat, ou perguntar a ele como estava o namoro dele, pois como bem lembrava, ele não contou à Ladybug sobre isso a fim de proteger a identidade secreta.

Ela riu sem humor. Tentar imaginar os dois como quatro pessoas diferentes era cansativo.

— Estava com saudades de você Chat. - Ela abriu um sorriso largo enquanto olhava para ele. - Só queria ficar aqui um pouquinho. Aproveitando essa paz. - Voltou a fitar o céu, quando ouviu Chat soltar um longo suspiro ao seu lado, desabando no chão ao lado dela.

— Aah Bugaboo, não sabe o quanto isso me deixou tranquilo! Achei que estivesse com raiva de mim! - Ele disse, deitado de costas no telhado, completamente relaxado.

— Mas por que eu.. - Ela bateu no próprio rosto ao lembrar. Chat estava com medo de que ela tivesse percebido a mentira dele na última vez em que se encontraram. E sim, ela havia percebido… Mas como Marinette, não como Ladybug.

Mas lembrar disso a fez ter vontade de sanar uma dúvida.

— Chat… - Ela ergueu o tronco, sentando-se ereta, assim Chat Noir não veria o seu rosto. - Se eu mentisse para você, para esconder minha identidade, mas depois você descobrisse… Você me odiaria? - Arriscou perguntar, mesmo dando tanto na cara.

Chat Noir levantou com um pulo.

“Ela descobriu? Descobriu que estou com a Marinette? Descobriu que eu menti??”

— O-o que? P-por que essa pergunta L-Ladybug? - “Ela está me odiando agora?”

Ladybug virou para trás, encontrando Chat totalmente aflito e quis bater nele para se recompor.

— Não estou falando de você, gato doido! - Bufou, voltando a posição original e vendo ele se acalmar atrás de si. - Só quero saber o quanto você aceitaria, caso eu tivesse mentido…

Sentiu a mão com garras preta tocar seu ombro, e virou o rosto para olhá-lo.

— Eu entenderia Bugaboo. Sei que teria um motivo. - Os olhos gentis dele a pegaram despreparada. - E eu nunca te odiaria. Confio em você.

E ela torceu por isso. Torceu para que ele realmente entendesse caso ela contasse a verdade.

— Chat…! - Segurou a mão dele, e hesitou. “Eu sou a Marinette” estava na ponta da língua… mas foi refreada quando viu, pela visão periférica, um vulto branco pular em um dos telhados.

Largou a mão dele, deixando Chat Noir confuso.

Seu coração batia forte, mas ela não estava com medo agora. Estava com ódio.

Sim, ela sabia muito bem que Chat Blanc era Adrien/Chat Noir akumatizado por dentro. Mas esse que a atormentava a meses em sua cabeça, esse Chat Blanc que ela via, ouvia e sonhava… havia deixado de ser seu namorado akumatizado a muito tempo Era a personificação de todos os seus medos, inseguranças e piores horrores. Por isso o temia tanto, por isso também o odiava. Mesmo amando tanto Adrien, ela sabia diferenciá-los muito bem.

Esse "Chat Blanc" dos sonhos era o motivo pelo namoro dela estar em uma situação delicada. Se não fosse por ele, ela e Adrien já saberiam as identidades um do outro. Não teria terrores noturnos, não haveria mentiras…

Mas também se não fosse por ele… Talvez nem namorando Adrien ela estaria, pois sem "ele", não teria se aproximado de Chat Noir para início de conversa. 

Ela bufou frustrada, por isso viagens no tempo eram tão complicadas. Nunca se sabe se o que você está fazendo é algo que o levará àquele futuro, ou o fato de tentar mudar algo, realmente faz com que nada seja igual ao que você viu. 

Se levantou, controlando sua respiração para não deixar a raiva subir à sua cabeça.

— Eu… preciso que você cheque os arredores do Louvre mais uma vez, se não se importar! - Ela sorriu sem jeito, enquanto criava uma desculpa para atrasá-lo e chegar em sua casa antes dele. - Chegou uma exposição nova, sabe? E soube que tem itens muito valiosos, ladrões podem tentar entrar… Mas é só para dar uma olhada nos arredores, coisa rápida! - Ela também não queria ficar esperando muito por ele em casa, né?

Chat Noir riu e acatou o pedido dela, mesmo estando louco para ir se encontrar com Marinette naquela noite.

— Seu pedido é uma ordem, M’lady. - Ele fez uma reverência, e logo se lançou pelos telhados a caminho do seu destino.

***************************************

Já em seu quarto, Marinette desfez a transformação em cima de sua cama, sentindo uma vertigem a atingir na mesma hora.

— Marinette! - A kwami gritou preocupada ao ver a dona pálida caída no colchão.

— Ah, desculpa Tikki… - Marinette respondeu, deixando seus olhos fechados até a tontura passar. - Tinha me esquecido como era forte o mal-estar depois da transformação.

— Espero que você e Chat consigam dormir bem essa noite. - A pequena sentou na cama, em frente ao rosto de Mari.

A garota só abriu um sorriso, enquanto se levantava devagar, com a mão cabeça, para sentar na cama.

— Também espero Tikki. - Ela não conseguia deixar de sentir algo ruim ao lembrar do dia anterior. - E me desculpe por ter discutido com você. - Também se sentia mal por isso. Já devia saber, a essa altura, que quando a kwami dizia algo, deveria apenas ouvir e obedecer. Ela tinha milhares de anos de sabedoria acumulados afinal.

— Está tudo bem Marinette. - A pequenina voou até o rosto da portadora, “abraçando” a lateral do rosto dela. - Sei que não está sendo fácil para você esses dias, eu entendo. - Marinette sorriu com o carinho na voz dela. Queria que fosse tão fácil assim com Adrien também.

No dia anterior, após saírem da cabine, os dois estavam com olhos vermelhos pelo choro, ela mais do que ele, obviamente. E tiveram que dar alguma desculpa aos amigos para irem embora da festa rápido.

Esperaram Gorila na calçada em completo silêncio. E ao chegarem na porta da casa dela, Adrien disse que ia passar na casa dele antes, se despedindo dela com um beijo no rosto.

Sentiu o coração acelerar pelo medo, mas tentou não pensar em nada enquanto concordava e via o carro partir.

Mas mesmo assim, chorou ao chegar no quarto.

Também teve que inventar uma desculpa quando Alya a ligou, perguntando o que tinha acontecido, e que todos notaram que eles ficaram estranhos ao voltar de dentro do barco.

Respondeu com um singelo “Tivemos um desentendimento”, e pelo tom da resposta, Alya compreendeu que ela não queria falar sobre o assunto, desligando a ligação logo em seguida com um “Qualquer coisa estou aqui.”

Foi a mesma coisa quando recebeu uma mensagem de Luka, perguntando como ela estava. Pelo menos por mensagem, era mais fácil ocultar a verdade. Ele encerrou a conversa dizendo que estaria sempre disponível caso ela precisasse conversar.

A noite, o clima ruim entre eles se estendeu. Chat chegou e ela já estava deitada na cama. Disseram “boa noite” um ao outro e foram dormir.

Eles nunca agiram assim um com o outro antes. Nunca ficaram sem assunto. E aquilo doeu. Quando ela acordou na madrugada pelo pesadelo, Adrien já estava acordado. Ele a acalmou, em silêncio, e só disse a ela que se atrasaria na noite seguinte, pois iria patrulhar.

Isso a deu a ideia de ir junto.

Suspirou cansada, voltando ao presente e percebendo que já estava um pouco melhor para descer da cama e colocar seu pijama. Depois foi até a cozinha com Tikki a seguindo, estavam tarde e seus pais já estavam dormindo.

Colocou alguns biscoitos em um prato para ela e a kwami, comendo em silêncio. Evitando voltar para o quarto para esperar por Chat. Sentia as mãos suarem de nervosismo só por pensar em como ele estava tranquilo com a Ladybug hoje, diferente de como estivera com ela na noite anterior.

Esperou Tikki dizer que estava satisfeita para voltarem. E chegando lá, encontrou o cômodo ainda vazio.

Respirou fundo, tentando não deixar aquilo a afetar. Foi até sua escrivaninha para escrever um pouco em seu diário, querendo espairecer, quando a figura preta entrou pela janela.

— Chat…- Ela levantou de sua cadeira surpresa.

Chat Noir atravessou o quarto a passos rápidos, e antes que Marinette pudesse dizer algo, ele a tomou em seus lábios.

As duas mãos dele estavam em seu rosto enquanto ele aprofundava o beijo com a língua. A garota não tentou resistir, obviamente. Amava os beijos do namorado. Se escorou na mesa atrás de si enquanto sentia o corpo dele pressionado contra o seu.

— Eu te amo. - Falou ao se separar, mas voltou a beijá-la imediatamente. - Eu te amo. - Voltou com a boca, encaixando-se perfeitamente na dela. - Eu te amo…- Se separou dela pela última vez, retornando ao lábios dela no final da palavra. Marinette estava sem ar, mas não romperia esse contato. Saboreando o gosto da boca dele sobre a sua. Depois, Chat mordeu o lábio dela e seguiu uma trilha de beijos pela sua bochecha, deixando Marinette respirar.

— Adrien! - Ela exclamou enquanto ria, ele distribuía beijos por todo seu rosto, e Marinette ficou completamente feliz por essa explosão de carinho.

— Eu precisava fazer isso. - Ele falou com a voz entrecortada, quando terminou de cobri-la com seus beijos, fitando os olhos azuis que agora pareciam mais escuros com a pupila dela completamente dilatada. - O clima entre nós estava horrível desde a festa, eu não estava aguentando mais.

— Eu também não. - Ela respondeu ofegante. Grata pelas mãos quentes dele ainda estarem em seu rosto.

— Eu só precisava de um tempo. - Deu um sorriso ladino, que não a ajudou em nada a recuperar o fôlego que havia perdido dentro da boca do namorado. - E me desculpe, não queria te pressionar ontem… Mas fiquei feliz ao ver que se abriu comigo, pelo menos um pouco…

— Gatinh… - Ele pressionou um dedo em seus lábios, fazendo “Shhh” com a boca para calá-la.

— Não precisa me contar mais nada que não queira, vou esperar seu tempo. - A voz dele estava tão doce e gentil, que derreteu o coração de Marinette.

— Obrigada! - As palavras saíram sinceras, diretamente de seu coração disparado. Mari se sentou no divã, chamando Adrien com a mão para sentar ao seu lado. - E não precisa se desculpar por ter me pressionado, eu é que devia ter te contado as coisas antes que tudo piorasse. - Ela colocou a mão dela sobre a dele, não conseguindo olhar nos olhos verdes que a fitavam, estava envergonhada pela sua teimosia. - Te mandar para casa para dormir sem mim também foi horrível.

— Foi mesmo.

— Adrien! - Ela pegou uma almofada no divã e jogou nele, vendo-o gargalhar enquanto desviava do objeto com facilidade.

“Droga desses reflexos de gato!”

Mas a risada dele a fez rir também. Quando acabaram, os dois se olharam, em silêncio.

— Então, estamos bem? - Foi ela que perguntou, sentindo o coração tamborilar no peito pelo nervosismo. Mas isso logo se desfez, com a mão dele indo encontrar a sua, a apertando com carinho.

— Estamos, meu amor. - Ele se debruçou para alcançar os lábios dela, em um beijo singelo e calmo dessa vez. - Só não me afaste mais. - Suplicou assim que se separaram.

— Não vou. - Ela se jogou nos braços dele. Tão feliz que não podia se conter, ansiava por esses braços a rodeando. - Também te amo muito gatinho!

Marinette estava aliviada. Finalmente, desde a discussão do dia anterior.

— Ah, antes que eu me esqueça. - Ele se destransformou, pegando um papel em seu bolso da calça em seguida. Mari acenou para Plagg antes dele sumir pelo quarto. - Meu pai e eu fomos convidados a um evento, e eu queria saber se você gostaria de ir comigo. É no próximo sábado.

Marinette pegou o papel nas mãos de Adrien, contendo um gritinho de animação logo em seguida e ficando de pé.

— Mentira! Isso é sério? - Adrien riu ao ver que os olhos de Marinette estavam brilhando, pegando o papel empolgada e indo para o meio do quarto. - Está brincando!

— Por que eu estaria? - Ele abriu um sorriso, Marinette agora estava parecendo uma criança em uma manhã de Natal, de tão empolgada.

— Porque esse é o International Celebrity Luxury, um dos maiores eventos de moda dessa temporada! - Marinette então se deu conta. - Mentira! Você é uma das celebridades convidadas?? - Viu Adrien alargar o sorriso, se levantar também e dar uma voltinha para se exibir.

— Como se sente namorando uma celebridade? - Marinette se divertiu vendo ele fazer poses como se estivesse em uma passarela. - E é claro, como celebridade, todos devem ficar de olho na minha namorada também. - Viu os olhos da namorada se esbugalharem com essa informação.

“Fotógrafos, flashes, repórteres, filmagens tapete vermelho…”

— Não vou poder ir! - Mari falou, apavorada.

— O que? - Ele falou espantado, afinal, ela estava tão animada agora mesmo. - Por que meu amor?

— E se eu cair na frente de todo mundo? Já até posso ver a reportagem, “Namorada de Adrien Agreste é uma desastrada”, não quero que você passe vergonha por minha causa! - Disse em um só fôlego, enquanto mexia os braços nervosamente, andando pelo quarto.

— Princesa, respira! - Ele pediu, não conseguindo controlar o riso, estava se divertindo com o desespero sem cabimento dela. Achava uma graça quando ela ficava assim. Segurou os braços a deixando parada. - Não vai acontecer nada! Mas se você cair, estarei lá para te pegar.

Mari fez um biquinho, antes de abraçá-lo de novo. Descobriu um porto seguro dentro dos braços de Adrien.

— Um vestido! - Ela o soltou de repente. - Preciso arrumar um vestido para ir! - Mas antes que se afastasse para ir ao guarda-roupa fazer a maior bagunça, a mão de Adrien a segurou.

— Amor, é quase meia noite! - Ele a puxou em direção às escadas que levavam à cama. - Resolvemos tudo durante a semana ok? - Viu o rosto dela relaxar, se dando conta de que eles realmente tinham que dormir (ou tentar, no caso deles), pois tinham aula no dia seguinte.

Adrien deitou de lado, com Marinette virada para si dentro dos seus braços. A respiração da namorada batia em seu pescoço, e lhe rendiam arrepios prazerosos.

— Bem que você podia fazer aquele chá de camomila para nós depois… funcionou da primeira vez. - Sentiu os espasmos do corpo dela lhe atingirem enquanto Marinette gargalhava.

— Gato bobo! - Ela o beijou no pescoço antes de se aconchegar de novo em seu ombro. Se lembrando de quando eles iniciaram o acordo de “dormir juntos” depois dela ter oferecido chá à ele para dormir.

Adrien se manteve acordado até perceber que a respiração dela havia se tornado mais profunda, pegando no sono logo em seguida, com um sorriso travesso adornando os lábios.

Os dois foram acordados somente pelo despertador na manhã seguinte.

E em todas as outras noites daquela semana.

*****************************************

Já era sábado e Marinette havia levantado cedo para se preparar.

Mal estava conseguindo se conter dentro de si de tanto entusiasmo e ansiedade pela noite daquele dia. Estava sentada na bancada da cozinha, degustando um delicioso croissant com Tikki enquanto imaginava ela e Adrien juntos no tapete vermelho.

“Eu só espero, realmente, não cair!”

Estava fazendo uma lista mental de tudo o que precisava para se aprontar para o evento, quando sua mãe apareceu na porta da sala.

— Marinette, querida. Chegou um pacote para você! - Sua mãe trazia consigo uma caixa preta com um laço branco por cima.

— Ah, obrigada mãe. - Ela saiu da banqueta em que estava sentada, pegando a caixa nas mãos, ainda confusa sobre o que era.

— Queria, sei que provavelmente vai chegar cansada hoje, mas seu pai está com um pedido enorme, e vamos precisar da sua ajuda amanhã na padaria, tudo bem? - Sabine completou, o que desviou a atenção de Marinette da caixa para a mãe.

— Claro mãe, eu ajudo sim. - Ela sorriu. Não se importava de ajudar seus pais na padaria, na verdade, sentia mal às vezes quando não conseguia ajudá-los por causa do seu alter ego.

— Obrigada! Depois me conte o que é querida. - Ela apontou para a caixa antes de se despedir. - Preciso ajudar o seu pai lá embaixo, tudo bem? - Marinette recebeu um beijo no topo da cabeça pela mais velha e depois a viu sair.

Tikki apareceu do seu lado assim que a porta se fechou, não contendo a curiosidade.

— Será que o Adrien te enviou alguma coisa? - A kwami sugeriu, e só isso foi o suficiente para deixar Marinette completamente animada. Depositou a caixa no sofá, sentando no mesmo, antes de abrir.

Assim que retirou a tampa, embrulhado em papel seda perfumado, ela viu um vestido preto, com saia rodada até os joelhos, mangas bufantes estilo princesa. Golas estilo boneca, brancas, assim como os botões e a faixa na cintura. Ao lado dele, um pequeno chapéu coco finalizou o look.

— Que gracinha de vestido! - Exclamou ao tirar ele da caixa. - Não acredito que o Adrien me mandou isso! Que amor!

Mas ao tirar o vestido completamente da caixa, percebeu o bilhete no fundo. E ao lê-lo, ficou surpresa.

“Olá Marinette,

Espero que goste do vestido. Eu o fiz especialmente para essa noite.

Espero que aproveite o momento.

Atenciosamente

Gabriel Agreste.”

— Han? O pai do Adrien fez um vestido para… mim? - Engasgou com as palavras, sentindo suas mãos suarem frio, ainda segurando o vestido.

Achou muito estranho, mas não pode conter o êxtase.

Tinha agora uma peça feita com exclusividade para ela, por Gabriel Agreste, um dos maiores estilistas de Paris.

Ela queria emoldurar aquele vestido em um quadro e pregá-lo em sua parede. Uma obra dessas merecia ser preservada, não usada.

Mas óbvio que o usaria naquela noite, deixaria seus planos de emoldurá-lo para depois.

“Mas por que ele se preocupou em me entregar uma roupa? Será que ele temeu que a roupa que eu fosse vestir não fosse boa o suficiente para ser a acompanhante do filho dele?”

Foi tirada de seus devaneios ao ouvir o celular tocar em cima da escrivaninha. Sorriu ao ver “Príncipe” escrito no visor.

— Se prepare, porque vamos sair hoje depois do almoço! - Sorriu ao ouvir o tom de voz animado do namorado.

— Bom dia para você também! - Ela riu, então olhou para o vestido preto, agora caído delicadamente em seu colo, e se perguntou se Adrien sabia sobre esse pequeno feito do pai.

— Só queria avisar com antecedência, já que você conseguiu ocupar sua cabeça a semana inteira por causa desse evento bobo de hoje.

— Ei! Não é bobo! - Ela ouviu a risada abafada dele do outro lado. - Desculpe se não sou acostumada aos tapetes vermelhos como o meu namorado famoso. - Isso o fez rir mais. Marinette ainda estava tentando digerir que SEU namorado era uma celebridade internacional.

— Não esquenta, depois você se acostuma. — Adrien falou, de um jeito muito gatuno, ela reparou, revirando os olhos com a fala dele. - Mas enfim, te pego aí mais tarde.

— Aonde vamos? - Mari levantou do sofá, guardando sua nova roupa novamente na caixa, percebendo que agora teria que mudar os sapatos que havia separado para usar a noite, por outros que combinassem melhor.

— Ah princesa, isso é surpresa. - O tom dele fez borboletas voarem no estômago da garota.

*********************************

— Tudo bem querer surpresa, mas não acha que já está exagerando? - Estavam andando de carro sem rumo por Paris há alguns minutos. - Acho que a surpresa é uma surpresa para você também. - Ela riu, enquanto Adrien parecia determinado.

— O problema não é o lugar, é quem! - O loiro mexia no celular freneticamente, até que Marinette desvendou a charada. - Achei! Gorila, para a Pont des Arts por favor.

— Vai me levar no André, não é? - Marinette cutucou Adrien na costela, querendo arrancar uma risada dele com suas cócegas.

— Bom, ele é o sorveteiro dos namorados, não é? Seria uma afronta os maiores apaixonados de Paris não irem lá tomar sorvete. - Adrien falou com seu modo galante, que arrancava o fôlego de Marinette com frequência, enquanto erguia uma sobrancelha de modo sugestivo. - Mas não era para você descobrir! - Ele deu um peteleco na testa dela, que riu com o gesto. - Você estava muito tensa para hoje, queria poder te distrair um pouquinho.

Ela ainda estava massageando a testa quando ele terminou de falar. E como sempre, percebeu como seu namorado parecia ser o melhor do mundo.

— Obrigada meu príncipe!

Em menos de cinco minutos, chegaram ao local, já vendo o familiar carrinho de sorvete no meio da ponte.

— Marinette, querida Que bom vê-la novamente! - André os saudou, com seu tom animado de sempre. - E vejo que está acompanhada do Adrien, é o que estou pensando? - O sorveteiro apontou para os dois de mãos dadas.

Marinette sempre ficava sem graça nesses momentos, e suspirou de alívio quando Adrien tomou a palavra.

— Oi André! Sim, nós estamos juntos. - A felicidade na voz do loiro ao dizer isso era palpável.

— Que maravilha! Ah, fico tão feliz quando vejo os resultados dos meus sorvetes dando certo! - Marinette sorriu sem graça, assim como Adrien. O homem se virou, servindo no carrinho o sorvete para os dois. - Aqui está, menta e amora preta para os dois apaixonados!

— Obrigada André! Seu sorvete é mesmo mágico! - Mari disse, e Adrien se sentiu mal por nunca ter tomado um sorvete do André por ela. Já havia comprado alguns quando ainda era apaixonado pela Ladybug, na esperança de que isso trouxesse sorte. Mas Mari já havia tomado muitos desses sorvetes por ele. Ficou feliz por pelo menos um desses sorvetes ter funcionado.

— Não há de que meu casal! - O sorveteiro sorriu enquanto se despedia deles.

Os dois sentaram em um dos bancos disponíveis pela ponte. Adrien se adiantou em pegar a pazinha para dar sorvete na boca da namorada.

Ela ficou vermelha com o gesto, mas ainda assim abriu a boca, o vendo sorrir enquanto também levava a pazinha à própria boca para tomar o sorvete.

Marinette aproveitou para refletir no quão sortuda ela era. Apesar de tudo, quantas vezes havia se imaginado ali, tomando esse sorvete com o amor da sua vida? Esperando que a lenda do sorvete do André fosse mesmo verdade, e que eles pudessem mesmo se amar para sempre.

Inspirou fundo, aproveitando o sabor doce em sua boca, que mesmo sendo frio, fez o seu coração se aquecer.

— Eu te amo, Adrien. - Disse de repente, e o viu tossir, provavelmente havia engasgado.

Ele ruborizou, escondendo o rosto dela

— Por que disse isso do nada? Me pegou desprevenido.

— Porque sinto que digo isso pouco para o tanto que eu sinto. - Ela completou, com um tom calmo, como se estivesse falando do clima. Pegou a outra pazinha para se servir enquanto o loiro permanecia calado.

Adrien voltou a olhar para ela, reparando um pouco de sorvete no canto do lábio. Levou sua mão até o rosto feminino.

— Eu também te amo, minha bagunçeira e desastrada. - Ele passou o dedo sobre a pele dela com carinho. Marinette observou o olhar doce dele sobre si, completamente preenchida de felicidade.

Mas o sentimento durou pouco.

Um déjà vu ruim a atingiu como um soco no estômago, assim como a sensação de estar sendo observada por trás. Seu sangue gelou, e não foi por causa do sorvete.

Virou a cabeça rápido para trás, achando ter visto Chat Blanc pular da grade da ponte para a água abaixo. Um vulto, era só isso, um vulto. Mas que fazia o sangue de Marinette correr mais rápido e empalidecer seu rosto.

Sua respiração havia acelerado automaticamente, junto com os batimentos cardíacos.

— Mari? - A mão quente de Adrien cobriu a sua, a fazendo voltar o rosto para ele. - Aconteceu de novo? - A compreensão na voz dele a fez voltar aos poucos para o momento presente

— S-sim. - Ela disse, respirando fundo para controlar o pequeno ataque de pânico que teve. - Eu o senti atrás de nós.

Adrien se pôs a fazer pequenas carícias na mão dela debaixo da sua, enquanto as bochechas e a boca de Mari voltavam às cores normais.

— Obrigado por me dizer. - Ele queria que ela entendesse o quanto essa pequena confirmação era importante para ele. - Mas eu ainda não entendo. - Adrien se voltou para o sorvete, levando um pouco do doce a boca com um olhar confuso para o nada, enquanto Marinette o encarava.

— O que meu príncipe?

— Eu não entendo como consegue me amar e ao mesmo tempo, ter medo de mim. - Ele não quis encarar os olhos azuis dela no momento, temendo a resposta. - Não estou duvidando do seu amor, só não entendo.

— Não tenho medo de você Adrien. - Ela achou que não precisava afirmar isso, mas percebeu que estava enganada.

— Chat Blanc diz o contrário. - Dizer esse nome fez o loiro ficar com um sabor amargo na língua, mesmo tomando um sorvete delicioso.

— Ele não é você, na minha cabeça. - Marinette começou a explicar, percebendo que nunca havia especificado esse assunto com o namorado. - Acho que depois de tanto tempo, consegui separar vocês dois. - Ela voltou o olhar para as próprias mãos em seu colo, mexendo nos dedos com as unhas já feitas de modo nervoso. Falar sobre esse assunto ainda era bem difícil. - Esse Chat Blanc que me assombra é como se fosse a personificação dos meus medos, de um jeito subconsciente, eu não sei. - Ela terminou, na esperança de que isso desse à Adrien um pouco de clareza na escuridão de mentiras que a rondava.

Quando Mari se lembrava do verdadeiro Chat Blanc hoje, sentia pena dele. Só de imaginar Adrien ali sofrendo, sozinho por tanto tempo, preso por um akuma. Sentiu uma ardência nos olhos com esses pensamentos e os fechou. Suas pálpebras servindo como gaiolas para as lágrimas que queriam escapar de dentro de si.

— Eu só achei que… - Adrien continuou, mas se deteve no meio da frase, engolindo seco antes de continuar. Hesitante. - Achei que depois que ficássemos juntos, seus pesadelos iam acabar. Ou se fosse tê-los por ainda ter medo, seria com outra pessoa, algum vilão ou Hawk Moth, não sei. Mas por que “ele”?

“Por que eu?” - Era a pergunta que assombrava o garoto à noite. Principalmente nas noites em que ela acordava berrando seu nome com pavor.

Mari ficou sem argumentos, e se odiou por deixá-lo, mais uma vez, no escuro. Queria poder explicar a ele o porquê. Que tudo isso começou com um trauma, e por isso não era ele, e não um vilão qualquer, que a atormentava.

Mas então o celular de Adrien tocou, interrompendo a conversa dos dois. Viu Adrien dar umas respostas vagas e depois, finalizar a ligação em poucos segundos.

—É Gorila. - Ele suspirou. - Avisando que temos que ir, aparentemente, meu pai quer tirar umas fotos comigo antes do evento começar.

— Ah claro, então vamos. - Marinette levantou apressada. Morrendo de medo de zangar o sogro de alguma forma. Afinal, havia prometido a ele que não atrapalharia nenhum dos compromissos de Adrien.

O loiro riu com a pressa dela, principalmente por saber o porquê. Sem pressa para levantar, ele pegou a mão direita da namorada, depositando um beijo na aliança de prata que ela carregava consigo aonde quer que fosse.

— Espero ter conseguido ser uma distração para você, e te fazer relaxar um pouco antes do evento. - Ele disse ao terminar o beijo, a olhando de forma intensa, segurando o riso quando a viu ofegar. Adorava saber que era a causa do coração dela bater mais rápido.

Levantou do banco, risonho, se aproximando dela e roubando um beijo no meio da ponte. Não se importava com quem passasse por ali.

— A-Adrien… - A advertência dela em meio ao beijo só o fez querer aprofundar mais o beijo, aproveitando o sabor adocicado da boca de Marinette. Passou a língua calmamente pelos lábios dela, se arrastando por eles. Como um gato faminto.

Ela o repreendeu com as mãos, dando leves batidinhas nos braços dele que a cercavam, mas também não o afastou. E por fim, quando estava rendida, Adrien interrompeu o beijo.

— Vamos? Não queremos deixar Gorila esperando. - Ele terminou de comer o sorvete, enquanto entrelaçava os dedos nos dela e ia em direção à extremidade da ponte, onde o carro os aguardava.

Marinette bufou atrás dele com a separação repentina. Ainda sem fôlego, e sentindo o rosto quente. O namorado adorava provocá-la e sair depois, e ela sabia que era o lado felino dele falando mais alto. Ela não conseguiu deixar de rir com esse pensamento enquanto o seguia.


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Notas finais do capítulo

Três cenas já foram... só falta uma

Ansiosos pra esse evento?? Porque eu to kkkk

Beijos doces e vejo vocês na quinta, 20h!



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