Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 29
Agrestes


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal ❤️

Espero que o fim de semana de vocês esteja sendo bom!

Sem mais delongas... boa leitura!



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Tocou a campainha da intimidante mansão. Limpou a garganta e ajeitou, pela décima vez, a saia cintura alta rodada azul marinho que havia escolhido, junto com a blusa de tricô branca. Peças obviamente feitas por ela. Na outra mão, segurava uma caixa da padaria de seus pais.

— Você vai se sair bem! - Tikki torceu baixinho de dentro da bolsa, e Marinette teria sorrido para demonstrar que agradecia por aquele comentário animador, mas estava concentrada demais nos portões sendo abertos para desviar o olhar.

Com os joelhos trêmulos, e engolindo a seco, se pôs a caminhar para dentro. Respirando fundo para controlar seu nervosismo.

A enorme porta da frente foi aberta, e ela avistou o conhecido guarda costas, Gorila, atrás dela.

— Ér, olá? - Marinette disse, e o homem a saudou só com um aceno de cabeça, fazendo um movimento em seguida, indicando que ela entrasse na casa, sem responder nada.

Já estava decidida a virar as costas e sair correndo daquele lugar, quando uma voz familiar a fez desistir do seu plano de fuga.

— Que bom que chegou princesa! - Adrien surgiu por um dos corredores, caminhando a passos rápidos pelo hall de entrada, até alcançá-la e lhe dar um abraço apertado. - Achei que havia desistido de vir.

“Foi quase” - Ela respondeu em pensamento, já se sentindo mais relaxada com a presença dele ali.

— A-aqui! - Ela o entregou a caixa. - Trouxe alguns macarons que fiz para nós. Fiz os seus preferidos também, de maracujá… - Ela sorriu internamente quando se lembrou da época em que fazia um desses toda a semana, esperando o momento certo para entregar um a Adrien e poder se declarar. Como era boba!

Não, boba não! Esforçada!

Seus devaneios sumiram à medida que o sorriso de Adrien aumentava, um sorriso tão doce e sincero que chegava a deixar os olhos verdes dele brilhando.

— O-o que foi? - Ela não gaguejava na presença dele assim à dias. Mas não tinha como se manter firme debaixo daquele olhar intenso.

— Você fez isso para nós? - Ele disse como se ela tivesse feito um ato de heroísmo gigantesco. - Não precisava, meu amor. - Ele pegou a caixa com gentileza, depositando um beijo no topo da cabeça dela antes de conduzi-la pela casa, a outra mão dele na base de suas costas.

— Mas é claro que sim! Onde já se viu, chegar de mãos vazias! - Rebateu, mas havia se sentido feliz com o sorriso que ainda emoldurava o rosto do namorado. Enquanto se aproximavam da sala de jantar, ela passou a mão pela borda da saia. Décima primeira vez.

— Não precisa ficar nervosa! - Adrien deu um outro beijo, em sua bochecha desta vez e ela estalou a língua dentro da boca por ter dado tão na cara que estava nervosa com aquele encontro. Quando chegaram ao local do chá, ele deixou a caixa dela em cima da mesa posta, onde já haviam vários outros lanches. - Você está linda! - Ela sorriu, demonstrando estar agradecida pelo comentário.

— Marinette Dupain-Cheng. - A voz de Gabriel a fez se agitar em seu lugar pelo susto, enquanto se virava para a porta de onde a figura do homem veio, caminhando na direção deles. - Fico feliz por ter aceito meu convite. - Ele se aproximou, oferecendo uma mão em cumprimento, que ela aceitou de bom grado.

— C-claro Sr. Agreste, eu que agradeço pelo convite. - Tentou soar firme, falhando miseravelmente. Ouviu uma risadinha baixa de Adrien ao seu lado, se divertindo às custas dela.

—- Por favor, senhorita Dupain-Cheng, me chame de Gabriel. - Eles se separaram e Adrien a conduziu para se sentar ao seu lado. Enquanto o pai seguiu para a ponta da mesa.

— Ah, sim, G-Gabriel! - Sorriu sem jeito. - Me chame apenas de Marinette também, por favor. - Ela esfregava suas mãos uma na outra debaixo da mesa, para afastar o suor frio que seu nervosismo estava criando.

Adrien somente admirava os dois em silêncio. Estava tão feliz com aquele encontro que não queria atrapalhar em nada enquanto seu pai e sua namorada se conheciam. Mas viu que Marinette parecia que ia cair dura no chão de tão tensa que estava.

— Pai, a Mari trouxe macarons lá da padaria dos pais dela. Ela que fez! - O loiro quebrou o gelo, pegando a caixa na mesa e entregando ao pai. Marinette quis sumir. Já haviam tantas coisas na mesa, coisas provavelmente caras e bem melhores que Gabriel havia comprado. Ou mandado alguém comprar, não importa.

— Isso é verdade, Marinette? - O homem parecia intrigado, e ela se limitou em responder com a cabeça, enquanto tentava se controlar para não parecer um pimentão. - Foi muita consideração da sua parte. - Ele demonstrou um pequeno sorriso. - Nathalie? - Chamou, e a conhecida secretária apareceu pela porta. Marinette a cumprimentou com a cabeça. - Coloque estes em uma bandeja, por favor.

— Sim, senhor. - Ela pegou a caixa e saiu pela porta. Retornando em poucos minutos enquanto eles se serviam.

— Então, Marinette. - Gabriel começou e a garota já sentia o suor retornando em suas mãos, se concentrando para não deixar a xícara cara que estava segurando não virar estilhaços no chão. - Já nos encontramos algumas vezes, sei que é aspirante a estilista, e é muito talentosa. - Marinette sentiu as bochechas arderem com os elogios.

— Sim pai! A Marinette é incrível! Já vi ela fazendo algumas peças, inclusive essas que ela está usando! - Adrien continuou o discurso do pai, e a garota se sentiu pequena sentada na cadeira. Não sabia como reagir quando as pessoas a elogiavam assim.

— É mesmo? - O homem perguntou, e ela se limitou em acenar com a cabeça, por medo de dizer algo e gaguejar. - Você é mesmo uma menina muito interessante. - O homem estreitou os olhos para ela. - Impressionante como se dedica aos estudos, ajuda os pais na padaria, trabalha em suas próprias roupas e ainda consegue arrumar tempo para namorar o meu filho! - O pedaço de bolo que Marinette estava comendo entalou em sua garganta, e ela teve que tossir um pouco para conseguir engoli-lo e respirar de novo.

— Pai! Não seja indelicado! - Adrien advertiu, mas logo foi calado por um olhar do mais velho. O loiro lançou um olhar de desculpas para a namorada, mas ela parecia ainda estar se recuperando da acusação do homem.

— Só estou dizendo a verdade, Adrien! - Gabriel se recostou, confortável em sua cadeira, enquanto saboreava um chá fumegante. - Jovens como vocês deviam se concentrar em outras coisas nessa idade, e deixar os romances para depois. - Ele encarou a menina, que agora tinha um olhar assustado. - Meu filho também tem muitos compromissos, a carreira dele está só começando e eu não gostaria que nada ficasse no caminho dele, minha jovem.

Adrien abriu a boca para rebater o pai novamente, mesmo que isso lhe custasse alguns dos seus raros momentos livres como punição, mas foi Marinette que tomou a palavra.

— Me perdoe, Sr. Agreste, mas eu não tenho intenção nenhuma em atrapalhar seu filho ou sonhos dele. Garanto que sou paciente, e não irei cobrar nada de Adrien que ele não puder me dar, seja tempo ou atenção. E pretendo ajudá-lo com o que precisar em seus estudos e compromissos. Isso se… me permitir continuar a namorar seu filho. - Adrien arregalou os olhos, se admirando com a coragem dela. Ninguém era audacioso ou tolo o suficiente para contestar o grande Gabriel Agreste. Mas ali estava sua namorada, o defendendo, defendendo o namoro deles e defendendo suas vontades, mesmo que seu único sonho fosse só tê-la para si. Toda sua carreira e trabalhos eram vontades de seu pai, e não dele. 

Já Marinette queria sair correndo. Desviou os olhos para as mãos em seu colo, totalmente envergonhada. Não acreditava que havia dito tudo isso para Gabriel. Mas como ela já havia dito à Adrien há algumas semanas: defendê-lo era um hábito, um hábito que ela não conseguia controlar. Mesmo contra o próprio pai dele.

Adrien ainda estava boquiaberto, vendo Marinette ruborizar do outro lado da mesa. Mas desviou os olhos para aquele que já deveria ter dito algo, mas ainda estava em silêncio. Na ponta da mesa, viu o pai estreitar os olhos de maneira suspeita, e depois, abrir um sorriso.

— Você é… determinada. Gostei de você, senhorita! -O loiro foi pego de surpresa pela segunda vez, enquanto Marinette também levantava o olhar para o homem, talvez para conferir se ele realmente havia dito a elogiado. - Têm permissão para continuarem o namoro de vocês, se isso realmente não atrapalhar a imagem de Adrien.

— Vo-você está falando sério pai? - Felicidade gritava em seu interior e Adrien teve que se levantar da cadeira, não conseguindo esconder sua empolgação. Olhou para Marinette, que parecia paralisada, em choque.

— Sim sim, claro. Só continuem também focados em seus estudos. - Gabriel limpou a boca, se levantando para se retirar. - Peço licença aos dois, mas tenho um compromisso agora. Foi um prazer, Marinette. - Ele contornou a mesa em direção a porta enquanto a garota permanecia muda, mas foi parado no meio do caminho por um abraço de Adrien.

— Obrigado, pai! - Adrien sentiu o pai fazer um carinho singelo em seus cabelos antes de soltá-lo. Também o viu dar uma aceno de cabeça em despedida para Marinette antes de sair.

— Ainda está com fome? - Adrien perguntou para ela, empolgado, ainda com o rosto iluminado de alegria. Mas o estômago da garota parecia ter dado um nó com o nervosismo, então ela negou. - Ótimo! Vamos para o meu quarto! - Ele rodeou a mesa para alcançá-la, pegando sua mão antes de arrastá-la para o andar de cima, em direção ao seu quarto.

********************************

Nathalie foi ao encontro de Gabriel no outro cômodo, que fitava o quadro de sua falecida esposa.

— Mudou de ideia, Senhor? - A secretária se aproximou do homem, depositando o tablet que carregava em cima da mesa. - Disse que iria trazê-la só para garantir que a faria se separar mesmo de Adrien.

— Sabe quantos dos amigos de Adrien eu já akumatizei, Nathalie? - Gabriel questionou, ainda de costas para ela. Mas antes que ela pudesse responder, ele se virou e continuou. - Praticamente todos. Mas existe uma garota em específico que eu nunca consegui… consegue adivinhar quem é? - Ele observou Nathalie fazer uma cara de compreensão. - Eu mandei inúmeros akumas para Marinette nesses últimos meses, mas sempre no último minuto, todas as emoções negativas delas foram dissipadas, como o vento. - Ele mexeu na aliança, pensativo. - Me pergunto como ela faz isso…Não sei se ela tem um exímio domínio das emoções ou se só tem muita sorte.

— Talvez precise somente da motivação certa, Senhor. - Nathalie abriu um sorriso perverso, que foi correspondido pelo homem.

— Sim, e agora eu acredito ter exatamente a chave para isso. - Ele olhou para um retrato dele com Adrien, em sua estante.

— Então por que não fez isso hoje? - A mulher se aproximou, ficando ao lado de Gabriel, que agora estava com o porta retrato nas mãos.

O mais velho refletia sobre a conversa que teve com a garota, viu como a jovem defendeu seu filho hoje na mesa. Tinha tanto fogo nos olhos dela, uma determinação gigantesca. Percebeu, naquele momento, que ela faria de tudo para ficar ao lado de Adrien. E foi ali que ela entregou ao seu alter ego, Hawk Moth, a chave para a própria ruína.

— Por hora, querida Nathalie. - Gabriel se controlava para não sorrir com o plano que se formulava em sua mente. - Pessoas como Marinette não se quebram facilmente, mas quando quebram… - Ele deixou o sorriso diabólico finalmente surgir em seu rosto, deixando a moldura de vidro em sua mão com a foto dele e do filho cair no chão, se espatifando. - … Elas se partem em mil pedaços.

Nathalie sorriu em seguida, compreendendo o que o homem queria agora.

— Vai deixá-los juntos, dar a Marinette aquilo que ela mais deseja, e depois que estiverem envolvidos o suficiente…

— … vou arrancar o que há de mais precioso para ela. - Ele completou a frase de sua cúmplice. Se abaixou, pegando a foto no meio dos estilhaços. - As emoções negativas que isso irá causar vão transformá- la em uma vilã formidável. Capaz até mesmo de conseguir os Miraculous para mim. - Ele segurou a risada que queria irromper de seus lábios. - Ah Marinette, ela será minha obra prima.

Voltou até o quadro de Emilie na parede, enquanto a olhava para a imagem Adrien em suas mãos.

— Espero que me perdoe por quebrar o coração de nosso filho Emilie, mas tudo irá se resolver quando você estiver aqui comigo. - Levou a mão rosto da mulher no quadro antes de se virar para a secretária. - Fique de olho neles Nathalie e deixe o resto comigo.

***********************************

Assim que entraram no quarto de Adrien, Marinette levou as mãos aos cabelos.

— Meu deus, não acredito que fiz isso! - Ela exclamou espantada, parecia dizer isso mais para ela mesma do que para Adrien.

— Não acredito que você fez isso! - O garoto se aproximou dela, segurando as laterais do rosto assustado da namorada, não contendo o sorriso aberto.

— Eu enfrentei o seu pai! - Os olhos aturdidos dela fizeram o loiro rir.

— Você enfrentou o meu pai! - A envolveu bem apertado com os braços, estava muito animado. - Você o enfrentou por nós princesa! Eu não acredito no quão maravilhosa você é! - A puxou para um beijo, que foi minimamente respondido, pelo fato de Marinette ainda estar chocada com as próprias ações. - Obrigado! - Ele colou sua testa na dela, e viu as bochechas rosadas finalmente aparecerem.

— Eu faria tudo por você, Adrien! - Ela sorriu com a reação dele, parecia que havia acabado de dar um dos melhores presentes para o namorado. E apesar de ainda estar com as pernas trêmulas pela adrenalina de enfrentar o seu maior ídolo, sentiu que tudo valeu ao olhar para o brilho nos olhos verdes.

— E eu faria tudo por você também, princesa! - Tomou os lábios dela novamente, andando para frente com os corpos colados até a encostar em uma parede de seu quarto. Marinette abriu os olhos assim que se viu encurralada, estava surpresa com o ato. - Eu amo você Marinette. - Mas as palavras de Adrien se chocaram aos seus ouvidos, fazendo-a sentir uma explosão de ternura no peito.

— Eu também te amo meu príncipe! - Mari se permitiu sorrir. Relaxando completamente pela primeira vez de verdade no dia.

Podia deixar suas defesas caírem agora. Tudo havia ido bem com o pai de Adrien e agora, os dois estavam livres para se amar.

— O Chat Blanc está com alguns problemas…

O sangue de Marinette gelou.

Se separou de Adrien rapidamente ao ouvir a voz de Chat Blanc ecoar, empurrando um pouco para longe de seu corpo. A visão dela estava turva pelo susto súbito. Não conseguiu focar direito no rosto espantado do namorado, ou em qualquer coisa.

— Mari, o que foi? - Ele perguntou confuso, vendo o rosto de Marinette ficando branco de repente. - Você está bem? - Ela estava com o olhar perdido.

Então o garoto olhou para os lados, procurando por algo, se perguntando o que poderia tê-la assustado.

“Será que ela viu a Ladybug pular pelos telhados?”

Já ia pegar o celular e checar se o alerta akuma havia disparado, quando Marinette tomou sua mão.

— N-nada não! - Ela riu sem jeito. Mas o frio que percorreu a espinha dela ainda se fazia presente. - A-achei que tinha visto um akuma na janela, mas era só um pombo! - Ela riu de novo, coçando a cabeça. Se afastando da parede e andando pelo quarto. Olhou para todos os cantos, apavorada.

“Estou ficando louca?”

— Quer jogar comigo? Ainda temos um tempo até eu ter que te levar para casa! - Adrien caminhou até ela, apontando para o sofá e o videogame.

— S-sim, vamos! - Adrien a tomou pela mão, e notou que os dedos dela estavam frios. Já ia perguntar novamente se estava realmente tudo bem, enquanto se sentavam no sofá branco, mas então a viu abrir um sorriso lindo para ele e achou que devia estar exagerando.

Ele e Marinette não tinham mais segredos, então, acreditaria nela. Se ela disse que estava tudo bem, então estava.


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Notas finais do capítulo

Cap mais curtinho hoje, mas foi bom dar o ponto de vista do Hawk Dad pela primeira vez.

Espero que tenham gostado!

Beijos doces! E até terça ♥



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