Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 27
Visita Poente


Notas iniciais do capítulo

Só quero deixar um lembrete: foi realmente óbvio o motivo pro Chat ter mentido pra Ladybug no capítulo passado, mas eu quis mostrar que a cabeça dela ta tão cheia, tomada pelo medo do Chat Blanc, que ela nem conseguiu raciocinar direito na hora.

Enfim, espero que tenham entendido kkkk

E agora quero deixar um pequeno aviso, um ⚠ alerta de gatilho ⚠ para algumas pessoas que são sensíveis a temas como abuso e violação. Calma, não vai chegar a acontecer nada do tipo com nenhum personagem nesse capítulo, mas eu fiz menção sobre o tema, vocês vão entender ao ler. Mas quero deixar um alerta para poderem se preparar melhor.

Beijos doces e boa leitura ♥



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Derrotados? Acabados? Marinette não sabia qual era a melhor palavra para descrever o estado em que ela e Adrien estavam na escola no dia seguinte, após a luta noturna.

— Vocês precisam estabelecer um horário melhor para namorar! Desse jeito vão acabar repetindo de ano! - Alya dava um sermão no casal, que estava quase pegando no sono com as palavras da garota, os dois debruçados na mesa durante intervalo do almoço na escola.

Mari não controlou o sorriso com as palavras da amiga, olhando para Adrien e recebendo dele um sorriso cúmplice.

“Antes estivéssemos tão cansados assim por estar namorando até tarde” - Era o que ela dizia com o olhar, e parecia que Adrien havia compreendido, pois riu alto logo em seguida.

Mesmo a cumplicidade deles tendo significados diferentes, já que somente Marinette sabia toda a verdade. Adrien achava que ela estava cansada por não ter dormido de preocupação depois que ele saiu como Chat Noir.

— Ai, eu não quero nem saber o que essa troca de olhares e esses sorrisos significam! - Nino falou, provocando e parecendo constrangido ao mesmo tempo.

Marinette sentiu as bochechas arderem ao deduzir o que seus amigos deviam estar pensando.

— A Marinette está corando! - Alya berrou, se levantando e agarrando Marinette com os braços, como se a estivesse protegendo. - Adrien Agreste, espero que não tenha feito coisas impróprias com a minha amiga!!

Adrien melhorou sua postura na cadeira imediatamente, colocando as mãos em frente ao corpo assustado com a acusação.

— E-eu n-não….

— Alya! - Marinette desgrudou dos braços ao seu redor. - Adrien não fez nada comigo, sua doida! Só ficamos conversando no celular até tarde, só isso!

A resposta da garota pareceu convencer a Césaire, por hora, que voltou ao seu lugar fazendo um sinal com as mãos para Adrien. Um sinal que dizia “Estou de olho em você”. Marinette riu com aquilo, voltando a deitar sobre a mesa quando viu que Adrien suspirou aliviado, e a agradecendo por tê-lo encoberto.

O sinal voltou e o casal resmungou junto por terem que voltar à aula. Enquanto caminhavam, Marinette puxou a camisa de Adrien discretamente, para que ficassem mais atrás das pessoas.

— O que acha de uma visita mais cedo hoje? - Ela cochichou no ouvido dele. - Estou louca para cochilar um pouco hoje durante a tarde.

Adrien riu da forma fofa em que ela fazia aquele pedido, passou um dos braços por cima do ombro dela enquanto andavam.

— Oh princesa, eu adoraria. Mas tenho esgrima hoje a tarde, e com meu pai de volta, é quase impossível burlar meus compromissos. - Ouviu um resmungo dela, enquanto tombava a cabeça no ombro dele. - Sinto muito mesmo, sei que precisa de mim para descansar…

— Não, tudo bem! - Marinette levantou rápido ao ouvir o tom triste na voz dele. - Você também está cansado e não pode descansar. Eu que devia sentir muito por você ter uma agenda tão cheia. - Não podia deixá-lo se sentindo mal por algo que ele não tinha culpa nenhuma. - Ficarei bem.

Ele devolveu um sorriso para ela, dando um beijo em sua testa antes de se separarem ao entrar na sala.

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— Devia ir dormir. - Tikki avisou pela décima vez seguida, enquanto Mari estava escorada na máquina de costura, quase babando em cima dos tecidos. - Mal está se mantendo em pé… ou sentada.

— Ah Tikki, sabe que não posso. - Ela sentia um calafrio só de imaginar tendo pesadelos com Chat Blanc de novo. Não o via há semanas. Queria continuar assim. - Já já Chat Noir chega e… - Ela bocejou, parando a frase no meio.

— São só cinco da tarde. - Tikki informou, em frente ao relógio da mesa. E Mari choramingou como isso, batendo com a testa na mesa.

“Droga, que sono!” Mari praguejou em pensamento. Mas logo se animou ao pensar em um plano.

— Ok, vou colocar um despertador para tocar em 20 minutos. Deve ser o suficiente para cochilar e descansar um pouquinho antes de ter algum pesadelo. - Falou decidida, pegando seu relógio e programando como havia dito. Guardou suas coisas de costura rapidamente. A kwami a seguiu feliz para a cama depois disso. - Ah, bom descanso Tikki! - Mari falou contente após um bocejo, dando um suspiro por finalmente fechar os olhos com tranquilidade.

******************************

Sentiu beijinhos sendo depositados em seu rosto.

“Chat? Já chegou?” - Pensou ainda sonolenta.

— Huum… Adrien, pare com isso. - Falou de forma arrastada pelo sono. Começou a rir, ainda de olhos fechados, aproveitando o gesto de carinho enquanto ele descia os beijos pelo pescoço. - Ok, não é tão horrível ser acordada assim. - Concluiu, desfrutando dos beijos, e sem vontade nenhuma de pará-lo.

Ela tentou levantar uma mão para tocar seus cabelos, mas foi surpreendida quando ele prendeu seu pulso ao colchão, com força. Estranhou aquilo, sentindo um alarme ligar dentro de si

— Adrien? O que…? - Então abriu os olhos pela primeira vez. Reparando a luz branca e fraca que vinha pela janela. O quarto inteiro parecia ter sido banhado por um tom azulado e frio. Ao virar o rosto para o outro lado, sentiu o peito doer com a velocidade que seu coração disparou. - C-Chat Blanc!

Ele abriu um sorriso perverso, enquanto ela mirava o rosto dele a centímetros do seu

Tentou levantar, mas foi impedida com ele subindo em cima de si, prendendo seu outro pulso.

— Senti Saudades, M'lady. - Ele disse, voltando a beijar seu rosto enquanto Marinette virava a cara, tentando se livrar dele.

"Como…? Por que ele está aqui?" - Sentiu seu choro começar enquanto se retorcia para desviar dele e tentar tirá-lo de cima de si.

— Você não me ama Marinette? Me dê um beijo!

Ela tentava se soltar do seu aperto sem sucesso. Mexia as pernas, mas a pressão do corpo dele contra o seu a imobilizou.

— Não sabe a quanto tempo espero para te fazer minha!— Sentiu que seu corpo já tremia em pavor. Queria sumir dali, queria que ele sumisse.

— O-o que vai fazer? - Falou com a voz embargada. Suas lágrimas escorriam grossas e quentes pelas laterais do seu rosto.

— O que namorados fazem Marinette! — Ele terminou avançando contra si, e Marinette sentiu a dor em seu peito aumentar pelo medo.

— NÃO, ME SOLTE!! - Berrou em plenos pulmões.

— Princesa! Sou eu!! - Ela abriu os olhos assustada, vendo Adrien ao seu lado, debruçado sobre si, iluminado pela luz alaranjada do sol poente. Os olhos verdes corriam por todo seu rosto enquanto ela bufava fundo, tentando regularizar sua respiração. - Ah, ainda bem que acordou! - Ele soltou em um gemido sôfrego, abaixando a cabeça em sinal de alívio

Mari ia respondê-lo, mas um enjoo forte a atingiu e subiu por sua garganta. Saiu bruscamente da cama, empurrando Adrien para o lado e disparando para baixo, quase não chegando na pia a tempo de vomitar tudo o que havia no estômago.

— Meu deus amor, você está bem? - O loiro falou assustado ao se aproximar, segurando os cabelos dela mesmo contra seus protestos para fazê-lo se afastar.

— Sai daqui! É nojento! - Mari conseguiu dizer entre uma ânsia e outra, mas Adrien se recusou a se afastar, permanecendo firme atrás dela, ajudando como podia. Não a deixaria sozinha.

Quando a náusea amenizou, ela ligou a torneira, limpando a boca, escovando os dentes e lavando o rosto do suor frio que o cobria.

— Isso já aconteceu antes? - Adrien perguntou,muito preocupado, enquanto fazia um carinho nas costas dela.

Ela se virou para ele, se apoiando na mesinha atrás de si.

— Sim, algumas vezes… - Falou evitando seu olhar, mordendo o interior de sua bochecha enquanto se decidia se contava a ele ou não. - Sempre que meus pesadelos me assustam mais que o normal. - Resolveu dizer a verdade, mas ainda se perguntava se havia feito a escolha certa. Odiava ver Adrien tão preocupado com si. Mas sabia que deixá-lo no escuro sem saber era pior.

— Aconteceu algo assim desde que comecei a vir aqui? - Ela respirou fundo, sentindo a cabeça pesar.

— Sim, uma vez... - Ela conseguiu dizer, inspecionando o rosto dele para decidir se continuava ou não. Os olhos determinados dele lhe deram a resposta. - No dia que você deixou de vir por acidente, pois acabou dormindo. 

Ela esperou por alguma reação dele, então o viu abaixar a cabeça para esconder a careta de desgosto e cerrar os punhos. 

— Não acredito que te fiz passar por isso sozinha mais uma vez. - Ela ia protestar, mas ao tentar se aproximar dele para tranquilizá-lo, sentiu suas pernas tremendo. 

Adrien percebeu a ação dela e respirou fundo para se acalmar. 

Não ia adiantar de nada se culpar mais por algo que não podia mais consertar. Se lembrava claramente de como Marinette ficou na aula no dia seguinte, no choro dela enquanto estava agarrada em sua camisa. Esse erro o perseguiria para sempre. Mas o que podia fazer agora, era sempre estar ao lado dela para que não acontecesse nada mais do tipo de novo. 

— Vem, eu te ajudo. - Adrien passou o braço por sua cintura a sustentando.

Depois de deitarem na cama novamente, Mari sentiu o choro ameaçar a vir novamente com as lembranças de Chat Blanc ali. Viu que Adrien já ia perguntar o que era e resolveu falar de uma vez.

— Ele estava aqui meu príncipe. - Ela mordeu o lábio para impedir um soluço antes de continuar. - Chat Blanc estava aqui na minha cama… comigo.

Os olhos dele se escancararam pela surpresa. Em nenhum dos pesadelos dela, algo como isso havia acontecido. Ela já tinha detalhado vários deles para Adrien saber bem disso. Ele prendeu a respiração com essa informação, se preparando antes de saber mais.

— O que ele fez com você? - Adrien tentou impedir, mas foi impossível não temer a resposta dela.

— Ele me agarrou, prendeu meus pulsos no colchão e estava em cima de mim. - Relatou com dificuldade. - Tentava me beijar e disse que ia me fazer dele…

— Oh mari! - Adrien não aguentou ouvir mais nenhuma palavra antes de puxá-la para si. - Eu estou aqui, você está segura, não vou a lugar algum. - Sentiu as pequenas mãos dela agarrarem sua blusa enquanto liberava o choro de forma silenciosa, só ouvindo alguns soluços hora ou outra.

Quando sentiu a respiração dela mais calma, afastou um pouco para olhar dentro de seus olhos. Precisava ver a expressão dela quando fosse fazer a seguinte pergunta.

— Sei que a Alya brincou hoje a tarde, mas você tem mesmo medo que eu faça isso com você princesa? - As duas orbes azuis aumentaram de tamanho, mas antes que ela respondesse, ele continuou. - Pois preciso que saiba que eu jamais a forçaria a fazer nada.

— E sei. - falou em meio a um fungado. Colocando sua mão na lateral do rosto aflito dele, fazendo carinho em suas bochechas com o polegar. - Eu confio totalmente em você Adrien.

Essa resposta lhe arrancou um sorriso. Ele pôs a mão sobre a dela, tirando-a de seu rosto para beijar a aliança dela. Mas ao pegar os dedos finos, viu novas feridas da máquina de costura ali.

— Tentou costurar hoje a tarde, é? - Mudou o assunto, não queria fazê-la lembrar mais daquele sonho horrível.

— Costurar? Eu estava estraçalhando aqueles belos tecidos, isso sim. - Ela falou, enquanto examinava os dedos feridos, sentindo o coração mais leve. Adrien sempre conseguia fazer isso, trazer leveza para sua vida. Voltou o olhar para ele e depois para a janela, onde o sol ainda se punha. - Adrien! Não disse que tinha esgrima hoje? Quando chegou aqui? - Não havia se atentado aquele detalhe enquanto colocava as tripas para fora.

— Um dos alunos sofreu uma lesão durante a aula, e o instrutor decidiu encerrar mais cedo. - A cara desconfiada de Marinette o fez gargalhar. - Ei, não fui eu quem machucou o outro garoto se é isso que está pensando! - Ele deu um peteleco na testa dela, rindo mais ainda enquanto ela esfregava a testa com cara de irritada. - Enfim, assim que saí de lá, passei em casa e me transformei para vir te encontrar. Ia fazer uma surpresa, a chamando para tirarmos aquele cochilo juntos. - Ele arqueou as sobrancelhas de forma travessa. - Mas você já estava dormindo quando cheguei. - Ele levou uma das mãos aos cabelos dela, e a viu fechar os olhos para aproveitar melhor o carinho. - Até desliguei o despertador que você colocou para não atrapalhar nosso descanso.

— Nosso? - Ela disse rindo, ainda de olhos fechados.

— Sim, nosso. Dormi em menos de 5 minutos depois que cheguei. - Ele confessou, e parou o carinho de repente, a fazendo abrir os olhos. - Achei que ficaria tudo bem com seu sono depois que eu chegasse. - Confidenciou de forma triste. Odiava vê-la ter esses pesadelos, se sentia impotente por não poder fazer nada enquanto ela se debatia, tentando acordar.

— Ele me enganou. - Ela soltou, dando um suspiro, deixando seu namorado atento à espera de uma explicação. - Ele me acordou dentro do sonho me dando beijos. Eu achei que era você… até abrir os olhos e vê-lo. - Adrien fez uma careta de desolação.

— Sinto muito.

— Não é sua culpa. - Cortou, enquanto voltava a fechar os olhos. - Já passou, e você está aqui, é isso que importa. - Ela se aninhou nos braços dele. - Agora vamos tirar aquele cochilo sim? - Sentiu o peito dele vibrar com a risada que soltou, enquanto a envolvia com os braços em resposta.

******************************************

Depois daquele dia, mais nenhum pesadelo a incomodou. E isso deixou Adrien mais tranquilo.

A semana dele foi tranquila. E estava animado em um domingo pela primeira vez. Pois hoje, iria até a casa de Marinette, como Adrien.

Não como Chat Noir na calada da noite. Entraria pela porta da frente e almoçaria com os pais dela, a convite deles.

Tentava controlar o sorriso bobo no rosto enquanto se arrumava.

— Almoço com os padeiros! Ah, já posso imaginar os mimos que eles vão fazer para nós! - Plagg dizia de forma sonhadora, pendurado em um dos cabides do armário.

— Mimos para mim, Plagg! Para mim. - Corrigiu. - Eles não podem saber de você, lembra?

— É claro, segredo místico, blá blá blá! - Murmurou, fazendo pouco caso. - Só lembra de me guardar um pouco de comida enquanto distrai os pais, contando sobre os beijos que vocês dão no quarto dela depois que eles dormem.

— PLAGG! - Se o kwami não fosse uma criatura milenar incrivelmente poderosa e imortal, Adrien o mataria.

— Que foi? - Deu de ombros, enquanto Adrien fechava o armário na cara dele. Atravessou a porta logo em seguida. - Só disse a verdade!

— A verdade de um jeito muito indelicado, devo dizer! - Rebateu, sentando no sofá para calçar os sapatos. - Estou pronto, vamos? - O garoto andou em direção a porta, e isso deixou Plagg confuso.

— Não vai se transformar? Achei que…

— Não seu kwami bobo, eles convidaram o Adrien! Gorila vai nos levar até lá. - Ele não conseguia não sorrir com aquela situação.

Enquanto descia as escadas, lembrou de quando almoçou com os Dupain-Cheng na vez em que Marinette se declarou para Chat Noir. Mas naquele dia, estava incomodado por ter que machucar os sentimentos dela. Hoje não, ele poderia dizer à Tom, o pai dela, o quanto estava disposto a cuidar dela e fazê-la feliz.

Entrou no carro, e no caminho até a casa dela, sentiu seu peito se aquecer só lembrar do clima hospitaleiro em que foi recebido lá na primeira vez. Estava ansioso para sentir isso novamente.

Ele saiu do carro e viu Gorila sair junto.

— Ah, Gorila, eu posso ir sozinho. É só a casa dos pais da minha namorada, não preciso de guarda costas. - O homem continuou parado o encarando. — Ér… então, até mais tarde? Te ligo quando acabar aqui. - Deu as costas, indo em direção a porta, mas o homem continuava parado no lugar. - Tchau? - Nada. - Eu vou ficar bem, juro. Os Dupain-Cheng são inofensivos. - Depois disso o homem bufou, se dirigindo até o carro e partindo logo em seguida. Adrien suspirou de alívio.

Bateu na porta, se sentindo nervoso pela primeira vez naquele dia. Segurava um buquê de rosas cor-de-rosa. Lembrou de quando Tom disse que rosa era a cor favorita dela.

— Adrien! - Marinette o saudou ao abrir a porta. Ela parecia bem feliz e isso fez o sorriso dele aumentar.

— Trouxe para você princesa - Colocou o buquê nos braços dela e já ia dar um selinho, quando Tom apareceu.

— Adrien Agreste! Seja muito bem vindo! - O enorme homem o carregou nos braços, como da última vez. E ele riu com aquilo.

— O-obrigado pelo convite Sr. Dupain!

— Tom! Me chame de Tom meu filho!

“Filho…” A palavra soou doce em seu ouvidos.

— Perdoe meu marido, Adrien. - Sabine o cumprimentou com uma reverência, um costume chinês que ele bem conhecia. E assim que foi solto, devolveu o cumprimento. - Seja muito bem vindo.

— Obrigado Sra. Dupain Che… - Ele reparou em Tom rindo ao seu lado. - Sabine. Obrigado Sra. Sabine. - A mulher sorriu carinhosa, e Adrien sentiu a ternura que ela possuía. Lembrou-se um pouco da mãe naquele momento.

— Então, vem Adrien, vamos sentar. - Marinette pegou em sua mão e o guiou para à mesa. - Papai está muito animado com sua vinda. - Confidenciou no ouvido do namorado quando chegaram em seus lugares. Ele riu com aquilo.

— Sim, eu lembro que ele se comportou assim da primeira vez. - A garota ficou vermelha com a lembrança. Ele riu mais.

— Vai rindo mesmo Agreste! - Ela bufou, cruzando os braços. Observou os pais terminando de arrumar a comida na cozinha em frente. - Mas lembre-se que por causa do Chat Noir, que quebrou meu coração, meu pai está muito mais desconfiado agora. Ele não vai pegar leve com você.

— Esse Chat Noir é um estúpido. - Brincou perto do ouvido dela, a fazendo rir. - E está tudo bem, ele pode pegar pesado o quanto quiser. Não tenho nada a esconder hoje. - Olhou em seus olhos, doido para dar aquele selinho que queria dar assim que ela apareceu na porta, quando Tom colocou uma travessa de comida na mesa.

O aroma do Boeuf Bourguignon fez o estômago de Adrien roncar. Acompanhado de pães quentinhos, recém assados.

— Hum, parece delicioso pai! - Marinette exclamou. E enquanto seus pais sentavam, ela serviu Adrien, que comeu com gosto.

— Está delicioso Sr. Du… Tom! - Se corrigiu, dando mais uma garfada. Tom soltou uma risada, parecia satisfeito em saber que apreciavam sua comida.

— Que bom que gostou filho! Quis fazer algo mais saudável para você. Marinette disse que é modelo, não é mesmo? - Adrien sentiu a comida entalar na garganta. Sabia aonde o homem queria chegar com essa conversa.

— Sim senhor, eu sou sim. - Ele bebeu um pouco de água antes de continuar. Viu Marinete apoiar a cabeça na mão naquela hora. Bom, ela sabia os pais que tinha, não era? - Eu sou modelo principal da empresa do meu pai, mas também faço trabalhos por fora, de outras marcas e campanhas publicitárias.

— Fascinante! Não é fascinante querida? - Tom falava animado, enquanto buscava apoio da esposa, que só sorria feliz para ele - Bom, mas não pode ser modelo por muito tempo, não é? Afinal, não vai ter esse rostinho bonito para sempre.

— Pai! - Marinette o advertiu, e já sabia que não seria a última vez naquele dia.

— Não princesa, está tudo bem, seu pai está certo. - Adrien falou, não reparando no olhar sonhador que Tom fez ao ouvir o apelido carinhoso que ele usava com Marinette. - Eu pretendo fazer administração na faculdade e ajudar meu pai na empresa depois que me formar na escola. - Revelou, e Marinette ficou feliz. Adrien era um garoto incrível. Nem sabia por que estava tão preocupada

— Ah Adrien! Você é muito melhor que o antigo namorado da Marinette, o Chat Noir! - Seu pai a fez lembrar o motivo da preocupação. Ele tinha o dom em deixar as pessoas constrangidas.

— Pai! - Chamou de novo. Querendo esconder o rosto com o guardanapo.

— O que filha? Aquele garoto partiu o seu coração! - Seu pai rebateu e ela bufou. Não podia contar a eles que o motivo para pararem de falar mal de Chat Noir, era por que o mesmo estava sentado bem na frente deles nesse momento.

Adrien estava se divertindo com aquela situação. Obviamente. E ela quis cutucar ele com o cotovelo para parar de rir.

— Querido, Chat Noir amava a Ladybug. Ele foi corajoso em nos dizer a verdade na época ao invés de mentir para nossa filha. - Sabine interviu. E Marinette suspirou de alívio. Sempre podia contar com a mãe para fugir da conversa embaraçosa do seu pai. - E também, achei estranho a Marinette falar que estava apaixonada por ele. Afinal, ela sempre gostou de você Adrien.

— Mãe! - Ela não podia acreditar que estava revelando aquilo. Estava com tanta vergonha que até suas orelhas estavam quentes.

— Marinette me contou que teve uma paixonite por esse herói. - O loiro completou rindo, finalmente levando aquela cotovelada. - Mas fico feliz em ver que ela mudou de ideia.

— Ah sim, Marinette fez uma escolha bem melhor! - Tom continuou, mas então ele cruzou os braços, tornando a falar em um tom sério. - Mas ainda não nos disse sobre o que você sente, filho.

— Tom… - Sabine chamou em um tom de advertência, e pousou a mão sobre um dos braços do marido.

— Não querida, nós precisamos saber. Já não basta um garoto ter quebrado o coração da nossa garotinha? Não deixarei isso acontecer de novo. - Marinette já ia intervir quando Adrien tomou a palavra.

— Sr. e Sra. Dupain-Cheng, eu entendo que tem seus motivos para terem suas desconfianças contra mim. E está tudo bem. Mas antes, eu gostaria de ter a benção de vocês sobre o nosso namoro. - A mão dele buscou a sua por cima da mesa, entrelaçando seus dedos assim que se encontraram. Ele falava de forma firme, olhando diretamente para seus pais. - Eu amo a filha de vocês e pretendo cuidar dela e fazê-la feliz enquanto estiver ao lado dela.

Os olhos de Tom se encheram de lágrimas. Ele levantou, atravessando a mesa e indo para trás de onde Adrien estava. O agarrou novamente em um abraço apertado.

— Seja bem vindo à família meu filho! - Disse em meio aos pequenos pulos que dava. Marinette riu com a cena, seguida de Sabine. - Ah, que dia feliz! - Falou soltando o garoto que cambaleou para a banqueta em que estava. - Vou buscar a sobremesa!

O homem correu até à cozinha, enquanto Sabine recolhia os pratos.

— Têm a nossa benção Adrien! - Ela falou docemente antes de seguir o marido.

Adrien não pode deixar de soltar um suspiro aliviado quando eles saíram. E Marinette riu dele.

— Você foi muito bem, namorado. - Ela brincou. - A parte mais difícil já passou. - Ele não quis falar mas esses momentos, que pareciam torturantes para Marinette, estavam se tornando os favoritos dele. A parte difícil mesmo seria na hora de deixar a casa dela. Essa casa aquecida de amor para voltar para sua mansão grande, fria e vazia.

— Sim, passou. - Levantou as mãos juntas dele, deixando um beijo na aliança dela.

— Oh, eles não são fofos juntos querida? - Tom os assustou, deixando os dois com as bochechas vermelhas depois de separarem as mãos, enquanto colocava uma Tarte Tatin em formato de coração na mesa. Outra sobremesa saudável, Adrien reparou bem. Sentindo-se tocado por aquele cuidado especial que Tom tivera com ele. 

Diferente da última vez, em que se sentiu extremamente constrangida com aquele ato do pai com ela e Chat Noir, dessa vez Marinette percebeu o quanto ele havia se esforçado para agradar a ela e o namorado. Preparando tudo com tanto carinho. Mesmo desconfiado, ele havia preparado aquilo. Em um sinal de fé que tudo daria certo.

Ela levantou, deixando-os confusos e rodeou a mesa. Encontrando seu pai e dando um beijo na bochecha dele.

— Obrigada pelo carinho pai! Você é demais! - Tom levou a mão à bochecha, a olhando com ternura.

Adrien viu de perto o quanto aquela família era preenchida de amor. Sentiu um aperto no peito, e uma pontada de inveja de Marinette. E ao mesmo tempo, grato pela sua namorada ter pais tão acolhedores, assim, ela nunca experimentaria a solidão diária que ele vivia em casa.

Terminaram a sobremesa, tendo conversas mais leves dessa vez, e quando acabou, Adrien pegou o celular para chamar Gorila.

— Gostaria de jogar videogame com a gente filho? - Tom perguntou, enquanto se levantava e ia em direção a sala, sentou no sofá e estendeu um controle para ele.

— E-eu posso mesmo? - Ficou muito feliz com o convite, mas ele sabia que Marinette gostava desse tempo a sós nos fins de semana para aproveitar os pais, que eram muito ocupados com a padaria.

— Claro meu príncipe, você é da família agora! - Ela apareceu ao seu lado, segurando alguns pratos, dando um beijo em sua bochecha. Adrien precisou se controlar muito para não deixar nenhuma lágrima escorrer naquele momento, enquanto pegava o outro controle e Tom lhe dava um apertão no ombro. - Vou ajudar mamãe com a louça, e quem ganhar joga comigo na próxima! - Mari gritou da cozinha, fazendo os dois rirem nos sofá.

— Acho que vou perder de propósito, Marinette leva muito a sério esse jogo. - O homem disse ao ligar a TV.

— Ela é mesmo muito competitiva Sr. Du.. Tom! - Ele confundiu de novo, coçando a nuca sem graça.

— Pai... - Adrien levantou o olhar assustado. - Pode me chamar de pai, filho. - Tom falou sem pretensão nenhuma, e Adrien teve que abaixar a cabeça para esconder os olhos embargados. - Posso escolher esse personagem?

— Pode sim… pai. - Sorriu sozinho, e deu uma espiada na cozinha, onde Marinette e Sabine riam de alguma coisa.

“Obrigado por isso, princesa!”


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Notas finais do capítulo

Aaah para que eu choro Tom!!!

Eu sei que os maiores problemas aqui da fic são os da Marinette. Mas a gente pode mostrar um pouco de como ela ajuda o Adrien com os dele né? Mesmo sem ela saber. Eu achei super fofo esse momento dele com a família dela.

Queria ter visto isso em Chat Blanc quando mostrou o namoro deles. Eu sei que não mostrou, já que só tivemos flashes deles visto pela Bunnix, mas imagino que situações como essa aconteceriam (assim como outras que vão acontecer daqui pra frente).

Quem quiser assistir Chat Blanc novamente pra entender melhor a fanfic daqui pra frente, fique a vontade kkk.

E sobre o pesadelo dessa nesse cap.... foi diferente né? .......... só digo isso kk.

Beijos doces! Espero que tenham gostado!! Vejo vocês na quinta!



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