Where We Belong escrita por Mad


Capítulo 8
Todos os lados, de todas as moedas.


Notas iniciais do capítulo

Ora ora, olha só quem saiu das profundezas do bloqueio criativo e do fim do semestre. Oi gente! Tô de volta, e tenho muito o que dizer xP. Primeiramente, como vocês estão? Ca estou com o capítulo 8. Esse foi de longe o capítulo mais difícil de escrever da minha vida inteira. Foram duas reescritas onde eu jurava que teria que mudar a história inteira. Felizmente, deu certo com apenas algumas mudanças e, apesar de eu não estar totalmente confiante, tô feliz por ter superado esse desafio. Ao mesmo tempo, o fim do semestre me sequestrou e eu tive que deixar a fic de lado por completo. Enfim! Sem mais desculpas, onde estávamos? Ah, claro. Elisabet decidiu permanecer ao lado da Aloy, apesar de querer que a garota não se arrisque mais para consertar os seus erros. A chegada em Meridiana porém pode bagunçar todos esses planos. Vamos ver como! Espero que gostem, até já já.



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Aloy estava quieta.

 

Em um contraste assustador com o início da viagem de volta, onde as conversas voavam juntas com o vento contra suas faces, o espaço dividido por Elisabet Sobeck e Aloy agora repousava em um silêncio críptico, inversamente proporcional a distância da cidade de Meridiana. Com os portões à vista, Elisabet já não lembrava quando Aloy havia falado pela última vez, e para a doutora, era como resolver um quebra cabeça com os olhos vendados, já que não conseguia ver o rosto daquela no comando do Cabeça-Larga.

 

De alguma forma, a sensação era de que a jovem Nora estava se preparando para alguma coisa.

 

Em meio a tal silêncio, ambas desceram da máquina a uma distância curta dos portões de entrada para a cidade baixa, lar dos mercantes sazonais. Ao entrarem, e permitirem o inundar de seus olhos com a capital dos Carja, seus corações bateram em ritmos diferentes. 

 

Para Aloy, anticlimax. 

 

Anticlímax esse que tomava a forma de uma cidade inalterada. A legião de moradores que imaginava durante toda a viagem não demonstrou nada além de acenos dispersos, os quais respondeu com certa confusão. Claro, era ótimo não ser interrogada e ovacionada por algo que considerava rotina, mesmo entendo a magnitude do que havia feito para a cultura local. Mas ao mesmo tempo, o lugar em seu coração no qual estavam depositadas as expectativas agora se encontrava vazio, um vazio perigoso. Aloy se sentia a pessoa mais egocêntrica e idiota do mundo, e assim permaneceu, calada e contrariada ao entrar em um dos grandes elevadores, levando até a parte superior da cidade. Não era mais possível que se evitassem. 

 

"Tem algo te incomodando, garota?" A pergunta foi direta o suficiente para pegar Aloy de surpresa, acordando de seus próprios pensamentos para permitir o entendimento. 

 

"Tá tudo bem. É só que… tem algo que eu esperava e acabou não acontecendo."

 

Elisabet se aproximou, colocando a mão direita no ombro de uma Aloy ainda conflituosa. Finalmente podiam se ver, olho no olho. Segredos revelados do fundo da terra, como estavam acostumadas.

 

"Se tem uma coisa que eu aprendi nos últimos dias, foi a suprimir as expectativas. Tenta um pouco, garanto que vai se sentir melhor."

 

Foi impossível não sorrir frente ao conselho, mas também era igualmente impossível aplicar a lição de forma imediata. Como uma semente, tempo e cuidado seria necessário. 

 

Quanto tempo, porém?

 

Com o movimento do elevador diminuindo, Elisabet se portou em frente à entrada, sem esperar a mais jovem. Sentia algo a atraindo, saltando de seu coração, e ao perceber a forma do sentimento, a outra metade do contraste se revelou também.

 

Para Elisabet, fascínio. 

 

Por dias, dúvidas e teorias sobre a cidade, e o estado da vida humana como um todo, preencheram boa parte de seus pensamentos, e finalmente tomaram uma forma que, apesar de mundana, alimentou o coração curioso e aflito da doutora. Com o mundo urbano se abrindo à sua frente, as construções espremidas umas às outras, o espelho d'água dando cor às paredes brancas e amareladas, as escadarias que dividiam a cidade em seus diversos níveis, as vozes confusas de mercantes, clérigos ou menos transeuntes. Mais uma vez via com os seus próprios olhos cansados que, apesar de tudo, o Zero Dawn havia funcionado. A vida recebera a segunda chance que havia prometido mil anos antes. Sentia as lágrimas chegando, mas ao mesmo tempo sentia todas sendo barradas pelo sorriso no rosto da engenheira, agora uma historiadora. Uma chance de conhecer Roma, Constantinopla, Mesopotâmia, Meca. 

 

Nenhuma palavra atreveu sair de sua boca, e nenhum pudor ousou interromper a exploração de um novo mundo. Elisabet avançou em meio a cidade, seguida por uma Aloy observadora, com seus olhos apenas na alegria a sua frente. A doutora inconscientemente se distanciava da Nora, interrompendo o próprio caminhar para olhar com atenção detalhes que lhe prendiam. Aos poucos, o desconforto momentaneamente dava lugar a um sorriso sem motivos aparentes no rosto de Aloy ao observar o mesmo sorriso no rosto de sua acompanhante. 

 

Percebendo que suas rápidas paradas diminuíram o ritmo da travessia, rapidamente voltou ao lado de Aloy.

 

"Eu.. acabei me empolgando. Você precisa falar com o Rei-Sol, né?"

 

"Ele provavelmente gostaria que eu contasse o que aconteceu na viagem… e eu devo isso a ele. Mas não se preocupe, eu também fiquei assim quando cheguei aqui pela primeira vez."

 

O sorriso empático contagiou um sentimento de plenitude, e agora ambas andavam lentamente até o palácio do sol. Ao passar por um beco em particular, porém, foram mais uma vez interrompidas.

 

"Nós caçadoras chamamos isso de 'Visão de Túnel'."

 

Antes mesmo de virar a cabeça e encontrar os olhos outonais do outro lado da rua, reconheceu imediatamente a voz de Talanah. Um sorriso sarcástico estampava seu rosto, rapidamente retribuído pelo comentário de Aloy. 

 

"Você tá sempre me esperando por aí ou a cidade é mesmo muito pequena?"

 

"Me diga você. Deve ser pequeno por aqui comparado com o Oeste Proibido."

 

Sorrindo ao ir de encontro a amiga, Talanah tomou a iniciativa de envolver Aloy em seus braços. Um abraço tão breve que houve pouca oportunidade para retribuição. Percebendo o leve conflito de expectativas, a Águia-Solar tossiu o leve desconforto para fora de seu corpo antes de prosseguir, sendo novamente interrompida, dessa vez por notar quem acompanhava sua Tordo. Seus olhos fitaram as características faciais de Elisabet por bons segundos, e então finalmente disse a frase esperada.

 

"Vocês são exatamente iguais."

 

"Sério? Não escuto tanto isso."

 

Percebendo a óbvia piada, ambas riram e se colocaram frente a frente. Elisabet estendeu sua mão.

 

"Elisabet Sobeck. Muito prazer."

 

"Talanah Khane Padish, Águia-Solar da Ordem dos Caçadores. O prazer é meu."

 

Aloy via nitidamente na expressão de Talanah a felicidade em conhecer a doutora, e ouviu ela continuar de onde parou.

 

"É incrível finalmente poder te conhecer! Sua filha é uma em um milhão quando se trata de caça. Devo assumir que ela puxou de você?"

 

"Digamos que… eu sei tanto sobre as máquinas graças a ela."

 

Aloy piscou um único olho ao olhar para Elisabet, após fazer seu comentário ambíguo. A doutora por sua vez apenas acenou com a cabeça, e complementou:

 

"É, eu sinto bastante orgulho."

 

As palavras se formaram de forma tão natural em seus lábios que a mesma se surpreendeu, desviando o olhar. O momento embaraçoso foi a deixa para Aloy tocar em um novo assunto.

 

"Então… você ficou aqui esperando todo dia? Eu tive que fazer um leve desvio na viagem de volta…"

 

Talanah sorriu e segurou sua mão, a levando em direção a casa de Olin Delverson, local que servira de abrigo para Aloy desde a batalha pelo ápice. 

 

"Pra responder isso eu preciso te mostrar uma coisa. Para vocês duas na verdade. Vem."

 

Guiadas pela empolgação de Talanah, as três chegaram às grandes portas da casa escondida em um beco. O exterior era quase inexistente, espremido entre outras construções. O interior, porém, se revelou como um ambiente desconhecido e esplêndido.

 

Com os olhos arregalados, Aloy percebia claramente as mudanças feitas no local. As paredes haviam sido pintadas de branco, e toda a iluminação era regida por velas e tochas posicionadas com perfeição ao longo do ambiente. Os móveis faziam parte de um conjunto conciso e elegante, além da nova decoração, não mais composta pelas peças aleatórias de Olin, mas sim pelos mais diversos quadros da cultura local. De forma mais notável, o grande buraco causado pela investigação agressiva que a jovem havia feito ao lado de Erend havia sido consertado, e a escada aparentemente refeita com o mesmo esmero. 

 

Elisabet, mesmo não conhecendo o ambiente anterior à reforma, foi privada de suas palavras ao observar. 

 

"Eu estive aqui ontem, Avad me pediu para dar uma olhada. Ele disse que você chegaria ontem ou hoje."

 

As três caminharam lentamente até a sala, guiadas pelo próprio espanto de ver um ambiente tão lindo. Aloy disse então, enquanto observava a decoração e os móveis da sala:

 

"Tudo isso aqui é…?"

 

Talanah a interrompeu apontando para a pequena mesa de madeira no centro, onde um pergaminho enrolado repousava.

 

"É melhor você ler logo, antes que eu estrague toda a surpresa."

 

Ainda olhando alguns detalhes com sua visão periférica, Aloy tomou o pergaminho em mãos e o desenrolou, imediatamente lendo as primeiras palavras. Elisabet, também tomando notas mentais da moradia, fez menção de se aproximar e participar da leitura. Se dando conta de que todas gostariam de ouvir, recomeçou a leitura, dessa vez em voz alta. 

 

"Cara Aloy. Primeiramente, bem vinda de volta. Imagino que tenha algumas perguntas, e devo dizer que previ no mínimo boa parte delas. A população de Meridiana não soube de sua ida aos territórios a oeste, pois não foram avisados. Foi uma decisão conjunta minha e de Marad Inocente, tendo em vista seus motivos e sua postura, fatores os quais respeitamos imensamente. Deve também ter percebido as mudanças na casa onde se encontra, e a respeito disso, lhe informo que a posse da residência foi transferida de Olin Delverson para você. Meus trabalhadores mais confiáveis cuidaram de uma reforma completa, incluindo o antigo porão agora convertido em uma sala extra. Fico feliz que tenha voltado em segurança, e peço que tome seu tempo para aproveitar a moradia e descansar. Quando estiver pronta, venha para o palácio, seria uma honra enorme conhecer sua mãe. 

Seu amigo fiel, Avad."

 

 

"Amigo fiel? Eu apertei a mão do presidente uma vez…" Elisabet disse, mais para si mesma do que qualquer outra coisa. Aloy olhou para Talanah sem saber exatamente o que pensar da situação. 

 

"Então essa casa é…?"

 

"Sua? Tão sua quanto o seu arco."

 

Nem Elisabet e nem mesmo Talanah haviam visto Aloy com uma expressão tão difícil de decifrar quanto viam agora. Seu rosto alternava entre as palavras no papel e o resto da casa. O branco na parede refletia em seus olhos e inundava seu coração com a exata mesma sensação de dias atrás, porém amplificado. 

 

Aloy se sentía minúscula. 

 

"Tem algo que não gostou?" Talanah perguntou, colocando a mão em seu ombro, preocupada.

 

"Não! De modo algum. Eu não lembro de ter visto uma casa tão bonita."

 

Em sua mente via apenas o humilde casebre onde havia crescido. Porém, sua vida fora de casa cobria mais espaços de sua memória, contribuindo para o seu desconforto.

 

"Bem.. não é uma casa, mas eu também tenho uma surpresa pra você, lembra?"

 

Aloy enrolou o pergaminho, olhando para Talanah, que sorria em sua direção como se tal surpresa estivesse logo em seu bolso.

 

"Sim, eu lembro. Mas você sabe que não precisa né?"

 

"Nesse caso, precisa sim. Venha para a ordem amanhã bem cedo, traga sua mãe também. É algo importante."

 

Aloy devolveu o sorriso, feliz com a consideração de sua amiga. A Águia completou, enquanto saia da moradia:

 

"Vou te deixar aproveitar. Se cuide e descanse Aloy. E foi um prazer de novo, Elisabet."

 

Com as portas se fechando, o sorriso no rosto de Aloy logo se dissolveu. Um suspiro longo acompanhou suas mãos em direção ao rosto. 

 

"Eu realmente não quero me intrometer, mas parece mesmo que tem algo errado…"

 

Era impossível não reconhecer o quão óbvio isso era, e Aloy ainda sim não conseguia se expressar corretamente.

 

"Não se preocupa… tá tudo bem."

 

"Aloy, você pode…"

 

Ao ouvir apenas o começo da sentença, a mais jovem não segurou o tom de voz, ao dizer no limiar do grito:

 

"Me deixa ajudar!"

 

Elisabet interrompeu seu avanço imediatamente. Ainda conseguia ouvir a súplica ricocheteando nas paredes, como se pudesse quebrá-las. Ela olhava diretamente para a jovem, e poderia jurar que via o começo das lágrimas se formando, sendo seguradas pela mera força de vontade.

 

"O que quer dizer?"

 

"Você sabe muito bem o que eu quero dizer. Me deixa ajudar com o Zero Dawn. É o que eu nasci para fazer!"

 

"Aquilo foi…"

 

"O que? Um acidente? Agora que você acordou eu não tenho um propósito mais e tenho que apodrecer nessa casa enorme?"

 

A jovem dava passos a frente a cada sílaba tônica, parando agora a apenas um pé de distância da doutora, que agora fazia o possível para manter contato visual, mesmo sem ter forças para encarar uma Aloy frustrada, e com razão.

 

"Não cabe a mim escolher o seu propósito…"

 

"Sou eu tomando a decisão. Eu quero ir até o fim!"

 

O silêncio pairou entre as duas por alguns segundos, o suficiente para Aloy ensaiar um pedido de desculpas pelo aumento no tom de voz. Elisabet o declarou desnecessário ao falar antes:

 

"Eu… tenho um plano. Não sei se vai te satisfazer, mas vou compartilhar com você."

 

A respiração da caçadora se acalmou, e Elisabet prosseguiu:

 

"A sala, lá embaixo… Deve ser uma boa ideia conversarmos lá."

 

"Certo… estou logo atrás de você."

 

Por mais que houvessem coisas a serem ditas, ambas concordaram mentalmente que era melhor continuarem caladas durante a descida pelas escadas. Aloy fez o máximo que podia para não olhar para as paredes brancas reformadas e incendiar novamente sua raiva. Elisabet pensava com cuidado no que dizer a seguir. Entendia em partes o que se passava mas ainda não tinha certeza sobre como proceder. 

 

O peso de sua responsabilidade continuava incerto. 

 

Chegando a sala, Aloy percebeu imediatamente a falta dos objetos de Olin, encontrando as mesas vazias e limpas. As tochas e velas ao redor da sala se encontravam apagadas. Apenas a luz advinda das escadas permitia que vissem os limites do ambiente, e assim, pararam uma frente a outra no centro da sala. 

 

"Certo…" Elisabet suspirou. "Espero que o sinal seja bom aqui em baixo. CYAN, está aí?"

 

Ao chamar a IA, seu Foco no ouvido direito brilhou, projetando o holograma azul e púrpura característico entre as duas. Com a sala iluminada pela luz vibrante, CYAN disse em bom tom:

 

"Rede Analítica da Caldeira de Yellowstone operante em comunicação remota. Bom dia Doutora Sobeck." 

 

"Esqueceu de mim?" Aloy provocou.

 

"Jamais poderia. Saudações Aloy."

 

Estabelecido o contato, Elisabet sorriu brevemente antes de começar sua árdua tarefa de acalmar um coração confuso, batendo no peito da garota à sua frente. Fez então um pedido:

 

"Ok, eu preciso daquilo que comentamos durante a volta. Por gentileza…" 

 

"Prontamente. Projetando a interface da nova diretriz."

 

Aos poucos, esferas sem cor se manifestaram ao redor da grande esfera azul ciano. 

 

Você pensou em tudo. Impressionante CYAN." Aloy elogiou, inadvertidamente, roubando as palavras de dentro da boca de Elisabet, essa que por sua vez começou a expressar seu raciocínio. 

 

"Certo, caso alguém tenha esquecido do que temos que fazer, precisamos reunir as funções subordinadas do Zero Dawn que se espalharam por ai… e deixá-las sob o controle da CYAN antes que desastres aconteçam."

 

Aloy a interrompeu, com uma dúvida que se sustentava a algum tempo:

 

"Precisamos achar todas elas…? Algumas já não fizeram o que deviam?"

 

"Boa observação garota. E bem, felizmente meus amigos eram gênios…" Elisabet puxou para perto algumas das esferas menores, deixando-as entre as mãos dela e as de Aloy. "Criamos uma diretriz passiva em cada subfunção. Basicamente… se uma função cumpre o seu papel, ela se torna passiva e é assimilada pela função mais relevante."

 

"Isso quer dizer que…"

 

"Uhum, não precisamos buscar por todas. Vamos procurar por elas em ordem, da menos importante para a mais importante. Dessa forma…"

 

Duas esferas assumiram a cor azul marinho e amarela, brilhando em suas mãos, e a voz de CYAN anunciou:

 

"ÉTER e POSEIDON. Respectivamente responsáveis pela limpeza da atmosfera e dos corpos aquáticos do planeta."

 

"Ambos já completaram sua função, então foram assimilados por HEFESTO."

 

Aloy apenas expressou de forma sonora o seu entendimento. Apesar de tudo, havia compreendido exatamente o que Elisabet havia explicado, só lhe faltava o conhecimento para fazer qualquer tipo de complemento. Elisabet puxou mais uma esfera, essa brilhando em magenta, deixando-a no mesmo nível das outras duas. 

 

"ILÍTIA, responsável pelo armazenamento e amadurecimento dos embriões humanos, a partir de uma amostra pura de DNA infinitamente variável."

 

Após ouvir CYAN, Elisabet explicou:

 

"Ilitia já utilizou todos os embriões disponíveis, e cessou as operações. Provavelmente, Artemis o assimilou."

 

Uma esfera azul escura foi colocada no mesmo nível.

 

"MINERVA, responsável pela desativação das máquinas Faro."

 

"Essa é a única que programamos para simplesmente cessar operações e se diluir pelo sistema… tem um pouquinho de Minerva em cada lugar do Zero Dawn agora."

 

Em seguida, duas esferas, roxa e verde, se posicionaram um nível acima na lista de prioridades: 

 

"ARTEMIS, responsável pela restauração da Fauna. DEMETER, responsável pela restauração da Flora."

 

"Aqui começa a ficar complicado… Demeter repopulou a Flora, mas ainda não cessou atividades, ou seja, tem algo a mantendo ativa… Artemis por outro lado completou só uma parte da diretriz dela, como eu te disse aquele dia, então a cadeia alimentar tá toda incompleta... Temos que achar ambas e fazê-las completar suas missões, antes que saiam do controle."

 

Aloy finalmente viu o que temia chegando, e disse, enquanto uma esfera vermelha e uma cinzenta tomavam o lugar mais alto da lista:

 

"Por falar em sair do controle…"

 

"HEFESTO, responsável pela construção e manutenção de máquinas. HADES, responsável pela reversão do sistema de terraformação, caso necessária."

 

Elisabet suspirou fundo antes de ser clara e direta sobre suas preocupações de nível apocalíptico:

 

"Hefesto se mostrou hostil a CYAN… E está criando máquinas para se proteger dos humanos. Essa é uma corrida armamentista que eventualmente vai pender pro lado dele… Hades é perigoso por si só, você viu com seus olhos, Aloy."

 

Aloy olhou confusa ao pegar sua lança em mãos, apontar para o dispositivo azul preso a ela e indagar:

 

"Eu purguei Hades, usei o Controle Principal."

 

"Você cessou a participação dele temporariamente… e salvou a todos, claro. Mas o Controle Principal não pode deletar nenhuma subfunção. Só GAIA podia fazer isso."

 

Decepcionada, Aloy repousou a lança de volta em suas costas. O olhar de Elisabet nunca havia se mostrado tão preocupado.

 

"Temos que achá-los… Se CYAN tomar o controle, o sistema vai se curar. Mas se não fizermos nada, ou falharmos…"

 

CYAN tratou de terminar a explicação em termos técnicos.

 

"HEFESTO eventualmente criará máquinas imbatíveis para os humanos, e HADES tomará controle para reverter a biosfera ao seu estado estéril."

 

Frente ao clima tenso dentro da sala, Aloy se voltou para Elisabet, tentando demonstrar o máximo de confiança possível ao falar:

 

"Eu os impedi uma vez, e posso fazer de novo. Me diga o que preciso fazer Elisabet!"

 

Cedendo os músculos de seu rosto para formar um sorriso involuntário, a Doutora deu um passo à frente e ficando entre as duas. 

 

"Nada vai acontecer até eu conseguir achar todas as subfunções e traçar um plano para reunir todas… E também, preciso criar a mão todo o código necessário pra ajudar a CYAN."

 

Aloy esperava qualquer coisa. Uma nova expedição ao Oeste, coleta de dados, peças de máquinas. Encontrando apenas lacunas no seu futuro, permitiu que Elisabet continuasse, enquanto apenas olhava em seus olhos, secretamente esperando instruções mais exatas.

 

"Eu vou precisar de você, e da sua experiência com as máquinas. Eu sei que você enxerga isso como seu propósito, e eu não vou dizer que não é." Assim como no dia anterior, Elisabet tomou as mãos de Aloy nas suas. "Mas por enquanto, eu quero que você viva normalmente."

 

Elisabet sorria de forma reconfortante ao proferir as últimas palavras de sua instrução. Aloy por sua vez se mantinha pensativa, preocupada com tais lacunas. 

 

O que era, de fato, viver normalmente?

 

"Fazer o que eu faço é viver normalmente. Pelo menos tem sido..."

 

"Então por que não olha de um ângulo diferente? Não estou dizendo pra nunca mais caçar uma máquina."

 

As ordens exatas não viriam, não agora. Aloy sentiu imediatamente a necessidade de ter que enfrentar as assustadoras lacunas de frente. Pensou imediatamente em suas pendências com Talanah e Avad, e imaginou um caminho tortuoso e incerto, porém com pessoas que já conhecia. Ao se sentir pequena em sua nova casa, lembrou do quanto o mundo lá fora tinha o mesmo efeito.

 

Qual era a diferença?

 

"Promete me deixar ajudar quando precisar?"

 

"Sem nem pensar duas vezes."

 

A mais jovem devolveu o sorriso em direção a doutora, segurando suas mãos em concordância. 

 

A luz azul se apagou aos poucos, e enfim estavam no escuro mais uma vez. Durante toda a explicação, todo o planejamento, Aloy sentiu uma estranha nostalgia. Lembrou imediatamente do vídeo holográfico no qual ouviu Elisabet explicando o próprio conceito do Zero Dawn. Testemunhou ali o poder imenso que aquela mulher tinha de transmitir confiança e força de vontade. Nada seria possível sem ela no comando, e com esse tipo de apoio, nenhuma lacuna era vazia demais. Pelo menos é o que pensava.

 

Ao soltarem as mãos, tomaram o caminho de volta na escada quando Aloy ouviu o distinto som vindo do estômago daquela atrás de si, denunciando o mal costume com uma dieta de viagem.

Elisabet olhou para os lados, sentindo o sangue subir até às bochechas.

 

"...acha que o seu amigo rei deixou mais algum presentinho lá em cima?"

 

Aloy não impediu os próprios risos enquanto subia a escada, lidando cada vez melhor com a parte mais humana de Elisabet.

 

"Sentir fome não é crime, Doutora Sobeck. Vamos dar uma olhada juntas."

 


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Notas finais do capítulo

Temos um plano! A reconstrução do Zero Dawn tem um esqueleto. Porém são planos pro futuro! Vamos dar uma olhadinha no presente a partir de agora. O que acharam? Tô ansioso pra começar a explorar o cotidiano dessas duas. Me dêem todo o feedback possível, eu tô precisando xP. Enfim! Tempo eu tenho agora, só espero ter o ritmo. Esse capítulo, mais ainda que os outros, não seria possível sem a figurinha carimbada e escritora incrível Anny! Também conhecida como minha irmã, e Vanilla Sky aqui no Nyah! Levem meus agradecimentos até ela quando forem ler as fics incríveis dela, especialmente a mais recente chamada Perjurio! Quantas vezes temos a oportunidade de ler uma história da She-Hulk escrita por uma estudante e profissional da LEI?? Eu não perderia isso por nada xP obrigado de verdade maninha, vc é uma benção! E claro, tenho que agradecer a Aninha pelo apoio também! Seria o impossível sem a sua paciência e a sua compreensão meu anjo, obrigado por tudo!! No próximo capítulo uma figura que apareceu um pouquinho vai fazer a sua estreia com o resto da tchurma! Até lá, agradeço pela atenção! Se cuidem queridos ❤️



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