O Amanhã escrita por Nahy


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pelo atraso! Minha vida está meio complicada e tive pouco tempo para escrever!



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Eu estou parada em frente à porta de Emmett há uns bons 10 minutos.

Falar com Edward tinha me deixado... Confusa e perdida.

Eu não sabia mais o que fazer, um lado meu estava decidido a enfrentar o tratamento enquanto o outro hesitava por medo.

E era exatamente por isso que eu estava aqui.

Eu precisava falar com alguém que não fosse Edward, eu precisava contar a verdade, saber a verdade da morte da mamãe, ouvir... Tudo que eu mais quis ignorar durante todos esses anos.

Minhas mãos hesitaram novamente antes de tocar a campainha.

Não tenha medo.

Não entre em pânico.

Não fuja...

Era mais fácil pensar do que fazer.

Como eu iria contar a verdade a Emmett? A verdade por trás de tudo, o porquê eu fugi, o porquê eu voltei...

Então, nesse exato momento, a porta foi aberta e eu me deparo com um Emmett cheio de surpresa e olhos arregalados a me ver, espelhando minha própria reação.

— Bella? – ele murmura ainda surpreso e eu ensaio um sorriso.

— Oi... – olho para sua mão, que carregava uma maleta preta, e levanto os olhos para ele. – Você vai trabalhar?

— Você fugiu... – ele murmurou ignorando minha pergunta. – Você saiu correndo... Eu pensei...

Engoli em seco e não preciso pensar muito para saber o que ele deve ter imaginado. Ele pensou que eu tinha ido embora novamente.

— Eu... Eu pensei em ir – confessei a verdade baixando a cabeça. Se Edward não tivesse me impedido, eu realmente teria. – Mas eu decidi voltar.

— Por quê? – sussurrou e notei um leve tom esperançoso na sua voz.

— Porque eu precisava voltar, porque eu... – mordi o lábio inferior com força. – Eu... Tenho que contar algo a você, a todos vocês.

Ele ficou um momento em silencio e senti sua mão tocar levemente meu ombro. Olhei para cima e um pequeno sorriso flutuava pelos seus lábios.

— Vamos, entre. Precisamos conversar.

Assenti e Emmett abriu á porta para me deixar entrar e a fechou logo em seguida. Olhei ao redor, mas não encontrei qualquer vestígio da sua esposa ou filha.

— Rose foi levar Maggie à escola – ele explicou ao perceber meu olhar curioso.

— O nome dela é Maggie?

Emmett sorriu.

— Sim, ela tem 5 anos e é como um pequeno furacão na minha vida. Ela parece com Alice, você precisa ver. As duas têm tanto em comum que ás vezes eu me pergunto se ela é mesmo minha filha – acabei rindo. – Você quer um café? – ofereceu de repente e neguei, meu estomago estava tão embrulhado que acabaria vomitando se colocasse algo para dentro.

Emmett parecia nervoso ou sem saber o que fazer e eu não me encontrava em um estado muito diferente.

— Então... – ele começou depois de um tempo. – Sobre o que você queria falar?

— Sobre a mamãe.

Ele segurou o folego.

— O que tem?

Fechei os olhos com força por um momento e abri-os após soltar o ar lentamente.

— Você acha que ela foi feliz?

Seus olhos aumentaram em obvia surpresa.

— Você... Por que você está perguntando isso? É obvio que ela foi feliz! Ela sempre... Sempre estava sorrindo, ela nunca reclamava de algo, ela sempre dizia que nós éramos a sua felicidade.

Apertei meus dedos na manga comprida do meu suéter e olhei para baixo.

— Emm... Eu... Nós a negligenciamos – disse e levantei a cabeça para olhar em seus olhos. – Ela estava sofrendo e nós... Nós apenas ignoramos isso.

— Bella... Nós não a ignoramos – falou calmamente e por um momento isso me irrita tanto que não consigo conter minha boca.

— Não? Então onde estava Carlisle enquanto ela estava no hospital? Onde estava Alice e você? Onde eu estava? - acabei falando mais alto do que planejado e Emm me olhava surpreso pela explosão.

— Bella, você sabe como a doença da mãe atingiu todo nós.

— Eu sei, mas não era nenhum de nós que estava em um quarto isolado de hospital. Ela sim, mas nós? Como você pode achar que ela não foi ignorada? – minha voz saiu um pouco dura e Emm franziu o cenho, ele estava começando a perder a paciência.

— Obviamente nenhum de nós estava em uma festa ou fugindo para outra cidade.

Suas palavras me machucam, como um soco no estomago, mas tento não demostrar o quanto me afetou.

— Merda... – Emmett murmurou ao encontrar meu olhar magoado e dá um passo na minha direção. Ele parecia sinceramente arrependido. – Me desculpa Bella, eu não quis...

— Não... – interrompo-o levantando uma mão para pará-lo. – Você não precisa fingir que superou isso, porque eu sei que você ainda tem raiva de mim por ter ido embora. Eu sempre sou a culpada por tudo, não é? A ovelha negra da família – disse sarcasticamente e sua testa enruga em irritação.

— De que merda você está falando?

O que há de errado comigo?

Eu tinha vindo aqui para conversar, não para começar uma briga.

— Eu passei anos, anos me culpando por ter ido embora, por não ter estado lá quando a mamãe precisou. Você acha que foi fácil ir embora? Você pode imaginar o quão difícil foi tomar essa decisão? Eu não estou diminuindo a dor de vocês também, eu imagino que foi difícil, mas eu nunca passei anos odiando vocês como vocês fizeram comigo.

— Odiar a gente? Porque você nos odiaria? – ele indagou completamente surpreso e por um momento eu quis jogar algo na sua cara.

— Eu aposto que você não lembra Emmett, eu aposto que você nunca sentiu sequer um pingo de culpa, mas me deixe lembrar a você – puxei o ar com força e rosnei ferozmente olhando em seus olhos. - Nós todos abandonamos a mamãe! Não foi apenas eu que fiz isso!

Minha respiração estava ofegante como se eu tivesse corrido uma maratona.

Minhas mãos tremiam de raiva e aquele mesmo rancor que eu tentei trancar comigo oito anos atrás estava voltando.

Eu me... Odeio isso.

Odeio o sentimento de rancor, de raiva que eu sinto.

Eu me odeio... Por um dia odiá-los.

“Fecho a porta do quarto com força e me deixo escorregar pela mesma até o chão.

O primeiro soluço que escapa dos meus lábios é um som tão doloroso e agudo como nunca escutei antes.

Eu sabia que esse dia iria chegar, eu sabia que estava perto de acontecer, mas não imaginei que fosse tão cedo, não imaginei que teria que dizer adeus tão cedo.

Por quê?

Por que ela se foi?

Por que ela teve que me deixar sozinha?

Eu ainda não estava pronta.

A dor em meu peito é tão grande que se alastra por toda minha alma, me rasgando, me dilacerando, destruindo tudo dentro de mim, tudo que me restou.

Mesmo que o coração dela ainda esteja batendo, mesmo que ela esteja ligada a inúmeras maquinas e de alguma forma viva... Saber que ela nunca mais iria abri os olhos me destruía.

Porque eu sabia... Que muito em breve o coração dela não iria mais suportar e eu teria que lidar com isso. Teria que ver todos chorarem por sua morte, mesmo que de certa forma ela já tenha partido, e eu sabia que nenhum deles merecia chorar por ela, muito menos eu.

Eles a abandonaram.

Ela me pediu para levar todos eles, ela me fez prometer que eu os levaria hoje mesmo e eu tentei, eu praticamente implorei para Emm e Alice ir, mas... Nenhum deles foi.

Eu não... Consigo.

Eu não consigo suportar isso.

Eu apenas... Não posso.

Ver mamãe dentro de uma caixa, olhar para ela uma ultima vez, vê-la desaparecer em baixo da terra e saber... Que nunca mais vou vê-la novamente.

— Urgg... – levo uma mão a minha boca, tentando controlar meus soluços, rezando para que alguém não venha ao meu quarto e me faça dizer algo que eu vou me arrepender.

Por quê?

Por que nenhum deles foi hoje? Se apenas um tivesse ido... Se apenas um deles estivesse lá, a mamãe não teria partido assim, sem ver as pessoas que ama, sem dizer adeus a todos eles...

“Me prometa que você vai seguir seu sonho... Que você vai ser feliz...”

— Me desculpa... Me desculpa... – repetia em meio aos soluços como uma criança pequena e fraca, exatamente como eu me sentia.

Como eu podia cumprir essa promessa?

Eu não podia... Toda vez que eu olhasse para Emm, Alice ou Carlisle... Eu não iria conseguir não me sentir assim.

Com tanta raiva e... Ódio.

E isso me matava, porque eu sei que eles não têm culpa, mas eu não conseguia parar de me sentir assim.

Eu precisava de tempo.

Eu precisava me afastar de tudo isso.

Não posso continuar assim.

Eu não quero... Odiá-los, eu jamais vou me perdoar por isso, mas agora tudo que eu sinto é isso e esse sentimento me domina e me consome.

Eu não quero odiá-lo, mas o faço. Eu os odeio... Por não estarem lá, por mim, pela mamãe...

Por me abandonarem...

Por abandonarem ela.”

O olhar de Emmett ainda é completamente surpreso e chocado.

Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas não consigo impedir as palavras que saem da minha boca.

— Você acha que ela estava feliz? Sozinha naquele hospital? Sofrendo enquanto nós evitávamos ir visitar ela? – ele fica em silencio e sua cabeça baixa para olhar para o chão. Minhas lágrimas escorrem por meus olhos e eu não tento impedi-las. – Sabe o que aconteceu naquele dia? – perguntei, mas não esperei uma resposta. – Ela me ligou e me pediu para ir visita-la, ela me pediu para levar todos vocês e eu percebi que tinha algo diferente com ela naquele dia, por isso eu pedi a vocês para irem comigo, mas... – minha voz embagou e apertei os olhos com força.

Eu não quero fazer isso com Emmett, fazê-lo lembrar de tudo que aconteceu e machuca-lo.

Mas eu preciso fazer isso.

Eu preciso que ele veja a verdade e não a mentira que todos eles sustentaram durante esses anos. A verdade que ainda é difícil para eu aceitar.

Eu preciso fazer isso pela mamãe e... Por mim.

— Eu também odiei vocês Emmett – confessei com a voz tão falha e me sentindo culpada pela expressão em seu rosto. – Eu... Eu odiei vocês tanto por não estarem lá naquele dia, mas eu não queria me sentir assim, não com vocês...

Ele olhou para mim e seus olhos brilhavam pelas lagrimas não derramadas.

— Você sabe por que eu fui embora? – perguntei e solucei. – Porque eu fui covarde, eu não conseguia ver minha mãe ser enterrada, e também porque eu não podia mais continuar aqui, se eu continuasse aqui... Se eu continuasse a viver nessa casa com vocês... Eu iria todos os dias me lembrar do dia que a mamãe morreu e que vocês não estavam lá e eu sabia que... Que iria odiar vocês.

— Eu... Sinto muito... – Emmett murmurou tão baixo que quase parecia que ele estava falando para si mesmo.

Suas lágrimas caíram e o olhar de derrota e tristeza em seus olhos me destruiu.

Ele não deveria pedir desculpas para mim, eu que deveria dizer isso a ele.

Sinto muito por dizer isso a você.

Sinto muito por te culpar quando você não tem nenhuma culpa.

Sinto muito por eu ser assim.

Sinto muito.

Sinto muito.

Eu abro a boca para dizer isso a ele, mas então novamente as palavras ficam presas na minha garganta e não consigo falar nada.

Olho desesperada para Emmett e tento dar um passo na sua direção, mas minhas pernas fraquejam e tudo ao meu redor começa a escurecer rapidamente.

A ultima coisa que consigo escutar é Emmett gritando meu nome desesperado antes que eu caia no chão e minha consciência desapareça.

Pvo Emmett

Eu odeio esse lugar.

Uma enfermeira passou correndo a minha frente. Posso ouvir uma comoção em um quarto há alguns metros de distancia de mim, ouço o grito apavorado de uma mulher e logo em seguida o choro angustiado da mesma e engulo em seco.

Eu odeio esse lugar.

Respiro fundo e abro a porta do quarto do hospital, olho para cama e lá está ela. Deitada e ressoando tranquilamente como se aqui fosse a sua própria casa, como se não tivesse assustado a merda fora de mim e quase me fez ter uma parada cardíaca.

Deus... Ela é cruel.

Soltei um suspiro nervoso, provavelmente pela quinta vez desde que Bella deu entrada no hospital, e tentei me sentar na poltrona vazia ao lado da cama, mas nunca consegui permanecer mais do que dois minutos sentado, sempre minha ansiedade me conduzia a levantar e ficar andando pelo quarto.

Não conseguia estar aqui e não lembrar a minha mãe - a mãe de Bella para ser mais exato – mas desde que Renée nos disse que podíamos chama-la de “mãe”, eu nunca mais deixei de me referir a ela assim. Ela foi mais minha mãe do que minha própria mãe biológica.

E ela nunca mais deixou de ser “a mãe” de quem eu sempre me referia.

Assim como Bella nunca deixou de ser minha irmãzinha.

— Emmett! – Alice irrompeu pela porta como o furação que ela é, quase provocando meu segundo ataque em apenas um dia e suspirei assustado levando uma mão ao meu pobre coração.

— Jesus, Alice! – sussurrei tentando me acalmar enquanto observava seus olhos arregalados em direção a Bella. – Você não pode bat...

— O que aconteceu? – ela me interrompeu e normalmente implicaria com ela por sempre me interromper quando estou falando, mas não era momento certo para isso.

Olhei para Bella deitada e suspirei.

— Ela desmaiou.

Alice estava calada e séria, o que era anormal para ela, principalmente considerando a pequena, irritante e implicante força da natureza que ela é.

Ela olhava para Bella com uma expressão triste, quase culpada, o que me intrigou.

Havia imaginado que ela seria a pessoa mais irritada com Bella. Alice praticamente excluiu Bella das nossas vidas, destruindo qualquer prova que um dia ela foi parte da família, cortando qualquer comentário sobre ela, até mesmo falar apenas seu nome provocava a fúria da baixinha.

— Alice? – chamei e ela continuou com os olhos presos no rosto de Bella. – Tudo bem?

Ela assentiu com a cabeça, mas senti que havia algo errado.

Aproximei-me dela e envolvi um braço em volta dos seus ombros. Ela fungou e encostou a cabeça no meu braço.

— Ela voltou... – sussurrou e meus lábios se curvaram.

Meus olhos se desviaram para Bella e senti meu sorriso crescer.

— É, ela voltou.

Nós três estávamos aqui.

Juntos.

De novo.

Era tão bom olhar para seu rosto novamente e saber que ela está aqui. Foram tantos anos, tanto tempo desde que nos falamos. Eu tinha esquecido como era bom falar com ela, como era fácil se abrir com Bella e de como sentia sua falta.

Acho que Alice também se deu conta disso.

De como Bella fazia falta nas nossas vidas.

No dia a dia não era tão perceptível, eu não costumava pensar muito nela, mas ás vezes... Ás vezes era simplesmente impossível não pensar. Como no dia do meu casamento, no nascimento da minha filha, nos aniversários... Nesses momentos a saudades falava mais alto.

Eu me pegava pensando: e se ela estivesse aqui? Como seria?

Não era fácil esquecer e não era apenas comigo, eu já havia pegado Alice chorando no dia do seu casamento segurando o celular em mãos.

Ela queria que Bella estivesse presente nesse dia especial, eu também queria. Não sei quantas vezes cheguei a cogitar a possibilidade de ligar para ela, mas... Eu nunca liguei.

E me perguntava agora: por que nunca liguei?

Uma batida na porta me distraiu dos meus pensamentos e soltei Alice para me virar para trás para abrir a porta, mas a mesma foi aberta antes que pudesse me aproximar.

A pessoa que apareceu foi a que menos imaginei ver hoje aqui.

— Edward?

Franzi o cenho quando ele parou e me observou, mas logo em seguida seus olhos se desviaram para cama e sua testa enrugou em preocupação. Ele deu alguns passos para frente e me ignorou, passou por mim e Alice e se aproximou de Bella.

Assisti confuso quando ele levou uma mão ao rosto dela e acariciou a face com o dorso da mão, e então soltou um suspiro.

Meus sentidos logo se puseram em alerta.

O que ele fazia aqui?

Eu sabia que um dia eles foram melhores amigos, mas se afastaram na escola e não pareciam tão amigáveis assim depois. Eu também sabia que ele trabalha e mora em Seattle e que só estava aqui passando as férias aqui em Forks.

Como ele e Bella podiam ter se aproximado em apenas alguns dias?

Isso não fazia sentido.

O que estava acontecendo?

— Ela desmaiou? – ele perguntou com a voz baixa, ainda olhando para o rosto dela e olhei para Alice, que pareia tão confusa quanto eu.

— Sim.

Ele não parecia surpreso por saber disso.

Isso já havia acontecido?

— O que você faz aqui? – perguntei por fim sem conseguir conter a desconfiança na minha voz.

Edward soltou um suspiro profundo e finalmente levanta os olhos para nós dois.

Ele parece estar assustado e preocupado, abre a boca para dizer algo, mas hesita. Seus olhos novamente desviam para Bella e quando ele volta a nós direcionar o olhar parece mais decidido que nunca.

— Eu... Preciso que vocês ajudem ela.

— Ajudar? Como? – Alice murmura.

— Bella precisa de ajuda – ele engole em seco. – Ela... – ele fecha os olhos com força por um segundo. – Ela está doente – confessa e tanto eu como Alice suspiramos de surpresa. Ele abre os olhos e droga... Ele parece tão derrotado e acabado que me assusta. Suas próximas palavras desabam meu mundo. – Bella está morrendo.

Eu realmente... Odeio esse lugar.

 


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Notas finais do capítulo

Finalmente a família dela descobriu a verdade!
O que acham que vai acontecer?