O Amanhã escrita por Nahy


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Eu esqueci de postar ontem! Mil perdões.



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Eu não conseguia dormir.

Meus olhos permaneciam abertos mesmo depois que deitei. Conseguia sentir os movimentos suaves da caixa torácica de Edward enquanto ele ressoava tranquilamente em seu sono.

Minha cabeça estava repousada em seu peito, conseguia ouvir os batimentos do seu coração e, estes, eram como um tranquilizante natural para mim. Isso era o que me impedia de surtar, estar ao seu lado me acalmava, de uma estranha maneira, porque não havia motivos para isso, mas me acalmava.

Eu estava feliz que pelo menos um de nós conseguisse dormir.

Ele parecia devastado quando contei meus temores a ele, e parecia se culpar por algum motivo, pelo que me acontecia, e isso não fazia o menor sentido. O que ele tinha de culpa? Nada, ninguém tinha culpa de nada e isso era o que mais me irritada.

Eu nem ao menos tinha alguém para jogar a culpa.

Ninguém para sentir raiva.

Edward apenas me abraçou forte quando lhe disse tudo aquilo e, mesmo que ele não tivesse dito nada, me senti mais consolada pelo seu gesto simples do que me sentiria por palavras vazias. Ele não podia me prometer nada, ele não tinha a certeza de nada, se vou viver ou não... Ninguém podia me prometer isso.

Eu pedi a ele para dormir em seu quarto, acho que precisava de um pouco de calor humano, e acredito que ele também, pois não pareceu reticente a ideia.

Mas eu não conseguia dormir.

Levantei com cuidado da cama, mas prendi a respiração quando Edward suspirou em seu sono e se virou para o outro lado. Só soltei o ar quando percebi que ele continuava a dormir.

Sai silenciosamente do quarto e deixei a porta entreaberta. Caminhei em direção a grande parede de vidro e encarei a paisagem lá em baixo. As luzes da cidade deixavam realmente a vista muito mais linda.

Ainda era madrugada e estava escuro, mas o dia estava perto de nascer.

Senti braços fortes envolverem minha cintura por trás. Meus lábios se curvaram em reconhecimento e descansei a cabeça em seu peito.

Edward respirou em meus cabelos e fechei os olhos.

— Por que está aqui? - perguntou com a voz roupa pelo sono.

— Não consegui dormir.

Ele suspirou e apertou seus braços ao redor de mim. Queria ficar aqui para sempre e apenas disfrutar dessa paz momentaneamente, mas isso nunca seria possível. 

Eu não podia fazer isso com ele.

Edward merecia mais do que uma incerteza. Muito mais do que eu poderia oferecer.

Eu deveria me afastar.

Eu sabia disso, mas estar aqui com ele era tão bom que me matava só de pensar em ir embora.

Abri os olhos e me virei em seus braços para olhar nos seus olhos. 

— Quem é Shopia? - perguntei a primeira coisa que me veio à cabeça e ele sorriu.

— Minha prima - franzi o cenho e ele se inclinou para depositar um beijo na minha testa. - Ela tem 12 anos e é quase como se fosse minha irmãzinha. Há alguns anos... - ele parou e suspirou antes de continuar. Sua voz continha um tom de tristeza quando falou. - Há alguns anos nós descobrimos que ela tinha leucemia.

Soltei um suspiro de surpresa.

— Leucemia? - repeti engolindo em seco.

Eu já tinha visto algumas crianças doentes quando mamãe ficava internada. Elas eram apenas crianças e não mereciam passar por tal coisa.

Mas o mundo nunca foi um lugar justo.

— Foi assustador - ele confessou com um estremecimento. - Eu nunca vou conseguir esquecer por tudo que ela passou, pensamos que ela não conseguiria... Mas dois anos atrás recebemos a melhor notícia do mundo: conseguiram achar um doador compatível com ela... - seu sorriso era genuinamente feliz e me vi sorrindo também. - Ela está curada há mais de um ano.

O abracei apertado e feliz. Feliz por ele ter conseguido essa vitória, feliz pela garota que conseguiu ser curada... Não poderia ter maior felicidade que essa no mundo, de saber que alguém amado conseguiu vencer uma doença tão terrível e devastadora.

— Desde o dia que recebemos essa notícia, eu deixei de acreditar no impossível - ele me afastou pelos ombros para olhar em meus olhos. - Nada é impossível, por mais que tudo no universo conspire contra você, nada jamais é impossível - seus olhos me mostravam tanta confiança que por um momento eu não cheguei a duvidar.

Era como se ele estivesse me dizendo que tudo ia ficar bem.

Mas como?

Como tudo ia ficar bem? 

Eu não queria acreditar nisso, não queria criar esperanças em vão e me deixar levar pelo momento, porque a vida não é tão fácil. A vida nunca me deu uma chance, ela nunca esteve ao meu favor.

— Eu queria poder acreditar nisso - sussurrei como quem confessa um crime.

Ele suspirou e fechou os olhos por um momento com uma expressão pensativa.

— Sabe o que aconteceu quando eu tinha 15 anos?

Meus olhos aumentaram em surpresa. Era claro que sim, foi quando começamos a ficar estranhos um com o outro.

— Minha mãe me abandonou.

— Edward... - disse surpresa e ele balançou a cabeça.

— Ela simplesmente pegou as malas e foi embora, disse que não suportava mais ficar presa nessa cidade. Papai ficou arrasado, ele não me falou nada porque estava tentando ser forte por mim, mas eu via em seus olhos o quanto ele estava magoado.

Eu nunca soube disso, acho que ninguém em Forks sabia. Para todos nós, a mãe de Edward havia conseguido um emprego importante em outra cidade e se mudou para lá e eles iam visitá-la algumas vezes por mês. 

— Ele não queria que ninguém soubesse porque sabia que as pessoas iriam nos olhar de uma forma diferente quando soubessem, por isso inventou uma desculpa sobre ela conseguir um emprego.

— Eu sinto muito Edward - disse tocando seu braço e ele ensaiou um sorriso para mim em agradecimento. 

— Eu nunca contei isso a você porque sabia o quanto você estava arrasada com a sua mãe, por isso me afastei um pouco de todos. Eu não queria que ninguém visse o que eu estava passando e acho que acabei de isolando no processo.

Eu lembrava disso. Ele havia parado de me encontrar no almoço da escola, não me ligava mais, nem mesmo nas nossas aulas juntos ficávamos sentados juntos.

Claro que estranhei no inicio, mas meus pensamentos estavam sempre voltados para o hospital. Mamãe estava mal... E eu não largava o celular com medo de Carlisle me ligar com alguma novidade e não ver.

— Eu sabia que você não estava bem... Eu te via chorando nos cantos e não queria colocar mais problemas na sua vida.

— Você nunca seria um problema na minha vida Edward - falei sentindo a necessidade de garantir isso a ele. 

Ele tinha sido uma das melhores partes da minha vida.

— Você tinha Emmett e Alice - disse e sua voz soava um pouco magoada. - Eles sempre estavam ao seu lado pra te ajudar, eu... Eu não podia fazer isso, não no momento.

Meu coração afundou com o pensamento. De certa forma eu tinha colocado Edward de lado quando me aproximei de Emm e Alice, conseguia ver isso em seus olhos.

Ele achava que eu tinha o abandonado.

— Me desculpe... - murmurei baixado a cabeça. - Eu não tinha imaginado.

— Não, não se desculpe. Eu não deveria ter me afastado, mas esse não é o ponto - ele suspirou e levou uma mão ao meu queixo para levantar meu olhar. - Depois que você foi embora eu nunca mais achei que iria um dia te encontrar novamente ou que iriamos nos falar, como estamos fazendo agora. Eu achava impossível... Mas você está aqui agora, você está bem aqui a minha frente e...

— Mas não por muito tempo - o interrompi. - Eu estou morrendo Edward...

— Você não sabe disso - dessa vez ele me interrompeu e apertou levemente meus ombros. - Bella... Eu sei que você está com medo, eu sei que vai ser doloroso, mas você precisa acreditar, não apenas que vai dar tudo certo, mas em você mesma, você precisa acreditar que você é capaz de qualquer coisa - uma lágrima escapou do meu olho e várias outras lágrimas começaram a cair sem minha permissão. Edward me olhava com uma expressão triste e se inclinou para encostar sua testa na minha. - Bella... Eu sei que a vida não é tão simples e fácil, mas a vida também pode ser linda e surpreendente. Mesmo que hoje uma tempestade esteja se aproximando, mesmo que o céu esteja escuro e sem vida, mesmo assim... O sol vai voltar a nascer, porque o amanhã sempre vem.

Fechei os olhos e, pela primeira vez em muito tempo, consegui me permitir... Respirar.

Aquela sensação sufocante em minha garganta parecia ter desaparecido e o sentimento era tão libertador que poderia ter chorado mais se possível.

Então abri os olhos quando senti algo quente em meu braço. Olhei para baixo e percebi que eram os primeiros raios do sol.

Olhei para o lado e vi.

Aparecendo timidamente em meio à escuridão, iluminando o céu escuro, oferecendo cor e vida, estava ele: o sol.

E o amanhã havia chegado.


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Notas finais do capítulo

Fico muito, muito feliz mesmo por saber que estão gostando, vcs não fazem ideia de como me inspiram com seus comentários.
Muita gente me diz que chora lendo a fic e, pra ser sincera, eu também me emociono demais escrevendo. Eu tento me colocar no lugar de Bella e essa parte que ela percebe que ela pode ter uma chance me emocionou demaisss, quando ela pensa "E o amanhã havia chegado" caiu um cisco aqui no meu olho rsrs
Bom, vejo vcs próxima semana
Bjuss