Criação escrita por AmadoraLL


Capítulo 8
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
Ai, primeiramente gostaria de agradecer pelo comentário que recebi no último capítulo :)
Sinceramente, eu já achava que ninguém estava lendo ou curtindo a história hehe mas como sou teimosa e gosto de terminar o que começo, continuei a postar.
Agradeço demais pelo comentário, que serve como um combustível para que eu continue a escrever aqui.
Ai ai, muito obrigada!
Hoje voltamos com um capítulo sob a visão da Sarada!
Aqui teremos mais pistas sobre a Sakura AAAAAA



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Apesar da tremedeira em suas pernas, Sarada quis revirar os olhos quando cobriram seu rosto com um saco. A morena podia apostar que algo já havia se decomposto naquele tecido. 

Porém, apesar dos pesares, Sarada estava curiosa para poder ver Okagure. Todas as lendas e mistérios faziam a vila parecer irreal. Apesar da imaginação da morena correr solta, a Uchiha não teve tempo para divagar muito, já que sentiu a corda em seus pulsos ser puxada com força, o que fez a menina tropeçar.

Sarada até mesmo tentou decorar o caminho que faziam, mas se atrapalhou ao contar os passos. A morena bufou e se deixou levar por mais dez minutos. A Uchiha sentiu uma mão agarrar seu ombro e entendeu que havia chego ao seu destino.

A mão desconhecida migrou do ombro até o antebraço de Sarada. Com passos vacilantes, a morena tentou não cair enquanto era arrastada. Ao ser abraçada por um vento gélido, a menina notou que havia passado por um ar-condicionado.

Sarada tentou aguçar sua audição e notou que seus passos faziam um som que reverberava em um eco seco. Além disso, a superfície era lisa e não havia pedrinhas para tropeçar. Logo, o nariz da morena foi golpeado com um cheiro adocicado de um incenso. 

—-Ei!--Sarada reclamou ao ser lançada contra algo fofo e macio.

O saco foi retirado com brusquidão e Sarado levou os punhos amarrados ao rosto para proteger os olhos da claridade. 

—-Como você é mirradinha!--Ao ouvir a voz  masculina, Sarada afastou as mãos do rosto e encarou o homem.--Ah, agora sim! Que olhos ferozes.

Sarada franziu o cenho ao olhar para o homem. O desconhecido era alto e magro; apesar de não parecer muito velho, um profundo bigode chinês marcava seu sorriso político. 

—-Quem é você?--Sarada questionou, com a voz inacreditavelmente firme.

O homem arqueou uma das sobrancelhas e arregalou os olhos. Em seguida, pousou a mão direita no peito.

—-Que gatinha raivosa você é!--O homem jogou a cabeça para trás, rindo.--Bem, eu sou Shiro, mais conhecido como Okage. 

Sarada engoliu a seco e se levantou. Não tardou para que a morena sentisse a mão de um nukenin em seu ombro.

—-Cadê minha mãe?

—-Está bem, enjaulada como a leoa que ela é.-- Shiro manejou a cabeça, em um ato displicente. Naquele momento, Sarada teve a impressão de não saber mais respirar.--Eu não tinha em mente reunir o clã, mas os caminhos da deusa são misteriosos.--O Okage suspirou, como se escutasse a declamação de um poema.-- Veja, eu tinha a leoa, agora tenho a gatinha e algo me diz que logo logo terei o leão. 

—-Adorada seja.-- Disse uma voz rouca e só então Sarada notou que havia mais uma pessoa ali. 

O mais novo desconhecido era um homem que poderia ser descrito como “desbotado”. O homem tinha os cabelos curtos e grisalhos; sua pele era acinzentada, assim como seus olhos apáticos, porém analíticos. Assim como Sarada o analisava, ele observava a morena.  

—-Adorada seja.--Repetiram o Okage e o brutamontes ao lado de Sarada.   

    --Mas agora quero matar minha curiosidade.-- O Okage esfregou as palmas das mãos e se aproximou de Sarada.

    Mesmo sem notar, Sarada tentou recuar, mas o brutamontes voltou a segurar o ombro da morena. 

    --Deixe-me ver esses olhinhos preciosos.-- Os dedos frios do Okage seguraram o rosto de Sarada.--Oh, não precisa chorar… Shhhh, eu só sou inconvenientemente curioso. 

    Sarada até mordeu a parte interna da bochecha para reprimir as lágrimas e a morena conseguiu evitar que elas caíssem.

    --Eu realmente gostaria de ver o sharingan.-- A frase do Okage saiu séria, sem espaço para negações. 

    O Okage continuou a segurar o rosto de Sarada e parecia sequer piscar para não perder a oportunidade de ver o sharingan. Ficaram assim durante alguns minutos até que Shiro soltasse o rosto da morena e suspirasse.

    --Esqueci que você não é um prodígio como os seus antecessores.--O Okage riu, cobrindo a boca com uma das mãos. Shiro se virou e se distanciou.--Acho que terei que esperar pelo leão.

    --O sharingan dele é a última coisa que você verá!--Sarada urrou e o Okage parou de andar.

    O fato de não conseguir ver o rosto do Okage fazia um frio se alojar na barriga de Sarada. Ainda de costas, o homem apenas fez um gesto com a mão e o brutamontes entendeu o recado. O mercenário puxou a menina pelo braço e colocou o saco no rosto da morena. 

    Logo o ar-condicionado deu espaço para um ar quente com cheiro de mofo. Sarada escutou um rangido metálico e quando retiraram o saco do seu rosto e foi empurrada para frente, a morena sabia que estava em uma cela. Envolvida por um denso breu, a menina se permitiu chorar.

O choro começou silencioso, com algumas lágrimas silenciosas fugindo dos seus olhos. Entretanto, não demorou para que Sarada começasse a soluçar alto e deixar os ombros estremecerem. A morena passou a palma da mão contra o nariz, tentando se livrar da coriza e fungou, o que causou um som engraçado, já que suas narinas estavam congestionadas. Por fim, a Uchiha soltou o ar pela boca. A menina fechou os olhos e quando estava quase adormecendo, escutou um ruído.

—- Quem ta aí?!--Sarada gritou, olhando ao redor. Porém o breu cegava a morena.-- Responda!

—-Desculpa, eu não queria te assustar.--A voz feminina se pronunciou, mansa.-- Você está bem? Te ouvi chorar…

—-Eu não estava chorando.-- Sarada retrucou, quase resmungando e a voz desconhecida riu.

Diante do silêncio sepulcral de Sarada, a voz desconhecida voltou a se pronunciar:

—-Desculpe, eu não devia ter rido. É que… faz tanto tempo que não falo com ninguém…

—-Há quanto tempo você tá aqui?

—-Boa pergunta…--A desconhecida terminou a frase melancólica com um suspiro.

Poucos minutos de silêncio se sustentaram e Sarada mordeu o lábio inferior antes de falar:

—-Porque você foi presa?

A risada da desconhecida ressoou novamente:

—-Prometo que sua colega de corredor não matou ninguém.--A desconhecida disse entre o riso.-- Na verdade eu apenas contestei o Okage, o que é um pecado capital. E você, minha jovem meliante? 

Sarada sorriu:

—-Não fiz nada, mas se o Okage souber o que eu gostaria de fazer com ele, eu certamente mereceria estar aqui.

A desconhecida riu novamente. 

—-Menina de atitude, gostei. Qual o seu nome?

O semblante de Sarada fechou e apesar da simpatia da desconhecida, uma voizinha dentro da mente da morena pedia cautela. Afinal de contas, nada mudava o fato de que aquela mulher estava presa. Além disso, a menina já havia sido ingênua uma vez, não se daria o luxo de ser novamente. Enquanto a morena divagava, um silêncio se instaurou. Só depois de alguns minutos, ela notou que aquela quietude da sua parte não causaria uma boa impressão. Mordeu o lábio inferior, tentando imaginar um nome para si. 

—-É… meu nome é Sa-Sakura.--Após falar, Sarada jogou a cabeça para trás, a batendo contra a parede de leve.

O silêncio só se sustentou durante poucos segundos até a desconhecida repetir o nome falso de Sarada.

—-Sakura… que nome bonito.-- Sarada respirou fundo, aliviada. -- Já que seremos misteriosas assim, você pode me chamar só de Doutora. 

Ao escutar a frase da desconhecida, Sarada arregalou os olhos. Fora desmascarada com tanta rapidez que fora vergonhoso. A mulher começou a rir e dessa vez a morena a acompanhou. O riso das duas ecoou pelo breu e pelos corredores úmidos da prisão. Ali naquela cela, sem outros divertimentos e sem noção de tempo, a menina descobriu como poderia ser tagarela. A desconhecida fazia a conversa fluir com facilidade e ela se deixava levar, ora concordava, ora discordava. Ali, naquele bate papo despropositado, ambas encontraram um pouco de alento para aquela situação desoladora. Só percebeu que Doutora virara uma amiga quando a tiraram de perto de si.     

Uma vez ao dia, lacaios do Okage lançavam pães endurecidos dentro das celas para que elas comecem e dessa vez, não achavam que seria diferente. 

—-Eles estão vindo, Sakura.--Disse a desconhecida e Sarada se calou. 

O silêncio permaneceu durante alguns segundos e por mais que Sarada aguçasse seus sentidos, só conseguiu escutar o som dos passos quando eles estavam próximos. Mas mesmo assim, a morena percebeu que não era apenas um homem, como o usual. A menina passou a estranhar a situação quando ouviu um som metálico e agudo ecoar e concluiu que era o barulho de uma das celas sendo aberta. Como um animal acuado, a Uchiha se afastou para longe e quando suas costas encostaram na parede mofada, ela se encolheu. Ser retirada daquela prisão para um destino desconhecido parecia ainda mais desolador do que estar naquele breu. No escuro, deixou que seus olhos marejassem e que sua boca formasse uma linha rígida.

Sarada escutou a voz firme da desconhecida:

—-Não ousem encostar um dedo em mim ou vocês vão se arre-

—-Há! Ou o quê?--Debochou um dos homens.--Você ladra demais para alguém que está com o chakra suprimido. 

A desconhecida rosnou enquanto o outro lacaio riu da vulnerabilidade da prisioneira. Sarada arregalou os olhos quando escutou um barulho. O fato de não conseguir enxergar nada deixava a menina ainda mais angustiada. 

—-Ora, ora, que perigosa! Agora entendo porquê o Okage te chama de leoa.--Ironizou um dos homens.-- Mas chega de palhaçada, hora de ir. 

Um nó se formou na garganta de Sarada e a morena se jogou contra as grades de sua cela.

—-O que vão fazer?! Soltem ela! Soltem! Seus, seus monstros!--Sarada urrava, mas era ignorada.

Sarada escutava a desconhecida xingar e presumiu que os sons que escutava eram dos lacaios a arrastando para fora da cela. A menina se comprimiu ainda mais contra as grades da cela e até mesmo estendeu os braços para fora, mesmo que não encostasse em nada. A morena soltou um grito agudo que ecoou pelos corredores da prisão. Toda aquela raiva, medo e frustração foi o que bastou para que o sharingan se ativasse. As orbes rubras brilharam e se destacaram na escuridão. A Uchiha escutou a mulher arquejar antes de dizer:

—-O… O sharingan.-- A desconhecida disse em um sopro de voz como se a visão dos olhos a tivesse golpeado.

Perplexa, a desconhecida se deixou levar pelos lacaios, mas assim que a perplexidade abrandou, a mulher gritou:

—-Você é Uchiha?! Por favor, quem é você?!

Enquanto eles se distanciavam, Sarada pousou uma das mãos na testa, tentando amenizar o latejar que sentia, e deixou que as lágrimas caíssem de seus olhos. Em um momento, enquanto tentava controlar a sua habilidade ocular, a morena teve a impressão de escutar a desconhecida a chamando pelo seu verdadeiro nome. A menina abriu os olhos, tentando aguçar a audição e confirmar se o que havia escutado era real. 

Porém, os lacaios e a Doutora já estavam longes demais para que Sarada voltasse a escutar algo. 

Envolta do silêncio e da escuridão, Sarada se desgrudou das grades e caminhou para o canto oposto. A morena abraçou os próprios braços e deixou que as lágrimas caíssem. A menina chorou oceanos e sentiu que poderia se afogar em toda aquela aguaceira, mas acabou dormindo.

Sarada acordou com o som metálico da cela se abrindo e seus olhos pareciam pesar toneladas. O nervosismo que antes eletrizara as veias da morena a deixara exausta. A menina sabia que se os lacaios viessem para buscá-la, nada que fizesse poderia impedí-los. Porém, a Uchiha se manteve imóvel, na esperança de que se não a encontrassem, a deixariam em paz. Entretanto, nenhum dos homens entraram na cela. Na verdade, lançaram outra criança ali dentro. 

—-Quem você pensa que é?!--O desconhecido de voz estridente levantou-se do chão e voltou-se para a porta, que foi fechada com brutalidade.

Ainda mais ofendido, gritou com as mãos agarradas nas grades:

—-Vocês vão se ver com Sasuke Uchihaaaaa!

—-Você... conhece Sasuke Uchiha?--Sarada perguntou e Yusuke deu um grito de susto.

—-Menina, vai assustar teu pai ô! E na real, eu sou aprendiz do Sasuke-sama.

Sarada franziu o cenho e soltou uma risadinha.

—-Aham, sei.

—-E quem você é?!--Retrucou Yusuke, aumentando o tom de voz.

Sarada arqueou uma das sobrancelhas e apesar de não conseguir ver Yusuke, lhe direcionou seu melhor olhar de desdém.

—-Eu sou Sarada Uchiha.

Alguns segundos de silêncio se estenderam e Sarada franziu o cenho.

—-O gato comeu a sua língua?

—-Não, é que…--Yusuke balbuciou.--Eu não achei que ele estava falando a verdade, que disse que não era mais o último.

—-Você realmente conhece o eu pai?--Sarada cruzou os braços diante do corpo.--É de Konoha?

—-Sou daqui. Trombei em Sasuke quando ele estava vindo para cá. Você tá presa por que?

—-Eu estava vindo encontrá-lo quando fui capturada.--Sarada contou trocando o peso de uma perna para outra.--Mas se meu pai tá chegando, ele logo vai me tirar daqui.

Yusuke riu.

—-Tá rindo por quê?--Sarada cruzou os braços diante do corpo.

—-É que é engraçado! Como é que Sasuke virá te resgatar se ele acha que você está em Konoha?

Sarada mordeu a parte interna da bochecha; não tinha pensado naquilo antes.

—-Então eu me tiro daqui.--Sarada deu de ombros e apesar de tentar fazer a frase soar confiante, percebeu que soara como um murmúrio.

Yusuke não disse mais nada e passou a assoviar uma canção improvisada. Já Sarada voltou a se sentar e abraçou as próprias pernas, controlando a vontade de mandar o menino parar.


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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês acharam do Okage?
Acho que vocês já sabem quem é a outra prisioneira, né? hehe
Até o próximo sábado, pessoal!
Mantenham-se em segurança ♥
Beijos!



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