Criação escrita por AmadoraLL


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
Espero que vocês estejam bem e seguros :)
Bem, sem mais delongas, espero que gostem do capítulo!



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Nos dois dias que passaram, Sarada se dividia entre dois sentimentos: tédio e frustração. O misto dessas sensações faziam a morena se envolver com várias atividade aleatórias possíveis para se livrar do enfado. A menina ajudou Matsu a consertar a roda da carroça e, mesmo a contragosto, deixou Akane testar penteados no seu cabelo. 

Eles eram legais, a morena tinha que admitir, mas a cada interação, a cada olhar que Matsu lhe endereçava, a cada sorriso que Akane abria, a Uchiha sentia um letreiro neon piscar em sua cabeça. “Dê o fora!”, piscava incessantemente. O ápice da paranóia foi um pesadelo que a fez acordar com os olhos marejados e o coração disparado. Ela sentou-se na cama e repetiu que fora apenas um sonho. Sonhara que Akane e Matsu mudavam o seu sobrenome.              

    Apesar de ter sido um pesadelo, Sarada sentia que o risco que corria era real. A morena passou a mão no rosto, sentindo os dedos umedecerem de suor. “Chega!”, pensou a menina, se levantando da cama. A Uchiha passou alguns minutos de pé, quieta. 

Seus olhos foram até a janela, mas ela maneou a cabeça. Uma nova ideia já substituiu a anterior e voltou-se para a cama, organizando os travesseiros e a coberta por alguns minutos. Depois, saiu do quarto; seus pés deslizavam no chão frio. Quem a visse poderia jurar que era um fantasma. Sarada percebeu que segurava a respiração quando, enfim, saiu da casa.  

Os anfitriões acordaram cedo, antes mesmo dos primeiros raios clarearem o horizonte. Acostumados, Akane e Matsu sequer bocejavam depois de levantarem. Ambos tomaram o desjejum em silêncio e quando chegou o momento de partir, a mulher foi até o quarto de hóspedes que Sarada estava. Temendo acordar a morena, apenas apoiou o punho contra a porta, a fazendo abrir um pouco. Pelo vão da porta, pôde ver a silhueta debaixo das cobertas. Suspirou, achando uma pena que não poderia desejar um bom dia e dizer que voltariam em breve. Antes de ir  deixou um bilhete.

Akane imaginava que Sarada estava dormindo e sequer desconfiava que, na verdade, a morena sacolejava na parte de carga da carroça. A morena se mantinha encolhida debaixo de uma lona velha que cobria o fundo do veículo. A lona fedia a coisa velha, a madeira abaixo de si pinicava a sua pele e o sacolejar do veículo a fazia agradecer por não ter comido nada. Apesar de não saber ao certo para onde ia, havia um alívio crescente no seu peito ao ter certeza que logo Takon seria apenas um pontinho em um mapa. Novamente, sem perceber, a Uchiha se lançara ao desconhecido tendo nada mais do que esperança.

A bunda de Sarada estava dormente quando percebeu o murmurinho das outras pessoas e o ranger de outras carroças. Poucos minutos depois, a morena percebeu que o veículo desacelerou. Hesitante, a menina tirou a lona de cima de si e olhou para a abertura detrás, vendo recortes da vida de “Hada”. 

Um frio se instalou em sua barriga; chegou o momento que simplesmente não tinha mais planejamento. A Uchiha deveria saltar ou esperar que a carroça parasse? A pergunta ficou sem resposta, já que ela escutou a voz de Matsu:

—-Sarada?--A voz do homem soou baixa, mas firme e Sarada lembrou-se de quando Sasuke a pegava em flagrante em uma peripécia.

Akane virou a cabeça e ao enxergar Sarada arregalou os olhos.

—-Mas que menina danada!--Exclamou Matsu, parando a carroça de súbito, fazendo os cavalos relincharem.

Sarada não esperou que Matsu descesse do seu assento para se lançar para fora do veículo. A morena pousou de maneira desajeitada e sentiu uma dor aguda que logo tratou de ignorar. A menina começou a correr sem rumo certo, os passos trôpegos levantando poeira. Porém, os passos da Uchiha ficaram cada vez mais firmes quando ela escutou o homem nada feliz a chamando. A perseguição começou a chamar a atenção das pessoas, principalmente quando ela teve que empurrar algumas pessoas.           

A testa de Sarada começou a umedecer de suor quando ela virou a esquina e percebeu que Matsu continuava em seu encalço. A morena respirava pesadamente e apesar de saber que o homem não estaria muito melhor do que ela, sabia que precisava despistá-lo. A menina olhou ao redor, viu uma pequena feira livre e correu até o mar de gente. A Uchiha se emaranhou entre as pessoas de forma violenta, ouvindo reclamações e até mesmo aprendendo alguns palavrões. Ela caminhou em uma viela menos movimentada e dessa vez, decidiu que não daria as costas para seu perseguidor. 

Sarada dava passos cautelosos para trás e quis gritar quando sentiu uma mão tampando a sua boca. 

—-Ora ora, parece que uma ratinha se jogou na ratoeira…

O solado dos pés de Sarada queimavam, suas pernas pareciam pesar toneladas e a dor em seus ombros irradiavam pelas suas costas. A  menina apostava que as outras crianças ao seu redor sentiam o mesmo. Após ser capturada por aquele brutamontes, a morena tinha sido jogada em um galpão repleto de outros pré-adolescentes. 

As crianças a encaravam atentamente com olhos fundos por conta da magreza. O único som que escutava era das correntes que encurtavam a distância entre os pés das crianças, impedindo fugas. Nenhuma delas se dignou a explicar o que estava acontecendo e depois, Sarada entendeu como a exaustão podia emudecer qualquer um.

—-Sem moleza, seus merdinhas!-- Gritou um homem, fazendo com que Sarada desse um pulo.

Sarada passou a colher os grãos de arroz com mais rapidez. Quando o sol começou a se pôr e o vento frio fez a plantação de arroz farfalhar, as crianças recolheram seus cestos de palha e marcharam até o galpão. A menina logo tratou  de imitá-los, mesmo sem entender o motivo. A morena entrou em uma fila e viu dois capatazes na frente do galpão, que observavam os pré-adolescentes depositarem os arroz colhidos em um recipiente maior, parecido com uma caçamba. Quando chegou a vez da menina, um dos homens disse:

—-Só isso, piralha?-- Desdenhou, tomando a cesta das mãos de Sarada com brusquidão.

—-É o primeiro dia dela, cara.--Disse o outro depois acender seu cigarro.--Amanhã ela vai deixar de ser mole e trazer mais.

Aqueles homens estavam acostumados a lidarem com crianças amedrontadas que se encolhiam ante intimidações e não esperavam que seria diferente com Sarada. Porém, apesar da vontade de abaixar a cabeça, a morena manteve o rosto impassível e o olhar fixo nos capatazes. A morena era uma Uchiha e por bem ou por mau, carregava aquele ar de superioridade em suas veias. 

A insubordinação de Sarada causou arranhões nos egos dos homens e os capatazes fariam questão de não esquecer aquele rostinho arrogante. Sem dizer nada, um deles soltou uma baforada fétida de cigarro na face da morena. Os dois gargalharam quando a Uchiha tossiu e para não desperdiçarem tempo, a empurraram para dentro do galpão.

No dia seguinte, Sarada acordou com os olhos ardendo, como se o efeito da baforada não tivesse passado. A menina passou a mão nas pálpebras, tentando se livrar da sensação. A menina queria mesmo era lavar o rosto, mas pelo o que notou, a única água dada era uma caneca de líquido turvo.

O desconforto nos olhos de Sarada pareceu piorar durante a colheita, sob o sol escaldante. Em determinado momento, a visão da morena pareceu duplicar. A menina fechou os olhos com força, mas quando os abriu novamente, tudo era ofuscante demais, fazendo sua retina arder. A Uchiha parou de colher, coisa que não passou despercebida para um dos capatazes próximos. 

O homem gritou para que Sarada voltasse a trabalhar, mas foi ignorado. O capataz marchou até a morena e urrou novamente. Ele notou que a menina tremia, o rosto enterrado entre as mãos imundas. As outras crianças começaram a observar a cena. Percebendo isso, bufou e levantou o braço, arquitetando um tapa. A mão masculina desceu com força, pronta para atingir o rosto da Uchiha. Porém, não houve tapa.

Primeiro, o homem ficou chocado ao ter o antebraço segurado pela mão firme de Sarada. Em um segundo momento, o capataz sorriu ao ver os olhos cor de carmim. Até então ele sabia lendas sobre aquela habilidade hereditária. Agora, vendo de perto, entendia o motivo de tanto fascínio. Sabia que estava diante de um tesouro, duas rubis mortais. Antes que pudesse falar algo, as orbes da menina perderam o foco e a morena desabou.

Quando acordou, Sarada notou que não estava no chão de concreto do galpão. Porém, as algemas que uniam seus pulsos e tornozelos não a deixavam confortável.

—-Finalmente acordou.--Comentou uma voz masculina se aproximando. 

Sarada não mais sentia os olhos queimarem, mas agora via “sombras” como se tivesse encarado o Sol durante segundos. A morena viu o homem arremessar uma banana para perto da Uchiha. Ela hesitou, mas logo apagou a fruta e passou alguns minutos tentando descascá-las, já que as algemas não facilitavam. O capataz a observou, soltando uma risadinha de vez em quando. Ele esperou até que terminasse de comer para falar:

—-Escuta aqui, U-chi-ha.--Sarada sentiu um frio percorrer sua espinha quando escutou seu sobrenome.--Tem uma pessoa interessada em te conhecer, de preferência viva e consciente. Então facilite as coisas para todos e não me faça ter que cravar uma shuriken na sua perna, ok?

“E como eu poderia fugir?” Sarada pensou, ao ver uma corda substituir as algemas e prender seus pulsos. A outra ponta da corda foi presa na sela do cavalo à sua frente. Agora, seus tornozelos estavam livres para que a morena pudesse caminhar e acompanhar o trote dos animais. Depois de quatro horas, a morena conhecia novos níveis da própria exaustão e se pudesse, dormiria enquanto marchava. 

Sarada abriu os olhos quando notou que trombou em algo, ou melhor, no cavalo. O animal sacudiu o rabo e a morena se afastou com uma careta no rosto.  Cavalos não cheiram bem, principalmente seus traseiros. 

Sarada finalmente se deu conta do porquê a caravana havia parado. A morena levantou a cabeça, encarando a grandiosa muralha que se estendia diante de si. Ao encarar a construção, a menina sentiu uma pressão em seu peito. A Uchiha respirou fundo, enchendo os pulmões. Ela sentia-se insignificante diante da magnitude da construção e ao invés de se sentir maravilhada, sentiu um arrepio percorrer sua espinha,

Finalmente chegara ao seu destino e ao contrário do que imaginara, não ficou aliviada. Na verdade, a sensação era a de que as coisas realmente começariam a partir daquele ponto. Sua jornada não havia acabado; estava longe do fim.   


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Notas finais do capítulo

Ai meu coração, eu quero muito saber o que vocês acharam do capítulo de hoje hehe
Acharam certo a Sarada fugir da família de Hada?
Eeeee o sharingan despertou! Aqui eu tomei a liberdade de alterar o canon para poder dar esse impulso nas peripécias da Uchiha.
Mantenham-se em segurança, por favor!
Até o próximo sábado! ♥



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