Hocus Pocus escrita por Bruninhazinha


Capítulo 7
☪ Um festival para os Sabaku




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— Acho que está exagerando um pouquinho.

Foi a voz de Naruto que cortou o silencio sepulcral. Hinata o fitou longamente com as sobrancelhas arqueadas, enquanto o príncipe a ajudava a descer de Azriel, amarrado em uma árvore nas proximidades da cidade.

— Pois eu acho que estou ótima.

— Se a ideia é que ninguém te olhe, — continuou, depois de um pigarro, assim que a colocou no chão, dando uma boa olhada na capa que ela usava por cima do vestido. A peça era de um preto profundo e escorria lindamente até os pés, farfalhando a cada movimento, presa aos ombros por um medalhão com o símbolo de um dragão. — está fazendo um péssimo trabalho.

Hinata bufou, alisando a saia do vestido para desamassá-lo, os olhos perolados faiscando em fúria na direção do rapaz.

—  Já falamos nisso uma cinquenta vezes desde que saímos de casa e torno a repetir: não vou tirar a capa. — e puxou o capuz para o alto da cabeça, ocultando o rosto com a sombra. — Ela é bonita e vai me manter escondida.  

— Escondida? — segurou a gargalhada, arrancando uma bufada da moça. — Não acha suspeito uma desconhecida andando por aí, em plena luz do dia, com uma capa?

— E daí? — deu de ombros. — Você também está usando capa e aposto que ninguém fica te encarando por isso. — apontou para a capa vermelha que o príncipe usava por cima das vestes reais.

— A sua capa é preta. — falou, a testa franzida, como se esse fosse o melhor argumento do mundo. — Ao menos, abaixe esse capuz.

— Não. E isso não está aberto a discussões. — acrescentou antes que ele dissesse qualquer coisa. Meio que a contragosto, notou como Naruto era ridiculamente alto, uns trinta centímetros a mais que ela. — Não quero ser reconhecida.

— E como podem te reconhecer se nunca esteve na cidade?

— Sou bem parecida com a minha mãe.

Enquanto andavam lado a lado até os portões, Naruto a fitou, silencioso, pensando que, se era mesmo tão parecida com a mãe, não lhe restavam dúvidas de que a mulher, antes de falecer, foi uma verdadeira beldade em vida.

Achava Hinata bonita – era impossível não achar. Ela tinha charme com aquela áurea mística e etérea. O nariz fino, a boca bem desenhada, a pele de marfim contrastando com a cascata de fios escuros que escorriam ao lado das bochechas vermelhas. Andava cheia de dignidade, com passos firmes, a coluna ereta e os ombros para trás, como se fosse da realeza ou coisa parecida. Se lhe dissesse que era, quando se conheceram, ele não teria duvidado nem por um segundo.

Parecia uma boneca. 

— Tá olhando o que? — a voz saiu cheia de irritação ao pegá-lo no flagra, encarando-a tão descaradamente. — Por acaso quer um retrato da minha cara?

Sim, de fato, ela parecia mesmo com uma boneca, delicada e vulnerável.

A língua, porém, era de uma cobra.

Riu com os pensamentos, achando engraçado como a moça ficou repentinamente vermelha.

— Virou crime te olhar? — devolveu, levantando uma sobrancelha.

A resposta foi um rolar de olhos.

Os soldados que faziam a guarda nos portões saudaram Sua Alteza Real com uma reverência pomposa, embora olhadelas curiosas fossem lançadas para a pequena figura. Por um breve momento, Hinata pensou que questionariam, porém, permaneceram quietos, o que foi um tremendo alívio.

Assim que atravessaram, ficou meio chocada com a visão. A luz do sol amanteigada suavizava a brisa gélida; grama fresca e canteiros de flores vibrantes seguiam a rua limpa de paralelepípedos pálidos. Pessoas em diversos tipos de vestimentas, grande maioria delas coloridas, mulheres usando saias bufantes de renda, homens usando couro para cavalgar, andavam sem pressa conforme inspiravam o vento daquela manhã. Casas de mármore ladeavam a rua, cada uma com telhas verdes. As chaminés pálidas sopravam espirais de fumaça no céu frio. Bandeirolas com o símbolo dos Uzumaki foram erguidas nos postes. Crianças corriam pela calçada, as risadas ecoando.

Teve que piscar sequencialmente com a explosão de cores. Seguiu Naruto aos tropeços pelas lajotas, maravilhada com cada detalhe daquele lugar – um lugar colorido, alegre, vivo.

Ao longe, em meio a arvoredos, em uma colina, estava o palácio de pedras pálidas, cheio de torres, erguendo-se no horizonte ensolarado em todo seu esplendor. Uma fortaleza fortificada, feita para ser admirada, incrementando toda a paisagem.

A paisagem de um conto de fadas.

Não devia estar tão surpresa. Hiromi lhe contara, quando Hinata ainda era uma criança, como era a vida na vila. Mas observar, estar ali, soava completamente diferente. As pessoas tinham bondade no rosto, tão diferente do que a mãe descrevera. Pessoas normais, vivendo suas vidas, seguindo seu rumo despreocupadamente.

Naruto lhe mostrou os pequenos comércios, as casas de chás com mesas delicadas dispostas do lado de fora, uma sequência de praças arborizadas e barraquinhas coloridas por todos os lados. No centro da cidade, desenrolava-se torneios de espadas, arco e flecha e muitos – coloque muitos nisso – jogos.  Jogos de dardos, tabuleiro; tinha até uma barraca do beijo que arrecadaria fundos para o orfanato local.

As pessoas andavam de um lado a outro tão eufóricas que ela poderia ter passado despercebida, se não fosse, é claro, pela presença ao lado. Os súditos faziam reverencias profundas a Naruto, cumprimentando-o com entusiasmo. O rapaz retribuía a todos os cumprimentos com igual calor, sorrindo e acenando.

Ninguém, no entanto, a olhou duas vezes, mesmo que acompanhasse o príncipe herdeiro, como se a presença dele ofuscasse a dela. Talvez não fizessem ideia de quem ela era. Ou talvez não se importassem com quem estava entre eles.

É claro que alguns, principalmente os mais velhos – aqueles que possivelmente estavam a par das lendas –, observavam-na com certo assombro, mas logo sacudiam a cabeça, como se não acreditassem no que viam.

Só por precaução, Hinata puxou um pouco mais o capuz, tentando ocultar o rosto, mas não havia muito o que fazer além disso.

É. Não estava sendo tão ruim quanto imaginou que seria.

Isso a deixou um pouco mais feliz por ter aceitado participar daquela loucura.

O primeiro mercado que entraram foi uma boutique requintada que vendia de tudo, desde joias reluzentes a roupas e sapatos muito bonitos. Mas nada daquilo atraiu a atenção da morena, Naruto percebeu. Os olhos perolados só brilharam ao captar os rolos de tecidos enfileirados em um canto da loja.

Lindos tecidos coloridos, raros, vindos de países distantes.

Hinata tocou um tecido lilás, de tom escurecido, que brilhava com a luz do sol que atravessava a vidraça da janela da loja. Era bordado com pérolas e lindos desenhos de pássaros.

— Gosta de costurar? — questionou, cheio de curiosidade, observando-a dar de ombros.

— Gosto. — o dedo deslizou pelo tecido macio e ela conteve um suspiro. — É um bom passatempo quando se está sozinha.

— Esse combina com seus olhos.

— É. — sorriu minimamente. — Acho que sim.

Ela mal tinha terminado de falar quando o Uzumaki chamou a vendedora, que veio correndo aos tropeços até os dois, as mãos segurando a tesoura e a fita métrica. Hinata arqueou as sobrancelhas e, antes que a sombra de compreensão alcançasse seu rosto, Naruto disparou:

— Corte cinco metros desse tecido, por favor, e embrulhe bem.

Hinata arregalou os olhos, incrédula, entendendo as pretensões dele.

— Isso deve custar uma fortuna!

— E daí? Você quer, não é?  

— Não preciso da sua caridade.

— Deixe de ser rabugenta, Hyuuga. — sorriu ladino, achando engraçado como ela estava vermelha, embora a expressão no rosto fosse assassina. A vendedora olhava de um a outro com ares de dúvida. — Pode cortar. — disparou e, antes que a bruxa protestasse, tratou de continuar. — É só uma oferta de paz. Algo para marcar o início dessa nossa linda amizade.

A indignação no rosto feminino transformou-se em um sorriso zombeteiro.

— Está tentando me comprar, majestade?

— Que falta de educação pensar algo assim de uma pessoa tão honrada. — fingiu tristeza, só para dramatizar. — Mas, caso eu respondesse 'sim'.... estaria funcionando?

Hinata desviou os olhos para o tecido lustroso que agora era cortado. Aquele tecido lindo e tão caro, que ela jamais poderia comprar.

Suspirou.

—  É. Funcionaria caso, hipoteticamente, a resposta fosse sim.  — sorriram, cúmplices. — Tudo bem, eu aceito, mas não fique muito felizinho com isso. Só estou concordando porque esse tecido vai ficar lindíssimo em mim, então seria um desperdício recusar.  

— Por isso estou comprando. Sou um amigo generoso.

— Amigo é uma palavra muito forte.

— Mal-agradecida.

Ela rolou os olhos, mas não desfez o sorriso, que ficou ainda mais largo depois que saíram da loja, ele falando sobre qualquer baboseira e ela segurando a sacola. Embora não quisesse admitir, estava muito satisfeita.

Aquele era o primeiro presente que Hinata recebia na vida.

Aventuraram-se pelas ruas, conversando eventualmente, ele fazendo observações e contando histórias sobre sua infância naquele lugar tão encantador. Ouviu alguns nomes conhecidos, como o da princesa Karin, outros desconhecidos como “Sasuke”, porém, sempre acenava em concordância, indicando para que continuasse, os olhos atentos no rapaz.

Pensou no que ele faria caso descobrisse seu segredo.

Caso descobrisse que ela era uma bruxa.

Ficaria apavorado?

Talvez sim. As pessoas costumam não receber bem esse tipo de notícia.

Tentou afastar os pensamentos, observando as barraquinhas que seguiam ao longo da rua. Havia no ar um eletrizante cheiro de doces que fez com que sua boca salivasse.

Como se lesse seus pensamentos, o rapaz a levou até uma das barraquinhas, onde foram bajulados pelo vendedor, que não aceitou o pagamento do príncipe. Entregou todos os doces que Hinata queria, de graça, apenas para lisonjear Sua Alteza Real.

— Você é bem popular. — comentou, como quem não quer nada, mordendo um pedaço do algodão doce.

— É. — disse, o pirulito de morango enfiado na boca. — Acho que sim. Deve ser por causa da profecia. Pensam que eu sou uma espécie de herói.

— Herói? — questionou, encabulada.

— É. — fitou um ponto à frente. — Quando nasci, Tsunade, A Grande Vidente, analisou as estrelas. Dizem que as estrelas contam histórias, o futuro. Coisas que desconhecemos. O céu profetizou que eu estou fadado a grandes feitos. Unir dois reinos. Salvar uma princesa de um dragão. Trazer paz e prosperidade. É o que meus pais e todo o reino esperam que eu faça.

— Entendi. — foi a única palavra que conseguiu formular. Fitou-o de esguelha, pensando em como devia ser difícil carregar uma responsabilidade dessas nas costas. Deu dois tapas amigáveis no ombro dele, como se isso pudesse o consolar. — Imagino como seja complicado, mas não se cobre tanto.

Os lábios dele repuxaram em um sorriso pequeno, contente com a resposta. Naruto a arrastou pelas ruelas por um bom tempo, puxando-a pelo braço para que ela não se perdesse em meio à multidão. Se Hinata se incomodou com o toque repentino, nada disse.

Era estranho como se portavam. Nem se conheciam, mas havia um elo que os ligava, que tornava tudo irritantemente confortável entre os dois.

Só pararam de se aventurar em algum ponto da tarde, quando a fome bateu. Adentraram um restaurante vazio, localizado em uma esquina qualquer e escolheram uma mesinha do lado de fora.

— Eu pago o almoço. — disse, autoritário, enquanto a jovem lia o cardápio.

— O que você não pagou hoje? — questionou, descrente. Ele se recusou a deixar com que ela pagasse qualquer coisa durante o dia.

— Você é minha convidada. Peça o que quiser.

E ela deu de ombros, concordando, avaliando as inúmeras opções. Pediu por bolinhos de arroz e chá, Naruto optou por um bife bem passado com acompanhamento. Assim que o garçom fez as anotações e saiu, um longo silencio pairou entre os dois.

— Ainda não vai tirar o capuz?

— Quer mesmo insistir nesse assunto?

Ele apertou os lábios, segurando o sorriso.

— Você se irrita muito fácil.

— E você não ajuda.

— Mal-humorada. — resmungou, rindo baixinho quando ela mostrou a língua. — O que está achando do festival?

— Até que não está sendo ruim. — respondeu, como se não fosse nada demais, a expressão indiferente, mas o rapaz viu como ela parecia satisfeita.

— É só isso que tem a dizer?

— E o que eu deveria dizer?

— Que esse certamente é o dia mais legal da sua vida. — os olhos azuis brilharam, meio em deboche, meio em divertimento. — Que deveria ter tido mais fé nas minhas palavras, quando disse que seria divertido.

— Fé nas suas palavras? Da última vez que fomos a um lugar, acabei no Cabaré Encantado.

O sorriso dele transformou-se em uma expressão de desgosto.

— Não foi minha culpa.

Antes que ela retrucasse com alguma piada, uma voz grossa os interrompeu.

— Finalmente te encontrei! — era Gaara. Ele atravessou a rua correndo, segurando o braço de Ino, arrastando-a até o restaurante. A loira sorria sem graça, tentando, inutilmente, esconder os pés descalços embaixo do majestoso vestido azul, sem muito sucesso. Gaara afundou na cadeira vaga ao lado do loiro desajeitadamente, ao contrário da esposa, que se sentou com toda elegância do mundo, lançando um olhar carregado de curiosidade para Hinata. — Faz duas horas que estou procurando um sapateiro. — coitado, estava transtornado. — Ino perdeu os sapatos de novo. Já é o quinquagésimo par essa semana!

Naruto e Hinata trocaram olhares, perplexos com a cena.

— Achei que estivessem com minha mãe.

— Ah, ela está ocupada demais gritando com Minato. — o ruivo disse, simploriamente. Diante do olhar confuso do outro, começou a explicar. — Ele entrou em um daqueles torneios de espada. Acabou com um corte no braço e a coluna entrevada.  

— Típico. Meu pai faz só para implicar.

— Não achei que fosse te encontrar aqui, hoje. — Ino disse, semicerrando os olhos para o primo. — Você sempre dá um jeito de fugir das festanças da tia Kushina.  

Naruto deu de ombros.

— Achou mesmo que eu perderia a oportunidade de ver minha mãe importunando vocês?

Hinata soltou uma risadinha abafada. O som fez com que Gaara desviasse os olhos para a moça, meio surpreso, como se só agora se desse conta da presença dela.

— E essa é? — questionou, apontando com o queixo para a perolada, que enrubesceu.

Os olhos aquamarine pareciam... estranhos.

Brilhavam, como quem sabe das coisas.

— Ah. — o loiro coçou a nuca, sem graça por ter esquecido de apresentá-la. — Essa é Hinata, — pausou, pensando no que diria a seguir. — uma amiga. — percebeu que ela não fez objeções a palavra. Nem faria, ainda mais na frente dos governantes do País do Vento. — Hinata, esses são Ino e meu amigo Gaara.

— Muito prazer, Altezas. — fez uma reverencia rápida, meio desajeitada.

— O prazer é meu, Hinata. — Ino respondeu. — E, por favor, não precisa dessa formalidade. Qualquer amigo de Naruto também é meu amigo.

— Certamente. — Gaara sorriu para a bruxa em solidariedade. — Apenas Gaara e Ino, ok? — observou-a confirmar com a cabeça, ligeiramente encabulada. O Sabaku desviou o olhar para o loiro. — Conhece algum sapateiro? Vou precisar de mais uns trinta pares para essa semana. — suspirou pesadamente, enquanto a esposa reprimia uma risadinha. — Não sei do que está rindo. Você vai falir nosso reino se continuarmos gastando com sapatos!

— Deixa de ser exagerado. — Ino fez um biquinho emburrado.

— Conheço um bom sapateiro. — Naruto interveio, querendo interromper qualquer chance que aqueles dois tivessem de começar uma discussão. — Levo vocês até lá, depois do almoço. Por que não pedem algo?

E foi isso o que o casal fez. Após os pedidos, Naruto e Gaara começaram uma conversa baixa sobre um assunto qualquer. Ino, porém, limitou-se a fitar Hinata longamente, perplexa.

— Você é muito bonita. — disse, por fim, cheia de sinceridade, depois de examinar o rosto exuberante da Hyuuga. Hinata piscou sequencialmente, envergonhada. Não é todo dia que se recebe um elogio de uma princesa, ainda mais uma princesa que parecia a versão real da Barbie Malibu.

— Obrigada.

— De onde você e Naruto se conhecem?

— Ah, — ótimo, era só o que faltava. Tinha que pensar rápido. — eu o ajudei a encontrar um lugar, certa vez. Estava perdido.

Pareceu uma boa resposta. Não era mentira, nem a verdade completa, mas foi satisfatório para a loira, que sorriu abertamente.

— Ah, imagino. Ele sempre foi péssimo com isso. Vivia se perdendo, quando éramos crianças.  

Hinata riu, o silencio caindo sobre as duas.

— Achei que estivessem com a rainha. — comentou, incomodada com o silêncio repentino. — Naruto me disse que a imperatriz organizou esse festival todo para vocês.  

Ino, porém, torceu o nariz.

— Demos um jeito de fugir quando surgiu a oportunidade. Queríamos um momento a sós, um pouco mais de liberdade. — confessou, baixo, inclinando-se na direção da perolada, como se lhe contasse um segredo. — Acho que minha tia não pensou muito nisso.

— Vieram para descansar?

— Sim. Estávamos precisando de umas férias.  

— Deve ser bem cansativo governar um país.

— Você nem faz ideia.

A conversa fluiu por um bom tempo. Hinata estava um pouco surpresa, porque não imaginava que a princesa, com a fama de maluca que tinha, fosse tão simples e agradável. Comeram quando os pedidos chegaram e, ao fim, levaram o casal ao sapateiro mais próximo, que certamente fez fortuna com a quantidade de encomendas. Ino saiu do estabelecimento com belas sapatilhas, da exata cor do vestido que usava, sorrindo abertamente, enquanto o marido, logo atrás dela, equilibrava nos braços umas vinte caixas com os outros pares, a expressão aborrecida.

— Foi muito bom conhecer você, Hinata. — a princesa apertou a mão da bruxa, que retribuiu o aperto, sorrindo de volta, meio sem graça. — Apareça no castelo um dia desses para me visitar. Seria bom uma companhia feminina, ao menos uma companhia que não seja tão rabugenta quanto meu marido.

— Ei!

Hinata sorriu de volta, a gargalhada de Naruto ecoando logo atrás.

— Será um prazer.

Após a despedida, bruxa e príncipe caminharam lado a lado, conversando e rindo eventualmente. Comeram, jogaram e passaram o resto do dia em uma pequena taverna que ficava em uma zona menos conhecida da cidade. O local era limpo, os anfitriões ótimos e os bardos tocavam boas músicas, o som ecoando por todo o cômodo, som de flautas, violão e liras. Fizeram brinde atrás de brinde, deliciando-se com o vinho de mel e os petiscos. Naruto contou histórias, fez a moça rir com piadas – a bebedeira certamente ajudou a apaziguar aquele humor ranzinza dela – e até arriscaram uns passos desajeitados, cada um a seu modo. Hinata era uma péssima dançarina, mas não tão ruim quanto Naruto. Ele pisou no pé dela umas cinco vezes.

— Um príncipe que não sabe dançar é a coisa mais ridícula que já vi. — ela disse entre uma reclamação, depois de ter o pé pisoteado pela milionésima vez, contudo, ainda sorria.

— Mas eu sou ótimo com espadas.

— Aposto que sim. Só para saber, aprendeu com seu pai? — alfinetou. Pela expressão emburrada dele, soube que sim. Gargalhou. — Espero que não fique com a coluna entrevada na hora que tiver que salvar aquela pobre princesa do dragão.

— Há, muito engraçadinha você. — resmungou, mas riu em seguida.  

Só quando o sol se pôs que ele a levou para casa, ambos montados em Azriel.

— Tudo bem, eu confesso. — ela quebrou o silencio, abaixando o capuz da cabeça. Acima deles as árvores projetavam longas sombras. Fitou-o por cima do ombro, as palavras deslizando para fora por vontade própria, parte disso por conta do álcool. A sinceridade nelas, porém, era genuína. — Não consigo me lembrar de um dia tão agradável como esse. Foi mesmo muito divertido.

Mais tarde, durante a noite, enquanto Naruto fitava o teto do próprio quarto, cansado e levemente bêbado, sucedeu-lhe que se sentia exatamente da mesma forma.


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Notas finais do capítulo

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