Ágata Reigns e a tempestade de Asgard escrita por Spooky Nurse


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Ey Puppys! Então... 86 leitores, 1 acompanhamento... Mas nenhum comentário? Sério? Onde estão aqueles leitores de 8 anos atrás que amavam comentar e fazer parte das histórias?

Bem, seja como for...

Antes de tudo quero agradecer minha Beta incrível, Lari Carneiro, obrigada pelo apoio e pelas ideias de como levar essa história.

Em segundo lugar, comecei o processo de reescrita das minhas histórias antigas, se quiserem conhecer já tem o primeiro capitulo sob o nome de "A Deusa do Tempo - Falando de Harry Potter".



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800550/chapter/2

— Enfermeira Reigns, por favor compareça na sala de emergência cirúrgica. Enfermeira Reigns, compareça a sala de emergência cirúrgica.

A voz soava no hospital através dos altos falantes de forma bastante compreensível, o que era necessário já que os funcionários precisavam agir rápido muitas vezes em que eram chamados, o fato do hospital estar surpreendentemente silencioso naquele momento também ajudava. Era uma manhã fria e chuvosa de uma terça feira, e a quantidade de pacientes nesse horário sempre era pequena.

Ao ouvir o chamado, Ágata se levantou de onde estava na ala infantil, conversando com uma das enfermeiras de leito que era responsável por lá sobre uma das crianças que acabara de chegar, entregou-a a prancheta com o prontuário clinico que segurava, e saiu com passos rápidos na direção já muito conhecida da sala de emergência pelo corredor frio e estéreo do hospital. Conforme alcançava a sala, ela pode ver os paramédicos saindo com uma maca vazia, indicando que o paciente já havia sido deixado nas mãos do médico responsável, e isso a fez acelerar o passo para chegar mais rápido. Seu trabalho como enfermeira era principalmente, auxiliar os médicos da emergência para casos de pacientes que que chegavam ao hospital, por um acidente ou complicação urgente que muitas vezes era necessário ser levados direto para a sala cirúrgica.

Ela passou pela porta principal rapidamente indo direto para o lugar preparado para a higienização esterilização obrigatória, com facilidade já automática antes de entrar por outra porta e caminhar até o paciente, cumprimentando os outros profissionais do local enquanto passava. O paciente era um homem na faixa etária dos 20 e poucos anos, se for considerar sua aparência física atual, ele estava desacordado, com vários hematomas e cortes no corpo, alguns cacos de vidro ainda grudados na pele ferida e o que parecia uma fratura exposta no braço direito, provavelmente acidente de transito, sua mente forneceu devido a experiência.

— Adriano Oliveira. – Começou o segundo enfermeiro a ler o prontuário básico do banco de dados do hospital. – 27 anos. Acidente de carro. A radiografia tirada quando ele chegou mostra uma fratura exposta no osso radial do membro superior direito e duas fraturas menores no osso tíbia do membro inferior esquerdo.

— Ele tem alergia a algum medicamento? – Perguntou o anestesista.

— Não. – Respondeu o enfermeiro após confirmar o prontuário. – Nenhuma alergia citada.

Após as informações serem passadas o anestesista começou a preparar a anestesia geral, pois apesar do paciente estar desacordado ele ainda poderia acordar no momento que o médico começasse. Enquanto o anestesista fazia seu trabalho Ágata começou a fazer o seu próprio trabalho, passou então a começar a ligar os aparelhos de trabalho e garantir que estavam calibrados como deveria.

— Multiparamétrico e oxímetro ligados. – Falou ela de forma que todos ouvissem. – Oxigenação e desfibrilador prontos caso seja necessário.

— Vamos começar. – Avisou o médico.

A fratura era a prioridade no momento.

Levou um tempo para tudo ser estabilizado, este tipo de procedimento não é o mais complicado, mas também não é tão fácil, uma osteossíntese* foi necessária, mas no final a fratura foi colocada no lugar. O paciente foi então transferido para outra sala onde Ágata e o segundo enfermeiro começaram os cuidados mais calmos, Jonas passou a cuidar da limpeza dos ferimentos superficiais enquanto ela se dedicava a colocação do gesso na perna esquerda do paciente, as fraturas lá não tinham necessidade cirúrgica, um gesso e um descanso fariam o trabalho.

— Como está Ágata?

Ela levantou os olhos em direção ao seu colega.

— Bem. – Respondeu.

— Você não respondeu minha mensagem no outro dia. – Ele parecia magoado de alguma forma, mas ela não entendeu o motivo.

Dando de ombros ela respondeu enquanto se virava para pegar a faixa. – Vi que me mandou algo, mas não estava com ânimo para responder. – Ela não viu como ele se tornou um pouco mais magoado, quase amargo com a resposta.

— Pensei que podíamos sair novamente. – Disse ele. – Nos conhecer melhor.

Ágata se virou para olhá-lo nos olhos. – Jonas... – Começou ela. – Você... Está me chamando para um... – Ela parou sem saber como realmente terminar a frase.

— Encontro? – Ele perguntou. – Estou, na verdade tenho feito isso a 6 meses, e fomos em um no mínimo 2 vezes nesse tempo.

Ela olhou para ele confusa. – Encontro? Pensei que estávamos só saindo como colegas de trabalho. – No momento que ela disse isso ela pode ver uma miríade de emoções passar pelo rosto dele, confusão, surpresa, magoa e no final, irritação. Ele se levantou, pegou suas coisas e saiu sem dizer mais nenhuma palavra. Deixando ágata para terminar com o paciente.

Ela não se prendeu muito ao acontecimento, passou a lidar com o paciente enquanto se permitia afundar em pensamentos. Era isso que Ágata mais amava nesse trabalho, a correria e a falta de conversa, não a entenda mal, ela ama ser enfermeira e ajudar as pessoas, ser enfermeira é ser cuidadora, e não a nada que ela goste mais do que cuidar das pessoas, mas ela é solitária, esse é o ponto principal da sua personalidade, solitude, calma e silencio, e esse cargo dá isso a ela, não há conversa paralela com os colegas, ou mesmo com os pacientes na maioria das vezes, sem entrevistas com os familiares e muito menos ter que dar notícias ruins para alguém na sala de espera. Ágata só não é a melhor para conversa fiada e empática, sim ela é Terapeuta, mas o principal foco desse trabalho é ouvir as pessoas, deixa-las falar o que pensam muitas vezes ajuda-as mais do que qualquer conselho que Ágata possa dar, e quando só falar não resolve, tudo que ela faz é apontar algumas coisas aqui e ali e dar algum conselho. Talvez ela esteja dando desculpas, mas na cabeça dela é diferente, talvez seja porque em nível de amor a profissão, ela ame muito mais a psicologia do que a enfermagem.

*

Após aquela emergência não ouve muito mais correria até o fim de seu plantão, foi um dia particularmente calmo realmente, então ela se resignou a ir em outras alas do hospital para saber se precisavam de ajuda com algo e fazer uso do seu tempo de forma produtiva. Passou o dia então verificando leitos, medicamentos, respondendo uma pergunta ou outra para algum residente ou estagiário, passou novamente pela ala pediátrica, mas dessa vez para conversar atoa com algumas crianças, falando sobre seus deveres de casa e até ajudando uma criança ou outra que estava tendo alguma dificuldade, ela ainda havia se formado como professora apesar de nunca ter exercido mais do que algumas aulas. No final acabou sendo parada por uma senhora ou outra no corredor para ouvir uma história sobre seu neto ou sobre seu falecido marido.

E quando seu plantão finalmente acabou por volta das 17 horas, ela simplesmente deu seu adeus a seus colegas, ela não viu Jonas depois da conversa que tiveram, pegou suas coisas no armário e saiu sem mais palavras. Depois de tantos anos todos já haviam se acostumado com a natureza de Ágata e entendiam que não era por mal seu afastamento, era só quem ela era, mas no final do dia não a tornava menos a enfermeira que era, mas era obvio para qualquer um que a forma com a qual ela tratava seus pacientes, os ouvindo com sorrisos doces e palavras calmas e educadas, nunca seria um reflexo para como ela fala com qualquer outra pessoa, colega ou não.

*

Chegar em casa foi um alivio, ela tirou os sapatos logo na porta, acariciou seu gato na beira do sofá, subiu as escadas e foi direto para o chuveiro. O suspiro quando a água tocou seu corpo era tão gratificante quanto a calma da situação apresentava. A dor nas costas de ficar tanto tempo em pé e andando começou a se aliviar conforme a água escorria pela omoplata e descendo a coluna, a mesma água tocando os cabelos loiros e longos fazia sua cabeça se sentir mais leve de repente e a visão embaçada desaparecia dando lugar a um olhar mais atento e calmo. Um banho sempre fazia isso à ela, a água em geral fazia.

Descendo para a cozinha ela pegou uma caneca de café na máquina e se sentou mais uma vez em seu sofá, onde ficou assistindo o tempo escurecer devagar antes de puxar o celular e se distrair, Loki enrolado em seus pés somente se espreguiçando para mudar de posição, e assim eles ficaram, até que o sono chegou.

*

— Você precisa de férias.

Essas foram as primeiras palavras que ela ouviu ao passar pela porta da sala do diretor hospitalar. Ele havia a chamado para uma reunião assim que entrou pela porta do hospital, e Ágata não precisa nem dizer o quanto isso fez sua pressão subir em ansiedade.

— O que? – Perguntou ela tolamente confusa.

— Férias. – Repetiu ele mais devagar, como se a rapidez anterior fosse o motivo da confusão. – Você tem trabalhado aqui por 5 anos, e até hoje não aceitou suas férias, estou dizendo agora que vai tira-las.

— Mas...

— Sem mas. – Cortou ele. – Olha Ágata, você é uma enfermeira excelente, e temos sorte de tê-la em nosso hospital. – Começou ele com a voz mais baixa e quase paternal. – Você tem um futuro incrível pela frente se você fosse só um pouco mais... – Ele parou sem saber como terminar.

— Ambiciosa? – Acrescentou ela no lugar dele, ela sabia o que ele ia falar, já tendo ouvido isso milhares de vezes antes.

— Isso. – Concordou o diretor. – Mas você precisa de férias de vez em quando, todos precisam, e eu preciso lhe dar essas férias antes que o conselho trabalhista me coma vivo. – Ele puxou alguns papeis sobre a mesa. – Você entende?

Ela queria debater, bater o pé e recusar, mas no fundo ela sabia que ele estava certo, não sobre ela precisar de férias, claro que não, mas sim sobre o conselho em algum momento começar a se preocupar, eles teriam que fazer em algum momento para que o hospital não tivesse problemas.

Então ela se sentou mais ereta puxou os papeis onde leu rapidamente sobre o valor a ser recebido e o período de tempo a ser tirado, 90 dias. Durante os 5 anos em que trabalhou lá os dois primeiros foram passados com férias “vendidas” a empresa, mas os últimos três foram só de recusa com a desculpa de acumular dias para uma viagem a longo prazo que nunca aconteceria. Ela terminou de ler e então esticou o braço direito sobre a mesa puxando uma das canetas esferográficas do diretor.

— Não deveria ser o setor de recursos humanos a lidar com isso? – Perguntou ela antes de assinar.

— Deveria. – Concordou. – Mas todos nós sabemos que você ia conseguir desliga-los no momento que oferecessem.

Ela balançou a cabeça em concordância, ele estava certo afinal. Então com um último suspiro, assinou a documentação.

— Faça aquela viagem que tanto queria. – Começou a aconselhar ele. – Sei que você tem dinheiro guardado de sobra para isso. – Terminou, por um momento ele pareceu quase arrependido dessa última observação.

— Como você pode saber disso?

— Vamos lá Ágata. – Disse ele guardando a documentação na gaveta de sua mesa. – Todos sabem o estilo de vida ermitão que você leva. Sem ofensa. – Acrescentou ele no final.

— Nenhuma tomada.

— Mas ainda assim você ganha do hospital 5 mil por mês, e sei que suas consultas particulares são cobrados 200 reais a hora, e você tem o que agora, 4, 5 pacientes assíduos por mês? – Ele levantou a sobrancelha esquerda. – E você não tem família, não tem filhos, não tem automóveis novos ou de valores altos, e até onde se comenta sua casa é tão simples que quase não tem moveis...

Não tinha como negar isso, sim ela ganhava bem, mas seu estilo de vida foi feito para ser confortável para alguém que ganha um salário mínimo no brasil, só para o caso, nunca sabemos quando tudo pode desmoronar, e também, ela gosta da simplicidade exagerada, e do estilo de vida minimalista, então logicamente todo o dinheiro “extra” está em uma conta no banco.

— Vou pensar nisso diretor. – Respondeu ela finalmente. – Talvez eu faça essa viagem, no final o senhor pode estar certo.

E com a conversa encerrada, Ágata se levantou, se despediu e saiu pela porta, resignada a voltar para casa. Ela tinha que decidir algumas coisas sobre o que foi conversado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?
Espero que sim...

Até a próxima
Um beijo e Um queijo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ágata Reigns e a tempestade de Asgard" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.