Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 91
Asgard, o Reino do Norte


Notas iniciais do capítulo

Asgard é uma cidade abandonada pelo tempo no Norte do Mundo. Enquanto os Cavaleiros de Atena navegam com esperança, os habitantes deste gélido reino estão divididos e miseráveis.



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Asgard era um reino perdido e talvez abandonado pelo tempo e pelos homens. Isolado no extremo norte da Europa, ele não era visitado por ninguém, pois suas rotas não eram descritas nos principais mapas e mesmo seus habitantes rara ou quase nunca saíam da região para aventurar-se nos países vizinhos. Assim como o Santuário era protegido dos homens pelo Cosmo de Atena, também o era Asgard, de modo que o conhecimento de sua localidade era restrito às Civilizações mais antigas. Figurando como um reino fictício nas principais histórias nórdicas, seus descendentes vizinhos sequer imaginavam que o local de fato existia.

De população numerosa para um local tão abandonado, Asgard dividia-se entre aqueles que moram dentro e fora do castelo, um complexo fortificado no alto da mais alta montanha. A miséria, no entanto, era uma epidemia que alastrava-se para qualquer lado do passadiço, pois há anos que o clima terrível de Asgard tinha feito vítimas não só entre recém-nascidos e os mais velhos homens, como também varreu as plantações ou mesmo os poucos criadouros de animais.

E foi em uma taverna abarrotada na parte-baixa do Reino que uma garota em cima de uma mesa gritava palavras de ordem.

— Vocês precisam me ouvir! — tentava ela desesperadamente chamar a atenção dos comuns.

Mas aqueles que ali se juntavam fugiam do frio castigante de Asgard na lareira e nos archotes de fogo acima de suas cabeças, bem como fugiam da fome nos pães baratos e no álcool que os apartava da realidade. Era uma plateia difícil e ela viu-se, de fato, atingida na cabeça por uma maçã devorada. Mas ela não se calou.

— Não podemos ficar parados. O que está para acontecer em Asgard é uma tragédia e nós precisamos nos levantar e fazer Valhalla nos ouvir! Estaremos perdidos se isso continuar assim.

— Já estamos perdidos! — falou um no fundo.

— Saia daqui, princesa, volte para o palácio! — falou outro.

— Não vai nos dizer o que fazer! — um terceiro juntou-se.

— Pois o que está ruim ficará ainda pior! Será que vocês não entendem!? — tentava ela, quando foi atingida outra vez por alguma coisa que lhe abriu um ferimento na têmpora.

A taverna desatou a gargalhar da menina, mas então quando abriram a porta alguns guardas palacianos, o local calou-se completamente. Os guardas entraram deixando o frio invadir aquele local; entre eles havia um jovem que destacou-se por suas vestes simples, mas muito mais limpas do que qualquer um que ali estava. Ninguém ousou dizer qualquer outro impropério enquanto ele caminhou calmamente até a mesa em que a garota tentava falar com toda aquela gente.

— Eu não vou descer, Hagen, nem adianta. — falou ela.

— Por favor, Princesa Freia. — tentou ele. — Sabe que não me traz nenhum prazer ter de fazer isso.

— Foi minha irmã que te mandou? 

— Sabe que sim. Por favor, venha conosco. — disse ele, estendendo a mão para ela.

Freia então desceu da mesa, resignada, sem dar a mão para Hagen; simplesmente saltou à frente do rapaz e arrumou o cabelo antes de sair pela porta da taverna sozinha. Hagen foi ao seu encalço enquanto eram escoltados por aquela guarda palaciana, mas o rapaz interveio e pediu que eles ficassem e fizessem a ronda naquela região, pois eles não precisavam da escolta.

— Princesa Freia, por favor me ouça. — tentou Hagen. — Você precisa parar de fazer essas coisas. Colocando o povo contra sua irmã dessa forma.

— Não quero colocar o povo contra ela, mas eles precisam saber da verdade. Isso não pode continuar, Hagen.

— Sua irmã está cada vez mais impaciente com você.

— Ela está cada vez mais impaciente com qualquer um que a desafie. E ela não era assim.

— Agora é diferente. Você sabe disso. E causando tumultos como você vem fazendo, você vai deixar as pessoas ainda mais confusas.

— Não é proibido subir na mesa e dizer o que eu acho. — falou ela.

O rapaz não respondeu à ela e escolheu ficar calado diante de sua revolta. Hagen era um dos mais estimados guardas do Palácio Valhalla e, com efeito, conhecia a Princesa Freia tanto quanto sua irmã, a governanta de Asgard, desde que eram todos muito jovens. E por isso o peito de Hagen estava pesado, pois tinha por elas uma enorme admiração e carinho, de modo que era doloroso colocar-se entre elas daquela maneira. Mas aquela era sua função. 

Quanto à Freia, ela escolheu também não soterrar o amigo com suas revoltas, pois não era como se não houvesse tentado em vão pelas últimas semanas conversar ou convencer os conselheiros de sua irmã de que aquele caminho que tomavam estava errado. Muitas vezes era tomada por louca, ingrata e até invejosa pelo poder adquirido por sua amada irmã. E nem por um segundo consideravam o que ela dizia.

Atravessaram a rua principal para o passadiço e subiram em silêncio para o Palácio Valhalla. 

O Palácio mais importante de Asgard era também o maior e mais opulento daquele castelo fortificado que ficava no topo de uma colina altíssima da região, como se dele pudessem ver a toda população asgardiana. Todo de pedras escuras bem talhadas e polidas, os passos dentro daquele palácio frio e lúgubre ecoavam pelas paredes. Havia um tanto de diferentes salões e câmaras, mas Freia conhecia bem o caminho até a nave principal onde sua irmã geralmente recebia as comitivas que vinham lhe implorar qualquer coisa.

Era um enorme salão em que o teto perdia-se na escuridão, enquanto colunas margeavam um tapete vermelho até um enorme fogo de chão onde queimava uma chama púrpura e quente. Por detrás das chamas e do outro lado da grande fogueira, os convivas e convidados do Palácio podiam enxergar o trono alto depois de largos degraus onde ficava a governanta de Asgard. Dois enormes corvos de pedra ficavam ao lado de um trono branco bonito onde sentava-se a irmã da Princesa Freia. Seu nome era Hilda.

Ajoelhados do outro lado da fogueira estavam dois homens que colocaram-se imediatamente de pé à chegada de Hagen e da Princesa Freia.

— Não importa o que vai falar. — adiantou-se a jovem princesa sobre todos. — Não deixarei de dizer o que penso.

— A irmã da representação de Odin não pode misturar-se aos comuns em cima de uma mesa gritando loucuras. — falou sua irmã do outro lado.

— É a verdade o que estou dizendo. Se for preciso berrar, pois então me escutarão até do mar. — respondeu ela. — Se você esqueceu de nossa missão, eu não me esqueci.

— Já repeti por mil vezes que sigo os desígnios de Odin! — vociferou Hilda. — Liderarei nosso povo ao sol! Fui abençoada por ele.

— E ele lhe abençoou com esse anel horroroso, eu imagino. — debochou Freia, e ao seu lado um dos homens levantou-se, aviltado.

— Esse é o Anel de Odin! Veja como fala, senhorita Freia.

— Esse anel é amaldiçoado, Siegfried. Todos vocês sabem! — falou Freia. — E aqui diante dela fingem que está tudo certo.

— Cale-se! — bradou Hilda. — A missão que temos é clara e nos foi dada por Odin! Não vou permitir que ninguém coloque-se em meu caminho. Nem mesmo a minha irmã.

— Você será a ruína de Asgard. — experimentou falar Freia.

— Hagen, tire minha irmã daqui! — pediu finalmente Hilda, levantando-se de seu trono.

Ela era absolutamente maravilhosa; usava uma Armadura de Valquíria negra, que deixava-lhe o longo vestido à vista e tinha uma lança de ébano nas mãos, os cabelos claros às costas e um Anel de Ouro na mão esquerda.

— Leve-a até a câmara de Eir para que Andreas certifique-se de que minha irmã não enlouqueceu de vez.

— Eu não estou louca, Hilda! — acusou ela, com o dedo em riste. — É você quem deixou de ser quem você era.

Hagen aproximou-se de Freia com o peito rasgado, mas ela não permitiu que ele a conduzisse, pois pisou duro contra a pedra do Palácio sozinha e saiu para os seus próprios aposentos, contrariando a ordem de sua irmã de ir ver o curandeiro do Palácio.

— Princesa Freia. — chamava Hagen às suas costas.

— Esqueça, Hagen. Eu não vou até o curandeiro, pois não há nada que ser curado. Vocês estão todos sendo enganados por ela. Mas será possível que não enxergam a mudança que se passou em minha irmã? Você, de todas as pessoas, Hagen, sabe que ela não é assim. Aquele Anel está deixando-a completamente fora de si.

O rapaz então segurou Freia pelo pulso para que não se distanciasse ainda mais; e então arrependeu-se, deixando que ela se soltasse. Hagen queria apenas que ela visse que ele sofria por estar naquela situação terrível; queria talvez desculpar-se, mas importava-se tanto com Freia como com seu dever ao lado de Odin.

— Eu treinei minha vida inteira para proteger vocês duas. — falou ele. — E agora fui honrado como um Guerreiro Deus para garantir que nada aconteça a nenhuma de vocês.

— Pois sequer precisávamos dos Guerreiros Deuses. — tornou Freia.

— Por que duvida tanto de sua irmã?

— Ela está diferente. Você sabe disso, Hagen. Ela era bondosa e carinhosa, mas agora já perdemos as contas de quantas pessoas foram jogadas em um calabouço fechado por discordarem dela.

— Discordar de Hilda é discordar de Odin.

— Aquele Anel não foi um presente de Odin. — falou Freia em um tom mais baixo, pois mesmo ela sabia o sacrilégio que era duvidar dos intentos de Odin.

— O Anel é um fardo pesado que ninguém além de Hilda pode carregar. E nenhum outro poderia dá-lo à senhorita Hilda, pois este é o Anel de Ouro de Odin. O Anel dos Nibelungos. Somente Odin poderia presenteá-lo à senhorita Hilda; como pode duvidar disso, princesa Freia?

— Não, não. Algo está errado. — negava ela com convicção, mas sem saber muito bem como dobrar Hagen e sua convicção de Guerreiro Deus.

Freia estava irredutível sobre haver algo errado, mas entre eles um serviçal atravessou um dos corredores, de modo que ela seguiu adiante para seus aposentos com Hagen em seu encalço. 

O encontro tenso entre as irmãs, no entanto, não ficou alheio ao Salão Principal, de modo que os conselheiros de Hilda também estavam cientes daquela crise no Palácio e os ânimos morosos entre os mais pobres da região que pareciam sequer ter qualquer energia para comprar uma briga, fosse de que lado fosse, pois eram devorados pela miséria e a pobreza.

Na sacada de Valhalla, diante de montanhas milenares e cobertas do mais frio gelo que há na Terra, o guerreiro Siegfried confidencia suas preocupações à um bonito rapaz de alta família, que se chamava Sid. Falavam baixo, como correm as fofocas pelos corredores, mas uma terceira voz uniu-se à eles chamando-lhes a atenção.

— Estão todos se perguntando se a Princesa Freia irá se controlar.

Os olhos claros dos dois confidentes imediatamente viraram-se na direção do terceiro interlocutor, que não era outro senão um dos outros conselheiros de Hilda, a governanta de Asgard. Um dos olhos cobertos pela franja ruiva que lhe caía pelo rosto, o corpo esbelto e um brinco de joia rara em uma das orelhas era ostentação desnecessária em um tempo de tanta miséria.

— O que têm escutado pelos corredores, Alberich? — perguntou o enorme guerreiro.

— Seu tom pode dar a impressão de que eu me coloco a ouvir por detrás das portas, Siegfried.

— E não é o que faz? — perguntou ele novamente.

— O que faço ou deixo de fazer é assunto meu e da senhorita Hilda. A segurança de Asgard, no entanto, é assunto seu, Siegfried. E a Princesa Freia agitando a população pode causar problemas desnecessários para Valhalla.

— Pois então deixe que eu cuido disso.

— Como cuidou nesta noite? — perguntou Alberich. — É bom que ela se comporte.

— E ela irá. — tornou Siegfried. — Do contrário, eu mesmo a colocarei na prisão.

— Siegfried! — alertou Sid, até então calado ao seu lado. — É a irmã da senhorita Hilda de quem está falando.

— Hilda não é mais irmã de ninguém. — falou gravemente Siegfried sem tirar os olhos de Alberich. — Ela é Odin na Terra.

Havia entre aqueles dois evidentemente os fagulhos de uma rivalidade talvez ancestral, que ecoava por aqueles corredores lúgubres e abandonados de Valhalla. Sid, entre eles, buscou pacificar a situação levando a conversa talvez para um lado em que todos estivessem de acordo.

— Acha que haverá guerra, Siegfried? — perguntou o rapaz de corte rente e curto para o colega.

— Alberich sabe melhor do que ninguém que precisamos nos defender. — falou ele ainda citando seu rival ali.

— Nos falta um Guerreiro Deus para as frentes de Odin estarem completas. — observou o outro.

Siegfried demonstrou imensa insatisfação olhando para o vilarejo além dos muros de Valhalla e debruçando-se na sacada.

— É inacreditável e inadmissível que não tenha guerreiro algum capaz de tomar este posto. Uma vergonha para Asgard.

— Há um. — lembrou Alberich imediatamente despertando uma profunda ira em Siegfried que precisou ser contido por Sid para não esmurrar o sorriso irônico que desenhou-se em sua face.

O rapaz de sorriso debochado abandonou o local, deixando Sid ali com a imensa dificuldade de manter o guerreiro Siegfried sob controle, enquanto ele simplesmente saiu caminhando para as entranhas do Palácio Valhalla.

 

—/-

 

O ânimo entre os habitantes de Asgard estava longe de ser cordial, como houvera sido em tempos imemoriais; a miséria os havia transformado em um povo desconfiado e individualista, bem como muito frágil. O dissenso no poder havia rachado dinastias e antigas heranças em Valhalla, pois na realidade o único exercício de poder para os aristocratas de Asgard era exatamente governar aquele único e amaldiçoado povo.

O clima de Asgard era tão inóspito que o sol aparecia poucas vezes ao ano e a noite e o dia confundiam-se nas horas que pareciam nunca passar, pois mesmo a contagem do tempo parecia ter abandonado aquele lugar, como se Cronos houvesse mesmo esquecido de engolir aquele reino.

Pois outra noite; ou dia, quem saberá dizer? Freia estava de pé em cima de outra mesa, em outra taverna, mas repetindo sempre as mesmas palavras.

— Asgard é um Reino de Paz. — falava ela. — Com uma missão terrível e dolorosa, mas importante e divina. Não podemos marchar para o Sol! Não podemos abandonar esta Terra.

— E devemos ser para sempre miseráveis?

— É a provação de Odin! — tentava ela, mas foi acertada por um pão duro.

— Pro inferno com Odin! Meu filho não come há dois dias. Onde estava Odin quando vi meu pai morrer dentro de casa? Eu estou com Hilda!

— Eu sinto muito, Bjorn, mas a Guerra vai nos matar a todos. — falou ela.

Sua voz não encontrava eco algum entre aqueles, pois o sofrimento daquele povo era enorme e talvez a Guerra fosse mesmo uma morte menos terrível para eles, pois ao menos teriam o fantasma da esperança. Mas naquela noite, um dos poucos velhos de Asgard estava ali encapuzado, agasalhado do frio e sua voz interrompeu a urbe que gargalhava, pois ao menos os comuns e boêmios respeitavam a voz de quem havia vivido tanto.

— O que a garota diz é verdade. — falou sua voz rouca. — É motivo de honra e orgulho que os homens e mulheres de Asgard suportem sua dura sina. É mais honroso morrer de fome suportando a missão divina de Odin do que batalhar o estrangeiro pela ganância dos homens.

— Ou das mulheres. — falou um ébrio debochado do fundo da taverna, lembrando à todos que seguiam Hilda à Guerra, ou colocariam-se ao lado da Princesa Freia contra ela.

Imediatamente a Taverna irrompeu em intensas discussões sobre o caminho certo à seguir; pela primeira vez a Princesa Freia sentiu que suas palavras haviam ressoado em algum lugar. Talvez para sua sorte, havia ecoado pela vivência antiga de um dos mais anciões de Asgard, pois talvez somente o peso da história poderia dar base aquilo que sem dúvidas pareciam loucuras saindo de sua boca.

Mas outra vez os guardas palacianos invadiram a Taverna calando a comoção toda, mas desta vez a guarda escoltava outro homem que não o dividido Hagen. Agora a Princesa Freia teria de lidar com o enorme Siegfried, o guerreiro mais temido e respeitado por toda Asgard. Ele avançou entre as mesas silenciosas e imediatamente tomou Freia pelos braços colocando-a no chão, para muitos protestos da Princesa.

— Não toque em mim! — protestou ela.

— Vai nos acompanhar até o quartel, Freia. — falou Siegfried inexpressivo.

— Ao quartel? O que está falando, Siegfried?

— Princesa Freia, você está presa em nome de Odin. — anunciou o guerreiro para que todos ali pudessem ouvir.

E todos absolutamente espantaram-se enormemente ao ver se descortinar entre eles um evento tão absurdo como aquele em uma noite agitada de uma taverna que normalmente era quase tão morta quanto o dia que morria do lado de fora.

— Presa? — perguntou ela surpresa.

— Ficará confinada junto àqueles que tumultuam a noite de descanso nas tavernas do reino.

— Por atentar contra a ordem pública? — debochou a Princesa.

— Precisamente. — falou ele e então olhou para um dos guardas palacianos. — Leve-a.

O guarda, muito comovido e desconcertado em algemar a Princesa, quase pediu-lhe desculpas com os olhos, mas a Princesa Freia não lhe deu tempo ruim algum e aceitou as algemas de bom grado sem tirar os olhos de Siegfried. E sob os olhos curiosos dos boêmios daquela noite, a Princesa Freia foi escoltada dali até o quartel mais próximo, onde haviam celas comuns em que os poucos agitadores geralmente eram deixados pela noite.

A Princesa Freia entrou na brigada muito simples escoltada por Siegfried; um quartel quase totalmente abandonado, onde apenas uma outra pessoa estava jogada na única cela do local e dois ou três guardas faziam a vigília da noite. Os dois muito se assombraram ao ver que Siegfried, o maior guerreiro de Asgard estava entre eles em uma prisão tão simples como aquela trazendo uma prisioneira que talvez fosse ainda mais famosa na região: a Princesa Freia.

— Abram a cela. — pediu Siegfried, estóico.

— Si… Sim, senhor. — falou um homem abobado deixando cair no chão o molho de chaves.

A cela foi destrancada e a Princesa Freia entrou sozinha atraindo para si o par de olhos do outro prisioneiro da noite. Ela olhou para Siegfried e deixou que ele destrancasse as algemas de seu punho.

— Você podia ser metade do guerreiro que seu irmão é. — falou ela próximo dele.

Siegfried engoliu em seco e trancou-a naquela cela por aquela noite.

As celas de Asgard recontavam, talvez, aos seus períodos áureos, mas como tudo o mais, parados no tempo; as pedras cheias de limo, as goteiras, as trancas enferrujadas, o teto alto, pois a cela redonda ficava em uma torre com aberturas muito acima das cabeças de seus prisioneiros, por onde a chuva congelante encharcava o local em dias de intempéries. 

Em outra cela e em outro tempo, a porta se abriu com um enorme clangor e o conselheiro de Hilda caminhou para dentro daquele lúgubre lugar onde o prisioneiro estava encarcerado pelas mãos em algemas preciosas, mas presas às paredes opostas e muito alta, de forma que ele parecia pendurado pelos braços abertos.

Aquele prisioneiro era Hyoga, o Cavaleiro de Cisne.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: E lá vamos nós: Asgard. Eu amo o arco de Asgard da série original, mas também gosto muito do segundo filme (contra Durval) e adoro Soul of Gold. Asgard é, sem dúvidas, um lugar muito legal de explorar dentro do universo de Saint Seiya e sempre gera boas histórias. Primeiro, eu achei muito importante mudar o tom completamente do arco anterior (de aventura, de fantasia, humor e descobertas), para apresentar algo único desse arco. Eu amo como a trilha-sonora de Asgard é melancólica e triste e quis refletir essa tristeza no sofrimento do povo, não só nos comuns, mas como nos dramas de cada um dos personagens. Escolhi a Freia para ser essa voz dissonante exatamente como ela é no segundo filme (ao lado de Frei), mas principalmente na série. Eu apenas busquei dar um pouco mais de vivacidade e revolta para ela, dando um pouco da personalidade da Lyfia de Soul of Gold. Nunca fez muito sentido o Mester Ancião conhecer o Anel de Nibelungos, mas o povo de Asgard não, então eu construi uma narrativa ao redor disso. Freia ser presa é totalmente Soul of Gold. =) A rivalidade entre os Guerreiros Deuses vem da série original. Eu sempre busco pegar ideias da série e repaginá-las aqui. E vamos à Asgard.

PRÓXIMO CAPÍTULO: A PRINCESA APRISIONADA

A Princesa Freia é presa novamente, mas acaba encontrando uma curiosa prisioneira em sua cela, que pode ser uma luz de esperança para as tragédias de sua terra.



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