Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 90
A Fome Eterna


Notas iniciais do capítulo

Um mistério há muitas galáxias de distância; o motivo pelo qual Saga não deveria ter sido morto e a descoberta de um segredo mortal na Colina das Estrelas.



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Ao navegar pelas águas escuras na direção daquela noite carmesim, Seiya notou que as estrelas do céu apagaram-se como se sopradas pelo vento noturno. O barulho do madeirame a que ele estava tão acostumado calou-se na escuridão e ele agora podia apenas enxergar o vulto de suas mãos, bem como alguns outros adiantes.

— O que está acontecendo? — perguntou ele, e sua voz ecoava como se estivesse dentro de uma câmara de mármore.

— É como se estivéssemos sendo engolidos. — comentou June.

— Não estamos mais no Galeão. — falou Geist.

— O quê? — tentou Seiya olhar para os lados, mas estava escuro demais para ver onde estava.

Mas havia uma sensação curiosa em seu corpo que era como se ele continuasse a responder às vagas de um mar, sem que estivesse navegando. Em terra firme, era como se seu corpo ainda esperasse os balanços do oceano e enganasse seu labirinto.

— Não escuto ninguém. — falou Seiya. — Lunara? Lunara!?

Ninguém respondeu.

— Onde estão todos?

— Estamos sós. — falou Geist, finalmente.

— É uma ilusão?

— Não. — respondei Geist, imediatamente. — Não estamos em uma ilusão. Não estamos no Galeão, mas também continuamos nele. Estamos nos dois lugares ao mesmo tempo.

Tudo parecia impossível e havia uma sensação etérea naquela noite.

— E onde está o resto da tripulação? — perguntou-se June, preocupada.

— Continuam no navio. — falou Geist.

— Mas se estamos ainda no navio... — comentou Seiya, muito confuso.

— É o Cosmo. — adivinhou Geist. — Tem algo atuando em nossos Cosmos.

Suas vozes ecoavam naquela câmara, quando ouviram o som de pássaros cantando alegremente; Seiya olhou para o ar, onde esperaria que aves pudessem voar enquanto cantavam, e viu que no horizonte uma nuvem escura pareceu mover-se no céu para tomar a forma de um torso apoiando uma cabeça iluminada por matizes púrpuras e ambarinas, em uma espécie de energia volátil que movia-se por toda aquela figura colossal no céu.

Um ronco profundo poderia ter chacoalhado o chão que pisavam, mas fez-se apenas ouvir.

— Quem ousa me importunar? — a voz era como se o céu lhes falasse. — Outra vez tu, Yemeth?

Seiya, June e Geist encolheram-se e deram alguns passos para trás, unindo-se no centro, pois cada um acreditava ouvir aquela voz grave de um ponto do céu diferente do outro. Aquela forma colossal no céu pareceu reagir a eles simplesmente pela maneira com que as luzes que iluminavam sua silhueta se tornaram mais brandas.

— Ah, são crianças. — pareceu adivinhar, em contento, a voz grave na escuridão. — São muito bem-vindas, minhas crianças. Seu lugar as espera.

Seiya, June e Geist estavam ainda tensos e confusos. Pois sobrou à Capitã deles finalmente dialogar com aquele estranho e calmo homem.

— Eu sou Geist de Argo, Capitã do Galeão de Atena. Quem ou o quê é você?

As luzes púrpuras que iluminavam aquela silhueta tornaram-se mais lentas, como se muito desconfiadas.

— Juntos nos lembraremos. — respondeu a voz no horizonte. — Beberemos juntos e haverá o som dos pífaros. Sua longa espera chegará ao fim.

Mas Geist não estava satisfeita.

— Disse Yemeth. Não somos Yemeth. — falou ela, corajosa.

— Não são. — concordou a voz.

— Não viajamos até aqui. Deve haver algum engano. Queremos retornar à nossa embarcação, este não é o nosso destino.

— Este é exatamente o seu destino. — tornou a voz rapidamente e, ao lado de Seiya, surgiu lentamente um único ponto de luz distante, como o brilho do dia no fim de um enorme túnel. — Encontrarão o Paraíso se caminharem para a luz.

Geist podia também ver aquela luz que se iluminava, mas falou com bastante gravidade.

— Temos de voltar à nossa missão! Deixaremos esse lugar ou lutaremos para sairmos dessa prisão.

A luz vacilou por um instante, bem como a iluminação púrpura da silhueta no céu.

— Cinco mil anos. — enumerou longamente a voz. — Não aprenderam a ter paciência depois deste tempo todo? Não estão presos, tampouco podem fazer qualquer coisa.

Seiya então não se amedrontou diante daquela ameaça dos céus e iluminou aquela escuridão em que estavam com seu belíssimo e quente Cosmo de Pégaso, cobrindo seu corpo com a aura azulada que sempre o protegeu e operou milagres em suas batalhas.

— O mesmo fogo. Exatamente como seus pais. — falou a voz, e Geist notou como a silhueta iluminada em púrpura parecia agora arder em chamas. — Agamenon, Odisseu, Heitor…

— Seiya… — pediu Geist para ele se acalmar, pois o colosso no horizonte não parecia contente.

— Não podemos perder tempo aqui, Capitã. — argumentou Seiya.

E mais não falou, pois também não podia mais mover-se, e Geist sabia que aquela voz havia paralisado Seiya e que o Cavaleiro de Pégaso jamais poderia fazer qualquer coisa. E o que era ruim então piorou, pois Seiya começou a sentir como se o seu pescoço lentamente estivesse sendo apertado, fazendo-o perder o fôlego e a respiração, como se uma força o enforcasse de maneira invisível. 

— Pare! Já entendemos. — bradou June para o céu.

E então Seiya caiu no chão, como se solto pela força, respirando com dificuldade e puxando o ar o mais forte que conseguia.

— Essa foi a sua primeira lição. Lembre-se dela. — falou a profundidade. — Caminharão à luz e então me adorarão assim como os seus pais me adoraram.

— Quem é você, afinal? — perguntou Geist, enquanto June cuidava de Seiya.

O ronco profundo ecoou pelo horizonte antes de responder.

— Procure por suas memórias distantes. Aquelas de milênios passados. E eu estarei lá.

Um calafrio subiu em todos eles. 

— Seus pais me conheciam. E os pais de seus pais. 

A forma no horizonte do céu aos poucos foi se desfazendo, como se as nuvens se desmanchassem, embora sua voz tenha ecoado ainda uma última vez.

— Venham. Este é um tempo de alegria, não de tristeza. Estão voltando para casa. Que seus corações estejam preparados para cantar.

E desapareceu para nunca mais ser ouvido novamente. O caminho para o Paraíso continuava iluminado, e a luz os guiava pela escuridão, embora nenhum deles ali tivesse qualquer interesse em seguir por aquele trajeto predestinado.

— Parece que estamos presos aqui. — falou Seiya para elas.

— Disse que ainda estávamos no Galeão, Geist. — lembrou-se June.

— Sim. Não sinto que vivo uma realidade, mas também não me parece uma ilusão. É algo completamente diferente do que já experimentei.

— Saga disse que nos mostraria o que nos esperava. — lembrou Seiya.

— O motivo pelo qual não deveríamos tê-lo matado. — completou June.

Entreolharam-se uns aos outros, procurando algum modo de encontrar a saída nem que fosse pelos olhos dos amigos navegantes. Pois naquela escuridão espalhava-se tão somente a falta de esperança e de luz; apenas um caminho parecia levar a qualquer lugar. E era aquele iluminado pelo colosso do horizonte.

— Onde pensa que vai, Seiya? — perguntou Geist ao ver que o garoto experimentou alguns passos na direção da luz.

— Talvez a gente consiga voltar ao Galeão se irmos até lá.

— Não dê mais nenhum passo. — ordenou a Capitã. — Vamos sair daqui.

Ela então tirou o pingente que tinha preso ao pescoço e seu Cosmo prateado iluminou aquela escuridão trazendo um brilho para seu rosto jovem, mas muito sujo da viagem, fazendo esvoaçar seus cabelos escuríssimos. Ela jogou o pingente no ar, fazendo-o girar em seu próprio eixo, quando finalmente expandiu-se tomado pelo Cosmo de Geist e retornou à sua forma de Urna. Ela colocou a mão na corrente e a puxou abrindo a Caixa de Prata para revelar o maravilhoso totem na forma de uma bonita embarcação que explodiu no ar, revestindo o corpo da Capitã Geist com a Armadura de Prata de Argo.

— O que vai fazer, Capitã? — estava Seiya, muito curioso.

— Encontrar o caminho de casa. — disse ela, de olhos fechados. — A antiga embarcação Argo foi quebrada na antiguidade, dando origem a três diferentes Constelações: Carina, Popa e Vela. — conforme ela falava, ela demonstrava com seu braço direito as partes que agora compunham sua Armadura de Prata. — Mas Atena manteve na Armadura o brilho de sua antiga Constelação e, mais importante, a manifestação de sua origem. Argo Navis.

O Cosmo de Geist aumentava e, conforme ele se expandia, ganhava detalhes dourados e seus cabelos tornavam-se ainda mais revoltos. Seiya reconhecia aquela expansão cósmica, pois Geist tentava tocar a Essência de seu Cosmo, o Sétimo Sentido.

— Tem de se sentir parte de tudo, Capitã. — falou ele, lembrando-se de seus próprios milagres.

E de olhos fechados, Geist fazia parte de tudo. Ela era a Capitã do Galeão de Atena, que navegava debaixo dos seus pés, embora seu Cosmo estivesse distante anos-luz de onde as ondas quebravam no casco de seu antigo navio. Ela abriu os olhos e eles eram brancos e feitos de luz, bem como o diadema de prata que adornava seus cabelos.

— Brilhe, Canopus! — bradou ela. — Leve-nos de volta ao Argo!

Seu Cosmo prateado expandiu-se lentamente e Seiya viu como diante dela surgiu uma imagem mitológica e maravilhosa: a de Atena mitológica em sua Armadura. Lentamente, o chão em que June e Seiya estavam passou a tremer, chacoalhar, e quando Atena em pedra à frente deles abriu os olhos tudo se iluminou e, quando voltaram a enxergar, estavam outra vez no Galeão de Atena. Geist brilhante com sua Armadura de Prata no meio do convés, Lunara e os tripulantes lutando contra uma tempestade. E com o retorno de Geist e a carranca de Atena na proa, tudo se acalmou milagrosamente.

E Geist caiu desmaiada no convés.

 

—/-

 

De pé no castelo de proa, Seiya e Lunara admiravam a carranca de Atena que havia surgido no madeirame do navio; onde antes apontava para o céu uma simples, mas bonita proa portentosa, agora a madeira parecia ter-se retorcido para dar forma à figura de Atena mitológica com os braços para trás, como se voasse pelo oceano. O Galeão de Atena havia retornado à sua verdadeira forma, uma vez que ressoou de maneira definitiva com o Sétimo Sentido de sua Capitã, Geist de Argo. Aquele era o mesmo e famoso navio da antiguidade e agora os levaria em segurança para onde quisessem.

Às costas de Seiya e Lunara surgiram finalmente June e a Capitã Geist, ainda trajando sua Armadura de Prata por debaixo do sobretudo de Capitã.

— Está melhor, Capitã? — perguntou a pequena.

Ela apenas assentiu e juntou-se a eles olhando para o oceano que venciam velozmente adiante e a caminho de Asgard.

— O Seiya me contou que foram transportados para outro lugar. — observou a pequena.

Geist olhou para o garoto e então para June.

— Saga quis nos mostrar as ameaças que nos esperam no futuro. — falou Seiya.

— O que era aquela voz? — perguntou June.

— Um Deus. — respondeu Geist, atraindo a atenção deles. — Não, muito pior do que isso. Um Deus esquecido.

— Esquecido? — perguntou Seiya, um pouco confuso.

— Sim. Os Deuses são imortais. — começou Geist a falar, de maneira séria. — Mas a Terra mudou. As crianças, como ele bem disse, mudaram.

Geist de Argo então respirou fundo, deixando a brisa bater contra o seu rosto.

— Ele queria ser adorado. — lembrou-se Seiya daquelas palavras profundas.

— Um Deus esquecido é apenas uma lembrança. E um Deus não pode sobreviver como uma lembrança. Os Deuses da antiguidade precisavam de amor, de admiração, adoração. De sacrifícios e rituais. Assim como nós precisamos nos alimentar todos os dias.

— E se recusarmos... — ponderou June.

— Então talvez o pior possa vir a acontecer. — considerou Geist.

Seiya olhou para o infinito do mar lembrando-se da loucura de Saga, pois então o seu medo talvez não fosse injustificável, se estava no futuro deles lutar contra a fúria de Deuses como aquele. Mas então aquela missão não era justamente para selar Poseidon, talvez um dos grandes Deuses da antiguidade? E não lutavam eles ao lado de Atena, enquanto preparavam-se para uma Guerra Santa contra o Deus do Submundo, Hades?

Deuses e crianças, lembrou-se ele do dia em que Saori revelou-se para eles. 

— Saga talvez tenha razão de que não estamos preparados para enfrentar um Deus como aquele.

— Somos Cavaleiros de Atena. — lembrou-se June. — Teremos de lutar ainda que seja contra um Deus como aquele.

E calados olharam para o Oceano que, aos poucos, os enregelava os ossos quando o vento era mais polar do que o normal. O Galeão rumava ao seu destino final, enquanto Seiya ponderava sobre o que os aguardava realmente naquele futuro distante. Por ora, não poderia permitir que o temor de um Deus esquecido o fizesse esquecer do que precisava fazer dali a poucos dias.

 

—/-

 

Na Colina das Estrelas, Nicol caminhava de um lado para outro com um temor terrível plantado em sua mente; sua boca balbuciava coisas inaudíveis. Ele deixou dois livros em cima de uma mesa naquela câmara principal do Templo e debruçou-se sobre a bacia de Prata formada por sua Armadura de Taça. Ele procurava enxergar na sua água cristalina a resposta para seus anseios.

— Diga-me! Conta-me os segredos que preciso saber. Ajuda-me, Armadura de Prata!

Mas a água cristalina parecia dar-lhe sempre a mesma resposta. Uma colina. Muitas estrelas.

— Eu já estou aqui! — vociferou ele, deixando a bacia de lado e surgindo para fora do Templo falando consigo mesmo. — A resposta está aqui na Colina das Estrelas e é aqui que estou.

Ele ajoelhou-se na pedra do Templo e pediu para o céu uma resposta.

— As estrelas… — adivinhou ele, finalmente.

Aquele era o Templo onde os Pontífices liam a conjuntura da vida e do universo de acordo com o movimento das estrelas; a astromancia precisa dos antigos Papas do Santuário eram suas principais características, enquanto aos Cavaleiros de Taça estava sempre incumbida a tarefa de verificar e rever as leituras de seu Pontífice. Nunca se ouviu falar de um Cavaleiro de Taça que também pudesse ler o movimento das estrelas, mas não seria nenhum absurdo.

O Cavaleiro de Taça colocou-se outra vez de pé com os olhos fixos nas estrelas que em nenhum outro lugar brilhavam mais fortemente. Entre todas elas, Nicol teve a certeza de que havia uma que brilhava mais fortemente, destacando-se. 

— A Estrela do Norte. — adivinhou ele, sendo arrepiado por um calafrio.

Seus piores temores aos poucos iam se concretizando, mas havia algo que o amedrontava ainda mais. Justamente aquilo que seu coração congelou ao deparar-se em um caderno tão curioso da coleção do antigo Papa Sião.

— Quem é o Cavaleiro de Gêmeos? Quem é Saga? — perguntou para si. — Digam-me, Estrelas do Céu, quem é Gêmeos? Essa é a resposta que eu preciso!

Mas as estrelas não responderam a ele, ainda que a Armadura de Taça teimasse em lhe dar sempre a mesma resposta para aquela pergunta: Colina das Estrelas. Mas as estrelas daquela colina não lhe diriam nada.

— Me respondam! — bradou ele para o ar, finalmente caindo de joelhos na beira do precipício daquela colina.

Ofegante, ele colocou as mãos na areia que juntava-se nas pedras daquele Templo e então olhou para a escuridão do precipício, tão escuro quanto o tapete noturno em que as estrelas brilhavam feito joias. E, por um instante, aquele precipício era tão profundo quanto a imensidão do universo acima de sua cabeça; ele olhou novamente para cima e sentiu-se minúsculo. Olhou outra vez para o fundo do abismo abaixo dele e igualmente sentiu-se apenas um grão de areia.

Pois aquele abismo era mesmo profundo tal qual a distância das estrelas.

— A resposta…

Ele então finalmente compreendeu.

— As vozes da montanha…

E levantou-se, revigorado.

— Vozes da Montanha, eu os convoco. Falem comigo! — bradou ele, ecoando por toda a região. — Quem é o Cavaleiro de Gêmeos?

E se as Estrelas da Colina não responderam a ele com seu brilho fugaz, a Montanha roncou e uma voz cacófona finalmente levantou-se do abismo.

— Gêmeos.

O coração de Nicol acelerou em seu peito ao perceber que alguém o escutava.

— Sim, o Cavaleiro de Gêmeos. Quem é ele? Quem é Saga?

E a voz profunda e rouca novamente o respondeu lentamente, como se arrastasse as pedras da montanha para falar.

— Gêmeos.

— Droga, eu sei. É sobre isso que eu pergunto. Diga-me sobre Gêmeos. Quem é ele!?

Mas a voz parecia ter uma única resposta.

— Gêmeo.

A ansiedade de Nicol o fez concluir que as Vozes da Montanha apenas repetiriam infinitamente sua própria pergunta contra ele, sem lhe ajudar com absolutamente nada, deixando-o perdido em seus devaneios e dúvidas. Mas então, quando virou-se para voltar ao Templo, aquela profunda resposta finalmente pareceu encontrar significado em seu coração. Um coração petrificado de medo.

— Gêmeos. 

Ele correu para dentro do Templo.

— Gêmeos. — repetia para si.

Abriu as páginas do Tomo Atlante e comparou a caligrafia em vermelho de Saga com suas assinaturas e recados no caderno simples do Pontífice Sião. Não era a mesma. E aquilo havia comido o peito de Nicol de ansiedade logo que suspeitou, pois se não ele, quem mais poderia ser? Pois agora tinha absoluta certeza. Sabia agora quem era o Cavaleiro de Gêmeos.

— Por Atena… — falou sua voz trêmula na escuridão ao ler, talvez pela primeira vez de verdade, aquela anotação em vermelho no Tomo Atlante. — Asgard. Eu os enviei a uma terrível armadilha.

E apressou-se para retornar o quanto antes e alertar Mayura e todo o Santuário, mas ao tomar o lado de fora em direção do Portal da Coruja, Nicol viu com o canto dos olhos que não estava sozinho. E, em uma fração de segundo, não estava mais vivo, trespassado por uma lâmina afiada por um atacante no escuro.

— Gêmeos… — balbuciou ele sua última palavra antes de sumir dali para outra dimensão.

Entre as geleiras do norte, o Galeão de Atena lentamente navegava evitando os blocos de gelo que se despregavam do continente milenar. Lunara usava o casaco de peles que Seiya havia ganhado de presente de Hyoga para afastar o frio que já arrasava aquele ponto do Mundo. Hyoga, um amigo que Seiya tão ansiosamente esperava reencontrar naquele porto, que seria o último antes que retornassem para o Santuário.

Pouco mais de um mês desde sua partida, aquela tripulação enfrentou seus medos, suas dificuldades e encontraram-se cada um no marujo do lado. Geist estava confiante e não mais duvidava de suas escolhas como Capitã; June tinha um breve sorriso no rosto, orgulhosa deles todos terem chegado até ali; Seiya sentia-se parte de uma importante história de Atena, enquanto Lunara sabia que havia encontrado sua família.

A única ausência que fazia silêncio ainda em seus corações era a partida sentida do Capitão Kaire para a eternidade. Pois ali estavam eles para finalmente terminar com a missão que havia se iniciado com aquele enorme homem.

"Diário de bordo, entrada final: chegamos à Asgard."


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Capítulo Final do Arco dos Sete Mares; passamos por tantos lugares legais e agora finalmente iremos para Asgard. A ideia da tripulação ser enviada ao futuro para ver o que os espera, veio de um dos melhores episódios de Star Trek. E combinou perfeitamente para mostrar um Deus Esquecido, que poderia ser uma das grandes ameaças que levou Saga a fazer o que fez (que também é basado em outro episódio de Star Trek). Já que ele provavelmente saberia sobre isso. Quem é esse Deus Esquecido? Saberemos no futuro, talvez. Mas eu quis brincar com a ideia do filme de Abel, em que Abel foi exilado da memória de todos. Sobre Geist de Argo: a ideia do barco ser o barco original de Argo veio da minha revisora em português, e encaixou perfeitamente no conceito da Geist. Já que originalmente ela conjura ilusões, eu criei esse poder dela também sempre poder sair de ilusões, pois o Argo sempre a levaria par ao destino certo. Chegou ao fim o destino de Nicol, que foi um personagem muito legal de escrever, fio-condutor dessa trama do Tomo de Atlantis e tudo o mais. E vamos à Asgard.

PRÓXIMO CAPÍTULO: ASGARD, O REINO DO NORTE

Distante no Norte da Europa está um lugar esquecido, suportando o mais rigoroso inverno dos últimos tempos. Um lugar mitológico e cheio de histórias, mas que homens e mulheres sofrem terrivelmente.



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