Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 76
A Ilha dos Pequenos


Notas iniciais do capítulo

Logo nos primeiros dias de viagem, Seiya e a pequena Lunara, pouco acostumados ao alto-mar, caem doentes na enfermaria e o Capitão Kaire e June discordam sobre a escolha da tripulação quando precisam investigar uma misteriosa ilha.



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"Diário de bordo, terceiro dia de viagem. Em rota para a costa da África. A tripulação está se saindo muito bem. E quanto aos jovens alferes Seiya e Lunara, ambos têm desempenhado seus papéis perfeitamente, bem como foram capazes de decorar todo o dialeto marítimo. O que não foi possível ensinar a eles, no entanto, foi que a vida vida em alto-mar pode ser complicada. E é como dizem: mar calmo não faz bom marinheiro. A oficial-médica June têm tido muito trabalho com eles."

Lunara gemia de vertigem e de dor no estômago, assim como Seiya, que também não estava muito melhor na enfermagem do navio. Os dois enjoadíssimos do constante e inabalável balanço do oceano; estavam desidratados e muito fracos naquela segunda noite em alto-mar.

Além dos quatro escolhidos a dedo pelo Capitão Kaire para desempenhar aquelas importantes funções e estar ao seu lado no tombadilho e na ponte de comando, o Galeão de Atena tinha ainda meia-dúzia de marinheiros de Rodório que sentiam-se absolutamente orgulhosos de servir em um navio tão prestigioso e em uma missão tão importante.

Na cabine do Capitão, no entanto, uma reunião emergencial foi convocada pelo próprio em que reportaram apenas a imediato Geist e a oficial-médica June. Os três trajando seus bonitos sobretudos escuros, embora o do Capitão Kaire fosse azul marinho com detalhes em dourado, enquanto o de Geist tinha detalhes em vermelho e o de June em azul-claro.

— Como estão os dois alferes, Camaleão?

— Ainda mal, como já era esperado. — começou ela, um pouco aborrecida. — Eles passaram a noite toda com muita febre, mas agora de manhã já dão alguns sinais de melhora.

— Você parece estar bem. — argumentou Geist, olhando para ela.

— Fiz meu treinamento de Cavaleira em uma Ilha no Oceano Índico e não era raro nosso Mestre nos levava ao alto-mar para treinamentos específicos. Me acostumei com o mar.

— Eu preciso da minha navegadora e do meu timoneiro, doutora. — falou o capitão.

— Estou fazendo tudo que eu posso. Eles precisam repor o que colocaram pra fora, mas na condição que estão eles não conseguem comer nada. — retrucou ela. — Eu gostaria de reiterar a minha preocupação em ter escolhido aqueles dois para uma missão como essa. Eles não têm experiência nenhuma em alto-mar.

Geist imediatamente olhou para ela, um pouco surpresa por sua coragem.

— Já deixou a sua preocupação muito clara quando deixamos o porto do Santuário. O que eu preciso agora é que eles estejam aptos para exercer suas funções.

— Isso é um erro!

— Camaleão, este é o Capitão a quem se dirige.

— Não há problemas, imediata. — contemporizou o Capitão Kaire e virou-se para June com os olhos resolutos. — Já colocou pra fora o que queria falar?

— Nem comecei.

— Pois trate de terminar, pois temos sete mares para conquistar. Sete Mares. — repetiu ele, antes que ela falasse qualquer outra coisa. — Retorne à enfermaria e me atualize sobre a condição dos dois dentro da hora. Geist, tome o posto no Cesto da Gávea e desça com as observações necessárias. Trabalharemos eu e você no leme. Dispensadas.

O final daquela tensa reunião, no entanto, foi interrompida pela voz de um dos marinheiros a plenos pulmões do lado de fora.

— Terra à vista! — anunciou o marujo.

Os três levantaram-se imediatamente e saíram para o convés; Geist debruçou-se no parapeito do navio e observou uma pequena ilha no horizonte, no meio do Mar Egeu e distante de qualquer costa. Kaire e June juntaram-se à ela no parapeito.

— Esta ilha não consta na Carta Náutica. — ponderou Geist.

— Recomendações, imediato? — perguntou Kaire.

— Sugiro deixá-la onde ela está e seguirmos viagem ao Canal de Suez.

— De acordo, imediata. — concordou o Capitão Kaire, mas antes de dar a ordem ao resto dos marujos, June de Camaleão colocou-se diante dele novamente.

— Se vamos mesmo continuar com essa viagem, precisamos repor nossos estoques, pois aqueles dois precisam de ajuda e sequer chegamos ao primeiro Oceano. Essa ilha pode ser uma boa oportunidade para isso.

Meko olhou de June para Geist ao seu lado e ela não pareceu lhe fazer nenhuma objeção.

— Muito bem. — respondeu ele, muito sério e virou-se para Geist. — Ordene que as âncoras sejam lançadas ao mar e que o barco auxiliar esteja pronto. — e então olhou para June. — Dez minutos e partiremos. Geist, você tem o comando.

— Sim, senhor. — concordou ela, partindo entre os marinheiros para certificar-se de que tudo fosse cumprido.

June desceu também as escadas de volta para a enfermaria, onde encontrou Lunara gemendo de náusea, levemente acordada. Ela limpou o suor do rosto da menina e tirou um bule de cima de uma boca de fogão improvisada onde esquentava uma infusão de ervas; serviu uma caneca e obrigou a garota a beber.

— Ai, Jujune. — começou ela, pois era assim que lhe chamava. — Bem que você falou que eu ia vomitar um monte.

— Logo estará melhor, Luna.

— E o Seiya? — perguntou ela.

— Tô aqui, Lunara. — respondeu ele da outra cama, ainda muito tonto. — Tá vendo, você tá assim porque me envenenou lá no vale.

— Ai, Seiya, desculpa. — pediu ela, mas ele experimentou dar um pouco de risada.

— Tome você também, Seiya. — ofereceu June o chá terrível para o garoto.

— Que horror.

— Você pode ficar aí com a cabeça girando se preferir. — tornou ela, e ele terminou de beber tudo.

— Parece que meu destino é ficar numa cama de hospital. — resmungou ele.

— Logo estará de pé. — assegurou June.

— Onde você vai? — perguntou Lunara antes dela sair.

— Iremos buscar mais comida e remédio em uma ilha que avistamos perto daqui. Não devemos nos demorar. E vocês descansem enquanto estivermos fora. — respondeu ela, saindo daquela ala e juntando em uma mochila algumas coisas de que precisava naquela empreitada.

Seus ouvidos atentos, no entanto, ainda ouviram como Seiya e Lunara continuaram conversando.

— Você tá se sentindo melhor, Seiya? — perguntou a pequena.

— Melhor que ontem. E você?

— Eu também. A June é ótima, né.

— Ela é. Ela cuidou de todos nós por vários dias.

— Ela disse que é só no começo, logo a gente acostuma com o mar. — falou a pequena Lunara, mas ele não respondeu.

Ela brincou com as mãozinhas tampando a luz de um candeeiro suspenso no teto antes de perguntar novamente para o garoto convalecido.

— Seiya, você gosta do mar?

 

A pequena Lunara era terrivelmente curiosa, como Seiya veio a descobrir logo naqueles dois primeiros dias, mas ele pensou que aquela era mesmo uma das primeiras vezes que ele navegava, mas não era raro que ficasse no alto dos rochedos da Grécia olhando para o mar.

— Eu gosto de olhar.

— Olhar é legal. — comentou a pequena. — Seiya, a June me contou que você tem uma irmã, é verdade?

Seiya amuou-se ligeiramente, mas respondeu da melhor forma que pôde.

— Sim, é verdade.

— A Mestre Ikki também tem um irmão. — considerou a pequena. — Ela veio me dar boa sorte antes da viagem.

— A Ikki foi te ver? — perguntou Seiya, e Lunara lhe confirmou rapidamente. — Mas que chata, a gente não vê ela faz dias.

— Seiya, você acha que se eu pedir pra Mestre Ikki, ela deixa eu ser irmã dela também?

O garoto não deixou de achar engraçado a pergunta absurda de Lunara e deixou escapar uma risada sua, mas antes que pudesse responder, a pequena Lunara continuou falando.

— O chato do Kiki não quer ser meu irmão. Eu queria ter alguém.

— Ué, baixinha. — chamou Seiya. — Você tem a gente agora.

E viu um pequeno sorriso no rosto de Lunara se abrir antes que ela voltasse a brincar com suas mãos contra aquela luz. June finalmente terminou de arrumar suas coisas para encontrar-se com o Capitão e saiu da enfermaria para o tombadilho.

 

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Se Saori não conseguiu incluir a poderosa frota da Fundação Graad naquela expedição divina, ela certamente tentou, durante toda a semana de preparação, introduzir avanços modernos para auxiliar a tripulação em uma negociata ferrenha com o Capitão Kaire. Os uniformes foram um bate-pé enorme entre o Capitão e a alferes-navegadora Lunara, que exigiu os bonitos sobretudos com a insígnia dourada em troca de sua pequena presença; ela também levou um tocador de música escondido no sobretudo. Um comunicador por rádio na cabine principal o próprio Capitão Kaire julgou uma boa escolha, mas o motor no barco auxiliar foi preciso muita conversa entre eles. Que na verdade foi uma derrota de Saori, pois o plano inicial era instalar um reator nuclear no Galeão para que fosse mais rápido aos seus destinos, mas ela acabou concordando em apenas um motor silencioso, mas veloz no barco auxiliar. O Capitão Kaire era mesmo muito caprichoso.

— O barco movido pelo Cosmo de Atena e a própria Deusa querendo colocar um reator nuclear. Com o devido respeito e que ela não me ouça. — resmungou sozinho Meko certa noite.

Pois no veloz barco auxiliar, que era menor e talvez desse lugar a quatro ou cinco pessoas apenas, partiram o Capitão Kaire no leme e June de Camaleão sentada às suas costas. Ambos usando um cordão precioso ao redor do pescoço que havia sido um presente único e especial de Mu de Áries e Shaka de Virgem, que reduziram a enorme Urna que guardavam as Armaduras Sagradas para pedras preciosas que ativariam e protegeriam seus corpos quando fossem acionadas por seus cosmos, dando assim uma oportunidade de atuarem entre os comuns se fosse necessário.

— Eu acredito em você, June. — começou Meko, de costas para ela. — Sei que eles ficarão bem.

— Eu ainda não consigo acreditar que não havia ninguém mais preparado que pudesse ser escolhido. — falou June, pela enésima vez. — Lunara é uma criança, e mesmo Seiya, por mais que tenha lutado tanto, não passa de um garoto. Um garoto que eu vi sofrer noite após noite naquele casebre de Rodório, ligado a oxigênio e um tanto de soro para que pudesse ter uma chance de viver.

O Capitão nada lhe responde.

— E não foram poucas as vezes que ele falava o nome da irmã enquanto delirava ligado aos tubos. Seika. O Shun me disse que ele estava pronto para partir de Rodório para ir atrás dela, pois se diz que eles se separaram quando eram ainda crianças e ela foi atrás dele na Grécia. — ela falava, mas o Capitão apenas navegava. — Ele parece triste por conta isso.

O Capitão colocou o olho na luneta de ouro e percebeu entre coqueirais e alguns pequenos montes que algumas construções pareciam se levantar.

— Parece que a ilha é habitada. — disse ele, oferecendo a luneta para June.

Ela escondeu a vontade de dar-lhe na cara ali mesmo e olhou pela luneta de ouro. Era verdade, algumas construções baixas pareciam mesmo se erguer.

Chegaram à uma praia onde desceram no raso do mar para puxar o barco auxiliar até que atolasse na areia e, com uma corda enorme, o Capitão prendeu-o a um tronco de árvore próximo.

— Não escuto nada. — observou June olhando distante.

— A ilha não parece muito grande, deve ser um posto pesqueiro com alguns mercadores. Vamos dar uma olhada.

Ao subirem por um breve rochedo, logo viram-se nas ruas de um antigo vilarejo completamente abandonado. As ruas tomadas pela vegetação, algumas construções ainda de pé, outras em ruínas, caixotes, sacos e andaimes quebrados, muita vidraçaria espalhada; o cenário era desolador e completamente abandonado. A arquitetura do que pareciam ser lojas de um antigo porto de passagem tinha letreiros antigos e muito entortados nas fachadas, bem como alguns espalhados pela rua.

O Capitão Kaire caminhou pela rua deserta olhando as fachadas e procurando qualquer alma viva. June, por outro lado, procurava nas vitrines alguma indicação de uma mercearia ou botica para encher a grande bolsa que trazia para levar o que fosse útil de volta ao barco.

— É como se tivesse parado no tempo. — comentou o Capitão.

— Onde estão todos?

— Deve ser um posto abandonado há muito tempo, desde que as rotas marítimas deixaram de passar por aqui.

Caminharam juntos para o que parecia ser uma praça central, onde havia um monturo de entulho com um tanto de coisas abandonadas em uma grande pilha de destroços. Enquanto caminhavam desavisados, haviam olhos que os observavam de janelas e portas entreabertas. Na base dessa pilha de entulhos, havia um curioso triciclo azul que não parecia tão velho quanto as coisas ao redor; o Capitão Kaire ajoelhou-se e observou que suas rodas ainda funcionavam, bem como o sino ainda soava claramente. Deixou o brinquedo junto ao entulho quando tiveram sua atenção interrompida pelos gritos roucos de alguém às suas costas.

— É meu! Tire as mãos dele. Esse é meu. — repetia um senhorzinho muito, mas muito velhinho com sua voz já rouca e muito falha. 

Seus passos eram trôpegos, mas ele avançou com certa velocidade até a dupla. Assustada, June afastou-se e o senhorzinho muito pequeno, frágil, colocou-se em cima do triciclo, abraçando-o e resmungando.

— Alguém quebrou ele. — disse com suas mãos muito frágeis tocando no guidão, no banco de couro rasgado. — Por favor, consertem, podem consertar? — perguntou ele, choroso.

Enquanto repetia o pedido, sua voz foi tornando-se mais e mais falha, enquanto alisava o triciclo azul; ele o abraçou sentado no chão e June notou como seu corpo apoiou-se sutilmente contra o monturo de entulho e ele simplesmente pareceu adormecer. Sua voz se calou e June olhou para Meko, que tinha a sobrancelha franzida de confusão. Ele olhou ao redor daquela praça e não havia mais ninguém além daquele mirrado senhor.

June, por sua vez, ajoelhou-se ao lado do senhorzinho e pegou em sua mão.

— Ele… ele está morto. — anunciou ela, notando a falta de pulso.

E também se levantou absolutamente confusa com o que poderia ter acontecido; Meko também ajoelhou-se, como se para certificar do que estava acontecendo e, à face daquele choque, June sequer sentiu-se ofendida com o Capitão duvidando de seu diagnóstico. Pois ela estava certa: o velho estava mesmo morto.

— Mas que diabo… — falou ele para si.

Ambos confusos naquela praça central abandonada onde não parecia ter qualquer outra alma viva, quando finalmente escutaram claramente o som de muitos passos dentro de alguma daquelas construções arruinadas.

—  Não estamos sozinhos, June. Fique atenta.

Uma porta rangeu à esquerda deles e o Capitão pediu que ela o acompanhasse; os dois correram na direção do barulho e viram-se dentro do que parecia ser uma antiga estalagem abandonada, com seu saguão de entrada destruído, quadros antigos no chão, outros arrasados na parede, uma escada para o segundo andar colapsada, os tapetes carcomidos e muito entulho espalhado por todo o lugar. Além daquele lugar parecer abandonado, ele também parecia pilhado e arrasado.

Atentos e na ponta dos pés, o Capitão e sua médica escutaram um barulho atrás de uma porta próxima. Agora já podiam ter toda certeza do mundo: alguém se escondia por trás daquele cômodo. Meko e June colocaram-se cada um de um lado da porta; ela olhou para seu Capitão e ele pediu que esperasse.

— Saia. Não vamos lhe fazer mal algum. — pediu ele em voz alta para quem quer que estivesse escondido.

Não houve resposta; os dois se entreolharam e decidiram abrir o cômodo juntos, colocando-se em guarda para enfrentar quem quer que estivesse ali dentro. Mas os olhos que os encararam de volta eram de um garoto pouco mais jovem do que June, que tinha o rosto inchado, lágrimas nos olhos e a voz trêmula.

— Por favor, não me machuquem.

 

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O garoto escondido dentro de uma chapelaria antiga tremia de medo dos dois, principalmente do Capitão Kaire, que por mais de uma vez lhe jurou que não lhe faria mal. Ao lado de June, ele parecia mais tranquilo, mas ainda assim soluçava e gaguejava; a garota tentou compreender se ele estava ali sozinho, onde estavam todas as pessoas, mas ele parecia um tanto assustado para responder.

June ajoelhou-se diante do menino, que buscava evitar os olhos dela e do Capitão, e buscou acalmá-lo.

— Não vamos lhe fazer mal. — jurava ela.

— Machucaram Trítos. — falou ele com a fala curiosa.

— Não fomos nós. — lamentou Kaire. — Infelizmente ele… Infelizmente o encontramos daquele jeito.

— Ele era seu avô? — perguntou June.

— Não. Meu amigo. Brincava junto. — respondeu o menino, que àquela altura June teve certeza que não havia sido devidamente educado, pois sua fala era um pouco embolada.

O garoto tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Medo dos altos. Queimando, gritando, machucando. — falou o menino entre soluços, em um idioma arranhado, mas familiar tanto para ela como para o Capitão.

— Nós não fazemos isso. — falou Meko para ele.

— Não vai machucar? — perguntou ele.

— Claro que não, nunca. — assegurou o Capitão Kaire. — Estamos aqui para ajudar.

Suas palavras atraíram a atenção de June, que olhou-o e encontrou o Cavaleiro de Prata muito severo e realmente preocupado com o menino.

— Os altos não ajudam.

— Nós iremos ajudar. — repetiu June.

— O que aconteceu aqui? — perguntou finalmente o Capitão Kaire, também ajoelhando-se diante do menino. — Onde estão todos?

— Quem são os altos? — perguntou June para ele.

— Vocês são. — respondeu o menino. — Quando os pequenos ficam velhos.

— Os adultos desse lugar fazem coisas ruins? — tentou ela.

— Antes. Ficaram doentes no tempo de antes. Nós escondemos e então eles sumiram.

— Sabe para onde foram? — perguntou o Capitão, mas June puxou a barra do sobretudo de Meko, olhando-o profundamente.

Haviam morrido, adivinhou ela.

— Essas coisas ruins não te afetaram? — perguntou ela.

— Claro que não, estamos aqui ainda.

— Outros como você? — perguntou o Capitão Kaire. — Quantos mais?

— Todos que há.

June e Kaire entreolharam-se: havia provavelmente mais crianças como ele espalhadas naquele lugar; o Capitão se levantou e June sentou-se ao lado do menino. Com calma, Meko saiu daquela estalagem de volta para a rua enquanto June cuidaria daquela criança apavorada.

— Qual seu nome? — começou ela.

— Tau. — respondeu ele.

— É um bonito nome. — disse ela. — Eu sou June. Vamos ajudar você e seus amigos. Fique tranquilo.

— Cuidado. — falou ele com o olhar preocupado, despertando a curiosidade de June. — Já é quase alta. Ele vai chamar por você.

 

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O Capitão Kaire saiu daquela estalagem destruída para as ruas abandonadas daquele posto portuário, olhou ao redor sem ver qualquer pessoa, como era de costume. Mas então já sabia que ali haviam outras crianças; caminhou e aos poucos escutou algumas risadinhas de longe, sempre de direções diferentes e claramente orquestradas para confundí-lo. E sempre que se aproximava, escutava passos que corriam e corriam, sempre fugindo dele.

Conforme seguia aquelas risadas, Meko viu-se afastar-se da estalagem e chegar até uma taberna antiga e totalmente arruinada e abandonada, ainda mais destruída do que as outras poucas construções baixas daquele posto esquecido. A entrada estava escancarada, pois as portas duplas estavam no chão; e, por algum motivo, olhar o breu dentro daquela taberna deixou Meko desconcertado.

Olhou para trás e viu ali pelo menos uma dúzia de crianças menores que Tau e todas usando roupas que não lhes cabiam; mas, ao se verem flagradas pelo Cavaleiro de Prata, fugiram todas feito pequenos ratinhos pela ilha. O Capitão Kaire perseguiu ao menos um grupo de menores e os alcançou em uma mercearia cheia de comida e ervas frescas, para surpresa do Capitão.

Ali, aos poucos, ele finalmente viu surgir ao menos onze meninos e meninas que eram aqueles que passavam rindo pela cidade, despistando-o. Entre eles havia uma garota mais velha, próxima da idade do garoto assustado, Tau; por sua postura, bem como a das outras crianças, ficou muito claro para o Capitão Kaire que era ela quem cuidava deles como podia.

— Vamos brincar? — falou um pequenino do fundo, sentado em cima de um caixote.

— Agora não, Kas. — falou a garota.

— Mas ele não tem muito tempo. — retrucou o garotinho, e ela tornou a pedir que ficasse calado.

— Nos devolva o Tau! — pediu ela para Meko.

— Nós não o pegamos. Apenas o encontramos na estalagem. — falou Meko.

— Você mente! Você é alto. — falou outra criança do fundo.

— Não estou mentindo, ele está bem, mas está preocupado com todos vocês.

— Deveria estar preocupado com você. — falou a garota, finalmente.

O Capitão Kaire olhou melhor para a garota, o rosto sujo e o cabelo mal cortado.

— Qual seu nome? — perguntou o Capitão, mas um menininho interrompeu.

— O homem da água vai te pegar.

— Água, água! O Homem da Água. — cantarolaram algumas crianças ao redor dele.

A mãozinha do garoto apontou pela janela de vidro suja para a porta aberta da taverna do outro lado da rua. O Capitão Kaire lembrou-se do mau agouro que sentiu ao olhar para aquela abertura e ponderou sobre o que aquilo poderia significar.

— Quem são vocês? Por que estão aqui?

— Nosso barco afundou. — explicou a garota naquele idioma rudimentar.

— O barco do mar. — completou muito inocentemente um garotinho ao seu lado.

— Você nem se lembra, Qui, era um uém ainda. — comentou outro garoto ao seu lado.

— Fiquem quietos. — pediu a garota.

— Qual seu nome? — perguntou o Capitão Kaire novamente para ela.

— Me chamo Miri.

— Diga-me, Miri, o que aconteceu com os altos que antes gritavam e quebravam as coisas?

— Sumiram todos ao buscarem água, depois de adoeceram como loucos.

— O que é esse homem da água?

As crianças estremeceram e o Capitão Kaire buscou os olhos da garota, que parecia muito triste.

— Temos sede. O homem da água nos dá água.

— É um homem muito mau. Não gostamos dele.

— Quando ficamos altos, ele nos faz ir até lá buscar água.

— Ele pinta os nossos cabelos de branco! — falou uma menininha perto da perna direita do Capitão.

— Quem sai do homem da água, sai velho.

O Capitão Kaire então olhou para a taberna mesmerizado, sem compreender o que poderia significar tudo aquilo, mas então viu pela vidraça suja que June de Camaleão lentamente se dirigia para aquele lugar. As crianças se ajuntaram na vidraça e o Capitão tornou-se preocupado, quando ouviram todos a porta novamente abrir e o garoto Tau reaparecer.

— O homem da água está chamando por ela. — anunciou ele. — Ela é alta.

— O homem das águas. — exclamaram as crianças.

— Tau, onde está Trítos? — perguntou Miri.

O garoto chorou e não respondeu.

E nem precisava mais, pois o Capitão Kaire compreendeu que Trítos era o senhor que havia morrido ao lado de seu triciclo. Pois então June de Camaleão corria perigo; ele pediu que as crianças não saíssem dali por nada, e ele mesmo abriu a porta e os olhos jovens viram-no correr na direção da taverna em que June já havia entrado.

 

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Debaixo de um calor escaldante na planície pedregosa de uma ilha, uma dúzia de jovens organizados em círculo observava no centro duas figuras lutando ferozmente com o uso de algumas correntes. Claramente, no entanto, um dos jovens negava-se a atacar, limitando-se a se defender como podia de um garoto muito empenhado em atacar. Pois quem atacava parecia mais focado do que quem se defendia, e Shun foi ao chão sendo pisado sem piedade alguma por seu oponente.

— Já chega, Reda!

June saiu de onde estavam os demais aspirantes a Cavaleiros e jogou-se na frente dele para evitar que Shun sofresse ainda mais. Gritava por seu nome naquela tarde quente na Ilha de Andrômeda. Ele claramente não tinha condições para continuar, portanto ela virou-se para o Mestre Albiore, que treinava a todos, e pediu com firmeza:

— Mestre, ele não está mais aguentando. Ele vai morrer se isso continuar. Pare o treino por hoje.

A Ilha de Andrômeda, onde Shun e June haviam treinado, estava localizada no Oceano Índico, perto da costa da Somália. Dizem que ela se formou graças a uma erupção na antiga Etiópia. Durante o dia a temperatura passava dos cinquenta graus Celsius, enquanto a noite guardava temperaturas abaixo de zero. Um verdadeiro inferno. O solo era coberto por rocha e areia. Tanto o dia como a noite castigavam a vida que ali vivia.

Em uma cabana entre tantas outras rusticamente levantadas, June cuidava dos ferimentos de Shun, que era muito mais novo do que ela, que por toda sua vida morou naquela ilha auxiliando no treinamento dos aspirantes a Cavaleiros do Santuário. O menino finalmente acordou brevemente e ela foi até ele, de certo modo injuriada de descontentamento.

— Você tem que parar de fazer isso, Shun. — reclamou ela. — Eu sei que não gosta de lutar ou de machucar as pessoas, mas desse jeito você vai morrer.

— June… — começou ele, e então deixou escapar um suspiro longo. — Eu decidi desafiar o Sacrifício.

— Você está delirando, Shun. O Sacrifício? Seu idiota, sabe o quanto é assustador o Ritual do Sacrifício? — ela sabia, pois já viu muitos garotos quase morrerem tentando aquele delírio.

— Eu sei. Mas enquanto eu não tentar, eu não vou conseguir obter a Armadura de Andrômeda, June. — falou a voz doce do garoto. — Eu preciso tentar.

— É impossível, quer tanto assim morrer? — perguntou ela. — E além do mais, para participar do Ritual você primeiro tem de vencer o Reda e os outros.

 

Shun então olhou de sua cama para aquele teto furado para o céu.

— Farei o que puder. Eu juro. — tentou ele, mas June levantou-se, impaciente com a sua teimosia.

— Shun, você não foi feito para lutar. — começou ela. — Alguém como você jamais será um Cavaleiro, pois você é doce e bondoso demais. Eu sei que não vai conseguir machucar o Reda ou qualquer outra pessoa. Não poderá desafiar o Sacrifício.

Ele nada respondeu, e ela tentou ainda uma última vez.

— Desista disso e volte pra sua casa. Fique em paz, Shun. — buscou ela que, por aqueles anos em que auxiliava os aspirantes naquela ilha, nunca tinha visto alguém como ele. — Eu imploro.

O garoto então levantou-se da cama contra a vontade de sua cuidadora.

— June, eu já te disse muitas e muitas vezes. Jamais voltarei antes de me tornar um Cavaleiro, mesmo que isso custe a minha vida. É uma promessa que eu fiz.

Shun saiu da cabana para a noite gélida e June o observou do batente da porta enquanto ele olhava para o céu e pensava em sua irmã, que havia tomado o seu lugar em um local ainda mais tenebroso. Ainda que não pudesse ouvir seus pensamentos, ela sabia que ele fazia aquilo por algo a mais. Algo além dele.

Dali a outros dias, June viu Shun vencer Reda e todos os outros. Shun desafiar o Ritual do Sacrifício e separar o mar com seu Cosmo.

 

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O Cavaleiro de Cetus, ainda usando seu bonito e detalhado sobretudo, adentrou a escuridão da taberna e encontrou um bar completamente desfigurado, com entulho e garrafas destruídas em cacos espalhadas pelo chão. A bancada rachada ao meio e nenhum sinal de um chefe ou mesmo de June. O fundo da construção, no entanto, tinha um enorme alçapão escancarado para uma adega empoeirada de onde uma das paredes havia sido destruída para abrir um caminho dentro de uma caverna.

Meko sabia que o caminho era aquele para o que sem dúvidas só poderia ser uma grande armadilha. Ele pisou na pedra molhada, avançou por alguns metros, dobrou uma curva fechada dentro da escuridão e viu brilhar o Cosmo de June flutuando, como se algo invisível a sustentasse no ar. O Capitão Kaire gritou por seu nome e correu na sua direção, quando finalmente viu o dono do Cosmo que a mantinha em transe, pois dentro de um lago, com o braço estendido para June — que flutuava sobre a superfície da água —, estava um homem de peito nu acima da água.

— Não foi convocado. — falou sua voz profunda.

— Quem é você? — perguntou o Capitão Kaire.

— O homem das águas. — limitou-se ele a responder.

— Solte ela!

O Cosmo de Prata de Meko manifestou-se e ele abriu uma fenda no pequeno lago, afastando aquela figura do corpo de June, que o Capitão Kaire tomou nos braços e trouxe para si e fora do lago. Ela estava desacordada ainda. O Cavaleiro de Prata voltou sua atenção para o lago e viu a figura debater-se com agilidade e seu torso reaparecer com um sorriso no rosto. O que assombrou o corajoso Capitão naquela pouca luz foi um movimento ligeiro do que, sem dúvidas, era a cauda de um peixe.

— Um sereio. — balbuciou June, acordando aos poucos.

— Não. Muito pior. — adivinhou o Capitão Kaire. — Um telquine.

Dali ouviram um rosnar baixo e outra vez a voz grave lhes falou.

— Não são daqui.

— Imagino que você seja o responsável pelo destino das pessoas que moravam nesse lugar. — acusou o Capitão Kaire.

— Não eram pessoas, eram monstros. — respondeu o monstro, deixando sua cauda reaparecer por breves instantes.

— Estavam doentes e eu posso apostar que era feitiço de um telquine abandonado como você! — trucou o Capitão e o cão gargalhou.

— A violência dos homens é da sua própria natureza. Não estavam afetados por nada ou doentes de qualquer enfermidade. Eram o que eram. 

— E as crianças? — perguntou June. — Agora ocupa-se de sugar a vida de crianças indefesas? — perguntou ela firmemente, mas o homem no lago subterrâneo deu risada.

— Indefesas? São do mesmo sangue daqueles corsários terríveis, bandidos saqueadores e humanos humanos.

— São crianças! — vociferou o Capitão Kaire.

— Serão homens e mulheres igualmente desgraçados.

— Então os atrai aqui para lhes sugar a vitalidade pouco a pouco e prolongar a sua vida, é isso, telquine? Viver uma longa vida abandonado nesse lugar canibalizando crianças?

— Não só crianças. — falou a voz ferina na escuridão.

June notou como, ao seu lado, o Capitão Kaire pareceu paralisar de alguma forma; ela deu alguns passos para trás, pois ainda sentia-se muito zonza com o feitiço que a deixou em breve transe antes de ser salva; a caverna pouco a pouco iluminou-se com o cosmo daquele telquine, que levantava-se do pequeno lago em que estava. Seu peito ainda estava nu, mas agora o que ela antes jurava serem barbatanas ao final de uma cauda revelaram-se dessa vez uma proteção azulina e oceânica em duas fortes pernas. Era um Marina.

Ele estendeu um único braço coberto por sua proteção oceânica na direção da boca do Capitão Kaire, mas foi detido pelo chicote do Camelão de June.

— Não vou deixar.

O telquine a puxou com sua força e June deixou-se ser puxada para acertar uma joelhada terrível em seu estômago, jogando-o para longe na caverna. Ela estalou o chicote à sua direita e à sua esquerda, efetivamente quebrando a rocha daquela grota, e então acertou algumas estalactites que caíram sobre o corpo do inimigo, acertando seu braço e fazendo-o verter sangue no lago.

A interrupção de sua concentração pareceu tirar Meko de seu transe, que imediatamente inflamou seu cosmo de Prata, e June viu no seu único olho uma ira impressionante. Aquele inimigo não seria poupado, aquelas crianças não teriam morrido em vão.

Seu sobretudo abriu-se mostrando o pingente de prata que reluziu na Caverna e seu corpo foi revestido pela maravilhosa Armadura de Cetus; seu cosmo de prata iluminou toda a caverna e o telquine ferido pulou novamente para o lago tentando fugir. Sua cauda pontiaguda reapareceu e ele submergiu com rapidez, desaparecendo, mas o Cosmo de Meko Kaire abriu uma fenda no lago e sua voz soou com brutalidade na caverna.

— Força Explosiva de Cetus!

O lago convulsionou em suas águas e, de dentro dele, como se sugado por um tufão, o corpo do telquine reapareceu, sendo arremessado com violência contra o teto da caverna e espatifando-se de volta contra o lago. E quando ele reapareceu na superfície, claramente havia sido vencido, pois surgiu flutuando com o rosto voltado para a água.

Vencido e morto.

 

—/-

 

Ao saírem juntos da taberna destruída, o Capitão Kaire ajudava June a caminhar e, assim que ganharam a luz do sol, perceberam que todas as crianças da ilha estavam ali para recebê-los. E assim que os viram, iniciaram uma enorme festa e algazarra, dançando uma enorme ciranda ao redor dos dois. O Capitão Kaire deixou escapar um sorriso e olhou para June, buscando seus olhos. Sua fala foi firme e confiante.

— É por isso que estamos fazendo isso. — falou ele, apontando para as crianças todas felizes e cantantes. — É por isso que vamos cruzar os Sete Mares e selar Poseidon.

— Capitão…

Ele olhou novamente para aquelas crianças e voltou a encarar June.

— Eu entendo sua preocupação, mas não pense nem por um segundo que eu sou insensível aos dois. Aquele garoto e aquela menina sofrendo em sua enfermaria estão sempre em meus pensamentos também, pois fui eu que os escolhi para esta missão.

Ela o olhou e encontrou um Capitão firme de suas convicções.

— Eu não poderia recrutar os Cavaleiros de Ouro ou sequer os Cavaleiros de Prata, mas, ainda que pudesse, não chamaria ninguém diferente. — continuou ele. — Não há ninguém tão talentoso quanto essa menina. Essa não é uma embarcação comum e nela precisamos de marujos incomuns. E quanto a Seiya...

Ele olhou fundo nos olhos de June e seguiu falando com um sorriso que aos poucos ia se abrindo em seu rosto, como quem estivesse coberto de orgulho.

— Se pudesse ver a determinação com que esse rapaz se levantou contra três Cavaleiros de Prata para salvar sua mestre. Se pudesse sentir a força do Cosmo desse garoto. Se pudesse escutar as histórias que Marin contou sobre ele. Esse garoto levantou o Escudo da Justiça e salvou Atena na batalha das Doze Casas. Nossa viagem está além do mar e ele é capaz de operar milagres impossíveis. — se o Capitão era Kaire, Meko tinha em seu timoneiro talvez sua maior fonte de inspiração. — Eu quero e preciso desses milagres ao nosso lado, June.

E então mostrou os rostos felizes das crianças que dançavam.

— Pra que eles possam dançar. 

June finalmente deixou escapar um sorriso em seu rosto. Fosse como fosse, já estavam fundo no Mar Egeu e não havia mais retorno; aquela seria mesmo a tripulação da viagem e restaria à June rezar e dar o melhor de si para que não só Lunara, mas ela e toda a tripulação retornassem sãos e salvos, de preferência com todas as Relíquias dos Mares de Poseidon seladas. Ela buscou confiar em seu Capitão e assentiu para ele que estaria ao seu lado.

— Como eu também não chamaria nenhum outro para o seu lugar. — falou ele outra vez, sorrindo para ela. — Eu tenho plena convicção de que você é a pessoa certa para nos manter todos prontos para lutar, como também é a pessoa certa para discordar de seu Capitão quando achar necessário.

— Pode contar com isso. — respondeu ela, teimosa.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Este é um arco completamente novo e original, nenhuma das histórias do mar que veremos daqui adiante foi adaptada de alguma história de Saint Seiya. Tentei usar vários elementos para criar algo novo, mas também usei esse momento para adaptar outra obra que eu gosto muito, misturando ela com Saint Seiya. Este arco mais aventuroso de selar Relíquias veio do Ômega, que eles precisam 'selar' os templos elementais e eu adoro essas aventuras e achei que combinaria muito bem com esse momento da série. Daí ficou fácil decidir que seriam sete, um para cada pilar. À princípio, pensei em fazer na superfície, mas logo ficou claro que era óbvio que o ideal seria que esses selos estivessem nos mares. Daí a ideia de usar o barco que aparece em Lost Canvas. E com um barco, iríamos precisar de uma tripulação. E assim que decidi por isso, imediatamente me empolguei, pois realmente poderia ser uma chance de fazer algo parecido com Star Trek que eu tanto gosto também. E aí foi. A princípio, todos os Cavaleiros de Bronze estariam na tripulação, mas acabou sendo muita gente, portanto eu dei diferentes funções para eles e levei apenas o Seiya, criando essa separação que vai ser importante mais pra frente.

Nesse primeiro capítulo, eu adapto um episódio que nem é dos mais incríveis da série, mas que coube direitinho no que eu precisava aqui: apresentar melhor quem é o Capitão e quem é June, já que eram os dois que precisavam de uma melhor apresentação. Como falta material sobre Moses (Meko) e June, eu me dei a liberdade de criar um pouco melhor suas personalidades e me baseei nas propriedades curativas de June nos jogos Mobile para fazer dela a 'médica' do navio. E assim começamos nossa viagem.

PRÓXIMO CAPÍTULO: A PRIMEIRA RELÍQUIA

A tripulação chega às Maldivas para encontrar a primeira Relíquia do Mar!



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