Forever escrita por mjrooxy


Capítulo 4
O despertar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800459/chapter/4

A noite já caia quando cheguei ao clã e peguei meu cachecol, fiquei bastante tempo mesmo conversando com Sakura e as palavras dela meio que reascenderam a chama do meu amor.

— Irmã? - Hanabi perguntou, pulando até mim.

— Hanabi, que susto! - exclamei, colocando a mão livre no coração. - Deveria avisar que estava aí.

— Ver uma garota sofrendo por amor é muito interessante. - respondeu, faceira. - Finalmente vai entregar o cachecol para aquele baka?

— Não é da sua conta. - retruquei, apertando o cachecol contra mim.

— Ao invés de se declarar, deveria vestir umas roupas mais bonitas! - provocou e eu bufei.

Hanabi era uma pestinha mesmo.

Sai andando pela vila com o cachecol vermelho em mãos, ele era tudo o que eu tinha de Naruto e às vezes refletia se não deveria ficar comigo. Eu o tricotei em conjunto com a peça toda rasgada que restou de quando ele me defendeu. Fiz o possível para que ficasse perfeito, mas ainda dava para perceber onde começava o meu trabalho e terminava o cachecol original.

Suspirei agarrada a ele, eu o amava tanto, chegava a doer. E agora, pensando nas últimas atitudes de Naruto, vez ou outra sentia que ele poderia me corresponder. Não aguentaria, entretanto, me iludir novamente apenas para cair depois. Como aconteceu na minha luta contra Pain, quando eu finalmente me declarei e Naruto sequer lembrava disso, tinha certeza. Após, quando ficamos de mãos dadas, dando forças um ao outro durante a guerra, eu realmente acreditei que ele seria meu a partir dali. Principalmente depois que meu primo Neji se sacrificou por mim e lhe disse que Naruto teria duas vidas nas mãos.

Todas aquelas lembranças vieram à minha mente como flashes e quando dei por mim, estava chorando abraçada ao cachecol.

Decidi me sentar no mesmo balanço no qual Naruto encontrou-me ontem, para me acalmar e fiquei ali não sei por quanto tempo.

Até que ouvi aquela voz familiar soar, era meu melhor amigo e agora falso namorado, Kiba.

(...)

Confuso, era dessa forma que eu me sentia, enquanto admirava a lua branca e redonda, assim como os olhos perolados de Hinata.

Pois é, a lua me lembrava ela, com aquela pele tão branquinha e aqueles olhos grandes e claros.

Enquanto isso, apertava forte o cachecol que ganhei nos braços, aliás, que descobri ter sido deixado com o terceiro Hokage pela minha mãe. Ontem eu e Konohamaru estávamos fuçando algumas caixas e encontramos diversas coisas de seu avô Hiruzen, que para mim poderia ser considerado como lixo. Exceto o cachecol.

E era nele que eu descontava a minha solidão, enquanto observava a lua que se posicionava alta e cheia no céu.

Suspirando lembrei de quando Hinata apareceu no Ichiraku, ela era tão linda, apesar de extremamente tímida. E, quando saiu correndo, de imediato eu pensei que não deveria ir atrás, apesar de Sakura sugerir. Hinata verdadeiramente era forte, não havia necessidade de protegê-la. Porém, quando afastou-se a passos ágeis, eu senti uma falta tremenda e de uma hora para outra, àquela confraternização não mais me pareceu completa.

Assim sendo, decidi ir encontrá-la e para que? Para fragrá-la bem pertinho do Kiba. O que era completamente estranho para mim, quero dizer, eles sempre foram amigos, parceiros de time. Mas, agora as coisas haviam mudado, eram dois adultos, não mais crianças. Tive o ímpeto de perguntar se estavam namorando e para minha surpresa a resposta foi um sonoro sim.

"Nos conhecendo."

Essas foram as palavras finais de Hinata.

Agora me respondam, por que eu fiquei tão perdido ao ouvir tal afirmação? Hinata e eu sempre fomos apenas amigos, não? Eu amava Sakura, não amava? Era nisso o que eu acreditava.

Porém, quando estava dando aula para os alunos da academia, a pedido do Iruka-sensei e Hinata passou por perto. Eu só pensei em falar com ela, demonstrar que me importava, que eu a enxergava. Inclusive, quando Sakura surgiu, eu lhe dei uma olhadela rápida, apenas para descobrir se meu coração iria acelerar. Só que nada, eu não senti absolutamente nada, além de gratidão e ternura por ela ser minha amiga há tanto tempo. Já quando voltei meus olhos para Hinata, a coisa mudou de figura. Meu coração acelerou no mesmo instante e imaginei que sairia correndo do meu peito. Tornei a olhar para Sakura, meio assustado, contudo, era aquilo mesmo, amizade.

Bom, na real, era uma coisa muito louca, porque nem por Sakura meu coração batia tão acelerado assim antes.

No entanto, como eu iria falar algo do tipo para Hinata, agora que ela estava se resolvendo com o Kiba? Se em todo esse tempo que esteve ao meu lado, eu nunca a notei dessa forma?

Óbvio que seria chutado!

Por falar nisso, em qual planeta que Hinata, a herdeira do clã Hyuuga olharia para mim? Apesar de todo o prestígio e reconhecimento que ganhei após a guerra. Eu continuava sendo o Naruto, o mesmo hiperativo e cabeça oca de sempre. Não seria o bastante para chamar a atenção de uma garota tão sensacional e linda como Hinata.

Era melhor eu não alimentar falsas expectativas com relação à ela, do contrário eu poderia sofrer pela segunda vez com uma rejeição.

Respirei fundo e decidi espairecer, caminhar pela vila à noite sempre melhorava meu ânimo.

Andei e andei, mas, como se meus pés tivessem vida própria, foram sozinhos até o balanço no qual Hinata estava sentada com Kiba ontem. Cheguei sorrateiramente, pedindo em pensamento que ela estivesse lá, sozinha dessa vez, e meu coração sangrou no mesmo momento em que meus olhos a viram. Acompanhada. Kiba tocava sutilmente sua bochecha, um carinho que eu gostaria de fazer. E, quando Hinata sorriu, meu mundo pareceu parar, só que ela não sorrira para mim. Era para ele. Eu devia sair dali antes de ser visto e evitar uma humilhação maior, só que não consegui me mover e fiquei apenas observando em silêncio. Akamaru logo chegou latindo e balançando o rabo, indo direto para o colo de Hinata. Contudo, como o cão era enorme agora, quase a derrubou do balanço.

— Aí. - ela deu um gritinho agudo e eu não consegui evitar o sorriso que surgiu em meus lábios, acompanhando o que adornava os dela.

Foi quando nossos olhos se encontraram e o seu sorriso morreu.

Eu travei, não sabia se devia falar com eles ou ir embora antes que meu constrangimento aumentasse. E, na dúvida sobre o que fazer, permaneci parado, feito um poste. Hinata continuava com os olhos perolados fixos em mim, um segundo após, ela sorriu novamente. Sorriu para mim. Esse foi o pretexto que meu cérebro precisava para eu criar coragem e chegar perto. Que se dane Kiba, Hinata também era minha amiga e eu tinha o direito de falar com ela.

— Boa noite, Hinata-chan. - saudei-a e olhei para Kiba. - Boa noite, Kiba. Fala Akamaru. - e alisei a cabeça peluda do cachorro, ouvindo um latido em resposta.

— Boa noite, Naruto. - Kiba respondeu e seu tom soou um pouco ríspido.

— Boa noite, Naruto-san. - aquela maldita palavrinha continuava acabando com minhas esperanças.

Por que ela me chamava de Naruto-kun até recentemente e agora mudara totalmente comigo?

— Eu estava andando por aqui, para espairecer e fiquei receoso de incomodar. - expliquei, temendo que ela achasse que eu estava espionando.

— Está tudo bem, eu vim pra cá pensar um pouco quando Kiba e Akamaru me encontraram. - seus olhos se estreitaram, quando outro sorriso fez menção de esticar seus lábios rosados.

Peguei-me olhando descontroladamente para a boca da Hinata naquele exato segundo, como quem admira algo que muito deseja, engoli seco em seguida. O que era àquela sensação? Aquele frio na barriga? Era como se um ímã me puxasse para ela. Eu queria embrenhar meus dedos naqueles cabelos escuros e me perder naqueles lábios. Umideci os meus e desviei os olhos, sentindo tudo dentro de mim se agitar. Era como se tivessem explodido um papel bomba dentro do meu estômago. Tudo em mim queimava, queimava pela Hinata.

— Acho que eu já vou embora. - Hinata levantou num ímpeto e percebi que ainda segurava um embrulho rente ao peito. Como se para protegê-lo. Era o mesmo que carregava quando nos vimos no Ichikaru.

— Eu te levo. - Kiba e eu falamos em uníssono e nos encaramos.

— Eu posso voltar sozinha. - respondeu e, após acariciar Akamaru mais uma vez, deu uma última olhadela para nós dois.

— Boa noite.

Voltei para casa em silêncio, refletindo sobre o que presenciei e ainda mais sobre o sentimento que queimava em meu peito. Era intenso, só que ao mesmo tempo suave e acolhedor. Era como uma decisão certa. Então era isso? Eu estava me apaixonando pela Hinata? O que eu devia fazer com esse amor, já que ela não me correspondia? Assim que Hinata foi embora, eu me despedi de Kiba e de seu cachorro e voltei para a minha solidão. Era isso o que eu tinha, solidão e uma casa vazia. Era isso o que eu era. Nada mudou, mesmo após a guerra, era isso o que me definia. Uma casa vazia e a minha velha companheira. Solidão.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Forever" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.