Forever escrita por mjrooxy


Capítulo 3
A farsa




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No outro dia, saí novamente para espairecer a mente. Como estávamos em harmonia ao final da guerra, nossos dias eram tranquilos. Eu estava, inclusive, há algum tempo sem fazer missões e isso meio que dificultava as coisas para mim. Não ocupar a mente era um prato cheio para que meu sentimento por Naruto aflorasse como uma rosa na primavera.

 

Ademais, desde ontem, tinha decidido por um ponto final naquilo. Esse amor seria enterrado lá no fundo do meu coração. Tanto que pedi a Kiba para continuar com o fingimento de que estávamos nos conhecendo. Assim, quem sabe, um dia verdadeiramente eu esqueceria Naruto de uma vez por todas.

 

E, como se o destino quisesse brincar comigo ou testar minha convicção. Lá estava ele, na academia ninja, ensinando um grupo de crianças, que olhavam-no como se vissem algum tipo de deus. Tamanha a admiração com a qual prestavam atenção nas habilidades de Naruto e em seus ensinamentos.

 

Tentei passar despercebida, mas foi em vão, pois logo Naruto virou o rosto em minha direção. Aliás, eu deveria ocultar meu chakra se quisesse passar batido. A bem da verdade era que, no fundo, talvez eu não quisesse bancar a invisível.

 

— Crianças, um segundo, está bem? - pediu e correu até mim, que me assustei com a rapidez na qual ele se materializou na minha frente.

 

— Oi Naruto-san. - o cumprimentei de forma mais séria.

 

Naruto arregalou os olhos e pareceu engasgar com a própria saliva, ao ouvir-me falar daquela forma consigo.

 

— Hina-chan, por que está me chamando assim? - perguntou, parecendo ofendido. - Pensei que fossemos amigos.

 

— Somos. - garanti, porém de um jeito frio.

 

Nem eu me reconhecia, mas estava farta de sofrer por ele.

 

— É por causa do Kiba? - tornou a indagar e seus olhos azuis praticamente tremeluziram em minha frente.

 

Contudo, não tive tempo de responder, Sakura apareceu próximo a nós e Naruto virou o rosto para olhá-la, já eu quis me afundar no chão.

 

Seu amor por Sakura era tão visível, quase palpável.

 

— Preciso ir. - anunciei, sem querer me estender em meu sofrimento.

 

Naruto anuiu e fez menção de retornar para os alunos, não sem antes me dar uma última olhadela e depois voltar os olhos para Sakura.

 

Na certa estava triste por não ser correspondido pela amiga, enquanto era nítido que eu gostava dele. Suspirei e me afastei, encontrando Sakura no caminho. O festival rinne iria começar, de modo que todos ajudavam como podiam nos preparativos, consequentemente às ruas de Konoha estavam cheias.

 

— Hinata, tudo bem? - cumprimentou-me sorrindo, apesar de eu notar uma certa tristeza em seus olhos esmeraldinos.

 

— Estou ótima e você? - menti, sem querer externar meu sofrimento.

 

— Bem. - algo me disse que ela fez o mesmo que eu, mas não quis forçá-la a se abrir comigo. - Ah, posso te perguntar uma coisa?

 

— Claro.

 

— O que está acontecendo entre você e Naruto?

 

— Do que está falando, Sakura-chan? - devolvi confusa.

 

— Ontem ele foi atrás de você, um pouco depois que saiu do Ichiraku e voltou tão triste. - ponderou e senti meu peito acelerar a ponto de sair correndo por Konoha.

 

— Triste?

 

— Miserável... - assegurou de pronto.

 

— Eu inventei uma mentira, Sakura. - confessei, com um certo pesar. - Mas, não pode me desmentir, tá bom?

 

— Que mentira, Hinata? - perguntou, olhando furtivamente em minha direção enquanto caminhávamos pela vila.

 

— Eu contei que estava com o Kiba ao Naruto ontem. - minhas palavras soaram um completo absurdo aos meus próprios ouvidos.

 

— O que? - ela quase gritou. - Então é por isso!

 

— Por isso o que? - devolvi aflita.

 

— Naruto estava triste por causa dessa notícia!

 

— Claro que não. - neguei imediatamente. - Ele nunca gostou de mim, por que ficaria?

 

— Você que pensa, Hinatinha. - argumentou sorridente. - Não tem nada mais certeiro do que o ciúmes, para fazer um homem reconhecer os próprios sentimentos.

 

Eu sorri de canto.

 

Sakura era uma figura, não sabia como ainda ficava enciumada com ela. Naruto poderia amá-la, no entanto, Sakura jamais furaria meus olhos dessa forma, ela amava Sasuke. Era um fato.

 

Todavia, coração apaixonado era bobo e o ciúmes realmente nos deixava cegos para o óbvio.

 

— Não me iluda, Sakura. - pedi, assim que recobrei a sanidade. - Eu não aguento mais sofrer pelo Naruto-kun. - frisei o sufixo, porque, apesar de tudo, ele continuava sendo o meu Naruto-kun.

 

— Você deveria expor seus sentimentos, Hina. - Sakura contra-argumentou. - Precisa ser mais confiante!

 

Eu ri, sem humor.

 

— Acho melhor ficar no meu cantinho, ser rejeitada não está fazendo muito minha lista de prioridades no momento. - ironizei, tentando não soar tão amarga. - Ele vive rodeado de meninas agora, não tenho sequer chances de chegar perto.

 

— Naruto realmente está muito popular ultimamente, até eu tenho me incomodado com isso. - Sakura alegou e eu não entendi muito bem sua colocação. - Quero dizer, quando estamos conversando tranquilamente, sempre brota alguma garota do nada e gruda nele, dá uma certa agonia.

 

— Ah! - tornei a sorrir fracamente, tentando esconder minha frustração e meu ciúmes.

 

— Mas você deve se esforçar, Hinata. - refletiu sorridente. - No dia em que estávamos no Ichiraku, vi que terminou o cachecol, não era isso que estava naquele embrulho de presente? - indagou e não esperou resposta. - Por que não entrega a Naruto logo e declara o seu amor?

 

— Não é tão fácil assim, inclusive, notei que ele estava com um cachecol novo em volta do pescoço. Deve ter ganhado de presente, não precisará do meu. - dramatizei e Sakura fez um biquinho triste.

 

— Não seja pessimista, Hinata. - contrapôs. - O problema é que o Naruto é um idiota, precisa que alguém abra seus olhos para o que verdadeiramente é o amor e essa pessoa é você!

 

— Não sei... Estou cansada de esperar que ele retribua meu amor. - maldisse minha sorte mentalmente, amargando minhas próprias palavras. - Já fiz isso uma vez antes da guerra e ele só me ignorou.

 

Sakura me olhou solidária e sorriu como se quisesse me confortar.

 

— Que tal comermos algo gostoso e conversarmos mais? - propôs animadamente. - Faz tempo que não temos um tempinho só nós duas!

 

Concordei sorrindo e paramos em um restaurante próximo. Eu realmente precisava me distrair, ficar remoendo meus infortúnios não me ajudaria em nada e Sakura era tão gentil comigo. Eu não podia recusar. Assim sendo, comemos e conversamos e ela continuou me incentivando a entregar o cachecol.

 

Coisa que a cada dia tornava-se mais impossível para mim.

 

 


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