Desaparecendo escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 4
Antes eu temia os sons confusos. Agora, tenho medo do silêncio


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal! Tô de volta depois de um período de repouso. Não era o que eu gostaria, mas eu precisei. Fico muito feliz de receber tantas visualizações sobre esse projeto e mais feliz ainda de receber interações. Cara, isso é demais!!!

O título do cap é uma referência à música "In The Dark" do Flyleaf, que a propósito eu aproveito pra panfletar a banda aqui porque não sou boba haha. Na verdade minha ideia era colocar todos os títulos dos capítulos com alguma letra de música, mas não tenho paciência pra isso não, então vou vendo no que dá.

Obrigada a todos que estão lendo. Boa leitura!



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— Não há nada, senhorita Sidle. Sua visão está perfeita. 

— Não está falando sério, está? 

Um mês após o apagão. 

Se poderia tirar algo de bom naquele evento — se é que se podia chamar de bom — foi a decisão de cuidar um pouco mais de si mesma. Doou tanto de si ao trabalho nos últimos anos que confessou a si mesma que se deixou de lado. Estava na hora de mudar de atitude.  

Então decidiu ir à oftalmologista como prometera antes; só não foi no dia desejado. Às duas e cinco da tarde foi atendida pela doutora Christen Pierce. Era uma mulher negra, magra, na casa dos quarenta e cinco anos. Seus olhos castanhos mel, pequenos, unidos ao rosto alongado davam-na a impressão de ter muito menos a idade que dizia ter. Falava de modo tranquilo como se fosse uma velha amiga, ao mesmo tempo que sabia medir suas palavras. 

— Claro que estou. — Pierce respondeu sorrindo de modo singelo. — Eu não iria brincar com uma coisa dessas. Sua visão está ótima. Mas- 

— Ah! Eu sabia. — Sara nem esperou que a médica se aproximasse dela com a cadeira giratória. 

— Calma. — A médica riu. — Vou apenas te recomendar um colírio para lubrificar seus olhos. Nada contraindicado. — Ela gesticulou com ambas as mãos. 

— Oh...  

Um pouco envergonhada, Sara chegou a olhar para o lado para disfarçar. Qualquer objeção já era um motivo para ficar alterada sem necessidade. 

— Mas... aquele episódio... aquilo que eu contei a você... não tem... não tem nada? 

— Olha, Sara. — A doutora decidiu tornar a conversa mais pessoal. — Realizamos todos os exames e não identifiquei nada, nenhuma anormalidade. — Ela ressaltou, inclinando-se ligeiramente para a frente. — Não é minha área, mas é uma possibilidade de que o seu problema possa ser psicológico ou psiquiátrico. Estava tratando de ansiedade, não estava? 

Ao ouvir aquela resposta, Sara arqueou as sobrancelhas por um instante e as retornou ao normal logo em seguida. Olhou para o chão um pouco cabisbaixa. Chegara numa área sensível e a médica notou aquele detalhe sem fazer muito esforço. Não falou nem que sim, nem que não. 

Sua mãe foi diagnosticada com esquizofrenia. A mesma mãe que, tempos após sofrer nas mãos de um marido abusivo, teve um episódio de descontrole e o matou a facadas. Por muitas vezes Sara se perguntou por anos se o motivo da morte do pai foi causada pela doença da mãe, as sucessivas agressões físicas e verbais do marido ou se foi um pouco dos dois. Quando descobriu o que a mãe tinha temeu que em seu DNA carregasse a mesma coisa. Não foram poucas as vezes que se viu em consultórios realizando exames para saber se iria acabar adquirindo esquizofrenia. 

Talvez fosse isto que a estava afligindo. 

— Ando muito estressada ultimamente — disfarçou, levando a mão ao canto do rosto, aproveitando para afastar uma mecha de cabelo para trás. Apesar de considerar Pierce uma pessoa de total confiança, não se sentia segura ou à vontade o suficiente para se abrir sobre sua vida. — Mas eu tratei disso, já. Estou tratando... 

— Pode estar sentindo os efeitos do trabalho em excesso. Você disse que trabalha à noite e que tem feito bastante hora extra. Querendo ou não, uma hora seu corpo vai cobrar de você um preço alto. 

— Nem me fale. — Sara respondeu em tom de brincadeira. Ao erguer seu olhar para a médica, viu que ela carregava um sorriso um tanto penoso. 

Notando a oportunidade, Christen aprontou o receituário e indicou o colírio para ela. Sara passou os olhos rapidamente de voltar sua atenção para a doutora.  

— Trate de separar um pouco mais de tempo para si, senhorita Sidle. — Ela forçou-lhe um tom impositivo, mas com o devido cuidado e respeito. — Não queremos que isso se torne uma bola de neve que vai te prejudicar no futuro. 

Antes de responder, Sara visou o receituário uma última vez. Talvez fosse egoísta pensar que torcia para que seu problema fosse apenas a visão, mas pelo visto não era. Deveria pagar o castigo de pensar tal coisa. 

— Não, não queremos. 

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Realidade. 

Bem que tentou não pensar, mas a possibilidade existia e batia à porta. Se estivesse mesmo desenvolvendo sintomas de esquizofrenia sua vida seria mudada por completo. Provavelmente seria demitida do trabalho que dedicou parte da vida, mudar de rotina, de horário. Uma série de outros detalhes dos quais se cansava só em cogitar.  

Ela não queria padecer por aquilo. Seria como sofrer um golpe profundo demais para se recuperar. Ter que conviver com a mesma doença que a da mãe e ser obrigada a mudar de vida seria um castigo cruel demais. 

E o que mais poderia ser? Há alguns dias viu sua mão sumir do nada e a reaparecer como se nada tivesse acontecido. Era loucura. Era sua mente pregando uma peça, preparando-lhe para o que viria adiante. Sua vista estava ótima, quase perfeita. Só podia ser aquilo. 

— Você... Está um pouco... quieta. 

A voz de Grissom despertando-a daquele delírio causou-lhe um pequeno susto, fazendo-a até mesmo parar sua busca. Os dois estavam no estacionamento do laboratório a analisar um veículo no qual a vítima do caso deles, um homem de trinta e dois anos, foi encontrada morta. 

Não apenas seu comentário foi o motivo da surpresa como o teor dele. 

De lados opostos — ela com o motorista enquanto ele analisava o lado carona — Sara se ergueu do chão ao coletar uma amostra de terra e buscou encontrá-lo com o olhar. Grissom já não mais dirigia sua atenção a ela como anteriormente, focando somente no trabalho. 

— Eu estou... pensativa. Só isso. 

— Geralmente você... pensa mais em voz alta. — Ao ter dito aquilo um relance de arrependimento surgiu em Grissom. Depois daquele dia ele tentou relevar suas escolhas e deixá-la mais à vontade com seus próprios casos. Não queria correr o risco de perder sua confiança; não depois do que a viu passar. 

— Isto é um elogio? — perguntou desconfiada. Decerto, vindo dele poderia pensar nas mais variadas respostas. — Ou uma tentativa de me fazer rir? 

Movendo os lábios para o lado ao cogitar uma resposta para se livrar da enrascada a qual se envolveu, Grissom acabou pensando demais e não disse uma palavra sequer. Não que ela ficasse surpresa por ouvir mais nada, já esperava por isso; todavia, tinha uma esperança de receber algo mais. Talvez fosse carência sua ou coisa parecida. 

Grissom se sentiu aliviado ao ouvir o celular tocar, o famoso "salvo pelo gongo". Ele o atendeu de prontidão deixando a conversa de lado consequentemente. 

— Grissom... Sim... Certo, estou indo. — A duração da chamada levou pouco menos de trinta segundos. Ao encerrá-la, voltou a encarar Sara e o semblante austero de antes se transformou em um sinuoso nervosismo. 

— Vai, eu fico por aqui. — Sem ter outra escolha ela apenas afirmou o que provavelmente o que supervisor iria dizer. 

— ... Certo. Me avise quando tiver acabado. 

Sem alongar sua presença ali, ele deu meia volta e se retirou do estacionamento com certa agilidade. Uma fuga apressada para não ter que lidar com mais perguntas como as que Sara fez, pensou a própria; ou talvez estivesse pensando além do que deveria. Achou engraçado. 

Sara não percebeu que assistiu à saída dele do estacionamento deixando o trabalho de lado. Ficou parada ali enquanto via a figura do supervisor desaparecer pelo interior do laboratório, começando a imaginar como seria seu futuro daqui pra frente sem sua presença no laboratório. Egoísmo seu pensar que de todos seus companheiros, a pessoa que mais sentiria falta de trabalhar junto seria ele? Vê-lo com frequência já não seria mais possível e raramente encontros iriam acontecer. 

Exagero seu pensar daquela forma, verdade, mas nada tirava isto de sua mente. De que se estivesse mesmo doente, não poderia viver mais a vida de antes. Não o teria mais por perto, o homem por quem estava sofrendo de amores; fadada a encarar uma vida diferente da qual planejou. 

Ela não o teria mais por perto e isto machucava. 

Seu humor esquisito, quase mórbido; seu olhar penetrante, seu sorriso de raras e objetivas ocasiões. Não haveria mais nada. Pensar que o veria além do trabalho seria agir de inocência, armadilha que seu coração voltado a ele cairia com muita facilidade. 

Seria um "adeus", quem sabe. Silencioso, melancólico. Provavelmente passaria o resto da vida sem a companhia dele, lamentando eventualmente sua falta de coragem em dar o primeiro passo para algo a mais com o supervisor. 

De repente sentiu como se estivesse num local distante, afastando-se pouco a pouco daquele plano; uma repetição do sonho, quem sabe. A luz à sua volta parecia diminuir com o passar do tempo. Quase imperceptível, porém visível. Eram os outros que se afastavam, ou era ela quem se afastava deles? 

Sentiu uma leve brisa fria tocar sua pele, curiosamente, estando num local aonde não havia circulação direta. Encontrava-se ali, acordada, pensando mil coisas das quais não deveria e aquela sensação novamente lhe "atacava".  

De uma hora para outra, assim como a suposta brisa que tocou sua pele surgiu, o delírio de Sara chegou ao fim. Hora de voltar ao trabalho. 

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Faltava pouco mais de quatro dias para sua consulta ao psiquiatra, o que não a impediu de sofrer por antecipação. Por causa disso, seu desempenho no trabalho caiu um pouco; coisa que não passou despercebido por ela, que apesar de ter conhecimento do que estava acontecendo, não tinha ideia de como impedi-lo. Limitou-se então apenas a conter os danos e não deixar que os outros percebessem tão de cara. 

Por consequência acabou se distanciando um pouco dos outros. Não foi por mal. Suas forças eram mínimas para manter uma máscara decente de si mesma e disfarçar que estava tudo bem. As coisas aconteceram de modo progressivo; de diminuir seu tempo nas pausas para o café ou almoço a conversar menos. Tudo para evitar perguntas direcionadas pessoalmente a ela ou alguma chamada por dizer ou fazer algo que não devia. Principalmente se estas palavras viessem de Grissom. 

Está tudo bem, Sara, sua boba. Não é nada demais. Concentre-se. 

Está apenas vendo coisas... 

Vendo coisas... coisas... 

Era aquele pequeno detalhe que fazia toda a diferença, que corroía seu interior como a traça ao papel. Se estava mesmo vendo "coisas", significava que havia algo errado com ela. Não era sua visão, não eram seus olhos os responsáveis por isto, mas algo em seu interior. Ignorar seus sinais era loucura, pedir para brincar com fogo. 

Por outro lado, se aquilo realmente aconteceu, então acabara de vivenciar um fato inexplicável e seria chamada de louca se contasse isto a alguém ou viesse a pedir ajuda. 

Suas alternativas eram perder ou perder. Tomando uma atitude ou não, sentia-se presa numa atmosfera densa e sem perspectiva de saída. Teria de escolher a opção que menos lhe causasse danos. Saber qual das opções tomar era mais um de seus dilemas. Talvez o maior deles. 

— Ei, café no Joe's hoje? — Nick perguntou animado quando a encontrou no vestiário. Pegara a confirmação de Greg e Warrick anteriormente. 

— Foi mal, Nick, mas vou recusar desta vez. — Ela respondeu enquanto terminava de arrumar seus pertences no armário. Realmente não estava no clima para reuniões, ainda mais às vésperas de um dia importante. 

— Ah... — A decepção no tom de fala do CSI foi evidente. — Deixa para a próxima, então. Mas eu vou cobrar. 

Ela acenou com a cabeça de modo tímido e forçou-se a sorrir. Imaginou que um novo pedido de desculpas não cairia bem, resultando num "tudo bem" quase automático de seu amigo. Redundante, o mesmo de sempre; preferiu o silêncio por fim. 

Sem alongar sua presença por ali resolveu sair do vestiário. Caminhando sozinha, imaginou mil coisas que planejava executar das quais acabaria fazendo apenas a metade. Queria criar uma distração a si mesma para não enlouquecer. A tentativa surtiu efeito, tanto que não percebeu que outra pessoa vinha na direção oposta. Só não passou vergonha com um esbarrão porque notou a presença dele a poucos centímetros e parou a tempo. 

— Ah! Me desculpe. E-estava distraída. — Sara tentou se explicar, desviando o olhar diretamente a ele porque no momento estava morrendo de vergonha. O rosto foi de pálido a vermelho em poucos instantes. 

— Hum. — Grissom, a tal pessoa que por pouco não levou um esbarrão, limitou-se a mover os lábios para o lado enquanto analisava sua postura. Pôde notar um breve sorriso nervoso se formando no rosto dela. — Já está indo? 

— S-sim... sim. — Ela falhou um pouco nas palavras. Recebeu de surpresa a pergunta. — Vou comer alguma coisa e cair na cama. 

Grissom executou um gesto semelhante ao anterior e repetiu a mesma resposta monossílaba de antes. Ele assentiu com a cabeça e ficou por isso mesmo. 

Sem ação por parte dos dois o clima no corredor começava a esfriar, tornando o ambiente um tanto estranho. Nenhum dos lados sabia como terminar aquela conversa. 

— E você? 

— Hã? 

— Você também já vai? — Ela tentou segurar um iminente sorriso bobo por achar a reação dele engraçada. 

— Não. Eu... preciso resolver algumas... coisas por aqui. 

— Tá bom... Nos vemos à noite, então. — Sara completou-se no intuito de terminar por ali. 

— C-certo! Certo. 

Despedindo-se sem mais acréscimos, Sara fez seu caminho para longe dele. Imóvel de início, Grissom chegou a se virar em sua direção com um semblante um tanto arrependido. Não teve coragem suficiente de dizer-lhe, fazer-lhe um convite, na verdade. Convite para um café da manhã num restaurante que costumava frequentar na intenção de apaziguar as partes. Uma tentativa de assegurar que estava tudo bem entre os dois, entretanto, Sara já tinha ido embora. Tarde demais para ele. 

Se acreditasse em sinais — e ele piamente não acreditava —, veria que estava se prestando a um papel de tolo; tentando alcançar caminhos dos quais sequer deveria ultrapassar seus limites. 

Talvez o melhor a se fazer era deixar as coisas como estavam e afastar aqueles pensamentos. 

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E chegou o dia.

Ao contrário de suas prévias expectativas (e ansiedades), Sara não pôde negar: teve um bom dia de trabalho. Dentro de algumas horas estaria no consultório do psiquiatra, um motivo, quem sabe, para ter sentido seu corpo mais leve, mais relaxado. Logo, receberia provavelmente um diagnóstico em mãos, então teria uma dúvida a menos para se preocupar. O que faria adiante era sua nova etapa de trabalho. 

Apesar do cansaço dos últimos dias, podia se arriscar em dizer que nunca se sentiu tão bem comparada às últimas semanas. Final de turno, chegou a topar uma torta caseira no restaurante favorito do pessoal. Ao lado de Nick, Greg e Warrick, — uma das poucas oportunidades que conseguiram de passar alguns minutos juntos — pôde aproveitar bem a hora em conversas triviais.  

Quando achou que deu a sua hora decidiu ser a primeira a ir embora. Em casa, decidiu dormir um pouco antes que arranjasse algum trabalho para fazer e esquentasse a cabeça com isso. Por um milagre inexplicável conseguiu dormir por umas cinco horas. Acordou com a sensação de que foi atropelada por uma carreta. Desacostumou-se a dormir de uma vez só, sem acordar em intervalos irregulares para recuperar um pouco da energia e voltar para o trabalho.

Ainda na cama, depois de olhar para o relógio que marcava três e dezesseis da tarde, Sara se sentou lentamente para recuperar o estado de consciência. Levou a mão ao rosto e deslizou-a sobre ele. Ficou naquela posição por dois minutos até que resolveu se levantar para ir ao banheiro e lavar-se, afastar um pouco o rosto inchado pelo sono. 

Ela abriu a torneira da pia, encheu as mãos com a água corrente e molhou a face por várias vezes. Secou-se com uma toalha e em seguida se olhou no espelho: nada mau, mas também não estava bom. Não era o sono que lhe deixou com aquela feição abatida, talvez tenha sido em parte, mas havia algo a mais naqueles contornos escurecidos abaixo de seus olhos. Nos lábios pálidos, levemente secos e nos olhos vermelhos. 

Ela prometeu melhorar, de verdade. Prometeu abandonar certos hábitos viciosos que mais lhe faziam mal que bem. Ela só não sabia quando e como iria acontecer. Faltava-lhe um pouco de coragem, um pontapé inicial bem definido. 

Sara respirou fundo e decidiu deixar o banheiro. Pensava em comer algo e resolver alguns detalhes antes de sair até o consultório, evitar de padecer por quaisquer imprevistos que mudassem o seu foco. Precisaria chegar com a mente "inteira" até o local e desabafar tudo que achasse necessário à psiquiatra. Tirar a prova de vez que estava doente ou não. 

Prestes a deixar o banheiro, entretanto, aquela sensação perturbadora de antes retornou. Sentiu as mãos gelarem e de repente todo o corpo sentia frio. A cabeça doía como se estivesse prestes a explodir e uma tontura repentina fez com que se apoiasse na parede à frente para não cair. A tontura passou logo, mas não aquela sensação. 

O coração disparou engatilhado como se acabasse de voltar no tempo para reviver aquele episódio. A memória chegou como uma visita repentina. Em vão tentou controlar sua ansiedade inspirando e aspirando o ar por várias vezes seguidas; à medida que os segundos passavam, sua tormenta aumentava. 

De forma automática ela ergueu as mãos um pouco abaixo do rosto e fechou os punhos por um instante quando percebeu que ainda tremiam. Levou pouco menos de dois segundos para ver aquela cena mais uma vez. Como num glitch ou falha cibernética, Sara viu metade de seu braço direito desaparecer. 

Olhos aterrorizados, palavras lhe faltaram e o controle da respiração foi nulo. Desespero tomou conta de seu corpo e sua mente não conseguia acompanhar os fatos; quase imóvel, permaneceu por ali como uma criança que viu um fantasma. Gemidos de incerteza e confusão saíam de sua boca sem que ela percebesse ou tivesse controle. Aquilo era real demais para ser alguma invenção de sua cabeça; era estar vivendo algo do qual via somente na ficção. 

— Put- 

Tudo à sua volta perdeu a perspectiva. Ela não conseguia enxergar nada mais que metade de seu braço que sumiu como se seu corpo não passasse de um conjunto de pixels, algo do qual pudesse ser manuseado e descartado com facilidade. O banheiro, pequeno, não comportava mais a tensão que se concentrava em seu corpo.  

Ainda assim, suando frio, num último ato de desespero para provar que não estava alucinando, Sara usou de sua sanidade restante para realizar uma última prova: tentou tocar na pia. O cérebro e todo o sistema nervoso reagiria ao tato assim que o fizesse, pensou ela, despertando-a de um possível novo delírio. Então o fez, tentou alcançar o móvel com o que seria sua mão. 

Mas não conseguiu. Não havia mais nada a não ser a metade do que instantes atrás foi um braço inteiro. 

Não foi um delírio. 

 


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Notas finais do capítulo

Tá tenso o nível? Vamos abaixá-lo mais!

Sarinha, Sarinha, o que a gente faz agora, hein? Tá ficando complicado pra você.

Pois é galera, se tiverem coragem nos vemos nos próximos capítulos kkkkk Falando sério, muito obrigada a todos que estão lendo. Até mais! ♥



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