Desaparecendo escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 11
Bauínias ao vento


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra gente sofrer com GSR, virou minha marca registrada, talvez?

Mais uma vez agradeço a todo mundo que está lendo, e em especial, a todas que estão interagindo com a história; seja por aqui ou por mensagens. Saibam que eu recebo cada comentário, cada mensagem com todo carinho, vocês não tem noção. Me sinto abraçada quando recebo o feedback de vocês.

Bora ler?



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Apesar da constante preocupação no que pudesse acontecer a ela nas vinte e quatro horas de voo entre Las Vegas e Chek Lap Kok, em Hong Kong, Sara conseguiu levar-se ao sono. Dormiu por quatro horas seguidas, acordou, comeu alguma coisa e apagou por mais oito horas. O restante da viagem se deu por ensaios de um sono raso e uma presente apreensão de algo acontecer a ela, correndo o risco de ser exposta a dezenas de pessoas com olhares espantados e curiosos.  

O melhor é que você fique distante das atenções. No lugar menos observado, advertiu Langston. Tente se cobrir com roupas longas e, se por um acaso aquilo acontecer com você, mantenha a calma. 

Ela ignorou o tempo ameno para quente, optando por uma camisa escura, um cardigã alongado cor carvão e calças jeans. Nunca se esqueceria das palavras finais antes de sair de casa em direção ao aeroporto: 

Aguente firme. 

Aquelas palavras não valeriam nada caso algo acontecesse, ainda assim, tentou se agarrar nelas como um guia. Aguentar firme porque em breve a ajuda estaria ao seu alcance. Isto na melhor das hipóteses. 

Partiu sem dizer tchau a ninguém. Seus amigos, colegas de trabalho, vizinhos mais falados, Grissom. Muito menos a Grissom. Não se despediu apesar de saber que tinha chance de nunca mais vê-los. Fez isso pois não queria trazer consigo memórias dolorosas além de suas bagagens. 

Desembarcou no Aeroporto Internacional de Hong Kong sentindo estar perdida num mundo novo. Nunca pensou em viajar para um lugar tão distante, apesar de a ideia de conhecer o mundo constava em suas listas passadas. Pegar um avião atirando no escuro, sem saber quais respostas receberia daquele cientista foi mais uma de suas ideias loucas. 

Dentre uma extensa movimentação de pessoas, levou alguns minutos para finalmente respirar aliviada. Um homem segurando uma placa de papelão escrito o nome dela foi sua salvação e a luz no fim do túnel; tinha de ser Langston em pessoa, pensava ela, que a aguardava na companhia do que parecia ser um amigo ou colega de trabalho. 

Quando ela avistou seu nome tratou de apressou-se para encontrá-lo. Ao passo do primeiro contato visual, reconheceu logo a mulher que vira numa foto recebida. Langston se despediu do amigo e foi ao encontro de Sara para recepcioná-la. 

— Senhorita Sidle. Seja bem-vinda a Hong Kong! É um prazer conhecê-la pessoalmente, apesar das circunstâncias. — Ele a cumprimentou com um aperto de mão firme. 

O homem negro tinha um porte físico robusto, rosto quadrado e olhos pequenos. Ele a recebeu vestindo uma camisa social branca junto de uma jaqueta corta-vento para se proteger da temperatura serena, e uma calça de alfaiataria; um visual repleto de formalidade, até. 

À primeira vista sentiu parte do peso sumir de seus ombros. Era realmente o homem que viu em fotos pela internet. Já era um começo.  

— Obrigada por me receber. Se não fosse por sua ajuda dificilmente conseguiria agilizar os documentos e o dinheiro necessário para a viagem. 

— Não se preocupe. O que importa agora é que cuidemos da sua situação. — O cientista fez um gesto com a mão para que ela a seguisse. Tratou, também, de levar a mala de rodinhas dela. — E como você está? Sente-se bem agora?  

Ela sabia muito bem do que as perguntas se tratavam. 

— Sim, estou bem. Nada estranho. 

— Que bom. Não vamos mais adiar nosso trabalho. 

— Certo. 

Os dois iniciaram se caminho até o estacionamento do aeroporto. De lá, seguiriam no carro do cientista até o destino em Mau Yuen, sudeste das Ilhas Distantes.  

— Está com fome? —  Ele parou de caminhar para encará-la frente a frente. —  A viagem foi longa. Podemos parar num restaurante e levar a comida até o carro. 

— Ok. Por mim tudo bem. — Sara assentiu. Não perderia a oportunidade de se alimentar mais um pouco para superar o cansaço da viagem. Não que a comida do avião não tenha sido boa, mas não foi o suficiente. 

Ao passarem numa lanchonete do próprio aeroporto, Sara optou por um sanduíche natural reforçado (e vegetariano), batatas fritas e um suco de lichia. Langston se limitou a pedir um refrigerante, estava sem fome. Já dentro do carro eles partiram para o trajeto do qual, se tivessem sorte, duraria pouco mais de uma hora. 

— Sinto muito por te fazer se deslocar por meio mundo. — Ele tentou soar as palavras como um quebra-gelo, mas saíram de modo sério, até. 

— O mais importante é que eu consegui entrar em contato com você e agora estou aqui.  

— Imagino o quanto tenha sido difícil ter que se distanciar da sua família e amigos. Mas faremos o possível para te ajudar. 

Droga. 

Aquelas palavras doeram demais em Sara, que precisou virar-se para o lado no intuito de se distrair com a paisagem. Pensar que foi embora de Las Vegas sem dizer o porquê para seus amigos, simplesmente "sumindo" do mapa foi uma experiência pior da qual imaginara antes. Sentia-se uma fora da lei, fugindo de suas responsabilidades e deveres, uma mulher sem coração que foi embora sem ao menos se explicar. E pior de todos, deixou para trás o homem que amava, impedindo-o ainda por cima que viesse junto. Disse mais ou menos quando partiria, mas nem se despediu também. Pensar nisso deixava seu coração despedaçado. Depois que tudo passasse não seria mais merecedora de amar ninguém e tampouco ser amada. Sequer teria coragem de encarar seu rosto; isto, claro, se sobrevivesse. 

— Está se sentindo bem agora? — perguntou o cientista, minutos após darem partida. 

A pergunta a despertou de suas lamentações. Ela bebeu um gole generoso do suco e mordiscou um pequeno pedaço do sanduíche. 

— Com fome, apenas — brincou ela, antes de voltar a tomar um gole. Não se passou tanto tempo desde a primeira vez que ouviu aquilo, mas não iria provocar desgastes evitáveis — Apesar do cansaço eu me sinto bem. 

— E no voo? Lembra-se de ter sentido algum dos sintomas? 

— Uma leve enxaqueca e só — afirmou enquanto terminava de mastigar seu sanduíche. — Acho que tive sorte. Não sei o que faria se aquilo acontecesse no meio do avião. Correr para o banheiro? — indagou. — Essa... essa coisa não tem hora marcada, acontece de repente, em intervalos irregulares. Não dá pra ter controle disso. 

— Seu corpo está instável, senhorita Sidle. 

— Me chame de... Sara. — Ela se adiantou, sem perceber o que ouviu segundos atrás.  

— Ok, Sara. — Mantendo-se com o olhar fixo à estrada, ele assentiu. — Precisamos realizar uma análise o quanto antes para saber com o que estamos lidando. 

Após um breve suspiro, terminado de comer o sanduíche, Sara mudou de ideia e deixaria para comer as batatas depois. Parecia que a fome havia a abandonado logo após ouvir o "pré diagnóstico". 

— Eu sei que isso é grave, mas... Quanto tempo eu tenho... ou teria? Tem alguma estimativa? 

Foi a primeira vez que Langston virou o rosto para encará-la. Por alguns segundos, visou-a com um olhar sério, talvez mais sério que das outras vezes no breve encontro que tiveram até agora. 

— Posso dizer que... dada as informações dos seus sintomas... Já devíamos ter nos encontrado há muito mais tempo. 

— O que isto quer dizer? Que eu poderia ter morrido muito tempo antes? 

— Não há como afirmar com clareza. Mas quanto mais atrasamos o nosso encontro, maiores seriam a chances de uma tragédia acontecer. 

Ao encará-lo por alguns segundos, não conseguia discernir entre o alívio ou a angústia por saber daquilo. Um calafrio percorreu-lhe o corpo.  

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— Suspensão? Como assim? 

Algumas horas antes.

Catherine tinha de confessar que foi pega de surpresa desta vez. Na primeira, achou viável a decisão de Ecklie ao suspendê-la do trabalho por insubordinação. Por mais que tivesse criado laços amigáveis com Sara, não poderia discordar de uma decisão como aquela. Agora, um segundo afastamento em pouquíssimo tempo era coisa para se preocupar. 

Prestes a fechar seu turno, a supervisora do swing se encontrou com o amigo em sua sala. Como sempre, enfurnado em pesquisas das quais ela não se arriscava em querer saber. Passou por lá porque seu instinto garantia a ela que o encontraria por ali, então aproveitou para bater um papo. Foi quando soube logo depois que Sara se ausentou do trabalho mais uma vez. 

— É — respondeu distante. 

— Ela acabou de voltar das férias, foi suspensa e já vai sair de novo? — questionou confusa. — Tem alguma coisa acontecendo nesse turno e eu não sei? 

— ... Alguns problemas pontuais. Já estou tratando deles. 

O semblante indiferente dava a impressão de estar em outro lugar e isto a incomodou um pouco; mesmo conhecendo o jeito indiferente do qual ele tratava assuntos pessoais dentro do laboratório. 

— Gil... — Ela o alertou. — Você sabe como o Ecklie está no seu cangote, ainda mais depois do que aconteceu com a gente. Tem certeza de que- 

— Eu não me arrependo do que fiz e tampouco me importo com o que Ecklie pensa — declarou desdenhoso. — E além disso ele não vai fazer nada. 

— Desde quando está tão confiante sobre o que ele pode ou não fazer? — Ela o questionou, intrigada sobre sua posição. 

— Porque ele não vai — repetiu, balançando a cabeça em desdém. — E aproveitando que você está aqui... — Grissom comentou sob um suspiro. — Quero pedir um favor.  

— Depende. Vai me custar quanto? — Catherine brincou. 

— Quero que assuma o turno da noite enquanto eu estiver fora. 

— Sério? — A supervisora franziu as sobrancelhas por curiosidade. — Espera aí. — Erguendo as duas mãos na tentativa de entender aquela história, Catherine fez uma pausa. — Tá me dizendo que seu turno vai perder duas pessoas de uma vez?  

Ele não podia falhar naquele momento. Tinha de manter naturalidade, agir como sempre agiu e não atrair mais perguntas indesejadas. Por dentro faltava pouco para se levantar daquela cadeira e ir embora dali. 

— Tenho um compromisso que não posso adiar. 

Ao terminar de falar, Grissom esfregou os dedos nos olhos pelo aparente cansaço visual. Sua postura também indicava fadiga física ou mental. Um pouco dos dois. 

— Você não vai sair de vez... vai? 

— Temporariamente. 

Ela não gostou do jeito que ouviu a resposta e não se contentava apenas com poucas informações. 

— Números — questionou enfática, desagradando-se com a demora de Grissom em não abrir logo o jogo. 

— Dois meses. 

O silêncio que se formou na sala não foi programado, por mais chocante que a notícia tenha sido. 

— Você não tá falando sério. — Ela balançou a cabeça, imaginando que ouviu outra coisa. — Não...  

— Eu tenho... uns assuntos importantes para resolver. — O supervisor desviou o olhar para a esquerda. Queria revelar o menos possível para não se complicar depois.  

— Não sei o que você fez para conseguir ser liberado justo nesse momento que a gente tá passando. Meu Deus — exclamou sem esconder seu descontentamento. — Agora que estamos conseguindo limpar a bagunça que o apagão na cidade deixou, dois peritos estão fora! 

Grissom baixou o olhar e se recostou na cadeira. Imaginava que seu pedido seria frustrado e por isso teria de pedir o favor a outra pessoa. Mais trabalho. 

— Você vai aceitar? 

Catherine mal percebeu sua pergunta porque ainda se recuperava do baque da resposta anterior. Não imaginava o tipo de crise que o turno da noite estava prestes a enfrentar com duas ausências do quadro de criminalistas, ou se as ausências eram consequência dessa tal crise. Bastou um deslize inventado por Ecklie para que ele fizesse o que bem entendesse com o grupo. Perdas como aquela tinham que estar relacionadas com o novo diretor assistente, não havia outra explicação. 

— O quê? — Ela tocou na testa brevemente. — Você ouviu o que eu acabei de falar? 

— O que eu posso fazer? — Grissom deu de ombros, incapaz de lhe dar uma resposta adequada. — Não tenho controle sobre tudo. Não posso estalar os dedos e fazer o que eu quero. 

Era óbvio que ouviria uma resposta desse tipo. 

— Eu posso chamar outra pessoa, se você não quiser. 

— Não é sobre isso que eu estou falando, Gil. O que houve com vocês? Poxa, estavam indo tão bem e agora isso? 

— Isso não tem nada a ver com o Ecklie. Você precisa parar de achar que tudo o que acontece por aqui tem o dedo dele. — Grissom não queria, mas acabou saindo um pouco incisivo demais. 

— Nossa, então me desculpe se estou um pouco preocupada com vocês! — Ela ergueu as mãos na defensiva, porém era nítido seu descontentamento com sua resposta. 

Ele fechou os olhos por dois segundos e ergueu a mão num gesto arrependido. Tocou na testa e imaginou que seria visitado por mais uma daquelas enxaquecas. 

— Eu chamei você porque te considero a pessoa mais capacitada para isso. Mas se você não quiser aceitar eu entendo. E respeito sua decisão — afirmou, valendo-se de toda cordialidade. A última coisa que gostaria era de ter Catherine do outro lado.  

Ao lançar um olhar afiado para Grissom, Catherine se ajeitou na cadeira rapidamente e então respondeu: 

— Tá, tá. — Gesticulou, encerrando de vez a dúvida dele. — Mas eu vou precisar de suporte. 

— Já solicitei uma ajuda do Condado de Reno. Está a caminho. 

Não se dando por satisfeita, Catherine atentou bem para ele e tentou entender o que dizia por trás daquela postura. Encontrava-se meio evasivo como sempre, mas algo a incomodava. 

— Tá tudo bem com você, não está, Gil? 

O supervisor moveu os lábios com cautela, chegando a desviar o olhar dela por poucos segundos. Parecia meio avoado. 

— Nada com o que se preocupar. 

Sara estava morrendo e ninguém mais devia saber daquilo. Como ele conseguiu voltar ao trabalho e agir como se nada estivesse acontecendo? 

— Imagino que já tenha contado aos outros e só veio confirmar esse último detalhe comigo. 

— Esperava que você fizesse isso. 

— Ah, tá bom. — Ela riu deliberadamente. — Quem é o chefe aqui ainda é você. Se esqueceu, ou quer que eu pegue a sua mão para coletar evidências agora? 

Ele moveu os lábios num biquinho de quem não gostou. 

— Por favor! Pegue eles numa hora e avise que vai ficar fora por algum tempo! — Catherine declarou sorrindo incrédula. — Quem disse que você precisa dar explicações? Nem pra mim você se explicou. 

Grissom não era de perceber indiretas com facilidade, mas desta vez ele pôde captar a alfinetada a tempo. Foi até seu desejo pedir desculpas, porém não iria adiantar de jeito; continuaria sem se explicar. 

— Eu aviso eles. — Ele gesticulou, querendo dar o assunto por encerrado. — Satisfeita? 

— Você não tem jeito. — A supervisora balançou a cabeça. Ao sorrir torto e levar a mão à nuca, continuou: — Quando você viaja? 

— Daqui a dois dias. 

— Dois dias?! Meu Deus, achei que seria daqui a uma semana, eu sei lá! 

— Eu disse. É importante. 

Catherine buscou em seus olhos um motivo para insistir, mas àquela altura já chegara em muros altos demais para escalar. Grissom era uma fortaleza solitária. 

— Vai ficar me devendo essa, seu filho da mãe. 

O semblante sério que se manteve o tempo todo deu lugar a um rosto risonho. Pode ter se metido numa encrenca com Catherine, mas ao menos conseguiu a resposta positiva que desejava. 

— Obrigado. 

Ao finalizarem alguns detalhes sobre como a troca iria acontecer, Catherine se despediu e deixou a sala. Agora sozinho, Grissom refletiu sobre como se saiu na breve conversa; se deixou suas angústias tomarem conta de seu comportamento ou se realmente soube disfarçar. Pouco a pouco estava deixando seus sentimentos o controlarem e caso não deixasse o trabalho o quanto antes poderia se meter em problemas. 

Ao pegar o celular deixado sob a mesa para verificar se havia alguma ligação ou mensagem. Nada. 

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Início da manhã. 

A verdade? Encontrava-se completamente abalado. Nada mais permeava sua mente a não ser uma pessoa. E justamente era esta pessoa quem ele mais queria falar e simplesmente não conseguia. E isto o estava destruindo por dentro. Nuvens densas permeavam seus pensamentos e tudo o que conseguia enxergar era o rosto de Sara no meio deles. 

Bastou apenas uma série de ligações não atendidas. A voz da secretária eletrônica dizendo para "deixar seu recado" e logo em seguida "número fora de área ou desligado" levaram-no à loucura. Depois da visita que culminou na descoberta de sua "doença", Sara ficou incomunicável. Em meio a tantas e tantas ligações frustradas, decidiu visitá-la novamente. 

— Desculpe, a senhorita Sidle não se encontra em casa. 

Aquela resposta despertou em Grissom os piores sentimentos. Desespero bateu à porta e sua visão estava entorpecida por névoa. 

— Ela viajou e não disse quando retornava — continuou o porteiro do prédio. 

Absorto, as palavras mal saíam da boca de Grissom. Ela foi embora de repente, sem dar notícias ou ao menos se despedir. 

— Q-quando foi isso? 

— Há poucas horas, senhor. 

Droga!  

Se não tivesse enrolado tanto poderia ter chegado a tempo e convencê-la de ir junto. Grissom temia que sua demora pudesse custar um preço muito alto. Ele rezava para que não suas escolhas não foram tomadas tarde demais. 

— E-ela deixou algum recado? — perguntou receoso ao funcionário. Não queria perder a linha em "público" já que não gostava que as pessoas tentassem desvendá-lo. 

— Não, senhor.  

— Ah, meu Deus... 

Não faria sentido pedir para entrar em seu apartamento. Além de receber uma provável recusa do porteiro, se Sara quisesse que ele visse algo, teria pedido ao porteiro para fazê-lo. Não havia nada. 

— Você... você estava aqui quando ela saiu? 

Ele tinha de tentar. Quanto mais informações extraísse dali melhor saberia como reagir adiante. O problema é que a cada segundo começava a perder o controle; chegaria um momento em que não teria capacidade de tomar uma decisão.  

— Sim, sim... Estava carregando umas malas. Duas... três... Acho que vai ficar um bom tempo fora. 

— Mais alguma coisa? 

— Não, senhor. Tudo o que ela fez foi dizer que ia sair e não deu prazo de retorno. Até deixou pago o condomínio. 

— Tá. Obrigado. — Com uma despedida um tanto ríspida, Grissom deixou o prédio e tratou de pegar o celular enquanto seguia até o carro. — Meu Deus, Sara! — Ele resmungou. Não sabia se o que sentia no momento era raiva dela ou desespero por ela não estar ali. 

Trajando uma vaga esperança tentou ligar para ela novamente... E nada. Número fora de área ou desligado. Tudo acontecendo no justo momento do qual ele tentaria convencê-la novamente a ir junto. Agora ela se foi, deixando-o num mar de desespero e sem saber para onde remar.  

Do desespero veio a culpa. Culpa por não ter enxergado os "sinais" de que ela não estava bem meses antes. Culpa, também, por tê-la rejeitado diversas vezes ao longo dos anos. Se fosse um homem mais flexível talvez não tivesse colocado a si mesmo naquela situação. Ela foi embora sem ao menos dizer adeus e isto doía demais.  

— Deus, Sara! 

Ele não enxergava mais nada em sua frente, não conseguia pensar num meio de agir. Suas preocupações se resumiam nela e somente nela. 

Sentia o peito pressionar só de pensar no quanto foi negligente ao se tratar de Sara. Poderia ter feito muito mais pela mulher que dizia tanto confiar e respeitar. Se alguém deveria passar por tudo que ela estava passando, este alguém deveria ser ele. 

O único meio de comunicação que lhe restava era um email. Se ela veria ou não seria outro problema. Mas ela tinha de saber. Tinha que ter em mente que alguém, talvez do outro lado do mundo morria de preocupação por ela. 

"Por favor, retorne minha ligação." 

Tinha de haver algo mais do que simples palavras frias. Palavras de um chefe preocupado com o funcionário que não dava notícias. Sara não era apenas sua funcionária. Era muito mais que isso. 

"Preciso falar com você. Estou desesperado." 

Grissom apagou a última sentença e a reescreveu duas vezes. Expor-se demais era perigoso, mas o que poderia perder além de seu emprego numa possível descoberta daquele email? Ela? Ele tinha tudo a perder, na verdade. Se fosse frio demais seria ignorado; enérgico, então? Ele não iria mentir, realmente estava desesperado. E este sentimento iria aumentar cada vez mais se o tempo passasse e não recebesse resposta alguma. 

Foi então que decidiu no mesmo dia resolver suas pendências. Uma passagem para Hong Kong seria a primeira. O aval do próprio xerife para conseguir ser liberado ele já tinha conseguido. Mas o que ele mais queria estava longe de conseguir. 

Grissom enviou o email e torceu com todas as forças para ser respondido. Hora de arrumar as malas. 


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Notas finais do capítulo

Deu tudo errado pro Grissom, né, vamos combinar. A Sara driblou ele bonito kkkkkkkkk Ai cara, nada dá certo nessa fic que coisa.

O cara vai atrás dela mesmo hein. Ele vacilou várias vezes com ela antes, será que agora vai???

Obrigada a todos que leram, nos vemos no próximo capítulo!!!!



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