A esperança desapareceu rápido. Correram na direção da voz, ansiando encontrar alguém conhecido os procurando, mas enquanto se aproximavam, perceberam as palavras ininteligíveis, uma língua incompreensível para eles.

Claro que não encontrariam ninguém conhecido. Almas perdidas encontram apenas seus iguais.

Hernan tomou a frente, impedindo os irmãos de se aproximarem demais. O homem parecia agitado, o olhar tenso não relaxou ao vê-los, e ele despejou frases no idioma desconhecido, repetindo uma palavra mais do que as outras.

— “Svajone”? – estranhou Ascian. O homem reagiu à palavra, sua voz e seu olhar traziam um tom dolorosamente esperançoso.

— Deve ser uma pessoa – Hernan supôs, antes de negar com a cabeça, torcendo para que ele compreendesse a resposta: – O senhor é o primeiro que vemos aqui.

Algo mudou em seu semblante, mas não sabiam se ele tinha entendido as palavras ou apenas o tom. Levou as mãos trêmulas ao rosto, parecendo cansado de súbito. Com as costas apoiadas a uma árvore, lançou outro olhar aos irmãos, sem tentar se comunicar. Apenas um olhar dolorosamente conformado.

— Consegue me entender? – Hernan insistiu. Ele não era de nenhum lugar que conheciam, era visível pelas roupas e a ênfase característica e incomum nas palavras que murmurava agora, balançando a cabeça sem encará-los, os ombros caídos e uma expressão vazia. Apontou para Hernan, gesticulando uma altura no ar quase igual a do rapaz. Explicou aos irmãos: – Deve ter minha idade, essa “Svajone”. Acho que é uma garota.

Ascian sentiu o peito gelar ao pensar na dríade, e desejou estar errado em sua suposição. Não corrigiu Hernan quando ele repetiu que não tinham encontrado ninguém. Em vez disso, perguntou:

— De onde acha que ele é?

— Pode ser de qualquer lugar.

A Floresta Profunda existia em todas as florestas, era seu Coração. O caminho das árvores sempre levaria a seus domínios.