A matter of time escrita por Alice


Capítulo 5
Four




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Henry Hart saiu pelas portas de vidro de um imponente prédio cinza, estava em uma das várias ruas visivelmente bem cuidadas na Zona Leste, os pedestres bem vestidos e os carros de luxos transitavam alheios à sua tormenta. Meses antes, Charlotte fazia os mesmos passos que ele, saía do mesmo local enquanto andava para longe antes de sumir. Confirmou com a recepcionista que Charlotte marcou uma consulta no dia 5 de agosto e com uma desculpa falha de que era um policial disfarçado responsável pela investigação do sumisso dela, conseguiu conversar com a obstetra que a consultou e da qual só obteve poucas informações.

Apertou o dispositivo que estava escondido no bolso da sua calça entre os dedos, graças aquele pequeno aparelho Schwoz tinha acesso a todas as informações da médica e consequentemente de Charlotte. Parou perto de um hidratante, ao olhar ao redor notou poucas câmeras de segurança, porém eram câmeras e poderiam ter gravado o que aconteceu com Charlotte. As câmeras públicas eram escassas naquele bairro, Schwoz não conseguiu muito com elas além da localização do prédio onde Charlotte havia entrado. Suspirou profundamente, decidiu ir ao encontro de seus amigos a fim de que discutissem o próximo passo.

 

■ ■ ■ ■ ■


Charlotte estremeceu de frio, puxando as duas cobertas ainda mais contra seu corpo, estava enrolada em cima da cama enquanto velas acesas tentavam aquecer o ambiente, mesmo com o casaco grosso e as camadas de tecido, sem falar do precário aquecimento, calafrios a dominavam. Um espirro baixo a fez fungar, sua cabeça latejava ao passo que seu corpo se tornava mais dolorido a cada segundo. Piscou lentamente sentindo uma imensa vontade de permanecer naquele colchão encaroçado, mas era hora de fazer sua vistoria de rotina, não podia desperdiçar um segundo sem a presença dele.

Com grande dificuldade levantou da cama, arrastando seus pés em direção à porta fechada, a maçaneta fria trouxe novos calafrios ao seu corpo, não duvidava de estar com febre. Saiu para fora, encolhendo-se quando uma brisa gelada atingiu sua pele sensível, os três espirros que se seguiram fizeram sua cabeça latejar mais forte. Caminhou, ou se arrastou, em direção ao quarto dele, se preparou para a decepção diária de descobrir que a porta continuava trancada. Porém, parecia que a sorte estava olhando por ela depois de tanto tempo e em um dos seus dias mais difíceis, quando girou a maçaneta a porta de madeira rangeu quando ela a empurrou.

O quarto era tão simples quanto o dela, porém mais aquecido e sem as frestas entre as tábuas por onde o frio passava. As janelas estavam limpas, a cama parecia tão confortável e quando adentrou o local sentiu o calor tão desejado encobrir seu corpo. Se colocou rapidamente à procura de algo que pudesse ajudá-la, seus olhos brilharam em esperança quando viu um rádio antigo em cima de uma mesa abaixo da janela. Apressou o passo e permaneceu em pé ao lado da mesa, não ousaria sentar e mudar nem que fosse um centímetro a posição da cadeira.

Tentou encontrar a linha que a conectaria com Schwoz, os dois possuíam diversas maneiras de se comunicarem caso fosse preciso, agradecia aos céus por seu amigo ter tido aquela ideia. O som da estática fazia sua dor de cabeça aumentar, após alguns longos e desesperadores minutos conseguiu uma conexão.

— Alô?

A voz distante e falhada de Schwoz fez sua garganta se fechar, Charlotte sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos a simples saudação do cientista. Se forçou a permanecer calma e com muita dificuldade, por conta da garganta inflamada, conseguiu proferir uma palavra.

Schwoz.

— Charlotte?!

O grito a fez sorrir, porém tinha que ser rápida por conta da péssima conexão e também porque não sabia quando ele iria voltar.

Montanhas.— engoliu a saliva sentindo sua garganta em chamas. Tossiu provocando uma dor ainda maior. - Montanhas. Vermelho... seguro. Rápido.

— Charlotte, você... es.. bem? Por... fa... diga que es... bem!

A conexão se perdeu em segundos, recolocou tudo em seu devido lugar e fez seu caminho de volta, fechou a porta com cuidado e retornou ao seu quarto. No ambiente já conhecido, deitada na cama desconfortável, se permitiu fechar os olhos para fugir um pouco da dor. Agora não havia mais nada que pudesse ser feito, se ele descobriria que ela entrou em seu quarto e que usou o rádio ela não poderia fazer nada a respeito, porém conseguiu falar com alguém e essa conquista fez a esperança dentro dela reaparecer.

 

▪︎ ▪︎ ▪︎ ▪︎ ▪︎


Henry mal teve tempo para sair do elevador quando um Schwoz eufórico o arrastou para o meio da sala de controle, ele falava apressado e em diferentes línguas que fizeram o Hart piscar atordoado para o amigo. O cientista parou de repente, respirando com dificuldade enquanto estendia a mão pedindo um tempo para ele.

— O que aconteceu?

Schwoz apontou para a lousa digital portátil, quatro palavras estavam escritas em vermelho no meio dela: Montanhas, Vermelho seguro e Rápido. Se aproximou da lousa, os braços cruzados como sempre fazia quando não entendia algo, olhou para o amigo em busca de uma explicação que foi dada após Schwoz terminar de beber um grande copo de água.

— Charlotte entrou em contato! - contou emocionado, continuando sua fala sem dar tempo para que Henry interrompesse. - Ela só conseguiu dizer isso. - gesticulou para a lousa. - A voz dela estava falhando e acho que ela está rouca, mas o importante é que ela conseguiu se comunicar e tudo o que precisamos fazer é descobrir o que isso significa e a trazer de volta para casa com o bebê Chenry!

Henry caiu em um baque sobre uma poltrona, seu coração a mil igual sua mente. Charlotte estava viva e conseguiu pedir ajuda, eles ainda tinham tempo para salvá-la, para salvá-los. Esfregou os olhos com a ponta dos dedos, lágrimas quentes começaram a escorrer por sua bochecha, se encontrava aliviado, esperançoso e ansioso em proporções enlouquecedoras. Retirou o dispositivo do bolso e o entregou à Schwoz.

— Veja o que consegue encontrar.

— Assisti as imagens das câmeras de segurança pública, mas não consegui muito depois que ela sai da clínica. - informou, caminhando em direção aos monitores. - Tem um ponto cego entre duas câmeras, quem a sequestrou sabia disso.

— Então essa pessoa a estava seguindo. - concluiu, levantando-se e caminhando em direção às paredes de vidro que davam vista para a cidade abaixo. - Ela estava sendo vigiada a algum tempo, talvez essa pessoa não soubesse que ela estava grávida?

— Ou só estava esperando o momento certo? - o cientista opinou, concentrando-se na análise das informações da obstetra.

— Vários locais ao redor da clínica possuem câmera, vou ligar para o Jasper e ver se ele consegue as gravações.

Avisou, retirando seu celular para pedir ajuda ao amigo. Jasper havia acabado de ingressar na polícia, ainda era um simples policial de patrulha, porém talvez conseguisse enrolar os donos dos estabelecimentos para conseguir as gravações. Como ele conseguiria algo assim não importava, mas sabia que seu melhor amigo iria dar um jeito.


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