A matter of time escrita por Alice


Capítulo 6
Five




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— Isso é o que sabemos até agora! - Schwoz apontou para a lousa onde um pequeno esquema começava a ganhar forma, o nome de Charlotte se encontrava em negrito no meio. - Charlotte estava grávida de quase três meses quando foi sequestrada, ela sumiu em um ponto cego onde as câmeras não alcançam, a pessoa que a sequestrou sabia disso então já a estava seguindo a um tempo, ela entrou em contato e deu três informações: Montanhas, Vermelho seguro e Rápido. - puxou o ar ruidosamente quando parou de falar, continuando sem dar tempo de intromissão. - Pelas minhas contas ela está perto de ter o bebê, essas crianças nascem dez dias antes ou depois dos noves meses, Charlotte já entrou nos dez dias antes.

Piper estava com a boca aberta, sua mente girando e sem saber o que falar; Ray se mantinha em um silêncio preocupado e Henry analisava o quadro sentindo seu corpo ser tomado por uma urgência que tentava controlar. Sabia que se desesperar naquele instante não ajudaria em nada e deveria manter o controle para conseguir pensar em um plano.

— Jasper está vindo com as gravações. - informou, se aproximando da lousa, suas mãos escondidas nos bolsos da calça jeans para que não vissem o seu tremor.

— Onde exatamente ela sumiu? - Piper se colocou ao lado do irmão.

— As câmeras não pegam um beco entre duas lojas vazias, o movimento naquela rua é pouco dependendo da hora do dia. - respondeu. - Ela foi para a consulta bem cedo pela manhã, dá para ver que tudo estava praticamente deserto quando ela saiu da clínica.

O som de passos apressados chamou a atenção dos quatro, Jasper apareceu ofegante e com o braço esticado em direção aos monitores. Demorou um pouco para que ele recobrasse o ar, se esticando e alisando a farda da polícia que usava.

— Enviei as imagens para o Schwoz. - disse, encarando Henry com um olhar desolado. - Foi ele, Hen.

— Ele quem? - uma sensação de angústia começou a adormecer seus membros.

O grito alto que Schwoz soltou os fez correrem até os monitores, a visão que tiveram provocou inúmeras reações, mas a voz de Piper se sobressaiu acima de todos.

Mas como?!

Henry queria ter a resposta, porque se tivesse não o teria deixado escapar e Charlotte não estaria desaparecida junto com o seu filho. O som alto de algo se quebrando não tirou a atenção do Hart do monitor onde Charlotte passava pelo beco meio escuro e em questão de segundos era agarrada por alguém que deveria estar morto, por alguém que não deveria ter escapado. Seu sangue gelou, o ódio que ele deveria ter nutrido por eles aumentara visivelmente, Charlotte estava em um perigo maior do que eles pensavam.

 

■ ■ ■ ■ ■


Charlotte não abriu os olhos quando escutou passos se aproximarem da cama, não conseguiria mesmo se tentasse, seu corpo se esgotou, não possuía outra explicação. Sentiu algo ser colocado sobre ela, seu corpo se aqueceu um pouco mais fazendo com que seus dentes parassem de tremer levemente. Estremeceu quando um calafrio a tomou, respirando com uma certa dificuldade pela boca por conta de seu nariz entupido, a gripe encontrou um ótimo hospedeiro nela, sua imunidade deveria estar abaixo do aceitável e a parca alimentação deixava seu sistema debilitado.

Se encolheu debaixo das cobertas, um braço sobre a barriga como proteção, cada músculo do seu corpo estava gritando de dor e sua cabeça parecia estar sendo apedrejada. Em poucos segundos caiu novamente na inconsciência, seus sonhos povoados pelos gritos dos caçadores, as garras que a prendiam, desolada pelo frio que a envolvia e pela compreensão de que talvez não fosse escapar. O pior era o riso sarcástico dele que ressoava em cada canto de sua mente, os dentes manchados, a pele machucada, a mão calejada com a pele áspera, as garras afiadas que por vezes a feriram, cada parte odiosa e assustadora de Drex.

 

■ ■ ■ ■ ■


— O que vamos fazer?!

Ray andava de um lado para o outro da sala, as mãos puxando os fios lisos de seu cabelo enquanto surtava a cada pergunta que fazia.

— Como podemos ter deixado ele escapar de novo? O que vamos fazer agora? E se ele fez algo com eles? Eu nunca vou me perdoar se...

— Ray! - o grito estridente de Piper seguido de um sapato voando em direção ao Manchester o parou. A jovem o encarou claramente irritada e soltou em uma voz baixa e perigosa um aviso. - Se você não calar a boca agora e sentar na merda daquele sofá eu juro que dou um fim é em você.

Levemente assustado, Ray correu para fazer o que foi ordenando, soltando um som de agrado Piper se voltou para o irmão que conversava em sussurros com Jasper.

— Então, o que vamos fazer?

Henry trocou um olhar decidido com o Dunlop e o mesmo tomou o centro da conversa.

— Primeiro temos que juntar as informações que Charlotte nos deu para que consigamos algo. - se aproximou da lousa tendo a atenção de todos. - Ela falou de montanhas, então deve estar presa em uma, as montanhas ao redor de Swellview são afastadas do mundo e em certos pontos o acesso é praticamente impossível. Pensamos nessa possibilidade da primeira vez, mas não sabíamos o que procurar então não continuamos.

— Mas eles não iriam para um lugar onde é difícil entrar e sair, certo?

— Possivelmente não, Schwoz. Ele deve tê-la levado para um lugar perto de uma estrada onde tem postos de gasolina e mercados pequenos onde ninguém iria reconhecê-lo.

— Uau. - Ray comentou impressionado. - Você é mesmo um policial!

Sorrisos sinceros não foram impedidos após a fala do Manchester, mas logo Jasper retomou sua pose e continuou sua fala.

— Precisamos encontrar esses lugares, diminuir as possibilidades até encontrarmos eles.

— Mas como vamos fazer isso? - Piper indagou ansiosa.

— Vamos usar o satélite do Schwoz para descobrir as cabanas mais isoladas. - Henry respondeu, acenando para o cientista que compreendeu seu raciocínio.

— Então vamos descobrir as que ficam próximas das estradas e ir eliminando. - correu para os monitores a fim de começar sua parte.

— Mas como vamos nos aproximar? Com o mancóptero é impossível porque pode causar uma avalanche ou algo assim. - Ray opinou.

— Precisamos ir a pé.

— Não, Henry! Ele deve ter colocado armadilhas.

— Vermelho seguro, Pipes. - apontou para a lousa, não querendo demonstrar seu receio. - Ele deve ter marcado os lugares para não se perder, como partimos da ideia de que o vermelho é sempre perigoso, ele deve ter feito o contrário para confundir.

— Mas como vamos trazer ela de volta? Charlotte não vai conseguir descer a montanha com a gente.

Henry não soube responder, Ray claramente também não possuía uma solução e nem Piper ou Jasper faziam a mínima ideia de como resolver essa parte.

— Vocês podem chamar de sorte ou destino. - Schwoz comentou, girando a cadeira para ficar de frente para eles. - Charlotte me ajudou a inventar uma bolha que serve como transporte. Estávamos assistindo Wicked e me apaixonei pela bolha da Glinda, a bruxa boa, então comentei o quão legal seria se pudéssemos voar em uma bolha mágica e ela me ajudou a construir uma!

— Temos uma bolha mágica e você nunca me contou?!

— Não é tempo para isso, Ray. - o Hart afirmou, apertando o ombro de seu amigo que concordou a contragosto. - Temos um meio de fuga, agora só precisamos encontrá-la.

— Encontrar os dois. - Jasper o corrigiu com um sorriso animado que se espelhou no rosto de Henry.

— Sim, os dois.


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