O Retorno Do Fantasma Vigilante escrita por M F Morningstar


Capítulo 6
Familiaridade


Notas iniciais do capítulo

Olá, novo capítulo!

Boa Leitura!!!



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P.O.V Mônica Sousa

Novo dia, outro dia, sinceramente não sei qual “combinação” se torna melhor, mas não é como se isso fosse necessariamente relevante. Visto um short cinza e uma regata de listras brancas e beges, coloco argolas em minhas orelhas para dar um charme legal que cai perfeitamente com meu cabelo chanel, calço meus tênis marrons claros e pego minha mochila.

Sem fome, acabo indo direto para escola sem parar na cozinha da minha casa. Assim que piso para fora do lote fechando a portãozinho, uma sombra me “cobre”, ao me virar para ver do que se tratava, vejo Cebola parado sorrindo para mim. Ele usava uma calça bege, uma camisa branca de gola normal e, por cima, uma jaqueta jeans preta dobrada um pouco nas mangas, um tênis branco e segurava sua mochila em um só ombro.

— Bom dia, Mônica. – Sua voz rouca me causa arrepios, e eu rapidamente fico desconcertada.

— Oi, Cê... – Sussurro olhando para ele.

— Posso te acompanhar? – Ele pergunta arqueando uma sobrancelha enquanto dá um passo em minha direção, ficando mais perto de mim.

— Pode. – Respondo me virando para o lado oposto dele, em direção ao caminho que sempre fazia para ir à escola.

— Maravilha.

Cebola e eu começamos a andar lado a lado dando pequenos olhares um para o outro.

— Então, tomou o café da manhã? – Pergunta ele quebrando o silêncio.

— Na verdade, não. Estava sem fome. – Respondo com uma risada descontraída, mas ao olhar para ele, vejo sua seriedade e preocupação.

— Mesmo assim, você deve comer. – Abaixo minha cabeça após ver a intensidade de seu olhar.

De algum jeito, Cebola começou a ter um efeito diferente sobre mim, era como se ao estar ao seu lado tudo dobrasse, o calor, a intensidade, a força das palavras, enfim, tudo mesmo.

— Eu estou bem. – Digo, mas ele não parece convencido.

— Vem. – Cebola pega em minha mão e me puxa até a padaria do Quim.

— Nós vamos nos atrasar. – Alego, mas ele parecia decidido.

— Sua alimentação é mais importante. Você é mais importante. – Ele para em minha frente me olhando profundamente me fazendo ficar sem palavras.

Opto por apenas acenar com a cabeça, concordando.

Assim que entramos na padaria, Cebola me faz sentar em uma das mesas enquanto ele vai direto até a vitrine cheia de comida. Não demora muito e ele volta com a ajuda de um funcionário com várias comidas, que na minha opinião era um exagero.

— Não precisava pegar tudo isso. – O repreendo, e ele dá um sorriso de lado.

— Qual é! Aproveita. Me deixa te mimar um pouco. – Esse sorriso, é impossível negar algo.

— Tudo bem. – Digo depois de dar um suspiro.

Cebola havia pegado vários salgados: empadinhas de frango, torta de brócolis e carne, folhado de frango com catupiry, e assado de calabresa. E também alguns doces: uma fatia de rocambole de chocolate, torta de limão, e bomba de chocolate.

— Já trago as bebidas. – Diz o funcionário que rapidamente volta para a área de venda, provavelmente para preparar o pedido.

— Atacar! – Exclama empolgado Cebola me fazendo rir.

Começo a provar um de cada para decidir qual gostaria de comer realmente. Cebola espera pacientemente e feliz por minha atitude. Opto pela torta de brócolis e carne, o folhado de frango com catupiry e a bomba de chocolate.

— Realmente tudo é uma delícia. – Admito enquanto comemos.

— Você foi esperta em provar tudo para depois decidir qual era mais do seu agrado. – Cebola ri, e eu mostro a língua para ele.

— Você quem me arrastou para cá. Nada mais justo. – Rio, e ele concorda com a cabeça enquanto sorri.

— Tem razão.

Logo o funcionário volta trazendo um chocolate quente com chantilly e um mocha cremoso. Assim que o moço se retira, me viro para o Cebola arqueando uma sobrancelha.

— Como lembrou que é meu preferido? – Pergunto impressionada que ele acertou minha bebida preferida dessa padaria.

— Lembrar de pequenas coisas que te agradam não é difícil. Sou observador. – Explica Cê depois de tomar um gole do seu mocha.

— Entendi. – Tomo o primeiro gole do meu chocolate quente.

Por mais que a bebida desce queimando um pouco, o sabor doce e cremoso compensa. Cebola solta uma risada olhando para o meu nariz, mas antes que eu pudesse perguntar o motivo, ele passa o dedo, e eu percebo o chantilly.

— Da próxima vez, tenta não comer o chantilly pelo nariz. – Brinca ele me deixando levemente irritada e corada.

— Idiota. – Resmungo, e ele dá um sorriso bobo.

— Eu sei que você quer rir, não precisa disfarçar. – Brinca ele me fazendo revirar os olhos ao mesmo tempo que dou um sorriso leve por seu jeito descontraído.

— É sempre tão fácil estar ao seu lado. – Confesso, e ele sorri novamente, mas um sorriso diferente, algo mais profundo e radiante, contente.

— Digo o mesmo, Môniquinha. – Reviro os olhos dessa vez por conta do “apelido”.

— Cebolinha. – Rebato com um sorriso maldoso que o faz aparentemente achar engraçado.

— Está bem, eu não te chamo mais assim. – Ele ri.

— Ah, mas eu gostei tanto de poder te chamar de Cebolinha novamente. – Brinco fazendo uma “cara de metida”.

— Quem sabe um dia eu deixe você voltar a me chamar assim. – Cê dá uma piscadinha e coloca o prato do rocambole na nossa frente. – Quer dividir?

— Okay. – Corada aceito sua proposta.

Eu sei que não é novidade fazermos isso, mas de algum modo, agora, isso se tornou algo mais profundo, íntimo. Depois que terminamos de comer, Cebola paga tudo. Eu até insisti em dividirmos, mas quando percebi que havia esquecido meu dinheiro em casa, acabei sem ter chances de contribuir com o valor.

— Estamos atrasados agora. – Digo olhando a hora no celular.

— Cinco minutinhos não é nada. – Ele dá de ombros, e eu reviro meus olhos.

— Para um nerd, você não liga muito para essas coisas. – Alego tirando uma gargalhada espontânea dele.

— Pronto, já chegamos. – Diz ele assim que entramos pelo portão da escola.

— Obrigada pelo café da manhã. – Agradeço sinceramente.

— De nada, linda. – Cebola se aproxima de mim acariciando meu rosto. – Sempre estou aqui para você.

— Cantadas não irão te salvar sempre. – Falo séria, e ele concorda com a cabeça.

— Eu sei, por isso quero provar para você o quanto você significa para mim. – Sua voz rouca em um sussurro me faz esquecer de tudo a minha volta, não me importava em estar no meio do pátio, a poucos centímetros de distância dele.

— Cê... – Sussurro olhando em seus olhos chocolates intensos que fitavam meus lábios.

— Mô...

Simples assim, ele me beija com toda a sua paixão, amor e desejo. Não haviam barreiras, eu podia sentir tudo, todo o seu amor por mim, toda a sua saudade, toda a sua necessidade por um beijo, pelo nosso contato. Agarro sua nuca enquanto ele segura minha cintura com força, nos colando ainda mais.

Como eu havia sentido falta desses lábios nos meus, dessa familiaridade, dessa descarga elétrica que só seus beijos conseguem propiciar, talvez seja a intensidade que ele coloca ou apenas seu desejo, mas beijar o Cê sempre me despertou inúmeros sentimentos. Beijá-lo me faz sentir como se o mundo todo a minha volta girasse e focasse em apenas esse momento.

Nada mais parece importar...

— Acho que devemos ir para a aula... – Sussurra ele depois que nos afastamos com nossos olhos ainda fechados. Podia sentir o coração dele disparado assim como o meu por ainda estarmos abraçados.

— Okay... – Concordo abrindo lentamente meus olhos.

Andamos em silêncio até a sala de aula.

Depois do professor repreender a nós dois pelo atraso, Cê e eu tomamos nossos lugares costumeiros para a aula poder voltar ao normal. Mesmo com a aula acontecendo, minha mente não saia do Cebola, mesmo que eu sinta coisas parecidas com o Fantasma, eu nunca vou ter essa conexão especial que tenho com o Cê. Tudo parece certo, todos os momentos se tornam únicos e incríveis ao lado dele, estar com o Cebola nunca é difícil, nunca é estranho, não existem problemas em achar algum assunto, tudo se encaixa.

P.O.V Cebola Menezes da Silva

Não sei mais o que fazer ou pensar. Será que de algum modo o que a Mônica e eu acabamos vivendo hoje, resgatou algum sentimento dela por mim? Será que aquele beijo significou algo para ela? Porque para mim ele significou muito, eu dei tudo de mim naquele beijo, apresentei tudo o que sinto a ela, sem enganações, sem camuflagens, sem esconder nada.

A cada dia que se passa, eu só penso que eu deveria contar a verdade logo, mas eu não tenho ideia de como fazer isso... E se ela me odiar? E se ela nunca mais quiser olhar na minha cara? Eu a amo demais... Não posso perdê-la! Não por minha culpa, não pelas minhas escolhas ruins.

Eu sempre tentei fazer as coisas que eu achava serem certas, fiz escolhas que pensei serem as melhores, mas no final, foram decisões idiotas e burras. Talvez amá-la me cegue ao ponto de cometer essas burradas, mas meu amor pela Mônica sempre foi sincero, sempre foi puro e verdadeiro.

Realmente não sei se você irá me perdoar quando souber, mas espero que saiba que eu nunca te magoaria de propósito. Eu sei que já te magoei muitas vezes por escolhas ruins que fiz, mas nenhuma delas foi pensando em te machucar. Apenas estava tentando ser alguém melhor para você, alguém digno, e não apenas aquele moleque bobo dos planos infalíveis, não apenas aquele antigo Cebolinha.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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