Mudanças.- Início da Segunda Fase.

Dois anos se passaram, e todos tinham suas vidas incrívelmente mudadas, totalmente diferentes do que eram há anos atrás.
A vida de Ino, principalmente. Seus pais e os pais de Brian tinham juntos uma empresa de muito sucesso, e seu noivo havia assumido um ótimo cargo em tal empresa, tendo-a como ajudante, a loira passava maior parte de seu tempo dando assistência a Brian nos negócios, ainda que muitas vezes no escritório mesmo acabassem trocando beijos.

Quando não estava no trabalho, ia à faculdade, e quando estava em casa, passava maior parte do tempo ao lado de Marie e Brian, que muito sabiam como entreter qualquer pessoa, sempre atenciosos e muito carinhosos. A relação com os familiares tanto de Brian, quanto os próprios dela, melhorava a cada dia, e tudo em sua vida seguia um curso perfeito, a vida que qualquer pessoa poderia desejar.

E mesmo assim, em alguns momentos, a loira se pegava pensando em Sasuke. Muitas revistas que ela costumava assinar para manter-se informada quanto a alta sociedade, ou mesmo quando Naruto e Sakura iam visitá-la, mandavam-lhe cartas, sempre acabava tendo alguma notícia do Uchiha, que o tempo só havia aperfeiçoado a beleza.

Nas revistas, geralmente, aparecia sempre ao lado do filho de 1 ano e alguns meses e Hinata, ainda sua esposa. Ino percebia o quanto o sorriso dele era forçado, e que mesmo agora, já homem, escondia por trás da aparência de felicidade muita tristeza e solidão. Sempre ao pensar nisso, ela deixava que lágrimas escapassem, e dava vazão a tudo que prendera durante todo o tempo que mostrava-se feliz a todos.

Era exatamente para esconder o que lhe ia no coração que havia embarcado em todo esse futuro. Um noivado realmente sem amor, levar os negócios a sério demais e passar por cima dos próprios sentimentos.. Logo Ino, que sempre olhara todas essas coisas de modo tão rígido, agora estava presa a essa situação, e compreendia que ela não acontecia por vontade das pessoas.

Todos os dias perguntava-se como estaria Sasuke de verdade, como estava o dia-a-dia de seus amigos lá em sua antiga casa, escola, a Academia de Música de sua família.. Depois de tantos anos, a lembrança de tudo o que deixara para trás era vaga, e isso a atormentava.

Brian, que já conhecia a loira muito bem, sabia que nos momentos em que tal saudade batia, não havia nada a fazer, se não oferecer-lhe muito carinho e segurança. Desde o começo, esteve ciente de que Ino não o amava, e que provavelmente, não viria a amá-lo.. Mas somente a presença daquela garota em sua vida já iluminava tudo a sua volta.

Ele não precisava ter seu amor, somente o carinho e a cumplicidade lhe bastavam, e por parte dela, pelo menos isso ele recebia, de sobra.
Passavam tanto tempo juntos naquele escritório, que nos dias em que ela não ia para cuidar dos detalhes da faculdade, enlouquecia de solidão.

Não era um sentimento doentio.. Era algo como uma dependência, recríproca. Pois a Yamanaka também não poderia imaginar-se sem o seu salva-vidas. Brian era o único que a entendia, e aceitava toda aquela loucura melhor que ela mesma.. Tinha por ele sincera admiração, respeito, e tudo isso era o suficiente para que ambos estivessem satisfeitos assim.

E, além de todos esses motivos, havia entrado na empresa uma pessoa muito agradável, e que muito ajudava Ino em seus problemas. Seu nome era Charlotte, e ela estava lá havia dois anos.. Seu cargo era importante, vestia-se elegantemente, e seus cabelos dourados conquistavam todos ao seu redor.

Algumas vezes, a loira até chegava a desconfiar que Brian sentia algo por Charlotte, e esclarecia que, no momento em que ele desejasse separar-se dela para ficar com alguém que realmente o amasse, as portas estariam abertas.. Mas ele sempre se esquivava com louvor, aliviando o coração de Ino.

Já bem distante dali, Sasuke tinha notícias da amada com frequência, Charlotte estava fazendo muito bem o seu trabalho.. Havia aberto um consultório de psicologia, e se dava muito bem em tal trabalho.. Quando não estava lá, passava boa parte do seu tempo ao lado do filho, Kaoru, que dava luz à sua vida. Seus lindos grandes olhos negros, o cabelo desgrenhado como o do pai, e sua postura um tanto fria as vezes tornavam o pequeno a cópia perfeita de Sasuke quando mais novo.

Sempre que estava perto do garoto, esquecia-se de seus problemas, de todas as tristes histórias que ouvia em seu consultório, de sua falha história de amor.. Simplismente concentrava no filho todo o amor que desejava proporcionar as pessoas, mas conseguia demonstrar somente a Kaoru, que correspondia esse sentimento claramente.
E Hinata, que tanto havia feito para acorrentar Sasuke a seu lado, percebeu que jogara fora toda a felicidade que poderia ter vivido ao lado de Kiba.

O marido não à amava. Amava muito mais ao filho, do que a ela. No primeiro ano de casados, em todas as noites, esperava que ele a procurasse.. Mas em nenhuma das vezes, isso ocorreu. Foi pouco a pouco, que a Hyuuga perdeu o encanto, e percebeu que nada poderia fazer para que Sasuke a amasse, que havia se colocado em tal situação, e agora teria de arcar com as consequências..

Muitas vezes tratava o pequeno Kaoru com desprezo, simplismente pelo fato de seu plano não haver dado certo. Sabia que o garoto preferia a companhia do pai, que em todos os momentos, pedia para que alguém fosse buscá-lo, que pudesse passar mais tempo a seu lado.. A verdade era que ninguém a queria por perto.
Nos últimos anos, ela não vinha sendo uma companhia muito agradável.

E por fim, Kiba.. Dois anos haviam se passado, e a ferida sequer havia cicatrizado. Havia conseguido um cargo melhor, em um outro tipo de empresa, um lugar que trabalhava com produção musical, e ocupava lá importante posição.

O dinheiro que lá ganhava oferecia-lhe uma confortável condição social, e pagava um belo apartamento num bairro nobre. Algumas vezes, chegava até mesmo a aparecer nos bailes da alta sociedade, bailes esses em que era muito cortejado, mas nunca desejava algum envolvimento sério.. Ainda amava a melhor amiga de infância, e por vezes sentia louca vontade de ir procurá-la, pedir que fugisse com ele.

Mas justo agora, que frequentava a sociedade como sempre desejara, não podia botar tudo a perder.. A Hyuuga tomara sua decisão, e provavelmente estava feliz com ela; pelo menos, era o que aparentava, e Kiba não desejava aprofundar-se nessa questão, para que tal ferida não se aprofundasse ainda mais.

A verdade era que, essas quatro vidas, por uma obsessão, uma ilusão, haviam mudado radicalmente, e por trás de todas as aparências, nenhum deles estava feliz.
Apenas o tempo, mais tempo ainda, haveria de mudar essa situação.. Só não era possível esclarecer se mudaria para melhor;

Ino caminhava pelas ruas de Nova Iorque, destraída, observando cada pedacinho da cidade que ainda não havia notado durante esse tempo em que estava vivendo lá..
A paisagem era maravilhosa, e chamava a atenção de qualquer pessoa, fosse de muito longe, ou de quem morava ali por toda a vida.
O fato é que, exatamente ali, era o lugar perfeito para recomeçar.

Longe de tudo e todos, em um belo lugar, ao lado de pessoas educadas e amáveis.. Sorriu, sabia que havia se dado bem na vida, e que não podia sequer sentir-se insatisfeita, havia ganho muito mais do que merecia, e reconhecia isso.

Em uma parte mais tranquila, sentou-se num banquinho que ficava em frente à uma bela fonte, porém simples e discreta.

Deixou que os pensamentos vagassem novamente.. Em seu tempo vago, esse era o seu maior passatempo. Havia tirado aquele dia de folga, e desejava não ter de pensar em trabalho, nem em nada preocupante, queria apenas relaxar e esquecer seus traumas pessoais, que ultimamente muito a atormentavam.

- Ino! Ino!- Charlotte apareceu sorrindo, aproximando-se da amiga.- Não foi ao trabalho hoje?- Indagou a loira, sentando-se a seu lado.

- Hã? O que faz aqui, Char?- Ino retribuiu o sorriso, chamando-a de modo carinhoso, como sempre costumava tratar as pessoas.

- Bom, estou procurando apartamentos na cidade. Mas é complicado, estão todos muito caros, e é difícil achar um que me agrade e tenha um preço razoável.- Confessou Charlotte, decepcionada, fitando os prédios à sua frente.

- Mas que bobagem! Venha morar em minha casa, pelo menos até encontrar um lugar que goste. Tem muito espaço sobrando, e lá sempre estará de portas abertas para os nossos amigos.- A Yamanaka abraçou-a carinhosamente, fazendo com que Charlotte se sentisse novamente em casa, e até se arrependesse um pouco por ter de enganá-la, pois de certa forma, era isso que estava fazendo.

- Nem pensar.. Não desejo ser um incômodo, e nem me meter no meio de sua família, Ino. Agradeço sua bondade, mas não posso aceitar.

- Pode e deve, amanhã mesmo você já leva suas coisas para minha casa, ok? E nada de hesitar, sabe que Brian também gosta muito de você.- Ao ouvir isso, a detetive estremeceu.. A verdade é que, mesmo trabalhando para Sasuke, desde que conhecera Brian, tudo dentro de si havia mudado, estava realmente apaixonada, mas ele sequer desconfiava ou se importava com tal sentimento.

- Está bem, está bem. Mas o mínimo que posso fazer, é ajudar com as despesas, né?- A bela mulher de cabelos louros-dourados sorriu, exibindo suas delicadas covinhas.

- Será um imenso prazer recebê-la em meu lar, Char. Desde já, seja bem-vinda.- Tornou Ino, que logo mudou de assunto, e as duas começaram a conversar animadamente, esquecendo-se do tempo e de todo o resto. Entre elas, mesmo por trás do segredo com Sasuke que envolvia Charlotte, nasceu uma amizade sincera.

Ino, depois de algum tempo ali conversando, decidiu que tinha de ir para casa, fazer os deveres da faculdade, e Charlotte, que estava de folga em tal dia, manteve-se ali, tinha como objetivo ligar para Sasuke e informá-lo o próximo passo da situação.
Durante esses dois anos, esteve observando Ino apenas pelo trabalho, ou por algumas vezes que saíam juntas. E pode concluir que era realmente uma mulher doce, que nem mesmo a vida e suas peças conseguiram amargurar.

Sasuke não sentia-se ao todo satisfeito com as informações que recebia, eram todas muito vagas e longe do que procurava saber. Desejava saber se estava feliz, se mantinha-se amável como sempre fora, como era sua condição de vida, se precisava de alguma forma de ajuda.. Coisas que, apenas do lado de fora, não era fácil que Charlotte conseguisse.
Era evidente que a loira a considerava, mas não a ponto de contar-lhe as coisas das quais precisava saber, é por isso que pretendia aprofundar-se mais nas investigações, e a proposta de Ino viera em muito boa hora.

Seu celular vibrava incessante. Não queria atender, todavia, se fosse Sasuke, ele ficaria furioso e ela não gostaria que isso acontecesse.

- Alô?- A voz de Charlotte estava suave. Preferia mostrar-se sempre segura, e passar essa calma para o Uchiha.
- E então? Como estão as coisas aí?- Indagou, ansioso.
- As coisas aqui vão muito bem. E poderei te dar informações muito maiores a partir do momento em que for morar lá. Ino convidou-me, e agora acho que poderemos aprofundar ainda mais essa amizade.- A loira deu a novidade contente, fazendo com que Sasuke se alegrasse também.

- Fico realmente feliz com isso. Finalmente estarei me inteirando sobre a vida dela..- Confessou, deixando extravasar sua felicidade.
- Agora tenho de desligar. Vou arrumar algumas coisas para levar até lá, mas quando tiver novas informações, eu te ligo. Tchau.
- Tchau.

Ambos desligaram na mesma hora, e no outro lado da linha, Sasuke, na confortável poltrona de seu consultório, mantinha os olhos num ponto indefinido, enquanto deixava que seus pensamentos fluíssem, frenéticamente.. O tempo não havia sequer diminuído o sentimento.

Muito pelo contrário, servira apenas para acentuá-lo. Mesmo com a presença de seu filho, aquele que recebia e retribuía todo o amor que Sasuke tinha no coração, mesmo com Hinata, sempre tão educada e sugestiva a seu lado, tentando preencher sua vida vazia, o belo homem, assim como em uma conhecida frase, não conseguia tirar da cabeça, o que não lhe saía do coração.

Mesmo depois de dois anos, muitas vezes, se pegava relembrando os momentos que passara ao lado da loira, quase que os vivendo de novo. Muitos casos em seu consultório também contribuíam para que suas lembranças a cada dia se mostrassem mais vivas, e havia até mesmo dias em que sentia urgência de fugir, levando seu filho, e passar por Nova Iorque, para levar a amada dali, e juntos os três construíssem uma nova vida longe de tudo e todos.

Sabia que essa ideia era absurda, e não pretendia de maneira alguma realizá-la. Além de estragar seu próprio futuro, o futuro do filho, acabaria também com o futuro de todos os outros envolvidos, que muito sofreriam com o sumiço de seus entes queridos, que no caso, seriam ele, seu filho, Kaoru e Ino.

Suigetsu e Karin, nesses dois anos, apesar de muito terem viajado, o tempo em que passavam na cidade era o suficiente para aprofundar seus laços de amizade com Sasuke, que estava muito dependente deles.

Um sabia sempre poder contar com o outro, como sempre foi, e ainda mais agora, nesse momento de necessidade, que havia se prolongado muito, e se prolongava a cada dia, toda a assistência ao Uchiha ainda parecia pouco.
A única coisa que o consolava, além da spoucas informações que recebia sobre Ino, era a esperança de encontrá-la, e de que um dia finalmente pudessem ser felizes juntos, sem complicações.

Porém, isso ainda era algo muito distante, e Sasuke desejava manter os pés no chão, para não machucar-se ainda mais, e evitar também machucar os outros com a frequência que o vinha fazendo.
Hinata, que queria uma vida ao lado dele de qualquer jeito, acabara tendo.. Apenas as coisas não saíram nem um pouco do modo como havia planejado.

Sasuke não a procurava. Kiba sequer direcionava o olhar para ela, e além de tudo, sentia desprezo até mesmo por parte de seu filho, que parecia sentir o seu estado de espírito e afastando-se sempre de imediato, assim como todos os outros que, falhamente, tentavam aproximar-se dela.

Algumas vezes até mesmo tentou reconciliar-se com Kiba, conversar, ter novamente sua amizade.. Mas, o garoto ainda não sentia-se pronto para ter com ela, ver suas fotos em revistas ao lado de Sasuke, vê-la desfilar ao lado dele na alta sociedade como a família mais feliz do mundo, quando na verdade ele sabia que as coisas não eram bem assim.

Além de tentar insistir numa amizade com Kiba, Hinata não conseguia desistir de fazer Sasuke interessar-se por ela. Muitas vezes, acabava apelando para sedução barata ou chamar sua atenção de diversas maneiras, mas ele era sempre tão alheio, sempre ignorando sua presença, e exaltando a do filho, como se para ele, Kaoru fosse mais importante do que ela mesma.

E o pior de tudo, é que tinha plena noção de que, realmente, era. Sabia que o Uchiha ignorava o fato do garoto ser filho dela também, e que para ele, fosse filho de quem fosse, era filho dele, e isso bastava para que fosse toda a sua fonte de amor e felicidade. Muitas vezes, acabava destratando também a bela criança simplismente por um ciúme infantil.

A verdade é que, Hinata estava colhendo de tudo o que plantou para chegar até tal situação. E, ainda que não soubesse, toda essa dificuldade era apenas para seu amadurecimento; Kiba, reconhecendo isso, haveria de esperar até que finalmente pudesse viver em paz ao lado dela. O homem que havia se tornado era digno da mais bela dama da sociedade, e somente agora a Hyuuga reconhecia isso.. "Tarde demais." Pensava, na penumbra de seu quarto solitário, imaginando o que poderia ser de sua vida ao lado dele, vida que desperdiçara para embarcar em toda essa aventura louca, e infeliz.

Fim do Capítulo 19.