War Of Hearts escrita por Crystal
Notas iniciais do capítulo
Objeto do dia: Compasso
Era para esse capitulo estar aqui desde o dia 10, maaas algo deu errado né e só agora que fui ver.
Já, já, posto mais alguns.
Espero que gostem!
Boa Leitura *----*
PS: O soneto lido é de autoria de Shakespeare e refere-se ao amor em esquecimento. Sua estrutura original foi quebrada.
JungKook sentia seu lobo inquieto, mais agitado do que nunca. Aquela semana estava sendo fogo e nada tinha a ver com a reunião marcada com o conselho sobre os caçadores, muito menos com o reforço de matemática para os pestinhas. Era ansiedade pura, um nervosismo incomum na boca do estomago que fazia seu animal interior tremer. Nunca havia sentido.
O sonho que tivera na noite passada também não ajudava a organizar as ideias. Olhos azuis cristalinos o encarando pela penumbra da floresta. Olhos penetrantes e desafiadores. Assustadores, misteriosos, com um desenho e formato tão único que parecia até feitiço... argh, era de virar a cabeça. Sem reparar muito, os dedos no caderno aberto desenhavam o contorno tão marcante.
Itália. Shakespeare. Sonetos. Ouvia vagamente as palavras lidas pelo professor ressoando pelo ambiente enquanto se perdia relembrando.
Engoliu a seco. Deuses, o que estava acontecendo?!
—Senhor Jeon... - Ouviu a voz do carrasco e fez careta, querendo se bater por desviar da aula e provocar a atenção indesejada do idiota engravatado. -Pode nos proporcionar um pouco da sua atenção e ler o Soneto 122, por gentileza?
O Jeon quis retrucar ou apenas se levantar e esperar o próximo período, mas precisava tanto daquela nota. Seu lobo rosnou dentro do peito e ele suspirou, voltando os olhos para o livro grosso e começando a leitura:
—Teus dons, tuas palavras, estão em minha mente
Com todas as letras, em eterna lembrança,
Que permanecerá acima da escória ociosa
Além de todos os dados, mesmo na eternidade;
Ou, ao menos, enquanto a mente e o coração
Possam por sua natureza subsistir;
Até que todo o esquecimento liberte sua parte
De ti, teu registro não se perderá.
Esses pobres dados não podem reter tudo,
Nem preciso de números para medir o teu amor;
Assim fui corajoso para dar de mim a eles,
Para confiar nesses dados que sobram em ti.
Manter um objeto para lembrar-te
Seria... seria...
Pigarreou, piscando, sem entender direito o porquê daquele sentimento nostálgico ter o abatido de forma tão repentina ao ler aquelas linhas. Trazia saudade.
—Seria aceitar o esquecimento em mim.— Completou uma voz suave, livrando-o do constrangimento de perder-se em meio ao soneto. Ergueu os olhos das páginas amareladas, encontrando o dono do timbre doce acompanhado de um dos supervisores de Liga em frente a porta, aguardando autorização para entrar. -Sou Park Jimin, aluno transferido de Busan.
—Um apreciador de Shakespeare, vejo. Seja bem-vindo, Park. Sente-se. Como percebeu, a aula já começou.
Enquanto o garoto se sentava na cadeira ao lado de JungKook, os movimentos fluidos e tão leves que quase não se escutava barulho mesmo com a audição aguçada, uma corrente de ar passou pelas cortinas trazendo o perfume às narinas do lobo. O Jeon se engasgou, arregalando os olhos. Doce. Extremamente doce. Não natural. Vampiro!
O susto foi tamanho que num espasmo sem sentido acabou derrubando seu estojo. Canetas e compasso espalhados pelo chão. Jimin soltou um riso frouxo e se abaixou, pegando tudo com uma gentileza que o enganaria... se jungkook também não fosse um ser da noite.
Quando os olhos se encontraram pela primeira vez o mundo explodiu.
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