O Canto da Fênix escrita por AnnaBrito190


Capítulo 3
Vale Das Sombras I




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Lamim era uma pequena vila localizada ao sul de Iwin, isolada em um raio de 50 km, tendo a cidade mais próxima a meio dia de viagem a cavalo. Seus moradores eram supersticiosos e ariscos com pessoas de fora. Em uma noite do mês mais frio uma tragédia recaiu sobre Lamim.

A neve caia silenciosamente, sob a luz da lua uma mulher vestida com um manto preto saiu da floresta a beira da vila. Seus passos vacilavam e em seu rosto havia sinais de que sua vitalidade estava se esvaindo.

Entre as ruas da cidade podia-se ouvir o som de passos vacilantes junto com uma voz doce, quase apagada. Enquanto a mulher passava pela rua batendo em algumas portas, as pessoas das casas vizinhas olhavam pela janela para ver o motivo de tanto barulho, ao ver uma mulher desconhecida lançavam olhares tortos e fingiam que nada estava acontecendo.

Depois de andar por quase todas as ruas da vila ela parou em frente a um grande portão de madeira. Batendo a aldraba com suas últimas esperanças ela implorou por ajuda. Uma dor em seu ventre a fez cair de joelhos, seu corpo já não aguentava.

Apoiando a cabeça no grande portão de madeira enquanto suava frio com as contrações ela suplicou debilmente. "Por favor"

Dentro da mansão o Jovem Senhor de Lamim escutou o distúrbio de seu pátio. Já passava da primeira hora do dia e junto com o horário avançado a neve caia pesadamente. A cidade parecia morta, qualquer barulho ecoava por vários metros de distância.

Segurando uma lanterna ele se dirigiu ao portão do pátio principal, vendo a movimentação de seu jovem mestre os criados se apressaram para impedi-lo.

Uma senhora o parou antes de abrir o portão, seu rosto estava marcado pela aflição. "Jovem Senhor, pode ser uma armadilha de ladrões. Por favor, reconsidere pela sua segurança"

Um grito irrompeu do outro lado do portão. Sem dizer nada ele afastou a criada e abriu o portão. A mulher que estava encostada em um lado do portão oscilou em direção ao chão, mas antes que ela pudesse reagir o jovem senhor da vila já havia a amparado da queda. A visão do rosto da mulher trouxe uma expressão de choque para o rosto dele.

"Cassia?" O choque reverberava em sua voz, seus olhos negros encarando os profundos azuis dela. O Jovem Senhor de Lamim não podia evitar de deixar transparecer as suas emoções, afinal, Cassia era o grande amor de sua vida e aquela que o abandonou sem olhar para trás.

Os moradores da vila além de serem xenofóbicos não confiavam em estranhos, muito menos em pessoas que poderiam utilizar magia, como as pessoas fora do mundo do cultivo chamavam. O motivo residia em que o território que ficava Lamim nem sempre fez parte de Iwin, e o mundo do cultivo nem sempre foi visto com bons olhos pelos humanos.

Além disso, há um motivo muito particular da vila, um massacre que ocorreu décadas de pois da anexação de território, e quando finalmente a animosidade pelo mundo do cultivo estava se dissipando. Os ancestrais morreram por ficarem entre uma luta entre feras malignas e um cultivador estrangeiro. Com isso associaram que onde havia cultivadores haveria sempre problemas, e qualquer estrangeiro poderia ser um cultivador disfarçado, como aquele homem. Sendo assim, Lamim vivia o mais isolada possível, com apenas algumas negociações periódicas com vilas e cidades vizinhas que estavam o mais próximo possível.

Por conta disso Arthur cresceu se sentindo em uma prisão, mesmo sendo o jovem senhor não tinha permissão de se aventurar e conhecer o mundo. Descontente com o seu destino fugiu durante uma das negociações em uma das cidades vizinhas. Ele conheceu Cassia nessa viagem, nunca poderia esquecer da primeira vez que a viu, seus olhos deslumbrantes o encarando antes de uma explosão de poder surgir dela e em seguida matar um ser maligno. Naquele momento ele soube que a existência dela não era simples, mas para ele nada daquilo importava.

Ao ouvir o som da voz de Arthur ela tateou em busca de uma das mãos dele e a apertou. Ela já estava quase sem energia, não aguentava mais depois de fugir por tanto tempo. Se não fosse por isso ela não teria arriscado tudo indo até ele. "É o seu filho" ela conseguiu sussurrar antes de um filete de sangue escorrer de sua boca e sua consciência começar a vacilar.

Arthur a carregou para o seu pátio enquanto dava instruções apressadas para os seus servos. Cassia parecia oscilar da vida e morte, a única coisa que impedia o seu filho de morrer em seu ventre junto com ela era o pouco de energia espiritual que lhe restava, Cassia a canalizava para proteger a vida da criança.

Deitada no chão dos aposentos de Arthur, suor sangue e lágrimas se misturavam. Havia uma bacia com água quente, toalhas e alguns servos ao seu redor. A parteira da família ajudava e comandava os outros enquanto Arthur segurava a mão de Cassia de forma aflita. Ele sabia que aquela madrugada estava destinada ao luto.

O choro de um bebê preencheu o aposento, ao ver o seu filho o coração de Azizi ficou calmo com sentimentos ternos. Ele o segurou em seus braços, com lágrimas nos olhos. "Nosso filho"

"Azizi" Cassia estendeu os braços na direção de seu filho para pegá-lo, mas sua visão começou a ficar embaçada e o seu corpo cada vez mais pesado. Arthur despertou daquele momento de ternura ao ver a chama da vida de sua amada se apagar.

"Tire ele daqui" Arthur disse para a parteira. Sua mente começou a ficar agitada, Cassia não chegaria naquele estado se não tivesse encontrado um grande perigo. "Leve ele para o antigo santuário pela passagem, só volte quando o sol estiver ao pino amanhã."

"Mas Jovem Senhor" a parteira hesitou.

"Agora!"

Arthur sabia que a única forma de salvar o seu filho era escondê-lo e enfrentar o que estava perseguindo Cassia. Talvez seus esforços acabem dando em nada, ele era apenas humano, não tinha nada de especial, e com certeza mobilizar a casa Shen contra o que quer que fosse seria suicídio, mas ele não poderia suportar perder seu filho no mesmo dia em que perdeu sua amada.

De baixo da neve um homem vestindo azul apareceu no alto de uma colina, lá de cima seus olhos violetas observavam a movimentação na mansão, algumas feras demoníacas o rodeavam com uma inquietação crescente, estavam ávidos por sangue. A intenção de matar dominou o ambiente envolta e se espalhou por alguns metros. Dentro de suas casas as pessoas se encolheram de medo.

"Matem todos"


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