O Dia em Que... (Coletânea de Oneshots) escrita por Vanilla Sky


Capítulo 10
O dia em que a promessa foi cumprida.


Notas iniciais do capítulo

Acho que eu preciso reclamar mais da minha falta de inspiração.... foi só eu falar que não escrevia AUs nessa coletânea há um tempo (que não deixa de ser verdade) para a inspiração bater e dizer "escreve isso antes que você fique irritada" ASUHAUSH.

Por isso... Olá! Postagem fora de época, mas independentemente do dia e do horário que você esteja lendo essa oneshot, receba um abraço quentinho. A oneshot de hoje é especial porque eu precisava escrever algo clichê. Há algumas semanas eu assisti "A Última Carta de Amor" e isso está na minha cabeça há um TEMPÃO asuhaush.

Fiquei um tempo sem saber se iria postar essa história como parte da coletânea ou fora dela, como Haven e O Guardião da Joia da Mente; contudo, diferentemente de Haven, cuja quantidade de palavras e conteúdo eram diferentes da proposta da coletânea, e O Guardião, em que usei as bases de "What If" para escrever, "O dia em que a promessa foi cumprida" acaba dentro dos parâmetros (ainda que tenha passado um pouco das mil palavras, desculpem!!).

Uma coisa que eu preciso contar é que a primeira ideia dessa fic teria um "age gap", ou seja, o Visão seria um jovem adulto e a Wanda uma adolescente quase beirando a vida adulta. PORÉM eu não gosto de fanfics com essa temática, e acabei colocando ambos como jovens em uma universidade.

Ah! Essa oneshot não chega a ser uma songfic, mas eu coloquei as estrofes de "If We're Being Honest", música do Novo Amor que vocês podem encontrar aqui: https://www.youtube.com/watch?v=zgnc4mu84M4. "Vanilla, você não cansa de escrever fics com Novo Amor?" Honestamente não HAHAHA. Uma outra música dele eu planejo um dia escrever uma oneshot estilo Haven com a Wanda e o Visão é 'Keep Me'. Essa música MERECE uma songfic propriamente dita.

Ufa! Desculpem a demora e aproveitem o texto, escrito com todo o amor do mundo para os melhores leitores ♥



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You called me up in August

Said, "meet me at the chapel pines"

Just to feel American

 

A barra da saia curta de Wanda roçava na extensão da calça de Visão no período em que ela estava em seu colo, eventualmente se ajeitando para se manter dentro de seu abraço. Seus lábios estavam levemente ardidos depois de algumas mordidas carinhosas, e ela sabia que as meias brancas e compridas deveriam estar completamente sujas de terra e grama àquela altura – motivo suficiente para Pietro incomodá-la por um ano –, contudo, ignorou o pensamento com o advento de um novo beijo.

A boca de Visão era macia, e o aperto de seus braços ao redor de sua cintura era tudo o que ela queria por um longo tempo. Ele tinha as costas deitadas no tronco de uma árvore enquanto equilibrava o corpo de Wanda sobre o dele, aproveitando algumas poucas oportunidades para acariciar suas coxas e, em um ponto totalmente oposto, sua nuca. Era uma posição um tanto desconfortável, porém ele efetivamente não se importava, contanto que pudesse se manter próximo dela por mais tempo.

Um sorriso compartilhado entre ambos precedeu um terceiro beijo, com Wanda focando no lábio superior dele e novamente fechando os olhos, a sensação doce do toque a transportando para outro universo o qual parecia ser distante da floresta atrás da velha Igreja da universidade. Visão puxou-a mais para perto, arranhando levemente suas costas por cima do tecido fino da blusa branca, cada mísero arranhão provocando um arrepio diferente na espinha da moça.

— Wanda...

Ela nunca havia gostado tanto do próprio nome quanto dito pela voz dele, ainda mais naquela posição. Um beijo longo se tornou vários beijos curtos intercalados com os sorrisos felizes dos dois. Mesmo que o sol tocasse os ombros dela – e, portanto, indicasse que ela deveria ir embora em breve –, o jovem casal apaixonado aproveitava ao máximo possível toda a oportunidade de estarem juntos.

 

"Bury me in orbit"

"Marry me on 565" yeah, that was just adrenaline

You're probably right, if we're being honest

 

Após um longo momento em que ambos ficaram em silêncio, preparando para se despedirem, a voz de Visão soou tristonha, como se guardasse o que gostaria de dizer há muito tempo em seu coração:

— Estou me formando. – Ele deu um rápido beijo no topo de sua cabeça, ao que ela segurou firmemente a gola de sua camiseta. – E devo ir embora hoje ainda.

— Leve-me com você. – Wanda se ajeitou sobre o seu abdômen, sentando com os dois braços estendidos e as palmas das mãos firmes sobre seu peitoral.

— Eu adoraria levar você comigo, mas não quero ser mais um corpo na vala dos indigentes depois que seu irmão viesse me procurar. E você também precisa se formar.

— Posso me transferir para uma faculdade lá e morar no seu alojamento. Ninguém iria me descobrir.

Visão sorriu. Ela era baixa e esguia, mas possuía um corpo notadamente bonito, que provavelmente não ajudaria a se esconder em qualquer lugar que fosse.

— Escuta. – Rapidamente se ajeitou para uma porção maior das suas costas tocar o tronco da árvore, mantendo a moça em um abraço apertado e acariciando seus cabelos castanhos. – Eu vou voltar. Tá bem? – Finalizou com um beijo em sua testa.

Wanda apenas negou com a cabeça, suas bochechas roçando no uniforme de seu amado, e algumas lágrimas insistentes correram por suas bochechas.

— Querida. – Visão a chamou delicadamente.

— Prometa. – Wanda levantou a cabeça para encará-lo, o rosto um pouco inchado e a voz nasalada. – Prometa que você vai voltar.

Ele segurou suas mãos entre as dele, beijando-as com ternura, até alcançar seus pulsos.

— Eu prometo que vou voltar por você. – Sussurrou.

 

Isn't it ironic

How I'm kind of falling out of time?

It's messing with my serotonin

 

Os raios de sol iluminavam ligeiramente acima dos ombros de Wanda, o clima ameno de setembro indicando que o verão cedia espaço ao outono, já visível pela cor das copas das árvores, gradativamente se tornando amarronzado. Visão gostava dessa época, mas aprendera a amar o verde das folhas por lembrá-lo das lindas írises esmeralda de Wanda. Não demorou para eles escutarem vozes chamando por ela, o tom preocupado indicando que ela havia sumido por tempo demais e deveria voltar para a universidade. Era hora de se despedirem.

Rapidamente, Visão anotou um endereço em um pedaço de papel e entregou para ela. Era o seu novo endereço.

— Vamos manter contato. – Ele engoliu em seco, temendo não ser a melhor forma de se despedir. – Porém eu vou voltar para o nosso lugar especial em cinco anos, em caso de não nos vermos nesse período. Até lá você já vai ter se formado, tudo bem?

O último beijo foi salgado, agridoce como as despedidas costumavam ser, antes de Wanda enfim se levantar para desamarrotar a saia com o punho esquerdo fechado, segurando firmemente o endereço dele, uma singela lembrança daquele verão mágico.

A moça estava em pé na frente de Visão, os olhos levemente inchados depois de chorar, e a boca entreaberta como se estivesse prestes a contar um segredo. As vozes se tornavam mais próximas, porém não tanto quanto o som do vento chacoalhando as folhas e o cabelo dela, movendo seus longos fios para a frente de seu rosto. Ela possuía um ar triste, o qual logo foi mascarado por um sorriso e um aceno com a palma da mão direita erguida, contudo, Wanda observava o chão enquanto sorria, apertando o nó do casaco preso na cintura. Em seguida, virou-se e correu, sobre seus mary janes pretos, na direção das pessoas que a chamavam. Uma voz masculina soou alta:

— Wanda, onde você se meteu? Se perdeu na floresta de novo? – Apesar de não o conhecer pessoalmente, Visão sabia que aquele era Pietro. – Espera um pouco. Você estava chorando?

— Acho que ela só ralou um pouco o joelho. – Disse Natasha, sua melhor amiga, enquanto tirava os restos de terra da meia de Wanda. – Você está atrasada para a aula de fotografia, Wandinha. O professor vai anotar nossas faltas daqui para frente.

Um gosto amargo pairava na boca de Wanda. Ela não teria mais um motivo para se atrasar, ou para mentir para o seu irmão e seus amigos sobre os sumiços algumas vezes por semana. Escondia o endereço de Visão entre os dedos fechados, cuidando ao máximo para ninguém ver aquele pequeno segredo; instintivamente virou a cabeça para trás, e viu que seu amado havia desaparecido como um fantasma.

E ela nem tivera a oportunidade de dizer adeus.

~.~

As primeiras cartas foram animadas, com páginas e mais páginas onde Wanda e Visão contavam sobre o que andavam fazendo e trocavam confidências de saudade do calor do toque um do outro. Contudo, a vida acontece quando menos se espera, e as cartas foram ficando mais curtas, até eventualmente se tornarem escassas. Os gêmeos Maximoff acabaram por se mudar após a venda da casa dos pais adotivos, e tudo ocorreu tão rápido que Wanda não teve nem tempo de avisar, se perguntando quantas cartas voltaram ao remetente por ela não estar mais fisicamente lá para recebê-las. Estranhamente, as cartas que ela enviava para ele também retornavam para ela após a mudança, indicando que ele talvez houvesse se mudado e também não avisara.

 

So call me back in August

On the 11th I'll be 29

I appreciate the sentiment

 

Não foi até cerca de três anos depois da mudança, e cinco anos após a despedida, que Pietro encontrou as cartas guardadas em uma caixa de sapato num dia no qual Wanda não estava no apartamento. Ele não as leu, apenas colocou sobre a mesa da cozinha do minúsculo apartamento que os irmãos dividiam para questionar assim que ela voltasse:

— Quem é Visão e por que você não me contou sobre ele?

Lágrimas escorreram pelo rosto de Wanda, e sua garganta se fechou quando as lembranças preencheram sua memória.

— Isso é particular. – Respondeu ela com a voz falha.

— Eu sei que é. – Rebateu o irmão. – Por isso não abri nenhuma. Mas quero saber a verdade. Você acha que eu não notei que a sua animação toda vez que o carteiro passava e a luz acesa até de madrugada? E que isso tudo coincidiu com a época que você parou de sumir na faculdade?

Wanda contraiu os lábios em uma linha fina.

— Quem é ele? – Questionou Pietro, quase uma súplica.

— Ele era meu namorado... Acho que dá para colocar assim. – Ela sentou-se na mesa, largando os materiais de arte no chão e enterrando o rosto entre as mãos. – Estudava matemática na nossa universidade, e logo foi aprovado em um programa para continuar estudando em outro estado, então não nos vimos mais. E trocávamos cartas, esperando a oportunidade do reencontro. Eu tenho pinturas dele nas minhas gavetas. Reencenei nossos momentos à sós através da arte mais de uma vez. – Suspirou ela por fim.

Aquilo começava a fazer sentido para um atônito Pietro, pelas várias pinturas de casais abraçados na relva que Wanda disponibilizava em cavaletes. Era um alívio saber a verdade por trás daquilo, e ele apenas questionou:

— Por que eu não soube disso antes?

Wanda mordeu o lábio inferior.

— Queria ter uma resposta melhor... Mas é que eu realmente não quis contar na época. – Uma lágrima escorreu pelo canto dos seus olhos. – Foi tudo rápido demais, e aquelas idas até o bosque atrás da Igreja eram a minha alegria secreta. Era tudo para mim. – Ela fungou. – Desculpe.

O pedido de desculpa soou fraco, tristonho. Para sua surpresa, Pietro segurou a sua mão, perguntando:

— Esses momentos ainda são tudo para você?

O nó na garganta da moça se tornava cada vez maior, a ponto de ela não ser capaz de dizer nada, apenas chorar com as lembranças que ela tanto buscava manter no fundo de sua mente. Os beijos. Carinhos. Abraços. Conversas sentindo a brisa do verão em seus rostos. Penalizado, Pietro disse:

— Vamos dar um jeito de encontrá-lo.

~.~

O primeiro passo foi ir até a antiga casa deles, e perguntar aos novos donos se eles haviam recebido alguma correspondência com o nome de “Wanda Maximoff” nos três anos anteriores. Surpreendentemente, eles possuíam uma caixa com várias cartas as quais eram destinadas para ela, quase uma pequena coleção.

— Nunca foram abertas. – Uma mulher, que possuía um forte sotaque do sul dos Estados Unidos, falou ao entregá-la para os gêmeos. – Apenas não queríamos que esse vínculo se perdesse. Algumas vezes pensamos em avisar a uma agência postal que você não morava mais nesse endereço, mas as cartas chegavam com tanta frequência que tememos ser a causa de um desencontro entre vocês. Por isso, eu e Remy... Aguardamos.

Wanda estava boquiaberta, enquanto Pietro remexia nas cartas, inquieto.

— O endereço do remetente é diferente do que você tem. – Constatou, enfim. – Por isso as cartas voltavam.

— A mais recente chegou há alguns dias. – O marido da gentil moça que guardara as correspondências entregou um envelope pequeno para Wanda, e ela abriu em seguida, sendo que o papel possuía apenas uma frase: “não esqueça da nossa promessa”.

Ela nunca esquecera, apesar de deixar em um canto da mente que não visitasse frequentemente: a promessa de se encontrarem em cinco anos seria cumprida naquele dia. Seus olhos se arregalaram e ela olhou para Pietro, dizendo:

— Eu preciso ir até a universidade.

Ela chorava enquanto agradecia ao casal pela gentileza em guardarem as cartas de uma história de amor que não era deles; e, no velho carro de Pietro, abraçava a caixa de papelão com fragmentos de um passado que não chegara a viver.

~.~

But, honestly I

If we're being honest

Should've said my own goodbye

 

Apesar da bronca de Pietro sobre acreditar em desconhecidos, Wanda tinha a mais absoluta certeza de que encontraria Visão naquela clareira entre as árvores do bosque atrás da Igreja da universidade. Seu coração pulava a cada passo dado na direção do ponto de encontro usual, sentindo-se novamente a jovem adulta apaixonada que era alguns anos antes.

O caminhar lento cedeu espaço para passos mais rápidos, sentindo a adrenalina fazer seu coração palpitar mais rápido pela esperança de um reencontro. Pietro ficara no carro, esperando por ela – logicamente depois de fazê-la prometer tomar cuidado algumas vezes durante o caminho. E um sopro de ar fresco do incipiente outono precedeu uma voz conhecida chamando seu nome por trás:

— Wanda?

Ela apenas se virou e jogou os braços ao redor de seus ombros, colocando todo o peso de seu corpo sobre ele, enquanto risadas ecoavam por entre as árvores. Depois de rodopiar com Wanda no colo por um momento, Visão segurou o rosto dela com as duas mãos, puxando-o mais para perto para beijá-lo algumas vezes.

— Desculpe... Desculpe ter ficado ausente tanto tempo. – Sussurrou ele. Sua voz soava trêmula pela emoção em revê-la. – Achei que nunca mais a veria, querida.

Ela levou o indicador até seus lábios, silenciando suas palavras de súplica. Acariciou a barba por fazer emoldurando seu rosto, o mesmo daquele tempo, admirando-o com os olhos marejados.

 

And, honestly I

If we're being modest

I could've let my feelings slide.

 

— Foram anos tortuosos longe de você. – Visão segurou a mão dela, beijando a sua palma. – Dessa vez eu prometo fazer tudo certo.

Wanda concordou com a cabeça e sorriu. O verão mágico cedeu espaço a um esperançoso outono; o “adeus” não dito se tornara um feliz reencontro entre eles.


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Notas finais do capítulo

"– Nós dissemos adeus uma vez. Então é lógico assumir...
— ... Que vamos dizer "olá" de novo."

Certo. Por onde começar? Jesus, eu sabia que queria escrever algo meloso, em especial depois do episódio de quarta em What If. Lembro de deitar na minha cama e pensar, "eu quero escrever algo fofo além das fics em andamento", e aos poucos essa ideia foi tomando forma. Além do Novo Amor, tem uma influência aí de uma música viral chamada "Loverboy", cuja letra me fez pensar em um amor meio proibido, e ajudou na construção da oneshot. Lógico que eu pensei em mil coisas, tipo um casamento arranjado e detalhar as cartas, mas isso provavelmente vai ficar para uma próxima fanfic... :v

Eu adoro escrever cartas, para as pessoas e entre os meus personagens. E ainda vou fazer uma coletânea de cartas da Wanda e do Visão, mesmo que ninguém leia, porque quero descrever de maneira excessivamente melosa o quanto eles sentem falta um do outro.

A adição do Pietro foi algo que eu fiquei feliz em fazer. E não colocá-lo como um "vilão", que iria esconder as cartas ou impedir a Wanda e o Visão de se verem, mas como um ponto de apoio. Uma história a qual me inspirou bastante (especialmente essa relação entre irmãos) aqui do Nyah foi Epistrophia, da Julia A R da Cunha. E foi uma doce lembrança dessa oneshot permeou as minhas lembranças todo o tempo que escrevi "o dia em que a promessa foi cumprida" ♥

Espero que tenham gostado! Eu ia postar essa oneshot amanhã, mas vou deixar para atualizar as minhas fics e aproveito para fazer uma propaganda dessa aqui também nas notas finais delas aushaush. Nos vemos em breve, obrigada por lerem! ~ ♥ ~



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