Bloody Devotion escrita por Eliander Gomes


Capítulo 6
Escolhendo Servos.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799702/chapter/6

Carregando consigo diversas folhas de papel, Simon seguiu junto com alguns servos em direção a vila mais próxima da mansão. Enquanto andava, Anúbis era o único irmão que o acompanhava, em silêncio completo. No entanto, sua caminhada silenciosa não durou muito. Em meio a várias perguntas que rodeavam sua mente, ele decidiu começar com a que mais o incomodava.

— O que são essas folhas que carregas consigo, irmão?

— Um teste de QI.

A resposta de Simon o pegou de surpresa.

— O que?

— Ouviu bem. É um teste. São vários enigmas e perguntas. Veja.

Ele entrega um dos papéis ao irmão, que o lê, curioso.

— O que planeja fazer com tudo isso?

— Você verá.

Mesmo curioso, Anúbis resolveu não se aprofundar no assunto. Talvez fosse melhor para ele apenas acompanhar com os olhos. Assim que alcançam a visão da vila, o grupo é notado ao longe pelos seus moradores. Quase que de imediato, eles começam a escutar um sino vindo de lá, enquanto vislumbram o movimento de seus aldeões. Crianças e mulheres começaram a correr desesperadas para suas casas, os moradores mais idosos também faziam seu caminho em passos mais lentos. Os homens que ficavam pareciam fortes e todos carregavam armas, embora não demonstrassem sinais de hostilidade. Um único velho, no entanto, permanecia fora de sua casa; este vestindo roupas mais chamativas e decoradas. Simon sabia quem era, ele era ninguém menos que Pahir, o líder daquele vilarejo humano.

Assim que Simon chegou a poucos metros da entrada, o velho se curvou em respeito, sendo seguido em sua reverência por seus guardas. Simon parou a poucos metros com sua comitiva e fez sinal para que se levantassem.

— Senhores, gostaria de capturar sua atenção por alguns minutos.

— Ela é toda sua, meu lorde.

— Então já sabem que sou o novo lorde dos Lumiya?

— Vosso pai fez questão de avisar todas as vilas em sua posse antes de partir, meu senhor.

— Bom, isso vai encurtar um pouco as coisas.

Simon andou para o centro do vilarejo, sendo acompanhado pelo grupo. Ele ergueu sua voz e começou a falar.

— Prestem a atenção ao que eu vou dizer, é muito importante! Todos os moradores desta vila receberão uma folha destas que está em minha mão! Eu quero que todos vocês realizem este teste e em uma semana o recolherei! Não o abneguem a ninguém da vila! Quero que todos, sem exceção, façam-no! Se por algum motivo eu ficar sabendo de alguém que não o fez, eu punirei toda a vila! Desde crianças com algum entendimento até os velhos que ainda não perderam sua lucidez!

Ele entrega o masso para o velho, que fazia um rosto confuso encarando os papéis.

— Meu senhor... se me permite perguntar-lhe, o que seria isto?

— Não consegue ver? É um teste.

— Um teste? Para que propósito?

O vampiro sorri e volta a erguer a voz.

— Já devo deixar avisado a todos! Distribuirei este mesmo teste para todas as vilas sobre o comando dos Lumiya, e se por algum acaso eu não encontrar o que busco, eu destruirei vila por vila!

O velho hesita ao ouvir isso, ficando temeroso.

— Isso é alguma piada? — Dizia um morador aleatório para sua esposa. — Ele quer que passemos neste teste? E mesmo se recusarmos fazer, ele vai destruir a vila?

— Amor, silêncio! Não se esqueça que ele pode nos escutar...

O rapaz hesita. E a mulher tinha razão. Mas mesmo escutando o comentário, Simon o ignora.

— Agora, senhor, espero que não recuse nenhum morador deste vilarejo. Em uma semana retornarei para ver os resultados. Deixarei um de meus sevos aqui para checar o progresso. Não me decepcionem.

Após dizer isso, Simon segue caminho, deixando o velho hesitante e pensativo enquanto olhava para os folhetos. Anúbis, que seguia o irmão, parecia curioso sobre o que ele tinha em mente com aquilo. Ele decide fazer-lhe mais uma pergunta.

— Desejas, por algum acaso, obter um servo desta forma?

— Talvez. — Diz o irmão com um sorriso.

— Método curioso, se me permite dizer.

Simon se vira, encarando-o com um rosto neutro. Anúbis não demonstrava a mesma hostilidade de seus irmãos, embora ele claramente não gostasse de Simon.

— Diga-me, Anúbis, por que não me trata da mesma forma que nossos irmãos?

— A educação é algo crucial para um nobre, meu irmão. Por mais que eu não goste de você, como meus irmãos, diferente deles, eu sei a importância de manter as aparências.

Sim, Simon sabia disso. Anúbis era, talvez, o melhor candidato para assumir a mansão no lugar de seu pai.

— A próxima vila é Rumbra, certo?

— Sim, um vilarejo vampírico.

— Vamos ignorá-lo.

Anúbis fica confuso com a fala de seu irmão.

— Por quê? Se teu objetivo é achar um servo, creio que aquele lugar seria um bom local... fora que você não teria que se preocupar com lealdade vinda de um vampiro. Aposto que eles adorariam servir a casa de um lorde.

— É justamente por isso que não vamos para lá.

...

— Crivela, Masterotus, Martini.

— O que?

— Os nomes delas!

— Eu não acho que sejam nomes adequados, M’lady.

Em meio a risadas descontroladas, a mulher se afasta do grupo. As mulheres de joelhos e acorrentadas perante eles choravam em silêncio. Duas grandes carroças estavam paradas ali, na entrada da mansão. Ao redor delas, Elena e um grupo de empregados checavam o seu conteúdo. Tulio permanecia com sua prancheta em mãos, anotando algumas coisas e checando outras.

— Qual a raça delas? — Perguntava Elena.

— As três são humanas, minha senhora.

— Não, não! Sem graça! Por que as trouxe aqui? Eu achei que me traria os melhores!

— Mas elas são as melhores, M’lady. — Ele segura o queixo de uma delas, obrigando-a a levantar-se. — Esta, por exemplo, é uma excelente cozinheira.

— Se eu quisesse comer algo bom, eu simplesmente arrancaria a cabeça delas e me alimentaria do seu sangue! Estou procurando bons guerreiros! Bons soldados!

— Entendo o que quer dizer, minha senhora, e é por isso que a próxima carroça está aqui.

Tulio conduz a mulher para a carro de trás. À medida que Elena se aproximava, ela sentia um cheiro bem peculiar, cheiro este que a agradava.

— Hum, suor masculino! É disso que estou falando, Tulio!

O homem abriu a carruagem lacrada e os homens começaram a descer. Todos pareciam guerreiros, musculosos e saudáveis.

— Estes homens foram presos por um comerciante de Farkar. Eles são todos bandidos e imigrantes ilegais. Sendo assim, ninguém se preocuparia com o que acontecesse com eles. Eu fiz questão de aplicar uma magia de controle sobre alguns deles, para mantê-los na linha.

— Isso não será necessário, Tulio, eu sou uma lorde vampira, esqueceu-se?

— Claro que não, minha senhora. Mas para trazê-los aqui foi necessário.

— Entendo...

Ela começa a andar em volta dos homens, que pareciam hipnotizados.

— Ah não, que olhares vazios! Tulio, desfaça a magia agora!

— Sim, minha senhora.

— Não tem graça se eu mesma não os quebrar com minhas mãos.

O homem fica a poucos metros do grupo de homens acorrentados e recita uma magia, enquanto fazia sinais no ar. Em poucos segundos, os olhos sem vida dos prisioneiros começaram a tomar forma.

— O que... onde estou?

— Eu me lembro... nós fomos capturados.

Elena bate palmas, chamando-os a atenção.

— Atenção aqui, meus queridos servos! Vocês agora são minha propriedade!

Eles encararam-na com olhos sérios, sem esbouçar qualquer medo. Em resposta àquela atitude, Elena sentiu algo percorrer seu âmago, descendo entre seu ventre e fazendo-a soltar um grande gemido empolgado.

— Sim, assim mesmo! Essa é a reação que mais me agrada!

Ela se aproxima de um dos homens, estendendo sua mão para seu rosto, mas rapidamente ele bate em sua mão, impedindo-a de se aproximar mais.

— Fique longe de mim, seu demônio.

Elena ri, se afastando.

— Não, não, não! Não é assim que um cachorrinho deve se comportar!

Ela tenta novamente, mas o homem segura seu pulso e gira seu braço, pressionando-o contra suas costas.

— Isso machuca! — Gritou Elena, em meio a gemidos e risadas.

Seus servos começaram a se mover, apenas para serem parados por Tulio.

— Não interfiram na diversão da Lady Elena.

— Diversão? Eles a subjugaram! — Gritou um dos soldados da mansão.

O prisioneiro apertava o pescoço da mulher, tentando sufocá-la.

— Prestem a atenção, se não querem que ela se machuque, façam o que eu digo!

Elena levantou a cabeça, tentando enxergar melhor o homem que a segurava. Com sua mão livre, a mulher acariciou o rosto dele com um sorriso.

— Você é tão perfeito... do jeito que eu gosto!

Ela cravou suas unhas sobre o rosto do homem, fazendo instintivamente soltá-la. A mulher derrubou o sujeito e pisou em seu abdômen, fazendo com que o pobre coitado gritasse de dor.

— Eu acabei de quebrar algumas costelas suas com isso. Mas se você jurar me obedecer, eu posso te concertar, o que me diz?

— Vai pro inferno!

— Ah, que pena... eu adoraria que você me seguisse por vontade própria. Bem, tanto faz.

Com um chute no rosto, ela desmaia o homem. Logo após isso, Elena se abaixa e se senta em cima da pélvis dele, aproximando seu rosto do dele.

— Você será um bom bichinho de estimação... — Dizia ela enquanto acariciava seu abdômen.

Cravando suas presas no pescoço do sujeito, ela começa a se alimentar de seu sangue. Os que assistiam a cena, pareciam meio enojados e perplexos, com exceção de Tulio, que já conhecia bem a sua mestra. Mesmo os vampiros que estavam ali sentiam certa vergonha alheia da madame. Sua atitude era sempre... excêntrica.

Após poucos segundos ela se levanta em risos histéricos.

— Tulio!

— Sim, madame?

— Eu vou ficar com eles!

— Já tinha imaginado isso...

— Só preciso conferir mais uma coisinha!

Ela aponta para os outros sujeitos com um riso frenético.

— Tirem suas roupas!

Os prisioneiros se olharam confusos.

— O que?

— Eu quero ver o tamanho, ora essa!

Tulio fechou os olhos com um suspiro, abaixando a cabeça.

— Então, foi por isso que deixou ele te agarrar daquele jeito...

— Sim! Eu medi usando minha bunda!

Ele solta um interjeição de decepção e se vira, se afastando.

— Senhora, com todo respeito, preciso resolver alguns assuntos importantes no escritório da mansão. Me ajudaria se a senhora não ficasse perdendo tempo com essas coisas.

— Hum, sem graça! Não me diga que está com ciúmes?

— A senhora é a mestra desta mansão, não cabe a mim dizer o que a senhora deve ou não deve fazer. Apenas gostaria de lembrá-la de seus compromissos com o feudo e o reino.

— Droga, seu chato! Tá bom!

Elena desaparece em um rápido movimento; no mesmo instante, os prisioneiros desmaiam, caindo um por um no chão. Depois de uma fração de segundos, ela reaparece, encarando Tulio com um rosto extremamente irritado.

— Satisfeito? Estraga prazeres...

— Sim, podemos ir?

Ela suspira, olhando para os homens caídos.

— Alguém os levem para meu quarto? Vou brincar com eles mais tarde, quando terminar com meus “afazeres”! — Diz ela, dando uma ênfase nervosa à palavra marcada.

Após aquilo, ela segue Tulio, que caminhava tranquilamente para dentro da mansão.

— Se você não fosse meu preferido, te arrancava a cabeça agora, tá me ouvindo? Ei, não me ignora!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bloody Devotion" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.