Bloody Devotion escrita por Eliander Gomes


Capítulo 5
Luta fraternal




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 Os irmãos do jovem mestre Lumiya se posicionavam no jardim da mansão, enquanto o vampiro ajeitava sua manga. Os cinco olhavam para ele com foco e atenção, analisando-o em todos os aspectos.

— Não vai usar nenhuma arma? — Perguntou Kai, já sabendo a resposta dele.

— Não.

— É algum tipo de deboche? Ou você realmente acha que pode lidar com os cinco desta forma?

— Eu só não preciso de armas para lutar.

Kai solta um estalo irritado com a língua, deixando o comentário de lado logo em seguida.

— Vai se arrepender dessa decisão.

O homem olha para os cinco, se posicionando também.

— As regras são claras. Quem incapacitar o oponente primeiro, ganha. Tendo em vista que meu objetivo aqui não é matá-los, eu não vou usar métodos letais. Mas não pensem que vou pegar leve.

As duas irmãs dele riem com a colocação.

— Você já está passando dos limites, Simon, vamos fazê-lo engolir essas palavras e esse orgulho.

Seu irmão mais novo, Roswal, posiciona sua espada ao lado da cintura, se preparando para avançar assim que o sinal fosse dado. Os demais irmãos se posicionavam em volta de Simon, fechando-o em um círculo. O rapaz olhava tudo aquilo com desdém, embora ainda mantivesse certa atenção.

— Espero não demorar muito. Bom. Que comece o pacto de sangue.

Roswal e Melphine se impulsionam de lados opostos para atacar o homem com suas espadas. Em uma fração de segundo, no entanto, ele simplesmente desaparece, fazendo os dois cessarem seus ataques desesperadamente antes que eles se atingissem. A espada de Roswal parou a poucos centímetros do rosto de Melphine.

— Abaixe isso! — Gritou a menina, se afastando.

— Para onde ele foi?!

Logo após dizer estas palavras, o garoto fora empurrado para o solo, tendo sua face jogada contra o chão, sendo colocado para fora da luta, imediatamente. Sem tempo de reação, a garota ao seu lado receberá um chute logo em seguida, que acertara suas costelas, a lançando para longe.

— Dois a menos.

Kai e Anúbis pareciam pacientes e analíticos.

— Entendo. Então aprendeu algumas coisas no tempo que esteve fora da mansão.

— Eu não fiquei vagabundeando, como vocês.

— Não pense que vai nos vencer só porque aprendeu uns truques novos.

Coraline encarava Simon com seriedade no olhar. A mulher era jovem, tinha um longo cabelo preso por um rabo de cavalo, e sempre andava com sua espada na cintura. Ela era a melhor espadachim dos Lumiya, mesmo Simon, com toda sua confiança, sabia que não poderia abaixar a guarda contra ela. Ela se preparou para atacá-lo com sua espada. A mulher coloca um dos pés a frente, posicionando a espada na lateral do corpo.

— Não vai conseguir me acertar com uma magia tão simples, irmã.

Ela não responde a provocação, mas também não se move.

— Só preciso de um ataque. Vocês dois, distraiam ele.

— Pode deixar. — Diz Kai, partindo para cima.

O rapaz balançava sua espada para cima de Simon, que se esquivava sem muito esforço. Em um impulso, Simon se desvia de um ataque surpresa de Anúbis em seu flanco. Os dois pareciam ter uma boa sincronia, e Simon percebera isso. Eles provavelmente treinavam juntos na arte da luta com frequência. Simon continuava com seus esforços para não ser atingido por seus irmãos, mas parecia que a situação para ele ficava cada vez mais difícil.

Nesse meio tempo, o ar em volta de Coraline parecia mudar. Algo similar a um véu de seda começa a se formar a sua volta, vários deles na verdade, com uma cor branca e brilhante. O vento circundava, levantando um pouco de poeira em seu entorno. Simon tentava olhar para a irmã ao mesmo que tentava desviar dos ataques furiosos de seus irmãos.

— Estou impressionado que ela tenha conseguido dominar essa técnica.

— Não viu nada ainda, irmão! — Diz Kai, forçando-o a se defender contra um golpe que iria acertá-lo. Pela primeira vez, Simon coloca suas mãos a frente da espada, tomando o golpe.

Seus irmãos, no entanto, perceberam que não saíra sangue de seu corpo.

— Maldito, está usando magia, não está?

Coraline parecia pronta para atacar.

— Anúbis, Kai! — Gritou a mulher.

Os dois se impulsionam para fora do campo de visão da irmã, que aproveitara a brecha que Kai tinha criado para atacar Simon. Os olhos vermelhos de Coraline se intensificaram, enquanto ela mostrava suas presas em fúria.

— Técnica do dragão voador, Ryuukusen!

Seu golpe cortou o ar em uma linha crescente que viajou ferozmente em direção ao irmão. Simon não tinha se recuperado do golpe de Kai, então a grande lua branca que saíra da espada da irmã o acertou em cheio, levantando poeira e jogando-o contra uma parede próxima. Os três se reposicionaram, com rostos curiosos.

— Conseguimos?

Coraline, no entanto, percebera algo.

— Não... esse golpe não deveria tê-lo levado. Ele deveria ter sido cortado ao me-

O comentário da irmã foi logo interrompido por um ataque surpresa vindo de cima dela; o súbito movimento fez com que a pobre mulher tropeçasse ao tentar desviar, caindo de costas. Assim que atingiu o solo, ela sentiu a pesada bota de Simon sobre seu estômago, fazendo-a cuspir sangue.

— Cora- — Kai mal teve tempo de dizer o nome da irmã, pois seu ar fora impedido pela mão apertada de Simon.

— Como? — Anúbis se perguntava enquanto se afastava do local.

— Vocês lutaram bem, mas acho que acabou.

Anúbis encarava seu irmão com um rosto incrédulo.

— Como conseguiu se mover tão rápido? Isso não faz sentido, nem mesmo para um vampiro... E nem mesmo está ferido. Aquele golpe deveria ter aberto você no meio...

— Eu avisei que essa magia não funcionaria comigo. Agora, Anúbis, vai desistir?

O que ele deveria responder? Parecia óbvio. Eles nunca tiveram chance. Simon segurava tranquilamente Kai pelo pescoço, enquanto sua bota direita permanecia sobre o abdômen da irmã, impedindo-a de respirar. A mão de Anúbis vacilou por um instante, deixando sua espada cair. Ele fechou os olhos e riu.

— Magia, não é? Então foi isso... Tudo bem, eu desisto.

Kai tentou gritar algo para Anúbis, mas devido a sua situação, sua voz não saiu. Ele parecia com um rosto possesso enquanto encarava-o. O mestre da mansão, no entanto, apenas riu, soltando seu irmão de joelhos no chão. Enquanto tossia, o rapaz tentava praguejar.

Simon ajuda sua irmã a se levantar, enquanto ela tinha um rosto irritado pela derrota.

— Você... ficou forte... — Dizia ela com certa dificuldade.

— E você ficou bela, minha irmã.

— Vai se ferrar. — Disse ela com aspereza, se afastando do grupo.

...

Os três anões eram conduzidos pelos coelhos e seus servos pela grande estrada em direção a Memphis. As carruagens que usavam eram rústicas, mas muito bem construídas. Os três anões se encaravam com olhares calmos, mesmo naquela situação. A atitude deles deixava Akane curiosa, embora ela nunca demonstrasse isso. Seu irmão conhecia bem ela, então vendo seu olhar, ele da uma leve risada, seguida de uma pergunta para os anões.

— E então, estão acostumados a esse tipo de situação, certo?

— Sim. É comum para um mercenário acabar sendo preso ou subjugado. Não é vergonha alguma ter que passar por este tipo de coisa.

— Está certo. A vergonha estaria no ato de vocês abaixarem a cabeça nessa situação, certo?

O anão ri com a colocação do garoto.

— Você é esperto, sim.

— Hodvar, eu gostei mesmo de você. Não são muitos os que têm coragem de invadir uma mansão vampírica dessa forma. E mesmo depois de capturado, aguentou bem a tortura e não revelou uma única informação. Estou impressionado.

— Ser elogiado pelo meu carrasco não é algo ruim, devo dizer.

Os dois riem, se encarando logo em sequência. Os irmãos do anão não pareciam compartilhar do mesmo sentimento, e vislumbravam a cena com rostos neutros.

— Já vocês dois são bem sem graça. Não se preocupem, nós já dissemos que vamos soltá-los. Apenas queremos garantir que não vão tentar nada de novo, é só isso.

— Como poderia culpá-los, garoto? — Diz Hodvar. — Confiar na palavra de um vampiro não é algo muito inteligente de onde viemos. E um servo vampírico tão dedicado como você...

— Sim, entendi! Bom, pelo menos podemos terminar aquele jogo de mais cedo?

— Se retirasse minhas algemas...

— Não. — Diz Akane, imediatamente, cortando sua fala. — Sem jogos.

— Ah, qual é Akane?! O que poderia dar errado? Eles não vão conseguir escapar do jeito que estão! E mesmo se conseguissem...

— Não é não, Akira. Quer um cascudo?

— Arg, irmãs são chatas pra caralho!

De fato, alguém poderia claramente concordar com aquela colocação. Em um outro lugar, em um ambiente bem diferente do daquela carroça, o grupo de irmãos se sentava na mesa para o jantar. Após a luta que perderam, não poderiam se sentir mais humilhados.

Simon permanecia com sua postura imponente enquanto comia tranquilamente seu jantar. Seus irmãos, mesmo cabisbaixos, ainda demonstravam certo orgulho em seus olhares. Coraline e Kai eram os únicos que não haviam tocado em seus pratos.

— E o que pretende fazer agora, irmão? — Pergunta Anúbis.

— O que quer dizer? Não farei nada demais. Eu ganhei, as coisas continuaram como estão, apenas isso.

— Você leu a carta de convocação; estou me referindo a ela.

— Ah, sim, vou me apresentar ao rei.

— Nesse caso, sei que tem um algo importante que está esquecendo. Você é um lorde vampiro, mas ainda carece de um servo. Desde os tempos de infância, quando alcançou a idade de ter seu primeiro servo, você recusou. Temo que agora não será diferente, certo?

Ele fica em silêncio, parecendo ignorá-lo. Anúbis suspira, voltando a colocar uma garfada na boca. Logo após mastigar e engolir o alimento, ele volta a falar.

— Sei que não é a favor da escravidão, mas sei que conhece o sistema vampírico atual, não é? Não pode simplesmente ignorá-lo, já que defendeu seu posto com tanto afinco mais cedo. Todo vampiro precisa ter, no mínimo, um servo sobre seu domínio. Até mesmo Hagara, que pensa como você, possui três servos principais. Não pode ignorar isso.

Sim, Simon sabia disso. Ele não estava ignorando, apenas não tinha tido tempo para fazê-lo de forma apropriada. Mas agora ele tinha sérios problemas; o jantar seria daqui a poucos dias, e ele precisava arrumar um servo logo. Podia ser qualquer um, mas isso poderia gerar um outro problema. Todos os lordes vampiros estariam no palácio real naquele dia, sendo assim, aparecer com um servo fraco e sem utilidade poderia gerar uma má impressão perante a nobreza. E Simon sabia que demonstrar fraqueza em um momento como esse não seria apropriado.

O homem limpa seus lábios com um lenço e se vira para sua irmã mais velha, que ainda permanecia inerte ao prato a sua frente.

— Minha bela Coraline, não vai comer?

A mulher abre seus dentes em fúria, encarando-o com seus olhos vermelhos.

— Vai se foder!

Suas presas eram visíveis, mas Simon quase riu ao encará-las.

— Você me traz uma sensação de fofura toda vez que faz isso.

Coraline, após ouvir o comentário, pula sobre a mesa, sacando sua espada e avançando contra Simon, apenas para ser parada por Anúbis, que se joga contra ela e a derruba do tablado.

— Se acalme, Coraline, ele é o mestre dessa mansão!

— Que se foda! Já está passando dos limites!

Anúbis solta sua irmã, que se levanta com um brusco movimento. Simon a ignora, encarando Kai no processo.

— E então, Kai. Sua comida também-

O rapaz se levanta, mas não para atacá-lo. Ele se vira e sai do recinto.

— Vocês cinco não mudaram nada nesses últimos anos.


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