Bloody Devotion escrita por Eliander Gomes


Capítulo 24
Uma Competição por Glória.




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Em uma enorme construção militar, rodeada de um grande muro e muitos soldados, uma carruagem se aproximava.

Ao ver o veículo, os guardas ao portão principal do lugar prestaram sua continência, erguendo sua voz em alto e bom som.

— Comandante Yevrin se aproximando!

Vários soldados entraram em fila, esperando ansiosos a chegada de sua comandante. A carruagem parou antes de alcançar o portão, e desceram a mulher de armadura e sua serva. Alguns soldados rodearam a carruagem a fim de cuidar da bagagem.

Enquanto as duas adentravam o local, os soldados sacaram suas espadas e ergueram-nas aos céus, criando um corredor por onde a mulher e sua serva passaram.

— Descansar, soldados. Onde está o capitão Hurges?

— Em treinamento com alguns recrutas, senhora.

— Diga-o que desejo o ver em minha sala, tenho assuntos a discutir com ele.

Ela continua seu caminho para dentro do prédio principal do lugar, onde apressa seus passos firmemente, sendo seguida por sua serva que se esforçava para manter o ritmo da mulher. Em poucos segundos ela chega até a grande porta dupla, que abre com as duas mãos de forma apressada.

— Arendril, pegue o livro de registros da nobreza, por favor. E um mapa de Hastermash.

— Sim, senhora.

Ela se senta em sua mesa, puxando alguns papeis da gaveta rapidamente, ao mesmo tempo que sua serva corre até a estante em busca do objeto solicitado.

A menina coloca rapidamente o livro a frente de sua mestra, que o abre imediatamente e começa a folheá-lo. A menina parecia confusa; embora ela soubesse bem do que se tratava, não entendia a pressa de sua mestra.

— Senhora...

— Silêncio, Arendril, estou pensando. — disse a mulher, em um tom até calmo devido a sua agitação.

Arendril coloca o mapa dobrado no canto da mesa, tentando não atrapalhar sua mestra em seja lá o que estivesse fazendo. Após algum tempo, a mulher abre o mapa e começa a rodear seus dedos e olhos por ele, usando um compasso e um escalímetro.

Em poucos minutos, elas veem alguém se aproximando pelo corredor. Um vampiro de pele levemente avermelhada e uma barba cerrada, com um cavanhaque e um uniforme militar sem qualquer peça de armadura.

— Me convocastes, lady Yevrin?

— Sim, Capitão. Feche a porta, Arendril.

A elfa obedece, se colocando em um canto da sala logo em seguida, quase desaparecendo do ambiente.

— Chamei-o pois tenho um favor a pedir.

— Qualquer coisa, minha senhora.

Ela faz uma breve pausa, encarando Arendril, que estava com os olhos fechados, concentrada.

— Preciso de dois... três espiões.

— Espiões?

— Sim. Seus melhores soldados. E mais confiáveis.

— Claro, minha senhora, trarei uma lista de nomes...

— Não, não traga. Arrume-me seus três melhores soldados. Deixarei teu julgamento decidir desta vez.

O capitão ficou confuso com a atitude da mulher, mas apenas assentiu. Suas experiências passadas lhe ensinaram a nunca questionar a mulher.

— Precisa em quanto tempo?

— O mais rápido possível. Mas antes, aproxime-se.

O homem anda de forma respeitosa até a mesa da mulher, onde ela aponta para três locais no grande mapa aberto a sua frente, em silêncio.

— Entendo. — Respondeu o sujeito.

— E mais uma coisa; este ponto, Arendril irá cuidar desta área, mas ainda vou precisar de outra pessoa...

— Por isso ficou em dúvida quanto ao número de espiões no começo da conversa?

— Sim. Acredito que Arendril não seria uma boa aposta quanto ao que tenho em mente.

— Eu entendo.

— Está dispensado. Ah, e não preciso dizer, mas... não conte isto a ninguém. Por favor, não demore.

O homem deixa a sala em passos largos, enquanto Arendril abre os olhos e se prontifica a fechar a porta que o sujeito abriu.

— Alguém ouviu?

— Não, senhora, cuidei para que ninguém se aproximasse do prédio.

— Siga o capitão. Eu confio nele, mas confio mais em você.

— Confia? — Pergunta ela, de forma levemente sarcástica.

Yevrin suspira, e responde-a sem desviar o foco do que fazia.

— Você é uma deusa na floresta, uma ninfa intocável, uma fera selvagem. Mas dentro de muros não passa de uma elfa frágil e delicada. E preciso poupar o máximo de tempo possível. Dividir essa tarefa com outra pessoa vai ser benéfico para ambos.

— Só espero que o capitão não escolha quem eu estou pensando...

A mulher sorri.

— Por que te irritas? Ficarão na mesma região, mas não no mesmo local. Aquieta tua raba, Arendril.

Arendril hesita com a colocação de sua mestra.

— A senhorita falando esse tipo de coisa de forma tão formal... é estranho...

A elfa encarava sua mestra com um olhar preocupado. Ela então se lembrara do que acontecera durante sua viagem, ainda no castelo. Ao redor do trono se reuniam algumas pessoas, e aquele sentado de forma relaxada falava.

— Chamei-os aqui pois desejo propor algo aos senhores.

O rei havia pedido discretamente que os lordes mais antigos continuassem no castelo mais um pouco. Além de Jean, ali estavam Horan, Cornélia, Georgia e Dorian. Os cinco mais antigos lordes — tal como seus respectivos servos. O rei continuou.

— Meu pai confiava a vida dele aos senhores. E os senhores têm servido este reino há muitas gerações. Confio no julgamento, tal como nas ações que os senhores tomaram e tomarão. Mas acredito que o assunto que tenho a tratar hoje possa gerar certa confusão e discórdia, mesmo entre os senhores. Tendo isso em mente, desejo deixar claro que o que estou a propor hoje aos cinco é um desafio, uma competição.

— Uma... competição, meu rei?

— Sim, Lady Rakiya. Aquele que vencer será, não só recompensado com ouro, como também terá acesso a um objeto que venho guardando há um tempo...

Georgia faz um rosto surpreso.

— Não estaria se referindo a...

— Ao objeto mais glorioso que conseguimos durante a expedição, sim. Devo lembrá-los que, desde que o conseguimos, os senhores foram os únicos a verem e sequer ouvirem falar de tal artefato. Deixando este assunto de lado por um momento, quero focar no desafio em si.

— E o que seria? — Pergunta Horan.

— São dois pontos que desejo destacar. O primeiro, quero testar e apostar nos novos. Quando me refiro à novos, estou me referindo à apenas os cinco que foram apresentados hoje durante o jantar. Frankie Gargoyle, Hugo Korhil, Elena Banshee, Simon Lumiya e, por fim, Karen Solas. Meu primeiro desafio é que mantenham os olhos neles. Vigiem-nos. Aquele que me trouxer o maior número de informações consistentes, e mais rápido, será vitorioso neste desafio.

— Quer que espionemos os cinco?

— Não. Quero que me tragam informações concretas e relevantes. A forma como irão fazê-lo depende única e exclusivamente de vocês. Talvez focar em um único indivíduo seja mais vantajoso a vocês, ou talvez queiram mandar espiões para as cinco regiões e ver o que conseguem. Não me importa.

— Por que isso, meu rei?

— Acredito que os cinco que ascenderam as suas posições recentemente são especiais. Não em questão de serem melhores nem nada do tipo, mas os senhores conhecem o estado atual do reino, e sabem de todos os problemas e dúvidas que rodeiam Hastermash. Os ideais e ações deles diferem de forma sublime, e ambos têm pretensões que talvez sejam perigosas ou benéficas para todo o reino. E como meu pai costumava dizer: O jovem tem a força, mas os velhos são quem detém a sabedoria.... o que nos leva ao segundo ponto do desafio.

— Que seria?

— Controle de danos.

Eles ficam levemente surpresos com a fala do rei. O jovem volta a falar.

— Uma ameaça de guerra constante tem rondado nosso reino, e temo que, infelizmente, ela é inevitável. Tendo isso em mente, desejo que foquem seus esforços para que o mínimo de dano seja causado. Como bem sabem, diversas caravanas de criaturas inferiores têm chegado a Hastermash. Espiões, ladrões e mercenários, todos com o objetivo de coletar informações ou causar caos.

Os ouvintes pareciam bastante atentos a fala do rei, mas Jean tinha um pensamento a mais com ela enquanto o ouvia.

“Não imaginei que ele fosse tocar neste assunto dessa forma...”

— O segundo desafio é em relação a exatamente este ponto. Quero que protejam Hastermash destas criaturas inferiores. Tal como...

— Quer que coletemos informações sobre Jasfik...

— Exatamente, senhorita Yevrin.

“Então está mesmo acontecendo...” Pensava a mulher. “Isso é uma preparação para guerra”.

— E o motivo pela qual pediu que observássemos os novatos é justamente para evitar que eles não façam besteira durante este período...

— Precisamente, Visconde Darius.

— Interessante, mas eu me pergunto, meu rei, mesmo provavelmente já sabendo a possível resposta... mas vou perguntar mesmo assim por desencargo de consciência. Por que deixou Lady Lenore e o senhor Bara de fora?

— Lorius é um homem muito instável, e ele não é confiável o suficiente para tal tarefa. A senhorita Lenore, por si só, não se encaixa em nenhum dos dois grupos. Ela ainda é jovem, então não poderia ficar com vocês, e ao mesmo tempo, ela já está acostumada com os assuntos comuns da nobreza, então não é alguém em quem devemos manter os olhos. Mas existe um terceiro motivo...

— Sua proximidade com o Lorde Simon.

— Exatamente.

— Entendo. Foi como pensei.

Yevrin fica pensativa por alguns segundos, ela então levanta seus olhos para o rei com um grande sorriso.

— Meu rei, o desafio já está valendo?

— Talvez...

— Preciso de um sim.

O rei sorri brevemente.

— Tudo bem. Considere como um sim.

— Eu ouvi Lenore discutindo algo com Korhil hoje mais cedo. Ao confrontá-la, ela me admitiu tudo, então posso ter esta informação como algo concreto e confiável.

Aquela foi uma boa jogada de Yevrin. Guardar aquilo não traria benefícios algum para ela, e ainda poderia acontecer de outra pessoa trazer tal informação primeiro. Era uma informação de primeira mão, e fresca.

— A mais jovem do grupo já começa o desafio com uma grande vantagem. — Comenta o rei, com um sorriso.

Depois daquilo a mulher pareceu despertar bastante interesse no tal desafio.

Algo que preocupou sua serva.

Mas independente do que pudesse acontecer, a elfa faria seu trabalho.

Mesmo que ela tivesse que trabalhar com ele...

...

A menina entrava em sua enorme mansão, com um semblante baixo e desanimado. Ela era cautelosamente seguida por seu mordomo, que a cobria com seu próprio casaco.

— Está se sentindo bem, M’lady?

— Sim.

— Está com o rosto tão triste.

— Não é por causa da doença. Não sinto mais seus sintomas.

Sim, ele sabia bem disso. Mas ele, de alguma forma, desejava que fosse este o caso.

É de fato um lugar enorme. E todo de vocês.

— Por favor, não fale conosco sem necessidade...

Qual é o propósito de dividirmos um corpo se nem podemos nos comunicar? A propósito, você sabe que vamos compartilhar este corpo em todos os momentos, não é? Por isso, não precisa ter vergonha ou receio de conversar comigo se você....

— Calado. Criatura irritante.

Que temperamento...

Karen se senta em um sofá próximo, suspirando e colocando as mãos sobre o rosto.

— Mas devo admitir... não sinto nada. Não me sinto bem assim há anos.

De nada. Ah, e obrigado, você tem um mana delicioso.

— Eu ainda sou capaz de usar magia?

Tranquilamente. Aliás, sua magia deve estar mais forte do que o normal, diria eu.

— Como?

É exatamente como eu disse. Sua doença se resume à uma produção massiva de mana de uma forma que seu próprio corpo não aguenta. Em ocasiões normais, seu mana sempre estava em um estado instável, devido a grande quantidade repousada. Tendo um recipiente alternativo para despejar essa quantidade excessiva de mana, traz uma folga a seu corpo, e com isso você pode lidar melhor com o que já tem. Em outra palavras, o mesmo acesso absurdo de mana que você tinha anteriormente permanece, com a diferença de seu corpo não estar a todo momento sobrecarregado por ele.

— Como uma cachoeira em dias de chuva. Mas agora eu sou um rio calmo e cristalino.

É uma forma de enxergar.

— Quero testar uma coisa...

Não tenha medo, se você se sobrecarregar, eu sugo o excesso de mana para você. Faz parte do nosso acordo. Vá em frente.

— Certo...

Karen se levanta e fecha os olhos, estendendo suas mãos para os lados em um ar concentrado. Em poucos segundos, uma leve brisa cintilante começa a rodeá-la. Seu mordomo admirava a cena com um semblante contente e fascinado. À medida que Karen se concentrava, a luz ia se intensificando, até que todo o ambiente estivesse completamente iluminado. Como um espirro, a menina faz um movimento com os braços, jogando a luz intensa para todos os lados. A enorme esfera de energia se estendeu pela sala, saindo da mansão e viajando uma grande distância. A grande e massiva esfera de luz transparente foi vista por várias criaturas na proximidade.

Assim que Karen abriu os olhos ela ficou espantada. Ela levou suas mãos a frente do corpo, encarando-as como se elas fossem fantasmas. Seu mordomo percebeu a natureza daquela magia e fez um rosto de espanto parecido com o da menina.

— Eu... consegui...

— Quantos metros, madame?

— Vinte e seis quilômetros... eu consegui estender meu campo mágico por vinte e seis quilômetros...


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