Bloody Devotion escrita por Eliander Gomes


Capítulo 10
Encontro de Nobres — Parte 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799702/chapter/10

A carruagem se aproximava do grande palácio tinha um aspecto refinado e caro. Ela era puxada por fortes cavalos e era conduzida pelo elfo, que parecia calmo e sereno enquanto se aproximavam do lugar. Ele era fitado por todos os vampiros da grande cidade, que o encaravam com olhares sugestivos e luxuriosos.

— Barkar, eu disse para usar uma toca. — Dizia Lenore, de dentro da carruagem.

— Me perdoe, senhora, mas não gosto muito de tocas.

— Bem, o brasão na carruagem nos protege, ninguém seria tolo de atacar a carruagem de um nobre, mas me preocupo com o que pode acontecer daqui para frente. Todos os lorde estarão neste jantar... Me pergunto se foi uma boa ideia trazê-lo comigo, e não um dos coelhos.

— Sabe como aqueles dois funcionam. Sem o outro, eles não conseguem fazer muito. E também, eu sou o seu servo mais antigo e forte.

— Sim...

— Vai ficar tudo bem, senhora Lenore.

Ela parecia hesitante, mesmo com as palavras acalentadoras do jovem. Naquela cidade, era difícil para vampiros aproveitar de sua audição de forma boa. Por terem ouvidos apurados, o som da cidade tornava tudo muito mais irritante, então eles simplesmente deixavam de usar esta habilidade. Com isso, Lenore podia continuar a falar com o jovem elfo sem se preocupar. Seu suspiro precedeu uma fala que ela não diria normalmente.

— Será que minha maquiagem está boa?

O elfo riu.

— Está preocupada mais com sua aparência que com minha saúde, não é, senhora?

— Não diga isso... sabes que tem anos que não o vejo...

Ele ri, complacente.

Assim que passam pelos guardas do palácio, os dois descem da carruagem, sendo recepcionados pelos sevos do lugar. À medida que eram conduzidos, eles percebiam que não havia outras raças naquele lugar. Lenore parecia inquieta sobre isso, já que eles estavam no palácio real de Drakon.

— Sua majestade não possui escravos de outras raças? — Perguntou ela a um dos guardas.

— Não, minha senhora. Ele preferiu manter apenas empregados vampiros no palácio.

— Entendo.

— No entanto, há apenas um humano que trabalha no palácio, ao lado do novo rei.

— Um humano?

— Sim. Ele é o seu servo principal.

Lenore ficou curiosa ao ouvir isso. Eles são conduzidos para um grande e luxuoso jardim, florido e muito bem cuidado.

— Podem esperar aqui. Vossa majestade ordenou que só trouxéssemos os convidados perante sua presença após a chegada de todos.

— Entendo, então fomos os primeiros?

— Sim.

A mulher é deixada sozinha junto com seu servo. Ela se senta em um dos bancos do lugar e abre seu leque, abanando-se enquanto permanecia pensativa.

— Barkar, como estou?

— Está bela como sempre, minha senhora.

— De verdade?

O elfo suspira.

— Relaxe um pouco, tudo bem? A senhora não poderia estar mais bela.

— Se estiver mentindo, punirei você com minhas próprias mãos!

O elfo ri, deixando a provocação de lado. Os dois escutam alguém se aproximando. Parecia um velho senhor, acompanhado de um guarda e um anão.

— Por aqui, meu senhor.

— Obrigado, jovem.

O sujeito tinha cabelos e uma barba branca, mas seu porte físico era consideravelmente atlético. O anão ao seu lado carregava consigo um grande machado de guerra, que estava preso às suas costas. Assim que vê Lenore, o velho se aproxima com um sorriso e abre levemente os braços.

— Senhorita Hagara.

— Visconde Darius. Como tens passado?

A mulher se levanta e estende a mão para o sujeito, que delicadamente a pega e a beija.

— Estás bela como sempre, minha nobre donzela.

— E o senhor permanece com o mesmo ar galante de sempre.

Ele ri, ajeitando suas luvas brancas.

— Mas tenho certeza de que esta aparência toda não é para mim, não estou certo?

A mulher cobre seu rosto com o leque, escondendo uma risada.

— Não diga isso, é apenas uma maquiagem padrão para um encontro com nobres. O que tem de mais nisso.

— Bem, não foi isso que acredito ter ouvido enquanto me aproximava.

Os dois riem.

— O que acha, visconde? Digo, da escolha do velho Lumiya?

— Acho... acho que foi uma boa escolha. Simon é um excelente homem, de fato.

— Sim, ele é.

— Me dispus a ajudá-lo, caso precisasse. O único problema é que meus filhos... eles têm uma amizade muito forte com os irmãos dele.

— Entendo.

— Bom, mas vamos deixar esta conversa para uma hora mais apropriada. De qualquer forma, parece que fomos os primeiros a chegar.

— Sim. Me pergunto quanto tempo vamos ter de esperar.

Enquanto conversavam, o anão e o elfo se encaravam com bastante agressividade. Ao perceber aquilo, o visconde solta uma leve risada.

— Esperem um pouco, vocês dois ainda não se entenderam?

— Ah, perdoe-me, mestre. Não foi minha intenção incomodá-lo com isso.

— Não incomodou, mas eu achei engraçado. Há quantos anos conhece Barkar? E mesmo assim ainda não consegue olhar para ele sem ser desse jeito.

O anão ri em sarcasmo.

— Só não estou acostumado com a ideia de ver um ratinho frágil servindo a um lorde vampiro.

— Ratinho? — Respondeu o elfo. — Foi exatamente esta a palavra que pensei quando olhei para você hoje. Nojento como um rato.

— O que disse, elfo?

— Vocês dois, por favor! — Diz a mulher de forma repreensiva.

O homem mais velho da boas gargalhadas, enquanto tapeia as costas do anão.

— Foi realmente uma boa decisão te trazer, Horengar! Nunca me canso de ver isso!

A mulher faz um rosto preocupado.

— Ora essa, visconde. Poderia tratar isso tudo com mais seriedade? Se eles ficarem agindo assim na frente dos outros nobres isso poderá se transformar num problema para nós, e sabes disso!

— Não se preocupe, Lenore, esses dois vão se comportar, não é, senhores?

Eles se encaram mais uma vez e se afastam um do outro.

— Viu só? É só deixar como está.

Lenore suspira, encarando a porta mais uma vez. Mais alguém se aproximava.

— Soube no momento que ouvi as vozes! — Gritava o sujeito magrelo e bem-vestido.

— Lorius Bara! Vejo que está ótimo, meu amigo!

O homem abraça-o com um grande sorriso.

— Como tem andado, visconde Darius?

— Com as pernas.

O sujeito ri desenfreadamente com a piada sem graça do velho Horan.

— Só você mesmo, meu amigo. E vejam se não é a senhora Hagara que está aqui conosco!

— Lorius. — Diz ela, curvando levemente a cabeça em um cumprimento respeitoso.

— Veja só, parece que trouxe algo interessante com a senhora hoje, não é?

O elfo permanecia com sua pose educada atrás de sua mestra.

— Oh sim, ele é meu servo, Barkar.

— Um elfo de Jofrir? Onde foi que conseguiu algo assim?! — Dizia ele aos risos, enquanto gesticulava curiosamente para ela. Sua fala era sempre escandalosa e extrovertida. — Vai, me conte seu segredo! Quem você teve que subornar?!

Lenore ri com o leque sobre seu rosto.

— Não diga isso, bobinho. Eu só tive sorte.

— He, sorte... e eu com meu simples humano aqui!

O homem junto ao sujeito parecia um bobo da corte, vestindo trajes de palhaço e a todo momento com um sorriso no rosto. Ele cumprimenta o grupo sem dizer nada.

Após alguns minutos uma mulher de meia idade se aproxima do grupo. Ela parecia ponderada e séria, e apenas cumprimentou-os com a cabeça, se abstendo do grupo. Ela era seguida por um cavaleiro de armadura completa, que não era possível ver seu rosto.

— Os Rakiya são sempre assim, não é? Não gostam de se enturmar. — Dizia Lorius com sarcasmo, seguido de uma risada.

— Sabe que posso ouvi-lo, não é, senhor Lorius?

— Sim, eu sei. — Diz ele entediado e de forma casual. — É pra ouvir mesmo.

A mulher solta uma interjeição de nojo e vira seu rosto.

— Tão deselegante.

O jovem ri com a cena, batendo no ombro do visconde enquanto apontava para ela.

— Caramba, isso me mata!

Lenore se aproxima da mulher com um sorriso, puxando as bordas de seu vestido e se curvando em um cumprimento nobre para ela, sem dizer uma palavra. A mulher idosa fecha seu leque e abre um leve sorriso, repetindo o gesto para Lenore.

— Viu? É assim que nobres se cumprimentam, senhor Lorius.

O sujeito da uma risada e repete o movimento das duas, de forma debochada enquanto caia na risada.

Eles veem mais um chegando. Esse era enorme, uma grande montanha de músculos. Seu terno mau suportava seu corpo, e parecia que a qualquer momento se rasgaria. O sujeito que entrou era grande e tinha um rosto nada convidativo, seus cabelos grandes e lisos se estendiam nas laterais de sua cabeça, deixando sua careca no topo bem evidente. Seguindo o sujeito, um jovem adolescente sorridente e carismático, usando um jaleco branco e um par de óculos. O garoto logo começa a falar.

— Visconde Darius, Lenore Hagara, Lorius e dona Cornelia. Parece que não fui o primeiro.

— Olá Frankie, você cresceu bastante, não foi? — Dizia Lorius, batendo no ombro do enorme sujeito em meio a risadas.

— Eu estou aqui, pateta.

O homem cai na risada.

— Eu sei! Eu sei! Estou só curtindo com sua cara. Essa coisa aqui é sua nova criação?

— Sim, eu pensei em trazê-lo para testar. Têm sido bem entediante esses últimos anos. Por mais que eu crie bons brinquedos, não tenho feito muito com eles. Desde que a expedição do continente negro voltou foi o que deu para fazer.

— Ah, então ele está usando alguma coisa que conseguiram lá?

— Na verdade não... minha casa não contribuiu muito para o continente. Eu acabei priorizando minhas pesquisas.

Lenore se aproxima com um sorriso.

— Eu acabei deixando isso de lado também. No fim das contas, pelo que fiquei sabendo, quem mais ajudou foram os Lumiya, os Banshee, Korhil e Abrogar.

— Não está se esquecendo dos Solas? — Diz Lorius.

— Não, não, o Solas fizeram uma expedição separada. Isso acabou ocasionando naquela tragédia.

— Entendi. É uma pena. — Diz ele aos risos.

Darius se aproxima do grupo.

— Eu cheguei a mandar alguns homens para a expedição também.

— Mas não se aprofundou muito, não é? — Pergunta o adolescente.

— Não. Não queria perder meus bons homens. Acabou sendo uma pena, pois a expedição foi mesmo um sucesso, não é?

O garoto solta uma interjeição de deboche.

— Claro. Mas não me importo muito. Poder continuar com minhas pesquisas é o que importa.

— Você e suas pesquisas, Frankie. — Diz uma voz provocante vinda de trás dele.

— Hugo Korhil.

O homem era forte e imponente. Seus cabelos ruivos espetados davam um destaque a sua cara confiante. Ele vestia uma roupa diferente dos demais ali, era um traje vermelho com cintos e fivelas, algo como uma roupa que se usaria em batalha. Ele ainda carregava consigo um enorme machado de açougueiro em seus ombros.

— Você tem bastante coragem de aparecer em um jantar formal vestido assim.

— Olha só quem fala! Você trouxe um brutamontes do tamanho de uma montanha consigo!

— E você, veio sem um servo?

— Pois é... eu até estava trazendo um comigo..., mas acabei matando o coitado.

Os presentes ali suspiraram, entediados.

— Isso não é bom. A carta foi bem precisa quanto a isso.

— Ah, não se preocupem com isso! Tá tudo bem! Não é como se o rei Drakon fosse me matar só porque eu acabei quebrando um dos meus servos no caminho.

— É muita falta de respeito para com o rei... — Dizia Frankie, ajeitando a gravata.

Hugo pareceu hesitar com a fala, fazendo um rosto levemente preocupado.

— Eu... já volto...

Ele sai do recinto, deixando o grupo curioso.

— Ele não vai tentar pegar um servo qualquer na rua, vai?

— Acho que é exatamente o que ele vai fazer. Se ele for pelo menos um pouco esperto, vai comprar um escravo na cidade real.

Lenore suspira, se afastando do grupo e indo em direção a Barkar.

— Isso está ficando chato já.

Eles escutam uma comoção vinda do corredor além do recinto. Era uma risada frenética e histérica, aparentemente de uma mulher. A conversa era audível e chamou a atenção de todos no recinto. Enquanto ouviam, eles faziam rostos sérios e encaravam a entrada com atenção.

— Senhora, por favor, comporte-se...

— Você viu a cara daquele guarda quando eu apareci atrás dele? O cara quase se borrou! Eu sei disso, porque senti o cheiro!

— Devo lembrá-la que não está mais em sua mansão, M’lady.

— Não consigo me controlar, você sabe. Aliás, chamar a atenção... — ela aparece na porta com um sorriso, fazendo uma pose sensual enquanto encarava os sujeitos no recinto — é um de meus maiores dons.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bloody Devotion" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.