Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 27
Capítulo 26




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799657/chapter/27

Capítulo 26 

(...) 

 

Lenora sabia que poderia estar sendo exagerada, mas dançar com Phillip a fazia se sentir como se fosse a única moça presente naquele salão tão lotado. Na verdade, sentia que eram os únicos ali, o restante dos convidados se tornou apenas um borrão em sua mente e foram deixados de lado desde o segundo em que se colocaram na pista de dança.  

Phillip tinha os olhos fixos sobre os dela, a encarando com intensidade palpável e ela suspeitava, que se não fosse pela máscara em seu rosto, muitos teriam percebido e talvez, até sentido o peso do olhar do visconde sobre si.  

Ela tentou esconder como o próprio corpo se alertou quando ele a segurou com firmeza, enquanto uma mão se encontrava repousada confortavelmente em sua cintura, a outra mantinha seu braço erguido na altura de seu ombro. A pose de valsa era simples, mas tal aproximação com o corpo de Phillip a fez sentir-se... diferente.  

Claro, aquela não era a primeira vez que dançava com Phillip, já o fizera no decorrer dos quatro anos em que mantinham aquela amizade incomum em segredo, mas era a primeira vez que dançavam cientes de que a valsa não era apenas mais uma dentre tantas outras já dançadas. Lenora poderia estar enganada quanto ao que percebia em seus olhos, mas aquela valsa em especial, carregava um significado muito além.  

Algo que somente eles seriam capazes de compreender.  

Lenora é rodopiada e rapidamente trazida de volta de encontro ao corpo de Phillip, fazia meses desde a última vez que dançaram juntos — ele a livrou de sua mãe durante o baile de Lady Plistzzen e depois ela ganhara trinta libras para ajudá-lo quando Lady C viera a seu encontro —, parecia que toda uma eternidade se passara desde aquele dia e Lenora se esquecera de como realmente gostava da companhia de Phillip de como ele a conduzia durante a valsa.  

Era fácil estar com Phillip, pois Lenora não precisava agir de modo diferente para tentar impressioná-lo ou esconder quem realmente era. Durante a valsa, conversaram sem dar muita importância para alguns olhares carrancudos, riram alto e trocaram fofocas importantes. Já com Jonathan Lenora precisou ser o oposto de quem realmente era.  

Sim, eles ainda conversaram, mas chegou num ponto onde a companhia dele trouxe-lhe o mesmo tipo de incômodo que sentia quando era apresentada a outros cavalheiros. Não queria ser descortês com o conde, ele não era uma pessoa ruim e nada parecido com outros cavalheiros que tentaram cortejá-la, mas o fato de ela não ter inclinação alguma para aceitá-lo fazia com que ela o desejasse longe.  

Não sentia isso com Phillip. Na verdade, o queria cada vez mais perto.  

E quanto terminaram a valsa, eles seguiam pelo salão, afastando-se dos olhares astutos de seus irmãos mais velhos que a procuravam pelo salão sem se darem conta de que estavam apenas buscando na direção errada. Lenora e Phillip seguiram para os terraços, alguns pares já ocupavam os lugares mais vigiados e nenhum deles viu problema e se afastarem um pouco mais de toda a leva de convidados presentes na casa.  

Chegaram a um ponto menos iluminado e aberto, um ponto que Lenora sempre gostou da casa, pois a mesma permitia vista para todo o jardim. De onde estavam era possível ver os pontos estratégicos de luzes que iluminavam o lugar para que aqueles mais interessados conseguissem caminhar sem se preocuparem de perder-se.  

Estar agarrada ao braço de Phillip acabou por se tornar algo comum em suas caminhadas, claro que, agora ambos sentiam a necessidade de tal aproximação.  

— Estive pensando sobre as joias e os diamantes — Phillip trouxe à tona um assunto que há muito fora esquecido quando enfim pararam. — E sobre o que faremos com tal fortuna.  

Seu cenho se franziu, os últimos dias foram tão agitados e providos de descobertas que Lenora simplesmente se esqueceu das joias, mesmo não tendo ideia de como conseguira fazer isso.  

— Vamos precisar falar sobre a rixa quando for falar com seus pais e obviamente teremos de falar como descobrimos a verdade, mas queria saber o que faremos com elas.  

— Não quero que minha família saiba sobre elas, bem, não por enquanto — diz. Omitir deles as joias e os diamantes era um meio de garantir que eles seriam verdadeiros consigo mesmos quanto a Phillip.  

Sabia que a família não procuraria vantagens com elas, mas Lenora queria garantir que eles não iriam aceitá-lo apenas por saberem que tinham joias e diamantes em mãos; não queria que isso acabasse tornando um tipo de influência em sua decisão.  

— Então presumo que iremos reparti-las entre nós.  

Ela demorou um pouco para responder, pois pensava no assunto.  

— Estive pensando em dar uma parte a seus irmãos também, principalmente a Kate — conta. — Ela ainda é nova para pensar em usar adornos, mas toda moça merece ter ao menos algumas joias consigo.  

— Tem certeza?  

Lenora acena positivamente.  

— Claro, me sentiria péssima se não fizesse isso.  

— E quanto à sua família?  

— Eles vão saber sobre elas, no tempo certo. — garantiu. — Quero apenas garantir que eles não serão forçados aceitá-lo porque a teremos conosco, se eles tentarem matá-lo que o façam com honestidade.  

Phillip riu alto.  

— A preocupação que tem comigo é tocante — ele diz, levando uma mão ao coração.   

Ela virou o rosto para encará-lo e riu também. 

— Você mesmo disse que sua morte é certa, mas asseguro que não passará de ameaças. — ela o tranquilizou, ainda rindo.  

Sabia que sua família tentaria matar Phillip — ambos conversaram sobre isso dias antes — e existia sim uma grande possibilidade de eles realmente tornarem as muitas ameaças reais e Lenora iria impedir que isso acontecesse. Como? Ela não fazia nem ideia, mas faria.  

— E quando pretende ir falar com eles? — ela pergunta.  

— Bem, isso depende de você — Phillip a olhou com mais intensidade. — Pediu que eu esperasse o baile de sua mãe e assim o farei até que ache que é a hora para que eu vá ter com seus pais.  

Involuntariamente seus lábios se esticaram em um sorriso sutil.  

— Na verdade, o quanto antes toda essa loucura terminar melhor — confessa. — Por mim, assim que esse baile acabasse todos já estariam cientes de tudo... 

— Mas estariam todos cansados demais — ele a lembra.  

— E podemos usar isso ao nosso favor — sugere, arqueando uma sobrancelha, a ação passou despercebida por ele, já que a máscara que ela usava ocultava boa parte de seu rosto.  

Novamente o visconde riu, dessa vez, porém, um pouco mais baixo. Não atraindo tanta atenção para si como fizera antes.  

— Amanhã então? — pergunta, esperando por sua aprovação.  

Lenora pisca surpresa, primeiro imaginara que ele estivesse apenas brincando, mas à medida que seu olhar se mantinha sobre ele, se dava conta de suas palavras eram sérias.  

— Tem certeza?... — questiona. — Torno a dizer que não quero que se sinta forçado a nada disso.  

— E torno a dizer que você não está me forçando a nada — responde decidido. — É o que eu quero fazer, mas não farei nada se não concordar.  

Pensando a respeito, Lenora morde o lábio.  

— É o que eu mais quero. 

— Decidido então.  

De repente Lenora foi tomada por uma imensa ansiedade, não esperava que fosse sentir-se dessa forma e era estranho. Excitante, mas ainda um pouco estranho. Ansiar tanto por algo que se estivesse sendo feito por outro homem, a faria querer sair correndo.  

— Acho que seria sensato nos separamos agora, antes que sua família comece a caçá-la pelo salão — disse ele cauteloso, ela conseguiu rir, apesar de concordar. Porque sabia que isso realmente poderia acontecer.  

— Tudo bem — responde a contragosto, queria poder passar o restante do baile apenas com ele.  

Contudo sua família era imprevisível, se não a estivessem vendo pelo salão, com toda certeza já estariam à sua procura.  

E realmente tinha alguém procurando por Lenora.  

John não tinha motivos especiais para buscar pela filha no salão, estava apenas obedecendo uma ordem dada por sua esposa Grace e, conhecendo a mulher como conhece a palma de sua própria mão — e porque também sabia que não teria descanso enquanto não a encontrasse — ele assim o fazia. Vasculhou primeiro nos cantos, depois na pista de dança e não a encontrou.  

Imaginava que estaria vagando para além do salão, sabendo que ela tinha preferência pelos ares e assim seguia pelo grande terraço. Caminhando sem realmente procurá-la com avinco, parou ao perceber que estaria interrompendo o beijo apaixonado de um jovem casal e recuou alguns passos antes que fosse visto e os constrangesse.  

Contudo, quando eles se separaram e o cavalheiro depositou um beijo singelo nas costas de suas mãos e cada um seguiu para um caminho diferente, ele reconheceu a moça com tanta facilidade que era como se ela estivesse sem máscara. 

— Lenora? — sussurrou, sua voz era um misto entre assustado e surpreso.  

E então, como se ver a filha nos braços de um rapaz qualquer já não fosse o suficiente para acabar com uma noite alegre e animada como aquela, o moço que a beijara tirou a máscara apenas esfregar o rosto e sorrir de forma abobada antes se sumir pelo salão e John Barrington sentiu seu mundo dar muitas voltas e deixá-lo tonto e fraco.  

— Weston! — o sobrenome do visconde saiu de seus lábios junto a um rosnado furioso e mesmo que houvesse em si toda a disposição para matar o jovem, não o fez.  

Porque ele sumiu de sua vista, porque não podia fazê-lo no baile de sua esposa e também porque não iria transformar a filha em um alvo de fofocas escandalosas.  

Mas isso não significava que ele não o mataria no dia seguinte. 

 

●●●

 

Fingir esbarrar com Lenora foi sem sombra de dúvida a tarefa mais difícil que John fizera em toda a sua vida como pai e não a confrontar sobre o que viu acontecer foi ainda pior.  

John levou a filha de volta para a mãe e em menos de cinco minutos estava sendo apresentada a um rapaz cujo nome ele não fizera muita questão de guardar, na verdade, ele não conseguiu se concentrar, porque sempre que encarava a filha, a cena de vê-la beijar o Weston lhe vinha na mente e tudo começava a rodar como antes.  

Céus! Era sua filha! Beijando um Weston!  

— Está tudo bem, querido? — a voz desconfiada de Grace o desperta.  

— Está.  

— Hum — murmura ainda muito desconfiada. — Não é o que me parece.  

Realmente não estava nada bem, acabara de presenciar a filha beijar um rapaz que não era digno dela! Um Weston! Phillip Weston! E John queria muito poder conversar com a esposa, mas não o faria no baile, não quando sabia que acabaria com uma noite festiva como aquela. 

No dia seguinte.  

 

●●●

 

Lenora bocejou novamente e nem mesmo escondeu seu claro cansaço.  

O baile se estendeu muito mais do que ela esperava e descansar foi muito difícil, não o conseguiu fazer por vários motivos e um deles era Phillip. Mas também a noite mal dormida tinha lá sua culpa.  

A criada a ajudava com o vestido, apenas porque Lenora sabia que não conseguiria se arrumar sem que acabasse retornando para a cama e assim, pediu para que a criada lhe ajudasse a se vestir — algo que ela não gostava de pedir por achar que estaria usufruindo da boa vontade dela. Quando o último botão do vestido verde foi enfim abotoado, a voz de seu pai cortou todo o silêncio da casa em um berro furioso e descontrolado.  

— Lenora Anne Barrington!  

Seus olhos se arregalaram no mesmo instante, havia situações em que o pai a chamava pelo nome completo e em todas existia um motivo conhecido; quando aprontava algo contra seus irmãos, quando aprontava algo junto a seus irmãos ou quando fazia algo terrível o bastante para que a pessoa a resolver tal situação fosse o patriarca da família em vez de sua mãe.  

Só que, até onde ela sabia, nada fizera.  

A porta de seu quarto foi aberta segundos depois, revelando a imagem irritada de seu pai, logo atrás sua mãe parecia controlar as próprias emoções, ela claramente estava tomada pela mesma fúria do homem, mas conseguia conter-se melhor. Diferente dele.  

— Papai o que houve? — pergunta, porque realmente não sabia o motivo para aquele nervoso, se ela tivesse aprontado algo, saberia e estaria esperando pela repreensão.  

O homem deu alguns passos em sua direção e com um gesto rápido pediu para que a criada os deixasse sozinhos, Lenora a acompanhou com os olhos até vê-la sumir pela porta.  

— Lenora eu farei uma pergunta a você, uma pergunta que já tenho a resposta, mas espero que tenha um pouco de consideração conosco e diga a verdade. — ele fez uma pausa. — Você acha que é capaz de ser honesta?  

Seu cenho se franziu, lentamente ela assentiu, mesmo não sabendo ao o que ela deveria ser honesta.  

— Claro.  

John respirou profundamente e avançou um pouco mais até ela e parou quando estava perto o bastante da filha para conseguir encará-la nos olhos.  

— Lenora, você esteve sozinha com Phillip Weston durante uma parte do baile?  

Ela engoliu em seco, sentiu as palavras travarem em sua garganta no mesmo segundo em que a pergunta fora feita.  

— Pai, o senhor sabe... 

— Lenora, você me garantiu honestidade. — ele a lembrou e esperou por sua resposta.  

Sua real resposta.  

— Estive.  

Atrás do homem, sua mãe soltou um suspiro frustrado.  

— E ele a beijou no terraço?  

Nesse momento Lenora pensou em fingir um desmaio, porque só isso iria livrá-la. Ele a vi! De todas as pessoas que poderiam tê-la flagrado junto a Phillip, a última que ela esperava era seu pai. Porque era possível ver através de seus olhos a irritação, a fúria a dominá-lo.  

E como ele mesmo dissera antes, ele já tinha a resposta. Mesmo se ela mentisse ou inventasse qualquer desculpa, seria em vão.  

— Sim.  

Se lembrou dos diamantes, das cartas de Bartholomeu e Isobel e do diário que encontrou e claro, da rixa que descobriu ser uma grande mentira criada pelos dois. Mas nesse momento, com seu pai a olhá-la com irritação, tudo isso pareceu simplesmente não ter importância alguma porque ela sabia que a sua resposta desencadearia uma série de acontecimentos de grande escala. 

Ao confessar, ela apenas esperou pelos gritos, a reação exagerada de seus pais por ela ter estado com um Weston e tudo o que se seguiria por causa de sua atitude, porém, nada disso aconteceu. Não houve nada disso.  

Seu pai não reagiu como ela esperava e nem mesmo sua mãe.  

— Peça para prepararem a carruagem — ele pediu, olhando para Lady Barrington logo atrás dele.  

— Claro, mas por qual motivo?  

— Vamos todos para Pambley.  

— O quê?!  

Lenora e sua mãe exclamaram ao mesmo tempo.  

— Querido, o que vamos fazer em Pambley?  

— Não é óbvio? Phillip Weston desonrou nossa filha, quero ouvir dele uma confissão — responde de forma indiferente. — E então, eu poderei matá-lo. 

Os olhos de Lenora se arregalaram, sua boca se abriu e ela sentia que a qualquer momento soltaria uma blasfêmia, mas tudo o que saiu de seus lábios foram: 

— Céus!  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

agora o bicho vai finalmente pegar.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lenora e Phillip — Um amor quase impossível" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.