Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 26
Capítulo 25




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Capítulo 25 

(...) 

 

 

Para Phillip, estar num lugar com uma quantidade alta de membros da família Barrigton era como estar colocando um alvo em suas costas e pedir para levar um tiro de qualquer um deles. Ou simplesmente pedir para que fosse morto.  

A atmosfera do lugar era intimidadora, mesmo que não os estivesse vendo com clareza, era possível sentir facilmente o peso de seus olhares no segundo em pisou no interior do salão lotado. E diante de um lugar onde sabia que era bem-vindo apenas para que o decoro fosse cumprido, Phillip Weston sentiu-se disposto a sair daquele lugar correndo como um grande covarde. 

Com sua tia condessa ao lado, seus temores pareciam menores do que realmente eram e ele até conseguiu se sentir mais confiante em continuar no baile, e ele estava lá, seguindo em direção ao casal anfitrião como se em poucos instantes não fosse receber olhares raivosos dos dois.   

A meia máscara que escolhera escondia apenas a região de sua testa ao nariz, sabia que fizera uma escolha ruim de máscara, mas era tarde demais para trocar. Ele se sentiu um pouco melhor após passar por um dos irmãos de Lenora e ele sequer olhar em sua direção.  

Ao menos máscara cumpria com seu objetivo de mantê-lo anônimo.  

O visconde seguia ao lado de sua tia até finalmente encontrar com Lorde e Lady Barrington, os dois estavam com cores que combinavam entre si, deixando claro que eram, de fato, um casal. Ambos usavam máscaras finas, que cobriam apenas a região de seus olhos, tornando fácil seu reconhecimento.  

— Lorde Barrington, Lady Barrington — Phillip os saudou, como esperado que o fizesse. Esboçou um sorriso sincero e usou de seu melhor tom para falar com o casal.  

Quem primeiro reagiu foi o pai de Lenora, John Barrington esticou a mão em sua direção em um cumprimento menos formal.  

— Milorde Weston — respondeu, acenando com a cabeça para o mais jovem.  

Já a mãe de Lenora, se limitou em apenas sorrir e fazer uma reverência breve.  

— Milorde. — diz, sem conseguir sequer falar seu sobrenome.  

— Desejo minhas sinceras felicitações pelo aniversário de Lady Barrington e também pela notícia de uma nova gestação. É de fato, uma alegria para todos.  

Os dois sorriram em resposta, mostrando também o que era esperado que fizessem. Apenas fingissem se suportar diante de tantos olhares que recebiam dos mais curiosos.  

— Condessa Beston — Lady Barrington a saudou logo em seguida, esboçando um sorriso mais franco ao direcionar a palavra para a mulher ao lado de Phillip.  

Ele percebeu, que o tratamento com sua tia era um pouco mais leve, não haviam carrancas secretas ou olhares firmes demais, apesar de ainda ser possível perceber a hesitação pela mulher possuir ainda o sangue Weston em si. Contudo, Phillip se sentiu melhor por saber que ao menos a tia parecia ser deixada um tanto de lado quanto a rixa entre as duas famílias.  

Eles trocaram palavras breves antes de Phillip e sua tia se afastarem do casal para que recebessem os cumprimentos dos demais convidados. Ele seguiu pelo salão junto a tia, olhando sempre ao redor em busca de Lenora, se atentando especificamente aos cantos, já que não a viu juntos aos pais imaginava que ela estaria escondida neles.  

Ao mesmo tempo que se deu conta de que ela não estava nos cantos — ao menos naqueles em que conseguiu enxergar — sentiu alguém lhe cutucar o braço.  

— Procurando por alguém, querido? — questionou a condessa, agarrando-lhe pelo braço, o forçando a acompanhá-la até outro ponto do salão. — E nem tente mentir, percebo que está à procura de alguém.  

Phillip resmungou algo baixo demais para que a tia o escutasse, ele não imaginou que estivesse assim tão óbvio sua busca por Lenora, mas não se surpreendeu nada por ela ter percebido. A mulher era muito perspicaz e às vezes, ele se esquecia desse detalhe.  

— Sim, estou à procura de alguém — diz, não se importando muito por contar a verdade.  

Era sua tia ao seu lado, ela não iria simplesmente sair pelo salão fofocando o que ele acabara de contar.  

A mulher mostrou um sorriso triunfante.  

— Ainda não vi a jovem Barrington pelo salão... — comenta, a mulher olhava ao redor de forma nada discreta. 

— Ela ainda continua sendo sua “questão complicada” ou simplesmente criou coragem para agir? — perguntou.  

Phillip a encarou assim que a viu gesticular as aspas, se dera conta que conforme ela ia envelhecendo, estava cada mais sem filtro para com suas palavras. E ela não parecia nada incomodada com isso. 

— Imaginei que ela estaria ao lado dos pais — comentou de forma descontraída, continuando a olhar ao redor. — Talvez esteja com os irmãos.  

Phillip franziu o cenho, sabia exatamente aonde os três mais velhos dos Barringtons se encontravam e bastou apenas virar o rosto para a esquerda para que ele conseguisse ver os três juntos, todos com suas esposas ao lado. Conversando e correndo os olhos pelas extremidades do salão. 

— Não, ela não está com eles — responde, parando muito de repente quando chegaram ao que seria o limite estabelecido para separar a pista de dança.  

E então ele finalmente a viu.  

Sendo rodopiada pelo conde Jonathan Fox, Lenora se encontrava no centro do salão junto a uma quantidade alta de pessoas que também valsavam e mesmo com muitos ao seu redor, dançando os mesmos passos, era ela e o conde a receberem a maior atenção.  

— Ora, a encontramos — o comentário de sua tia o fez lembrar da presença da mulher ao seu lado, algo que Phillip se perguntava como ele fora capaz de esquecer-se. 

Eles permaneceram parados onde estavam, Phillip não percebeu, mas seus olhos se fixaram na imagem de Lenora a rodopiar e mostrar um tipo de graça invejável por outras conforme seguia a valsa.  

Ela estava belíssima, qualquer um que discordasse seria insano. Seu vestido era de um tom claro, não era um tecido liso, pois conseguia avistar desenhos por quase todo seu tecido; apenas não sabia identificá-los corretamente. A máscara era escura, se destacando em seu rosto e o cobrindo quase que completamente, deixando apenas os lábios à mostra.  

Linda.  

Perfeita.  

— Ela está mesmo deslumbrante, não está?  

Phillip saltou ao ouvir a voz nada discreta de Lady Coublepett soar perto demais, ao virar-se, a mulher já se encontrava do outro lado. Com o próprio braço agarrado ao dele.  

Ele se perguntou quando foi que a mulher se aproximou e como não a sentiu lhe agarrar o braço?  

— Lady Coublepett — a cumprimentou com um aceno positivo com a cabeça, esboçando um sorriso leve e discreto.  

— Espero que esteja guardando uma dança para Lenora — disse, indo direto ao ponto da conversa. Como sempre.  

— Não serei imprudente de convidá-la para dançar quando há aqui uma quantidade alta de Barringtons que não hesitariam em matar-me — responde, gesticulando com o queixo na direção em que avistou os irmãos de Lenora.  

Não que ele nunca tivesse arriscado fazer isso antes, mas em um baile dado por seus pais e onde os irmãos de Lenora estavam presentes, Phillip sabia que precisava ser um pouco prudente e não causar nenhum tipo de situação que desencadeasse uma futura confusão para eles.  

— Isso nunca o impediu antes. — resmungou a outra.  

— Está o constrangendo, Elizabeth — comentou sua tia, rindo da expressão fechada no rosto do sobrinho. 

— Ah, tolice, Emma — Lady C gesticulou com a mão livre de forma desdenhosa. — Isso nunca o constrange.  

Phillip acompanhou o desenrolar da conversa com certa indignação. Sabia da amizade das duas mulheres, mas esperava que quando elas se juntassem, ele não estivesse por perto e fosse o alvo principal da conversa.  

— E não se preocupe, os pais dela estão ocupados demais recebendo parabenizações pela nova gestação e pelo aniversário de Lady Barrington para se importar com quem a filha estará dançando e quanto aos irmãos dela... — ela olhou na mesma direção de Phillip, avistando os três juntos a suas esposas. — Humpf, estão com as esposas, não estão nada interessados em assistir quem irá valsar ou não.  

— Além disso — agora era sua tia a falar. — Está com máscara, duvido que irão reconhecê-lo enquanto dança.  

— Quer seu sobrinho morto? — ele conseguiu perguntar, virando o rosto com indignação para sua tia.  

Não que ele não quisesse a oportunidade de dançar com Lenora, mas jamais pensaria em fazer isso quando seus pais, irmãos e cunhadas estavam no mesmo lugar que ele. Quando ela estava acompanhada apenas da mãe era uma situação completamente diferente.  

— Claro que não querido, mas creio que uma dança lhe fará muito bem — comenta a condessa. — Já que você não tem interesse em outras moças, ao menos deve mostrar que suas intenções com a jovem Barrington são verdadeiras.  

Phillip arregala os olhos ao mesmo tempo que Lady C.  

— Oh! — Elizabeth exclamou surpresa e então riu alto. — Rá! Eu sempre soube! Finalmente se deu conta de que Lenora é a melhor escolha como esposa.  

Phillip piscou, aquela foi sua única reação.  

— Estávamos conversando que, se caso precisar de ajuda quanto aos pais dela, sabe, por causa de toda essa tolice sobre as duas famílias se odiarem... 

— Alguém precisa impedir que duas pessoas fofoqueiras se encontrem — reclamou o visconde interrompendo a fala da tia antes da mesma ser finalizada.  

Lady Coublepett soltou um resmungo desdenhoso e sua tia soltou uma gargalhada alta ao mesmo tempo, chamando a atenção de quem estava por perto.  

— A reclamação vem de um visconde igualmente fofoqueiro com uma amiga também muito mais fofoqueira. — responde Lady C, se referindo a Lenora. — Por favor, Phillip!  

Touché. Reclamou mentalmente, incapaz de conseguir pensar em outra reclamação para ser feita. Phillip percebeu que a música parou, os casais formados na pista de dança estavam se desfazendo, assim como o conde e Lenora.  

— Agora vá logo, não é nada cortês deixar uma moça esperar por outra dança. — sua tia praticamente começou a empurrá-lo, mostrando a direção que ele deveria seguir. 

Que era a mesma na qual Lenora se encontrava.   

— O que a senhora?... 

— Chame-a para dançar, Phillip — respondeu ela, como se fosse óbvio demais o que ele deveria fazer.  

— E não se preocupe com a família, estaremos de olho em todos. — assegurou Lady C.  

Ele suspirou quando recebeu um último empurrão que finalmente o afastou delas, Phillip esperava que muito acontecesse naquele baile. Mas presenciar a cumplicidade assustadora de sua tia com a maior fofoqueira de Londres, com toda certeza o surpreendeu.  

E perceber que seguia em direção a Lenora, o surpreendeu ainda mais.  

 

●●●

 

Lenora odiava ser o centro das atenções e dançar com o conde Fox sem dúvidas a irritou. Ela notou que muitos pareciam chocados por vê-los juntos, outros apenas sorriam em aprovação. Principalmente seus irmãos e cunhadas.  

Por Deus, foi apenas uma valsa, ele não a pediu em casamento!  

— Ah meu Deus, me ajude. — murmurou para si mesmo enquanto via Jonathan se afastar cada vez mais de onde a deixara.  

Quando o viu sumir dentre a multidão, suspirou em alívio. Olhou para os cantos, procurando por algum que não estivesse ocupado e repensou em sua atitude, não podia se esconder em um canto qualquer por duas razões: a) todos estavam ocupados com as moças que não eram chamadas para dançar e com as moças tímidas demais para aceitar a qualquer convite e b) era filha do casal anfitrião, o quão desrespeitoso seria se ninguém a encontrasse no baile?  

Ela precisava mostrar que apoiava e respeitava os pais, apesar de querer sair correndo dali e se esconder o restante da noite.  

Suspirou, dessa vez com a derrota.  

— Espero que ainda tenha fôlego para mais uma valsa — a voz gentil e conhecida de Phillip ecoou por seus ouvidos com suavidade, mesmo com todo o falatório do salão e mistura de sons, ela o reconhecera.  

E sorriu ao se deparar com ele ao seu lado, a mão estendida em um claro convite.  

— Quer arriscar que minha família o veja comigo? — perguntou, não porque não quisesse dançar com ele, pelo contrário. Lenora queria uma valsa com ele mais do que tudo nesse mundo. 

Contudo, com sua família em peso, temia pela vida de Phillip.  

— Me asseguraram que nada iria acontecer — diz, mostrando um sorriso contagiante em seus lábios.  

Seu cenho se franziu, se perguntando quem o estaria ajudando. O primeiro rosto que surgiu em sua mente foi o de Lady C. 

Ela olhou em direção aonde os músicos estavam, todos se aprontavam para mais uma valsa, assim como muitos outros que convidavam moças para a pista. Olhou também para a direção em que seus irmãos se encontravam, ela não os via, mas tinha certeza de que os três estavam apenas de olho em cada movimento dela.  

Suas cunhadas também.  

Lenora pensou no que aconteceria se sua família a visse com o visconde, Andrew dias atrás quase enlouqueceu quando soubera que ela já dançara com ele uma vez, como reagiria se a visse dançar com ele de novo?  

— Milorde, — ela o olhou e sorriu, esticando a própria mão e a repousando sobre a dele ainda estendida. — Seria uma honra.  

Arriscado? Ela sabia que era. Porém afastou todo e qualquer pensamento preocupante sobre o que estava prestes a fazer e sobre o que concordara. O salão estava cheio demais para que sua família fizesse uma cena, eles não seriam capazes de algo do tipo. Ou seriam?  

Sacudiu a cabeça de forma discreta, jogando longe tais pensamentos e concentrando-se apenas em Phillip. Enquanto ele a guiava para a pista de dança.  

Aquela seria uma valsa que ela faria questão de dançar com um sorriso no rosto. 


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