Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 28
Capítulo 27




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Capítulo 27 

(...) 

 

Phillip ouvia um sermão longo de sua tia por algo que seus irmãos fizeram, algo que envolvia a destruição de pelo menos dois móveis da casa, suas palavras, porém, foram interrompidas quando os dois empurraram a porta de seu escritório com violência e entraram sem serem anunciados.   

Os gêmeos estavam com os pés cobertos de lama e sujaram o piso por onde passaram, deixando marcas de suas pegadas como uma prova de seu trajeto feito. Phillip ignorou que eles estavam sujando o piso limpo com seus pés cobertos de lama, iria fazê-los ajudar na limpeza.  

— Phillip! 

— Phillip! 

Gritavam ao mesmo tempo, suas vozes se misturando. O visconde e sua tia direcionaram seus olhares para os mais novos.  

— O que houve?  

Kate e Charles trocaram olhares antes de responder, estavam ofegantes pela corrida que fizeram e claramente eufóricos com o que quer que tenha acontecido. 

— Tem gente vindo! — foi Charles quem fizera o surpreendente anúncio antes de sair em disparada do escritório. 

— Venham ver! — Kate gritou, saindo correndo também.  

Os dois mais velhos se entreolharam confusos, afinal, Phillip não estava esperando por nenhuma outra visita e sequer conseguia imaginar quem poderia ser.  

Apressado, ele e a tia seguiram o rastro de lama deixado por seus irmãos até a entrada da casa e logo os encontrou parados junto a alguns criados e o mordomo, havia um tipo de aglomeração incomum na porta da casa, os criados falavam entre si enquanto apontavam para frente.  

Phillip sentiu que havia algo de errado, aquela agitação em Pambley não era muito comum e ele não estava gostando nem um pouco de como estava se sentindo.  

— Que diabos?... 

A fala de Phillip se perdeu no meio da frase quando ele viu o desenho de um brasão muito conhecido na lateral carruagem, seu corpo se tensionou e ele soube que no momento em que qualquer Barrington que estivesse dentro da carruagem saísse, ele estaria morto.  

— Céus.  

Foi tudo o que disse antes de avistar o olhar assassino de Lorde John Barrington sobre si. 

 

 

●●●

 

 

— Isso é um grande exagero!  

Lenora tornou a repetir a frase que dissera durante todo o percurso até Pambley, mas como aconteceu antes, seus pais não lhe deram atenção e seus irmãos fingiram nem a ouvir, pois estava claro que os três estavam muito mais interessados em sair logo dali de dentro e atacar Phillip.  

Entendia que seu pai e sua mãe quisessem confrontar Phillip sobre o que houve na noite anterior, mas quando seu pai buscou os três filhos mais velhos, ele apenas confirmou o que dissera antes: Iria mesmo matar Phillip. 

Durante o caminho Lenora se atentou aos três mais velhos, estavam todos calados — o que era bem incomum — e sérios. Sequer olhavam para ela, mas não foi isso o que chamou sua atenção.  

Pelo menos Andrew e Christopher abriam e fechavam suas mãos em punhos a cada segundo como se treinasse algum golpe em especial. Eles iriam atacar Phillip. Ela conseguia ver esse desejo em seus olhos.  

Esse desejo se mostrou real no instante em que ele apareceu do lado de fora da residência logo após os gêmeos aparecerem, os três olharam para o visconde enfurecidos. Havia um público consideravelmente numeroso ali para uma possível conversa, Lenora contou quatro criados e o mordomo que, parecia mais centrado em manter as crianças controladas do que na carruagem parada do lado de fora.  

Ela também avistou a condessa Beston, a tia de Phillip logo atrás dele.  

Suspirou alto, assustada com o que iria acontecer em seguida. Ela se encolheu no banco o máximo que pôde, tentando esconder-se de qualquer um que pudesse vê-la ali com cinco Barringtons raivosos e descontrolados. Contudo isso não pareceu adiantar muito, porque ela sabia que pelo menos alguém a viu ali no canto.  

O que ela realmente queria era poder sair correndo dali e levar toda a sua família junto. Ela sabia que no momento em que pisassem do lado de fora não teria mais controle algum sobre o que iria acontecer em seguida.  

E ela estava certa.  

Seu pai foi o primeiro a sair da carruagem, Christopher, Andrew e Benjamin saíram depois de alguns segundos, os três nem mesmo se importaram ou pareceram dar-se conta de que estavam na propriedade de Phillip e que, ele era visconde e dono da propriedade, os três caminhavam como se fossem donos de tudo ao redor. Lenora sabia o que iria acontecer e saiu apressada.  

Pulou para o lado de fora e quase se desequilibrou porque não tinha o costume de pular da carruagem sempre. Foi necessário que ela se apressasse para alcançar seus irmãos, pois estava do outro lado e quando o fez, apenas gritou: 

— Phillip corre!  

Esbravejou assim que viu que Andrew seria o primeiro a tentar acertá-lo com um soco.  

Levou exatos três segundos, Phillip a olhou tão assustado quanto ela, em seguida olhou para os três que vinham em sua direção decididos de feri-lo e depois para o pai furioso de Lenora. Não foi necessário repetir a ordem, apesar de parecer uma atitude covarde, ele a obedeceu e correu para longe deles. 

— Maldição Lenora! — reclamou Benjamin ao olhá-la.  

— Fique fora disso! — Andrew exigiu, mas ela fez exatamente o mesmo que eles: apenas ignorou sua fala.  

Os três se dispuseram a correr também.  

Lenora agarrou parte do vestido e o ergueu para que não tropeçasse em sua barra e também começou a correr atrás deles. Esquecendo-se de todo o decoro, da presença de seus pais, da tia de Phillip e de qualquer um que pudesse vê-la naquele momento.  

Seus irmãos iriam matá-lo se ela não os alcançasse antes! 

— Parem!  

Ela gritou uma vez, vendo os três se dividirem para conseguir apanhar o visconde. Eles nem mesmo lhe deram atenção, seguiram correndo atrás de Phillip e Lenora se deu conta de como aquela cena era humilhante. Não apenas para Phillip que era visconde, mas para todos os outros que estavam presenciando toda aquela confusão. Se alguém os vissem naquele momento, o que seria dito nas rodas de fofocas? 

— Por Deus, parem agora!  

Tentou outra vez fazê-los parar com aquela tolice, praticamente gritando a ordem para seus irmãos que, seguiam ignorando-a; exatamente como tinham feito durante o caminho até finalmente chagarem a Pambley.  

Lenora olhou ao redor, viu que Benjamin estava mais próximo dela, não seria fácil derrubá-lo, pois ele era como os irmãos e Phillip, alto e muito forte. Sem pensar direito no que estava prestes a fazer ela agarrou a primeira pedra que sua mão apanhou e mirou, então sem muita cerimônia a lançou.  

— Lenora! — ele gritou alto após ser atingindo pela pedra e caiu quando a segunda o acertou em cheio na perna.  

Ela realmente se preocupou que o tivesse deixado aleijado ou gravemente ferido, mas quando o viu tentar se levantar e tropeçar com a perna ferida, ela sentiu-se um pouco melhor. Correu para os outros dois que estavam prestes a alcançar Phillip.  

Como fizera antes ela usou uma pedra para parar Christopher, mas ele conseguiu desviar das duas sem que fosse atingido.  

— Pare de loucura, Lenora! — gritou ele, virando-se para olhá-la por cima dos ombros.  

Lenora nem mesmo o escutou com clareza, porque havia tirado o sapato de seu pé e o lançado em sua direção com tanta força que acertou sua face antes que ele pudesse falar mais alguma coisa. Ele caiu para o outro lado ao ser atingido e gritou alguma blasfêmia incoerente.  

— Eu pedi que parasse antes! — gritou ela quando passou por ele.  

Seu foco agora era Andrew. O mais velho dos trigêmeos parecia o mais determinado em apanhar Phillip e Lenora precisou ser mais determinada também, usou pedras, até o outro par de seu sapato para atingi-lo, mas ele não se importou muito com os ataques. Continuou a perseguir o visconde como se sua vida dependesse disso.  

— Andrew! — ela exclamou quando os avistou próximo ao lago. — Andrew pare! Vamos conversar! 

— Não se envolva nisso, Lenora! Isso não se diz respeito a você! 

Ela bufou alto, estava começando a ficar sem fôlego.  

— Diz sim! — gritou. — Phillip não fez nada que eu não quisesse!  

Lenora parou de correr ao mesmo tempo que Andrew quando ouviu as próprias palavras, nesse momento ela soube que deixou tudo ainda pior. Céus! 

— Ora seu canalha! Eu vou matá-lo! 

Andrew praticamente avançou para Phillip como um animal descontrolado.  

— Desgraçado! 

— Ah, meu Deus! — Lenora voltou a correr quando viu o que estava para acontecer. — Andrew! 

Seu irmão mais velho agarrou Phillip pelo colarinho da camisa e o puxou para perto, o primeiro soco acertou em cheio a lateral do rosto de Phillip, o segundo soco veio logo em seguida do lado oposto. Phillip não tentou atacá-lo de volta, apenas tentava inutilmente se defender da fúria de Andrew.  

Quando o terceiro golpe estava para acontecer, Lenora praticamente se jogou sobre as costas do irmão, agarrando-lhe pelos ombros e tentando puxá-lo para longe de Phillip. 

— Pare! — ela começou a puxar seu cabelo como se fosse uma criança, firmou o braço ao redor de seu pescoço e jogou todo o peso de seu corpo para o chão, fazendo com que ele cambaleasse para trás. — Andrew, pare agora! 

Ela deu um novo puxão em seu cabelo, um mais forte para fazê-lo soltar Phillip de vez. Andrew soltou um resmungo de dor e finalmente o soltou, agora se ocupando em tirar a irmã caçula de cima dele.  

— Me solte! — reclamou, segurando seu braço para que ela não puxasse mais seu cabelo como fez antes. — Lenora!  

— Só o solto se me prometer não o atacar!  

— O quê? Nunca!  

Lenora usou a outra mão para puxar seu cabelo, conseguindo até arrancar alguns fios escuros e um grito de dor dele.  

— Por Deus! Tudo bem! Tudo bem!  

Suas palavras não a convenceram totalmente.  

— Me prometa! — exigiu.  

— Eu prometo! — esbravejou ele, cambaleando para trás novamente para trás quando Lenora jogou seu corpo para o chão. — Eu prometo!  

Como garantia de que ele não faria mesmo nada contra Phillip, Lenora o soltou e se adiantou em colocar-se na frente de Phillip. Os três estavam ofegantes pela corrida, Lenora se encontrava em um estado deplorável e vergonhoso para uma dama como ela, contudo pouco se importava.  

— Como pode defendê-lo depois do que ele fez com você? — Benjamin, que estava sendo carregado por Christopher esbravejou quando os alcançou.  

— Ainda mais um Weston! — Christopher também retrucou com indignação.  

— Vocês não sabem de nada! Só foram envolvidos nisso porque o papai foi buscá-los!  

— E ele fez muito bem! — Andrew também se pronunciou. — Ele a desonrou e ainda quer que aceitemos que o defenda? Ficou louca?!  

— Phillip não… — ela murmurou sem fôlego para finalizar. Estava cansada, suada e a barra de seu vestido se encontrava suja de lama.  

Lenora se virou em direção a Phillip, os dois se olharam enquanto os trigêmeos prosseguiam com seus protestos sobre o que o visconde fez com sua irmã.  

— Eu sinto muito por tudo isso — ela sussurrou muito envergonhada, não pelo seu estado, mas por sua família simplesmente ter invadido Pambley e tentado atacá-lo a pouco.  

— Eu esperava que isso viesse a acontecer, mas não imaginei que seria assim — ele apontou para ela e os três irmãos logo atrás. — Vamos precisar contar a eles, sobre tudo.  

— Não com eles assim — virou-se para seus irmãos. — Parecem três animais descontrolados.  

— Não nos julgue por querer defendê-la dele, Lenora! — Benjamin retrucou de volta após ouvi-la. — Estamos falando da sua honra!  

Ela revirou os olhos.  

— Para o inferno a minha honra! — exclamou com irritação. — Se ao menos me escutassem uma vez… 

— Não teria ferido a seus irmãos? — questionou Andrew com ironia.  

— Pediram por isso. — argumentou. — Iriam matá-lo!  

— E com razão! — Christopher bradou.  

— Ele a desonrou! — complementou Benjamin.  

Lenora abriu a boca para continuar a retrucar com eles, mas Phillip se colocou na sua frente, antes que ela pudesse formular qualquer ofensa.  

— Deveríamos todos…  

— Você não fala nada, Weston! — Andrew exigiu.  

— Estão na propriedade dele! São os intrusos aqui!  

Não houve resposta dos três porque eles sabiam que era verdade, e esse tempo em que ficaram calados foi apropriado para que ela prosseguisse. Lenora abriu a boca para falar outra vez, mas foi impedida quando uma quantidade alta de lama a acertou.  

— Saiam de perto de nosso irmão, seus imundos! — gritou Kate quando acertou mais um punhado de lama em um dos irmãos de Lenora.  

— Céus o quê?... — Phillip começou a falar e foi golpeado por Christopher.  

— Phillip! — Charles gritou, ajuntando com as mãos mais lama e a jogando contra o Barrington que atacava Phillip. 

— Controlem as crianças! — esbravejou Andrew após ser atingido por mais lama também.  

Lenora recebeu mais algumas levas de lama antes de cair no gramado e ser alvejada por punhados grandes que Kate direcionava a ela. Ao ponto de transformar o vestido verde em um vestido marrom e úmido.  

— Kate... Charles — Phillip tentou falar, mas estava sendo segurado por Christopher que passou o braço ao redor de seu pescoço. — Parem!  

As crianças não o escutaram, na verdade uma verdadeira confusão se ergueu novamente, Andrew tentava conter Charles e Benjamin tentava de alguma maneira se aproximar de Kate que continuava com seu ataque particular contra Lenora. Phillip lutava para se livrar do braço de Christopher.  

— Por Deus, parem todos vocês! — a voz ressoante e firme de John Barrington fez todos pararem o que faziam.  

Logo, o patriarca da família Barrington era alvo de muitos olhares.  

— Pai... — Andrew começou a se pronunciar para tentar defender-se, mas o mais velho apenas erguera a mão em uma ordem silenciosa para que ele nem mesmo prosseguisse com sua fala.  

— Não quero ouvir — disse ele, ainda irritado. — Vamos todos se limpar e conversar. Temos assuntos sérios para tratar aqui e vocês ficarem brigando como crianças não resolverá nada!  


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