Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 18
Capítulo 17




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Capítulo 17 

(...) 

 

— Eles fingiram! Esse tempo todo!  

Lenora sentia que precisava controlar um monstro dentro de si, pois queria gritar alto, rir, acordar a casa toda e dar as novidades, mas não podia. Não quando corria o risco de ser pega e de levar Phillip para a confusão também.  

— Todos esses anos… Sempre imaginei que a rixa começou por algo mais escandaloso, talvez até algo que envolvesse dinheiro, mas isso? Fingir uma rixa? Por que? Por que eles precisaram fingir a rixa? O que os impedia de ficar juntos?  

Ela tinha muitas perguntas, o mesmo podia ser dito por Phillip que, encarava a carta que acabara de ler sem saber ao certo o que pensar de tudo isso. Afinal, Bartholomeu e Isobel fingiram algo que acabara se estendendo durante anos, algo que ambas as famílias fizeram como uma verdade, sem saberem que isso acabaria prejudicando gerações futuras.  

— A carta não diz nada a respeito do motivo, quer dizer, eles o fizeram por causa das nossas famílias, mas não há o motivo verdadeiro — comenta Phillip, mostrando a carta para Lenora.  

Ao tê-la em mãos sentiu algo correr por seu corpo, estava feliz porque descobrira que a rixa não passava de uma farsa, mas ainda estar no escuro por não saber o motivo que levou os dois a mentirem sobre isso a deixava... decepcionada.  

— E o que faremos? Temos de contar isso para eles! Todos! — disse ela, erguendo o rosto e encarando o visconde com clara ansiedade para colocar um fim em toda aquela insanidade.  

Phillip queria o mesmo.  

— Bem, acho que o óbvio seria contar a verdade a eles — diz. — Mostrar as cartas e fazê-los ver que todos esses anos acreditaram em uma mentira. 

Enquanto ele falava, Lenora assentia calmamente, apesar de sua mente se encontrar agitada demais para conseguir apenas um aceno leve. Precisava controlar-se, pois sua vontade naquele momento era sair gritando para toda Londres que Barrington e Weston não eram e nunca foram rivais. Contudo não podia, não naquele horário, não quando poderia acabar prejudicando Phillip.  

— Será que vão acreditar em nós? Digo, todos tinham essa rixa como uma verdade e saber assim que era uma farsa irá abalá-los com toda certeza, mas será que irão acreditar em nós? — questiona, incerta.  

— Claro que vão. — assegurou o visconde. — Teremos as cartas e o diário como provas, eles verão que não inventamos nada disso.  

Ela nada disse, parecia pensar a respeito e realmente estava. Pensava em como sua família reagiria assim que escutassem a verdade, suas cunhadas não seriam tão abaladas assim porque apenas seguiam o que seus maridos lhe diziam sobre a rixa. Mas seus irmãos e seus pais... Lenora temia por suas reações.  

— E se as cartas e o diário não forem o bastante, mostraremos isso a eles — prosseguiu Phillip.  

Ela o encarou enquanto ele retirava da caixa uma sacola de veludo escuro e a abriu sobre a mão estendida, sobre ela, caíram três colares que reluziam à luz da noite que entrava pela janela, quatro braceletes que combinavam e um anel onde a pedra em evidência parecia brilhar ainda mais. Junto com algumas pedras... Diamantes, grandes e brilhosos. 

— As joias... Diamantes! — exclamou ela assustada. Sim, ela tinha certeza de que eles existiam, mas não esperava realmente vê-los tão de perto. — Quero suborná-los?  

O visconde riu e então negou.  

— Claro que não, mas creio que eles precisarão de uma prova mais concreta sobre nossa descoberta, não acha?  

Ela torceu os lábios levemente.  

— Na verdade, eles não merecem ver as joias e os diamantes, não depois de tanta loucura — responde. Não porque queria ser maldosa com sua família, mas porque ao menos aquela descoberta era deles, apenas dos dois.  

Os olhos de Phillip se estreitaram.  

— Eles não precisam saber que encontramos os diamantes?  

— Não? — sua resposta veio com tom de pergunta. Phillip riu brevemente.  

Secretamente, Phillip concordava com ela em não mostrar as joias e os diamantes para suas famílias.  

— Não contaremos então.  

— Só se for necessário — ela se corrigiu.  

Não conseguia tirar os olhos dos diamantes caídos na palma da mão dele, fez menção de tocá-los, mas se encontrava trêmula demais para isso. Tamanha era felicidade por finalmente encontrá-las.  

— Deveríamos... 

Ele se deteve, pois Lenora cobriu sua boca antes de ele conseguir finalizar sua fala de forma apressada e urgente.  

Ela olhou diretamente para a porta do quarto com os olhos arregalados, um dos dedos sobre os próprios lábios pedindo por silêncio, pois ela acabara de escutar algo do lado de fora. Phillip arregalou os olhos quando ouviu murmurinhos vindo além da porta, estavam baixos, mas ainda sim eram audíveis o suficiente para alertá-los de que não estavam mais sozinhos.  

Que na verdade, alguém chegara.  

Lenora demorou para reconhecer as duas vozes alegres, mas quando as identificou, seus olhos apenas se arregalaram em choque total e ela se viu — pela primeira vez desde que dera início aquela loucura de fugir do baile de seu irmão — preocupada por ser pega.  

Esse sentimento de urgência apenas cresceu quando deu-se conta de que corria esse risco dentro de sua própria casa.  

— Céus! São meus pais!  

A expressão de Phillip deixou claro que ele estava prestes a gritar ali mesmo, o protesto em sua face e na forma como a olhou eram duas evidências do desespero dele. Já Lenora, ela precisou manter-se calma para conseguir pensar em um meio de fugir daquele flagra. 

Observou a pequena bagunça que fizeram e então agiu o mais rápido que conseguia, afastando-se dele para tentar ao menos organizar qualquer sinal de que tinha pessoas em seu quarto. O visconde não demorou muito para imitá-la, agarrou a caixa, guardou as joias e os diamantes de qualquer jeito e a fechou, escondendo-a sobre seu terno enquanto ela limpava — na verdade escondia — qualquer evidência.  

— Maldição! — blasfemou baixo quando ouviu as vozes de seus pais já estar no corredor do lado de fora de seu quarto, praticamente do outro lado da porta. — Vamos nos esconder! 

 Ela não precisou fazer silêncio para saber que seus pais estavam a poucos passos de seu quarto e puxou o braço de Phillip em direção ao armário onde guardava suas roupas. Não antes de derrubar a lamparina no chão.  

— Que diabos!... — blasfemou novamente, apanhando a mesma e a apagando em seguida. 

Tudo escureceu no mesmo segundo e quando se enfiou dentro de seu armário junto com Phillip e fechou a porta, se viu presa em um breu e com pouco espaço para se mover. Fora imprudente, uma grande tola em agir no desespero, mas ao menos conseguiram se esconder.  

— Não diga nada — pediu ela em um sussurro.  

— O que acha que direi?  

Lenora fez uma careta, mas achou melhor não retrucar, ao menos não naquele instante.  

Levou segundos até que escutaram o clique da porta de seu quarto ser aberta; claro, depois de ter derrubado a lamparina no chão e a mesma fazer barulho, eles iriam querer ver o que acontecera, afinal eram seus pais, eles sabiam que ela não estaria em casa então qualquer barulho vindo de seu quarto levantaria suspeitas.  

Os passos vieram depois, em uma junção conhecida e perfeita entre os passos leves de sua mãe e os pesados de seu pai.  

— Creio que foi apenas impressão sua, querida — ela ouviu o pai dizer. Estavam dentro de seu quarto!  

— Eu ouvi algo caindo, — garantiu Lady Grace. — Tenho certeza de que veio do quarto de Lenora.  

Phillip se empurrou para trás até encontrar o limite da parede do armário e tocou o ombro de Lenora para que ela fizesse o mesmo, os dois se afundaram por entre os vestidos escondendo-se melhor. Se sua mãe decidisse abrir o armário não os veriam de imediato, apenas se fizesse uma busca mais minuciosa.  

— Lenora está no baile de Andrew, ela não viria para cá essa noite. — continuou o pai. — Talvez tenha se enganado. Talvez foi o vento.  

— Ou talvez alguém tenha entrado aqui no quarto dela. — argumentou a mãe de forma decidida. — Era um barulho firme, o vento não teria feito aquilo. 

Seu coração bateu forte, Lady Grace era quase tão teimosa quanto a filha e obviamente não se contentaria em uma busca rápida. Não quando se mostrava certa de que ouviu algo no quarto. Lenora então puxou alguns vestidos para frente ocultando a ela e Phillip e recuou mais um pouco, ficando próxima demais do corpo de Phillip.  

Por estar na sua frente, ao recuar mais, isso a deixou mais próxima dele. Escandalosamente próxima do corpo de Phillip. Suas costas de encontro com o peito dele permitiam que ela sentisse as batidas fortes de seu coração, tal como sua respiração pesada e quente. Ela nunca estivera tão próxima assim dele, não fora de uma valsa e, aquela combinação entre o medo de ser pega pelos pais junto a proximidade do corpo de Phillip junto ao dela, a deixou tonta. 

Uma junção incomum de sentimentos e algo completamente inédito para ela.  

Mesmo com o pavor pela possibilidade de estar prestes a ser pega, o que a dominava em ter o corpo de Phillip logo atrás do seu, de sentir seu coração bater contra suas costas era muito maior do que o medo. Aquela excitação pela loucura que fizeram de deixar o baile para ir atrás de diamantes que poderiam sequer existir a dominava e ocultava todos seus pensamentos mais lógicos. E conforme sentia o calor do corpo dele atrás do seu, aquela excitação parecia crescer cada vez mais.  

Lenora mordeu o lábio quando ouviu os passos mais próximos, ela ouviu a menção de Grace em abrir o armário e seu corpo tornou-se tenso imediatamente. Com uma mão ela agarrou a lamparina e a apertou contra o corpo com força, como se a mesma pudesse protegê-la. Enquanto isso, a outra mão buscava por alguma saída secreta de seu armário.  

Não que existisse outra, mas ela achou que precisava ao menos tentar.  

Lady Barrington estava com a mão sobre o puxador, a porta de seu armário já parecia estar prestes a ser aberta e Lenora estava prestes a entrar em colapso. Seu coração mostrava indícios de querer saltar por sua boca devido as batidas aceleradas e fortes. Estava nervosa, queria gritar e sair correndo dali e o impulso para tal ela tinha, mas fora impedida.  

Phillip segurou sua mão livre com força, entrelaçando os próprios dedos nos dela e a puxando mais para trás. Lenora conseguiu apenas recuar meio passo até sentir o corpo dele logo atrás, colado ao seu, obviamente existia o mesmo nervosismo no visconde, porém ele parecia controlar-se para que conseguisse acalmá-la.  

E aquela proximidade entre eles, na verdade, de seus corpos, ocupou sua mente com outros tipos de pensamentos. 

— Vamos, querida — John chamou pela esposa. — Não há nada e nem ninguém aqui. Tenho certeza de que foi apenas impressão sua.  

A porta do armário estava quase aberta, deixando que um pouco da luz de fora entrasse em seu interior, quase iluminando parte do rosto de Lenora.  

— Acho que está certo, devo estar ouvindo coisas — concordou a mãe, fechando a porta logo em seguida. — Deve ser a gestação, estou enlouquecendo.  

— Não diga bobagens, somos pais dela, claro que iríamos nos preocupar com qualquer ruído estranho.  

Demorou para que seus pais saíssem de seu quarto, seus passos seguiram para fora e novamente escutaram o clique da porta sendo fechada outra vez. Lenora sentiu o corpo desabar assim que se viu sozinha.  

— Céus!  

— Por Deus, vamos sair logo aqui antes que seus pais voltem. 

Ela concordou, mas não saíram de dentro do armário tão imediatamente. Se certificaram de que realmente estavam sozinhos e esperaram mais alguns instantes ali dentro até que fosse seguro para que saíssem, não queriam ser pegos no segundo em que saíssem do quarto.  

O que veio em seguira fora algo semelhante à forma como entraram na casa. Seguiram pelo escuro da casa, tropeçando nos próprios pés até finalmente passarem para o lado de fora da casa de forma furtiva. Os dois seguiram pelas três casas — imitando o caminho que fizeram antes — até conseguirem alcançar a carruagem de Phillip, entraram silenciosamente e a mesma deu partida.  

Sem levantar suspeita de que estivera perto da casa Barrington.  

Lenora se encontrava agitada, mas incapaz de segurar o riso.  

— Está rindo? — perguntou Phillip com os olhos arregalados.  

— Claro que não! Sim. Quer dizer... — ela tentou se segurar e não conseguiu. Gargalhou alto dessa vez. — Desculpe, mas é impossível parar!  

— Quase fomos pegos pelos seus pais! — a lembrou. — Você estava prestes a entrar em estado de choque quando sua mãe começou a abrir o armário! 

Ela assentiu.  

— Eu sei — disse Lenora, tentando se mostrar um pouco mais séria. — Mas, conseguimos os diamantes e a verdade, acho que isso supera o quase.  

Phillip piscou algumas vezes, sem conseguir acreditar no desdém dela pelo que quase aconteceu.  

Ela sabia dos riscos de ser pega, seus pais o matariam e só Deus sabia o que aconteceria a ela. Sim, ela tinha ficado nervosa pelo quase, mas conseguiram fugir! Estavam com os diamantes e agora tinham a verdade sobre a rixa — ainda que parte da verdade —, por mais estranho e imprudente que aquilo pudesse parecer, pensar sobre isso fazia com que a preocupação do quase fosse deixada de lado.  

À medida que a carruagem seguia seu caminho de volta a casa de Andrew, ela percebia que essa excitação não a deixava; era como se fizesse parte dela. Lenora apenas esperou. Sua mente a levava para a descoberta, a rixa — a mentira sobre ela — e tudo o que acabaria quando a verdade fosse dita. Suspirou. De puro alívio e felicidade.  

— Chegamos. — anunciou Phillip com alívio notável em sua voz.  

Ela se assustou, não se dera conta de sua chegada, mas ambos deixaram a carruagem. Eles seguiram juntos pelo caminho menos populoso e para isso precisavam passar pelo jardim, mas o que realmente importava era que estavam de volta ao baile e Phillip poderia finalmente respirar aliviado.  

Lenora caminhava apenas dois passos à frente de Phillip, uma imagem muito semelhante de como ficaram quando se esconderam em seu armário, logo atrás, Phillip conseguia perceber que ela ainda se encontrava agitada. Ele apenas não sabia se seria por causa da fuga, dos diamantes ou por quase ter sido pega pelos pais.  

Os dois praticamente corriam, nada que os deixassem com uma aparência desleixada ou clara de que estiveram tramando algo, mas ainda assim, seus passos eram apressados o suficiente para parecer com uma corrida.  

— Podemos?... — Lenora parou de repente, encontrando uma pequena árvore aonde se encostou. — Eu preciso recuperar o fôlego.  

— Você precisa retornar para o baile, seus irmãos com toda certeza a estão procurando pelo salão e se não a encontrem virão para fora e Deus nos ajude se nos verem aqui.  

— Tolice — desdenhou ela; como tem feito desde que deixaram o baile. — Eles jamais imaginariam que estou no jardim. Eles sabem que me escondo em lugares menos óbvios e que dê para me trancar. 

— Não seja imprudente — alertou. — Se não a encontrarem dentro da casa eles virão para o lado de fora e irão nos ver aqui fora! 

Lenora revirou os olhos de forma nada elegante, parecia que não se importava em ser pega, mas não queria que essa fosse sua maior preocupação. Claro, era Phillip quem corria o risco maior, já que, seus irmãos não iriam querer saber o que realmente os dois estavam fazendo, eles o matariam antes mesmo de terem uma chance de se explicar.  

— Estou apenas me recuperando — disse ela de forma inocente. — Ainda estou eufórica demais para retornar ao baile, perceberão e me farão perguntas.  

— Lenora... 

A forma como ele a chamou, como se estivesse prestes a repreendê-la fez com que ela erguesse o rosto em sua direção. Phillip estava apenas alguns poucos passos de distância dela, em sua mente, pareceram quilômetros, mas isso era apenas uma impressão tola e sem sentido. Porque ao encará-lo, ela realmente o olhou.  

Como nunca fizera antes.  

O rosto de Phillip era completamente diferente dos outros rapazes, ele tinha traços firmes que o deixavam com um ar selvagem e incomum para o padrão londrino. O cabelo loiro escuro caía-lhe sobre a testa e um pouco sobre os olhos e, assim como ela, ele também se encontrava agitado — apenas não admitira isso em voz alta. Seus lábios estavam entreabertos e devagar, Phillip respirava e suspirava, como se também estivesse recuperando o fôlego que lhe faltava. Observá-lo trouxe de volta a mesma sensação que a dominou quando estavam escondidos em seu armário, de como foi sentir o corpo de Phillip junto ao seu e de como aquela aproximação era perigosa e escandalosa.  

Isso a desconcertou.  

— Estava apenas brincando. — disse ela, após conseguir recompor-se. Conseguiu fazer apenas um comentário leve e pouco despreocupado.  

— Você tem feito muito isso nas últimas horas — ele a repreendeu, mas não como se realmente estivesse brigando com ela.  

— Ah, Phillip. Vamos lá! — ela se inclinou para ele. — Nem você pode negar que foi emocionante! Toda aquela energia correndo no seu corpo devido ao medo do quase, não achou nada disso emocionante? 

— Foi arriscado. — ele a corrigiu.  

— Mas mesmo assim emocionante, muito emocionante.   

— É, um pouco. — respondeu ele, sentindo-se vencido.  

Céus e terra ruiriam antes de ele admitir em voz alta que apesar de todo o medo sentido pela loucura que fizeram, concordar com tamanha insanidade, se esconder e encontrar diamantes fora de fato, algo muito emocionante.  

Lenora em resposta esticou os lábios num sorriso largo, apesar de não o ter feito admitir que gostara da aventura — mesmo que ela fosse perigosa e arriscada demais. 

— Temos de ter o que contar para nossos filhos no futuro, não quero que as únicas histórias que eles conheçam seja sobre a mãe que vivia uma amizade secreta por causa de uma rixa tola. — Lenora admitiu. — Precisamos de aventuras, não acha?  

— Precisamos de aventuras que não nos coloque em um escândalo, isso sim. — novamente ele a corrigiu, primeiro ele mostrou-se muito sério com sua fala, mas a expressão firme não durou mais do que alguns segundos.  

Logo, ele estava rindo e ela acabou por imitá-lo, contagiada pelo seu estranho humor.  

— Além disso, temos os diamantes e as joias, creio que contar a eles sobre a forma como os conseguimos seja aventura o bastante para eles — continuou, no mesmo humor de antes. — E se eles forem um pouco parecidos conosco, que Deus nos ajude.  

— Acabou de falar o mesmo que Lady Coublepett. Sua amizade com ela está o deixando parecido demais com ela — troçou ela.  

Phillip fingiu um tremor, sacudiu o corpo ao mesmo tempo que fizera uma careta e os dois riram ao mesmo tempo. 

Lentamente, Lenora parou de rir e o encarou outra vez. 

— Consegue imaginar isso? — perguntou, sem entender Phillip apenas franziu a testa e esperou que ela continuasse. — Consegue imaginar versões menores de nós? Um monte de Lenoras e Phillips correndo por Londres, escondidos nos cantos, fofocando e fugindo dos bailes? 

Primeiro Phillip uniu as sobrancelhas e pensou, demorou apenas alguns poucos minutos até que Lenora visse seus lábios se esticando lentamente e mostrando um sorriso divertido, como se realmente os tivesse imaginado. Phillip nada respondeu, apenas assentiu de forma discreta e a olhou. 

Quando seus olhos encontraram com os de Phillip alguma coisa aconteceu, Lenora não fazia a menor ideia do que seria ou sequer saberia descrever isso para quem perguntasse. Mas algo em seu interior se agitou, uma sensação muito parecida com o que sentiu alguns bailes atrás quando ele beijou-lhe sua mão e seus lábios tocaram sua pele.  

No decorrer desses quatro anos em que eram amigos já tivera inúmeros momentos a sós com Phillip, dançara com eles sempre que tinha oportunidade — não com tanta frequência como gostaria — e aquela não era a primeira vez que tinha os olhos dele fixos sobre si. Mas sem dúvida aquela era a primeira vez que sentia que queria algo a mais.  

Os dois apenas se encararam, esperando. Lenora pensou em dizer algo para descontrair ou apenas soltar um comentário, mas as palavras fugiram de sua mente. Eles ficaram daquele mesmo jeito durante um longo momento, um encarando o outro em silêncio. Céus! Era sempre tão falante, não importasse a ocasião e perdera a habilidade da fala assim do nada?  

Jardins eram perigosos, Lenora ouvia as fofocas de muitas moças que se aventuraram com rapazes em jardins e foram desonradas e, se fosse mesmo sensata deveria se afastar e sair dali antes que alguém os visse.  

Mas era Phillip ali com ela e estavam falando sobre os filhos que sequer sabiam se teriam!  

E essa simples possibilidade, de crianças como eles a fez avançar e deixar que seus pensamentos ilógicos falassem mais altos. E ela fez o que jamais pensou que teria coragem de fazer. 


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