Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 15
Capítulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799657/chapter/15

Capítulo 14 

(...) 

 

Duas semanas se passaram rápido e as fofocas corriam na mesma velocidade, não apenas sobre o nome de Margareth Preston e sua incógnita sobre casamento e pretendentes, mas também sobre o nome de Lenora estar entre rodas de libertinos e apostadores. 

Ela soube sobre a fofoca na qual protagonizava — a mesma que ela não fazia ideia da existência — após ouvir Haskett comentar sobre o assunto e claro, não foi difícil arrancar mais informações dele. Bastou ameaçá-lo que o rapaz logo abriu a boca facilmente.  

E, apesar de estar no baile de seu irmão e precisar mostrar uma receptividade que fazia parte da família, ao saber sobre o que os libertinos estavam dizendo e as apostas que foram feitas sobre seu nome, Lenora Barrington sentiu que perdera completamente o rumo do evento e já não se via no mesmo entusiasmo de antes.  

Estava aliviada pela fofoca ser apenas algo que os homens estavam comentando, assim sua mãe jamais teria conhecimento sobre a mesma, porém, seus irmãos e pai poderiam vir a ter conhecimento de tal assunto e isso a preocupava. Não por ela ser assunto de fofocas, mas por ela ter relação com o nome de Phillip e suas candidatas a matrimônio.   

Pensar sobre eles estarem achando que ela era uma candidata a fez questionar certos pontos importantes, tal qual como: Por que ela não via isso como um problema e sim algo quase emocionante? Ou até mesmo: Por que sorria vez e outra sempre que o assunto retornava para sua mente?  

— Deus me ajude — murmurou baixo demais para que sua cunhada a escutasse.  

Para a surpresa de muitos, Lenora não estava escondida no canto, como sempre fazia, por ser irmã do anfitrião, se uniu a sua cunhada Jane em um ponto estratégico do salão, de modo a ficar em evidência sempre que alguém vinha cumprimentá-la.  

Lenora não era boba, sabia o que estava acontecendo e o motivo de Jane ter insistido tanto em tê-la por perto; queria atrair a atenção dos cavalheiros solteiros até que um deles decidisse chamá-la para uma valsa ou quisesse cortejá-la. E ela se mostrava firme em sua missão.  

No momento, Jane conversava sobre algo, talvez sobre o próprio baile ou sobre seu marido, Lenora não estava dando muita atenção, na verdade, a escutava até o momento em que vira Phillip entrar no salão e sumir em meio à multidão de convidados.  

Foi só quando alguém lhe cutucou o braço que Lenora saiu de seu transe, notou que Violet e Isabella se uniram a pequena roda e não demorou para que as quatro começassem a conversar.  

Claro que, Lenora era quem menos estava a falar.  

— Está bem, Lenora? — Violet perguntou, olhando para a moça com atenção, como se procurasse nela algo de errado.  

— Por que pergunta? — perguntou de volta, sem entender.  

— Bem, você sempre é tão falante e está tão calada. — a resposta veio de Jane, a mais velha entre as duas cunhadas.  

— Também notei isso. — completou Isabella. — E você muito quieta nunca é um bom sinal. 

Lenora piscou e abriu a boca, ela estava bem. Apenas pensativa demais e também confusa em relação a questões pessoais, mas ela não iria expor isso para as cunhadas.   

— Estou bem — respondeu com um sorriso despreocupado. — Estava apenas distraída... 

— Com alguém? 

— Um pretendente? 

— Podemos apresentá-lo se quiser.  

As três começaram a perguntar e Lenora notou, tarde demais, que as três esposas de seus irmãos mais velhos eram igualmente irritantes como eles. Não que ela não gostasse das moças, na verdade tinha grande apreço por cada uma, mas quando estavam juntas e longe de seus devidos conjugues, ninguém poderia negar que eram parecidas demais com eles. Em especial quando se tratava de falar sobre casamento. 

— Não é nada disso, apenas estou... 

— Lenora Barrington!  

As três arregalaram os olhos ao ouvir Lenora ser chamada por Lady Coublepett, foi uma reação desencadeada em conjunto.  

— Oh não. — sua cunhada Isabella sussurrou em lamento.  

Lady C raramente era vista sorrindo, apenas quando estava junto a seus dois filhos e netos, o que era ainda mais raro de se ver. Mas a mulher sorria naquele momento, um tipo de sorriso —Lenora observou — que mostrava que ela parecia tramar algo.  

E dessa vez, ela temeu por sua aproximação. 

— Acho que essa é uma das raras ocasiões aonde vejo a caçula Barrington junto a suas cunhadas, uma imagem e tanto — observou a mais velha quando parou próxima a pequena roda. — Uma imagem belíssima, assumo.  

Todas exibiriam seus melhores sorrisos e agradeceram pelo elogio recebido. 

— É um prazer recebê-la no baile, Lady C. — disse Jane com gentileza.  

— Foi um prazer receber o convite, embora tenha desconfiado que ficaria de fora do baile. — disse a mais velha em um tom mais sério, observando as três moças mais atrás de Lenora com muita atenção.  

O silêncio ali formado fez com que Lenora segurasse o riso, ela já sabia o que estava acontecendo e bem sabia que se tratava apenas de mais uma de suas tramoias para assustar pessoas.  

Lady Coublepett conseguia isso sem sequer esforçar-se mais do que o necessário.  

— J-jmais faria isso... Eu... 

— Rá! Rá! — a mais velha riu alto, ao mesmo tempo em que Lenora levou a mão até os lábios para esconder o próprio riso.  

As três saltaram em seus lugares, olharam assustadas para as duas que se divertiam à suas custas e quando enfim perceberam que era apenas uma brincadeira, começaram a rir também.  

— Sei disso, Sra. Barrington. — respondeu Lady C. — Queria apenas brincar com vocês antes de roubar a jovem Barrington.  

As três olharam ao mesmo tempo na direção de Lenora com claro espanto e nem mesmo ela conseguiu evitar de assustar-se, Lady Coublepett nunca fazia isso, sempre que conversavam em bailes era sempre da mesma maneira.  

Ela a encontrava em algum canto, conversavam, zombavam juntas de alguém, às vezes fofocavam e vez e outra trocavam algumas verdades. 

Mas ser arrastada pela mulher? Isso era novidade.  

Em seguida elas se entreolharam, um pouco confusas, gaguejaram algumas vogais sem sentido antes de conseguirem formular uma resposta coerente.  

— É claro. — foi Jane quem respondeu, a única que conseguiu formar uma frase em segundos.  

O sorriso que a mais velha abriu era impossível de ser ignorado e preocupou Lenora, pois estava claro que algo estava acontecendo. Ela apenas não sabia o que era.  

— Excelente! — exclamou mais alto. Aproximando-se da mais nova e agarrando-lhe o braço de forma pouco apressada, como se quisesse logo levá-la dali. — Prometo que ela voltará inteira.  

Lady Coublepett nem mesmo permitiu que elas respondessem, já estava agarrada a Lenora e caminhava em meio ao salão, se misturando a multidão de convidados até que estivessem completamente fora do alcance dos olhares de suas cunhadas. 

— Tudo bem, a senhora já pode me explicar o que foi isso. — pediu ela, percebendo que conforme seguiam pelo salão, Lady C estava a levando em direção ao canto do salão.  

Lenora calou-se logo em seguida, não era necessário que ela recebesse uma resposta quando a mesma já estava sendo jogada bem diante de sua face.  

— Apenas saiba que a livrei de sua própria família — respondeu a mais velha. — Elas não a deixariam sozinhas o restante da noite, esperarei os agradecimentos mais tarde.  

Barrington assentiu, sim, ela tinha percebido isso, mas achou que era apenas algo de sua cabeça. Desde que Jane a levou para o lugar mais movimentado do salão e as outras duas cunhadas se aproximaram, ela entendeu que elas pareciam forçá-la ficar ali com elas. Sendo constantemente observada e rodeada por elas.  

Seria aquilo alguma ordem de sua mãe ou de seus irmãos?  

À medida que seguiam pelo salão muitos dos convidados abriam caminho, alguns faziam o de sempre, se apressavam em sair do campo de visão de Lady C por medo de serem pegos pela mulher. Era realmente engraçado que, a maioria que a temiam eram os homens, todos adultos e donos de si mesmo com medo de uma mulher fofoqueira e de linguajar firme.  

— Oh, veja quem está mais à frente!  

Ao erguer o rosto, ela o viu e ele também. 

Primeiro ele a olhou como sempre fazia quando se encontravam em bailes, mas depois, quando reparou na presença de Lady Coublepett ao lado de Lenora, seu olhar mudou para algo confuso, contudo, ele parecia prestes a rir a qualquer momento.  

Chegaram até ele depois de apenas seis passos. Os cumprimentos foram feitos e formou-se ali um estranho silêncio, na verdade tratava-se de um constrangimento leve, uma vez que Lady C nunca ficava em silêncio por mais do que poucos segundos.  

— Pegarei um copo de limonada e encontro os dois logo em seguida. — ela anunciou muito de repente, os assustando por sua pré-disposição em se misturar à multidão.  

Os dois se entreolharam, confusos e sem entender o que acabara de acontecer ali. 

— E então, você foi a vítima da noite?  

Ela o olhou. 

— Na verdade, ela me resgatou. Bem, ao menos é isso o que ela quer que eu acredite.  

— E de quem ela a resgatou? 

— Das minhas cunhadas. — respondeu, tentando esconder o riso que teimava em formar-se em seus lábios. — Acredito que elas estavam “cuidando” para que eu fosse vista pelos solteiros ou estavam apenas me impedindo de me esconder pelos cantos.  

Ele assentiu.  

— Ideia de sua mãe ou de seus irmãos? 

— Muito provável de ambos. — disse com humor, apesar da irritação presente pelo feito. — Depois do que contei a ela sobre Margareth Preston, ela está com medo de que eu esteja planejando algum ato rebelde para evitar casamento.  

Phillip tentou segurar o riso, mas não o manteve por mais de quinze segundos. Estava rindo alto, fazendo-a rir também.  

— E o que a Srta. Preston tem a ver com você? 

— Ela se negar a casar-se com Mark ou Thomas aparentemente serve de influência para que eu pense em fazer o mesmo — zombou. — Ela está me punindo ao saber que apostei sobre seu destino matrimonial.  

Phillip quase riu.  

— Você também? — perguntou assustado. — Charles apostou cinquenta libras que ela irá casar-se comigo.  

Lenora arregalou os olhos de maneira nada cortês, quase engasgando ao ouvi-lo.  

— O quê?! 

— Os boatos de Margareth não são apenas sobre ela, Mark e Thomas, aparentemente ela é uma das minhas “opções” de noiva. — contou. Ela notou que apesar do tom sério de sua voz, ele dissera as palavras como se contasse a ela uma piada. — E Charles apostou nela, que até o fim da temporada será Margareth Preston a nova viscondessa de Pambley. 

Quando o visconde a encarou, Lenora o encarava de volta em um misto de pena e compaixão, mas seus lábios estavam unidos com força como se ela estivesse prestes a soltar uma gargalhada.  

Ele mesmo estava prestes a fazer isso diante da impossibilidade daquele noivado.  

— Eu sei que quer rir — disse ele sem se importar. — Pode fazê-lo.  

— Antes de tudo saiba que não iria rir de você e sim de seu irmão que perderá cinquenta libras fácil — alertou ela. — E segundo, estou ciente disso. Soube pelo Haskett que há uma lista de cinco pretendentes em potencial para viscondessa Weston.   

Phillip assentiu lentamente.  

— Se sabe da lista provavelmente já sabe que seu nome faz parte da lista — adivinhou.  

Foi a vez de Lenora de assentir.  

— Confesso que no início fiquei irritada por isso vir da roda dos libertinos, mas agora… Acho deveras divertido. — ela deu com os ombros. — Muitos perderão dinheiro fácil com isso.. 

Phillip concordou.  

— E meu irmão é um deles.  

— Charles tem apenas dez anos, não é? 

Phillip fez um sim com a cabeça.  

— Como uma dúzia de homens permitiram que uma criança se misturasse com eles e principalmente, o que seu irmão queria com os libertinos?  

Dessa vez o visconde soltou uma risada breve. 

— Ele é um fofoqueiro e tanto, ao saber de uma fofoca com meu nome deve ter se animado e apostou. — ele deu com os ombros, porque já não se importava muito. — Cinquenta libras, consegue acreditar?  

Ela riu e concordou.  

— Ele puxou muito de você, Phillip. 

— Como? 

Ela cruzou os braços.  

— Ora, Phillip, você é um fofoqueiro também e sempre faz apostas sobre as fofocas que escuta. Lembre-se de dois anos antes. — disse ela, Phillip se recordava, principalmente das várias libras que ganhara. — E é um dos amigos mais íntimos de Lady Coublepett, a maior fofoqueira da sociedade, ele puxou algumas características sua, essa principalmente.  

— Sabe, acabou de falar exatamente o que meus irmãos me disseram quando perguntei sobre onde eles escutaram as fofocas — revelou. — Céus! Eu estou criando dois fofoqueiros. 

Novamente ela riu. 

— Isso não é tão ruim — o acalmou, dando tapas leves em seu ombro. — Eles são como você, só que mais jovens.  

— E vão gastar todo meu dinheiro com apostas de fofocas — completou ele.  

Ambos riram em concordância.  

— Com toda certeza vão. — finalizou Lenora. — E sobre a fofoca que apenas nós dois temos conhecimento? Alguma novidade sobre o diário do meu tataravô? 

Os olhos de Phillip se iluminaram, claramente ele teria novidades e seria bom mudar o assunto também.  

Ele não queria pensar novamente que seu irmão perderia cinquenta libras. Ao menos não naquele momento.  

— Eu terminei o diário e confesso que foi complicado de entender a caligrafia de seu tataravô.  

— E o que descobriu? 

Perguntou ansiosa demais, atropelando as próprias palavras.  

— Não vamos conversar aqui, alguém pode nos ouvir e não quero que isso se espalhe. 

Os dois entraram em um corredor largo e seguiram para a grande varanda que permitia acesso para o lado de fora do salão, ao lado uma porta os levaria para outro corredor, não estavam sozinhos porque as pessoas ainda transitavam pelo lugar, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora.  

— Já sabemos sobre o relacionamento de Bartholomeu e Isobel e tentávamos descobrir o que eles esconderam em Pambley, certo? — ele começou a falar, apesar da animação, seu tom era calmo demais. — O restante do diário que estava em italiano é uma continuação de tudo o que seu tataravô escreveu, foi preciso ler do começo para entender o contexto de tudo.  

Lenora assentiu.  

— E ele fez isso, escreveu em italiano o restante de seu diário para esconder que, eles tinham encontrado diamantes e que os esconderam na propriedade. 

— Diamantes!?  

— Joias — corrigiu. — Enterram na propriedade porque temiam que alguém as encontrassem, mas meses mais tarde ele conta que os desenterraram e guardaram entre si.  

— E depois disso? — Lenora fez mais uma pergunta, os olhos arregalados em expectativa.  

— O diário simplesmente termina com a última anotação feita, — conta.  

— E os diamantes? Sabe aonde eles estão?  

Phillip negou com a cabeça devagar e no mesmo segundo o rosto de Lenora ganhou um ar decepcionado.  

— Bartholomeu não escreveu sobre isso no diário — disse ele. — Mas escreveu nas cartas que enviou para Isobel.  

Phillip tirou de dentro do terno que usava um bolo de cartas semelhante as cartas de Isobel. Os lábios se Lenora se abriram em surpresa.  

— Você achou as cartas dele?!  

— Não foi fácil de encontrá-las, mas duas semanas foram o suficiente para a busca minuciosa.  

— Já as leu? — perguntou ela desconfiada. 

— Cogitei fazer isso, mas sabia que me mataria se as lesse sem você.  

— E estava certo. — respondeu com um aceno. — Vamos lê-las! Mas não aqui, — disse ela. — Não quero que saibam sobre isso até termos certeza do que temos.  

— E quanto ao baile? 

— Tenho três irmãos, terei mais dois bailes como este para comparecer. — desdenhou ela. — Isso aqui é bem mais importante.  

— Tudo bem. — ele cedeu. — Vamos. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lenora e Phillip — Um amor quase impossível" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.