Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 10
Capítulo 9




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Capítulo 9 

(...) 

 

— O quê?! 

A reação de Phillip era exatamente o que Lenora esperava encontrar, não foi muito diferente de como ela reagiu quando leu algumas poucas folhas do diário e teve tal revelação jogada em sua face.  

— Isobel Weston. — disse ela, prestando mais atenção na reação seguinte dele após o nome ser dito.  

Phillip franziu o cenho durante alguns segundos, pareceu pensar a respeito e então arqueou as duas sobrancelhas.  

— Isobel era irmã da minha tataravó. — revelou ele. — Espera, tem mesmo certeza de que é ela? Quero dizer, que o nome lido é Isobel Weston?  

Lenora assentiu com pressa.  

— Ele guardou junto com o diário várias correspondências e todas estão assinadas por Isobel Weston. Eu verifiquei isso antes de trazer isso a você.  

Os dois se viram e ficam de frente para o outro enquanto conversavam, ao redor todos os convidados seguem com sua noite como se nada estivesse acontecendo. Como se ninguém estivesse vendo uma Barrington e um Weston conversando no canto do salão. 

Observando o rosto dele, Lenora percebeu que suas feições pareceram confusas durante breves segundos e então se transformaram para total espanto.  

— Li apenas três páginas do diário, então ainda não descobri muito sobre esse relacionamento, mas é certo que todas as cartas recebidas foram enviadas por Isobel Weston. 

O visconde piscou incrédulo.  

— Céus! E tem alguma carta com você? — perguntou ainda surpreso.  

Ela balançou a cabeça lentamente.  

— Tenho, trouxe uma para ver que não estou mentindo sobre isso.  

Para a surpresa de Phillip ela realmente trouxera uma das cartas, Lenora retirou de dentro de sua luva um pedaço de papel que fora dobrado diversas vezes cuidadosamente, ela ignorou o olhar chocado que recebera dele com o feito e lhe entregou a carta. 

Lenora o assistiu desdobrar a carta com o máximo de cuidado e ler cada palavra ali escrita.  

E não demorou para que seu rosto corasse em total constrangimento com seu conteúdo. 

— Diga-me que não leu essa carta.  

— Sim, eu a li — respondeu casualmente. — Mas, em minha defesa eu não imaginei que o conteúdo seria algo desse tipo e como meu segundo argumento, essa é a segunda carta que li, ainda não li as outras.  

Ele sacudiu a cabeça.  

— A primeira era tão comum, havia apenas uma breve jura de amor, mas essa... — ela aponta para o papel. — Estou certa de que somente amantes escrevem algo desse tipo.    

Ele balançou a cabeça e ao contrário do que ela pensou que ele faria, Phillip não lhe devolveu a carta e ela não pediu que ele o fizesse, porque sabia que ele não o faria. 

Não quando seu conteúdo era algo tão inapropriado para uma dama.  

— Lenora… 

— Eu sei o que parece e sim, assumo que estou bisbilhotando o diário e as cartas de outras pessoas e que isso não é nada cortês da minha parte. — disse ela muito rápido, o interrompendo. — Mas, escute-me, trouxe essa carta em especial para mostrar da minha suspeita: Anos atrás, um Barrington e uma Weston se relacionaram e, de acordo com essa carta, não foi do jeito convencional que é esperado. Ou seja, eles eram amantes! 

Phillip piscou.  

— Lenora eu nunca ouvi ninguém da minha família contar sobre algum relacionamento de Isobel, na verdade tudo o que sei é que ela casou-se com um conde e mudou-se para a Itália logo em seguida. 

— O mesmo acontece com Bartholomeu Terrew, ele não carregava o sobrenome Barrington até que ele assumiu o título de Lorde e as terras da família — contou ela. — A minha família não fala muito sobre ele, além do básico, ele casou-se com uma moça chamada Kate, mas não é isso o que quero falar. Phillip, sabe o que esse diário e essas cartas enviadas significam?  

Ele esperou que ela respondesse.  

— Que talvez, esse relacionamento entre eles tenha sido o motivo para a rixa entre nossas famílias!  

O visconde abriu a boca uma vez e nenhuma palavra saiu dela, estava surpreso? Confuso? Desacreditado?  

Ela não sabia.  

Mas estava certa de que suas famílias podiam se odiar por causa do relacionamento que os dois mantinham em segredo.  

— Lenora…  

— Eu sei que parece insanidade da minha parte, mas desde que encontrei esse diário não consigo deixar de pensar que é por esse motivo que nossas famílias se odeiam tanto por causa disso. De um amor entre um membro de cada família.  

Disse ela, apesar da clara animação em sua voz, ela conseguia manter uma expressão neutra em seu rosto.  

— E se eu estiver certa, terei mais pistas sobre isso no diário e nas cartas que ele guardou. E se nesse diário ele revelar segredos sobre esse relacionamento e o motivo da rixa?  

Ele assentiu. 

— Pelo que entendi com o pouco do que li em apenas três páginas e duas cartas, eles se amavam muito, mas por alguma razão se relacionavam em segredo, — ela voltou a falar. Ainda muito entusiasmada. — E se eu estiver certa e esse for mesmo o motivo da rixa, assim que eu provar que isso não passa de uma grande bobagem entre nossas famílias, vamos parar de nos esconder em cantos de salão ou fingir que nos odiamos. 

Lenora encarou Phillip com mais entusiasmo.  

Ela não queria transparecer que mexer em algo tão pessoal como um diário a deixara animada, mas a possibilidade de encontrar uma resposta para a pergunta que martelava em sua mente servia de uma bela desculpa para continuar bisbilhotando o diário. 

— Tem certeza de quer fazer isso? Pode acabar se decepcionando se não encontrar nada. — disse, ele estava preocupado e era visível em seu tom de voz.  

— Não se preocupe, eu sinto que estou prestes a descobrir algo grande com esse diário e as cartas que estão guardadas lá. —  respondeu ela com um sorriso. — E você sabe que eu não dispenso uma possível descoberta, ainda mais se ela for a resposta para essa rixa ridícula entre nossas famílias. 

Ele concordou.  

— E você nunca quis saber o que levou nossas famílias a se odiarem tanto?  

Sua resposta demora um pouco para vir.  

— Claro, mas depois de um tempo eu simplesmente aceitei que nunca ganharia uma resposta adequada.  

— O mesmo comigo — confessou. — Sempre que pergunto sobre isso recebo apenas: Nos odiamos. Entenda isso, Lenora. 

Sua imitação péssima de sua mãe tira de Phillip uma risada breve.  

— Tudo bem — ele finalmente cedeu. — Me recuso a achar normal que esteja bisbilhotando algo tão particular assim, mas se isso for trazer algumas respostas… Então tudo bem.  

Lenora controlou o forte impulso de soltar uma exclamação animada.  

— Eu vou querer manter-me atualizado com tudo o que descobrir e deverá prometer que tomará cuidado com isso, pode acabar descobrindo algo que a chateie e não quero que isso a abale.  

— É claro! — concordou ela. — E lhe contarei todos os novos detalhes. 

— Poupe-me de detalhes como o da carta.  

Ela riu.  

— Claro.  

Apesar de curiosa sobre o que iria descobrir quando lesse o diário, ela estava fazendo isso porque queria colocar um ponto final naquela briga de uma vez por todas, ela viu os olhares que recebeu quando sua mãe e ela sentaram-se ao lado de Phillip durante o recital. Estavam esperando por alguma cena dramática e apesar de apreciar o auto controle de sua mãe em ser gentil, Lenora sabia que não poderia assegurar que ela não o faria em outra ocasião.  

Provavelmente a possibilidade de estar grávida a fez agir de acordo com o decoro, mas ela não tinha como ter certeza disso. 

Sua mãe ainda comentava sobre a valsa e as flores que recebera de Phillip e seu tom não era nada agradável quando o mencionava. Então podia dizer que não estava apenas vasculhando algo pessoal de seu tataravô porque era curiosa, estava fazendo isso por causa de Phillip também.  

Ela queria poder conversar e dançar com ele sem que precisasse se esconder ou ouvir um sermão depois.  

— Eu fico pensando... — Lenora se interrompeu. — Não importa.  

Phillip a olhou.  

— Fale — encorajou ele, curioso sobre o que ela tinha a dizer.  

— Se essa rixa entre nossas famílias apenas começou por causa do relacionamento que eles tinham com o outro, faz-me pensar no que eles podem ter feito de tão terrível para que isso se estendesse durante tantos anos — comentou ela pensativa. 

Sem que percebesse isso também atiçou a mente de Phillip.  

— Talvez, — ele começou a falar. — Eles não podiam ficar juntos.  

Lenora o olhou com dúvida.  

— Como assim?  

— A carta que trouxe, como você disse antes, apenas amantes escreveriam aquilo e talvez eles fossem isso, amantes desde sempre. — começou a explicar. — Isobel pode ter sido prometida ao conde italiano antes de eles se relacionarem ou talvez Bartholomeu já estivesse comprometido com alguém…  

Seus lábios se franziram brevemente, como se ela pensasse sobre o que acabara de ouvir.  

— Ele só casou-se com Kate anos depois, foi quando assumiu o título e acho que Isobel também só casou-se depois. Não explica o que os impedia de ficarem juntos — insistiu. — A rixa ainda começou depois disso.   

— Como tem tanta certeza de que pode ter sido o relacionamento entre eles que tenha dado início a essa rixa? — ele perguntou.  

— Não tenho certeza, mas é o que me parece mais lógico — respondeu. — Eles já se escondiam dos outros quando começaram a trocar correspondências, não acha isso isso muito suspeito? 

Ela pensou durante um tempo.  

— Talvez tenha acontecido alguma outra coisa entre as duas famílias… — sugeriu. — Eles poderiam estar escondendo bem mais do que apenas o relacionamento deles.  

Phillip concordou, mas não parecia assim tão certo como ela. Ele demorou para respondê-la e quando o fez suas palavras a atingiram com força. 

— Alguns amores são simplesmente impossíveis, Lenora. 

Tais palavras a assustou.  

Lenora o olhou.  

Dessa vez realmente o olhou e quase pulou quando ele a olhou de volta. Formou-se entre eles um estranho silêncio, aquilo nunca acontecia, porque Lenora sempre tinha algo para dizer ou simplesmente mudava a direção do assunto. Contudo foi diferente naquele momento, ela não sabia o que responder a ele porque as palavras fugiram de seus lábios e pela primeira vez em muito tempo se viu sem palavras.  

— O quê?  

Ele deu com os ombros.  

— Acho que seja apenas isso. Um amor impossível.  

Ela sentiu algo engasgar em sua garganta.  

— Parece triste ao falar sobre isso. — ela percebeu.  

E Phillip realmente aparentava uma estranha tristeza, ela não entendeu o que houve, mas percebeu — foi impossível não perceber — a mudança em seu rosto.  

— Apenas descubra o que houve, sim?  

Ela piscou assustada com a nova mudança de tom de voz. Lenora abriu a boca para respondê-lo, fazer alguma piada ou simplesmente soltar qualquer comentário que tirasse dele aquele estranho tom entristecido, mas nem teve tempo para isso.  

Os olhos dele se arregalaram em uma expressão nada agradável e ela soube que tinha algo vindo.  

— Sua mãe!  

Ele quase gritou.  

Lenora novamente piscou e olhou para todas as direções até vê-la, Lady Barrington ainda não tinha a avistado naquele canto, mas não demoraria para vê-la ali escondida com Phillip ao seu lado. Principalmente porque a cor de seu vestido lhe dava um destaque desnecessário.  

— É agora que nos despedimos — disse ele com meio sorriso, mas havia algo de diferente em seu sorriso, era como se ele não quisesse ir para longe dali. — Srta. Barrington.  

Ele fez um aceno com a cabeça, algo que precisou forçar a si mesma para realizar. 

— Visconde Weston.  

Ela o imitou e então ele a deixou, seguindo para outra direção na qual não encontraria com sua mãe, afastando-se dela e se misturando por entre a multidão de convidados que estavam presentes.  

Pela primeira vez ao se separarem às pressas, Lenora sentiu-se muito estranha.  

Eles sempre tinham de fazer isso quando avistaram sua mãe ou até mesmo a tia de Phillip, era algo que passaram a considerar como parte da noite de eventos. Contudo dessa vez, foi completamente diferente.  

Apesar de ser algo necessário para que mantivessem as aparências, a separação abrupta diante do assunto anterior a deixou com um gosto amargo na boca. E seu corpo também estava reagindo diferente, não como algo normal que faziam durante quatro anos, mas algo incômodo.  

Lenora não gostou do estranho sentimento que lhe dominou quando o viu se afastar.  

— Era o Weston falando com você? — perguntou a mãe quando aproximou-se, olhando para a mesma direção na qual ele seguiu.  

Lenora precisou pensar rápido em uma resposta e usou a que mais lhe parecia conveniente e aquela que sabia que sua mãe acreditaria.  

— Sim, mas não se preocupe, o coloquei para correr. — assegurou, arqueando uma sobrancelha de maneira orgulhosa como sempre fazia quando contava para a mãe que espantou mais um possível pretendente.  

A diferença era que Phillip não era um possível pretendente... 

... E por mais estranho que aquele desejo inesperado pudesse lhe parecer, ela gostaria que ele fosse. 


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