The Bet - Nova versão escrita por Anandika


Capítulo 6
Um fim... Um começo




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As semanas se seguiram e Charlie ficou ainda mais misterioso na empresa, sendo visto diversas vezes na companhia do seu advogado em reuniões fechadas que nem Jules, que era a sua fiel secretária há anos, sabia o motivo.

Nos corredores da empresa não se comentava outra coisa além de como Charlie Swan tinha mudado desde a sua doença. O empresário, que sempre foi muito reservado, passou a conversar com funcionários nos corredores, perguntar qual era a opinião deles sobre o serviço feito, se havia algo que poderia mudar, que podia melhorar e o mais chocante de tudo: O chefão da empresa até participou de um almoço oferecido no refeitório da empresa.

Alguns apostavam que o velho ia morrer logo e que por ter certeza disto, estava tentando se redimir de alguns dos seus pecados. Já outras pessoas acreditavam que ele só tinha ficado assustado com tudo que tinha acontecido a ele e estava tentando ser mais cordial, mas era acordo comum que ele estava bem melhor do que antes.

Até para o sócio, ele deu uma trégua nos últimos dias, chamando-o para conversas informais e lhe dando várias dicas sobre como ser um empresário poderoso.

Edward estava a cada dia mais curioso e intrigado com este comportamento incomum do sócio, e a certeza de que Charlie estava tramando algo a mais do que ele tinha ciência, crescia a cada nova ação tomada e a cada burburinho surgia nos corredores da Diamond Mineração.

Ele apenas não sabia o que achar e muito menos o que esperar de tantas mudanças repentinas.

Enquanto isto, em sua casa, o empresário estava cada vez mais próximo e amável com a filha, fazendo com que Bella lembrasse do Charlie de onze anos atrás. 

Aquele animado, brincalhão e amoroso que ela tanto gostava.

Bella estava adorando que seu pai tivesse se reaproximado da família, convidando sua tia e primos para alguns jantares, onde conversavam e relembravam de muitos momentos bons que tinham vivido. Estava em êxtase por ele também ter procurado alguns amigos que não via a muito tempo e principalmente por ter dado um período longo de férias para Consuelo depois de tantos anos.

Ele estava feliz e falante e o único tabu que Charlie Swan tinha era falar em sua falecida esposa. Este era um assunto que ainda o atormentava muito e que ele evitava a todo custo, mas isto mudou quando, na manhã do primeiro dia de férias de Bella, enquanto ela se preparava para sair ao encontro da sua prima, ele resolveu exorcizar mais este fantasma em sua vida.

— Bellinha... Você tem um tempinho para seu velho pai? – ele entreabriu a porta do quarto da filha – Queria conversar com pouco com você...

Empolgada com a disposição do pai em gastar um pouco do seu tempo com ela, Bella largou o livro na mesinha de centro.

— É claro que tenho tempo... – ela lançou seu melhor sorriso. - Pode falar pai!

— Filha, sei que eu quase nunca toco neste assunto com você, que ainda é muito doloroso para todos, mas queria falar sobre a sua mãe.

— Sobre a mamãe? – Bella se espantou - Por que?

— Sim, sobre a sua mãe. Queria que você soubesse que até hoje me sinto muito culpado pela morte da Renée e por ter destruído a nossa família da maneira que eu destruí. – Charlie abaixou a cabeça envergonhado. – Me desculpa minha filha por todos estes anos que te fiz sofrer, fechado em meu mundo e não te dando a oportunidade de ter uma família feliz e um pai amoroso… Uma mãe presente… O seu irmão...

— Pai, o senhor não teve culpa. - Bella falou, levantando-se e indo até ele passou as mãos por seu cabelo, consolando-o – Foi uma fatalidade... Eu nunca achei que fosse culpa do senhor… E quanto as outras coisas… Teve que ser assim… Eu aceito.

— Eu sou muito sortudo em te ter… - Charlie sorriu e ao olhar o relógio – Tenho que ir trabalhar… Mais tarde continuamos a conversar.

— Está bom… Espero o senhor para jantar?

— Sim. - deu um beijo na filha e levantou-se do sofá - Não se esqueça nunca que eu te amo, minha filha.

Charlie soltou mais um beijo no ar e seguiu para mais um dia de trabalho na empresa.



Na tarde daquele mesmo dia, em meio a uma reunião tensa, Charlie Swan teve um ataque do coração fulminante e desfaleceu nos braços de Edward, que correu para socorrê-lo.

Bella logo foi avisada e correu para o hospital acompanhada de sua família, mas apesar de todos os esforços nada pôde ser feito e Charlie foi declarado morto meia hora após ter dado entrada no hospital.

Bella entrou em desespero ao receber a notícia, chorando e gritando sem parar.

— Logo agora que eu esta me dando bem com ele... – Bella abraçou Elizabeth – Logo agora... Isto é injusto...

— Vamos para casa Bella.. Não se preocupe que Jasper resolverá todas as pendências aqui. - Elizabeth, sem ter o que dizer à sobrinha para consolá-la, apenas a abraçou e a levou para fora da sala.

De longe, Edward observou Bella sair da sala do médico amparada pela tia e por Rosalie, com um aperto no coração incomum.

Tanto pelo por ver o sofrimento de Isabella estampado em suas feições delicadas, tanto por temer pelo seu futuro na empresa

Charlie tinha morrido sem revelar sua vontade de ver Edward presidente e ele não sabia o que o esperava dali para frente. 

O sócio tinha feito questão de alertá-lo sobre um documento que fora redigido e estava em posse de seu advogado. Ele tinha afirmado que as regras continuariam as mesmas para que ele conseguisse o posto mais alto dentro da Diamond, mas será que ele podia confiar em Charlie?

O que teria naquele documento? 

Será que seu conteúdo poderia mudar as regras do jogo que eles estavam jogando a algum tempo e que tinha Isabella como uma das protagonistas, mesmo que ela não soubesse?

Ou será que Charlie estava blefando e com a sua morte, Edward seria seu substituto natural?

Era bem capaz... Ele era o segundo maior acionista e este seria o caminho natural... Ele podia tentar comprar a parte da garota... Ela não parecia muito capaz de gerir uma empresa.

Mas e se o velho tivesse exigido que Isabella tomasse o seu lugar? Se tivesse deixado documentado que ela não poderia vender sua parte na empresa?

Será que a sua vida estava nas mãos de Isabella de uma maneira ou de outra?

Eram muitas perguntas que só poderiam ser respondidas quando a primeira reunião da nova formação da empresa fosse convocada.



Após uma noite mal dormida, onde chorou sem parar até sucumbir ao sono e ao cansaço abraçada em Elizabeth, Bella agora teria que enfrentar o que ela esperava ser o ato final do seu último pesadelo: O velório e cerimônia do sepultamento de Charlie.

O salão principal do elegante clube localizado ao lado da sede da Diamond Mineração, que tinha sido cuidadosamente organizado pela sempre eficiente Jules, estava cheio de funcionários, fornecedores e compradores dos produtos da empresa, além de muitos amigos da família e alguns parentes distante do Sr. Swan. Bella estava de pé, em frente ao caixão do pai, recebendo as condolências das mais diversas pessoas, sempre amparada por Rosalie, que não largou da prima um só minuto.

— Rose, eu preciso de ar... Eu não... Não me sinto muito bem– Bella sussurrou no ouvido da prima.

— Você quer sentar um pouco? Quer um copo d’agua?

— Não... Eu só preciso de ar... – sussurrou - Quero ir ao jardim, por favor...

Rose logo a levou para o lado de fora do salão. 

— Rose, preciso ficar sozinha por um tempo, por favor... Preciso pensar um pouco – Bella pediu, se sentando em um banquinho fora do local do velório.

— Eu prefiro ficar com você.... – Rose tentou argumentar - Não quero te deixar sozinha nesse estado.

— Eu prometo que vou ficar bem... Só preciso pensar um pouquinho 

— Não quer que chame a mamãe... O Jasper? – Rose perguntou – A mamãe está na porta com a Jules, recebendo o pessoal e Jasper estava conversando com a Marie, o Matthew e alguns colegas seus naquela sala em anexo. 

— Não Rose... Não precisa... Eu logo volto, te prometo. Só preciso tomar um ar fresco e me acalmar.

— Você quem sabe... Qualquer coisa estou lá dentro então, é só nos chamar se precisar – Rose deu um beijo em sua testa e lhe afagou os cabelos – Fique bem.

— Vou ficar... 

Assim que Rose saiu, Bella começou a chorar sem parar, tentando assim dar um fim a toda a dor que ela tinha dentro do seu peito e se dando ao direito de expressar toda a sua revolta com as sua lágrimas.

Ela tinha certeza de que Charlie só se aproximou dela nos últimos dias para vê-la sofrer ainda mais com a sua morte.

Como ela pôde se iludir achando eu o pai queria o seu bem, quando na verdade ele só queria vê-la sofrer cada vez mais?

Bella abaixou a cabeça entre as mãos se sentindo a pior das criaturas por ter sido enganada daquela maneira.

Era uma dor diferente da que ela lembra ter sentido ao perder a mãe. Naquela época ela era pequena e não se lembra de muitas coisas. Ela tinha quem a amparasse, não precisava se preocupar com muitas coisas, mas hoje era tudo muito diferente.

De certa maneira, o seu futuro estava em jogo. Ela era adulta e teria muitas responsabilidades a assumir. Responsabilidades que ela não tinha a mínima noção de como lidar.

Os negócios de Charlie. A organização da sua vida, da sua casa… Problemas que ela nunca teve.

Seu mundo inteiro tinha saido de ordem e seria difícil colocá-lo no lugar.

Edward chegou ao velório naquele momento e ao passar pelo jardim e ver Bella sozinha e tão triste, sem pensar muito no que estava fazendo, se aproximou dela e tocou seu ombro.

Sua cabeça estava em turbilhões desde que o sócio foi declarado morto. Ele se sentia meio perdido, mas precisava dar um pouco de conforto a filha de Charlie, que tanto sofria.

Ele estendia deste assunto. Também tinha perdido seu pai e poderia dar um pouco de consolo à moça.

— Edward? – Bella estremeceu com o toque quente e acolhedor do rapaz

— Shiii... Não fale nada. – ele a abraçou com ternura.

Bella encostou o rosto no peito de Edward e naquele momento ele a via apenas como uma garota frágil, que tinha acabado de perder o pai e não como o seu objeto de conquista.

Afagou as costas de Bella, com carinho e ela se permitiu abraçá-lo também, movendo seus braços para a cintura dele, aspirando o perfume que sua roupa exalava enquanto chorava sem parar, molhando o terno do rapaz com suas lágrimas sofridas.

— Tenha calma, Bella... – murmurou em seu ouvido, fazendo-a estremecer  – Tudo dará certo... Esta dor vai passar… Vai demorar um pouco, mas vai passar, Bella… Apenas a saudade vai ficar… Acho que você já sabe disto… - lembrou-se que ela tinha perdido a mãe.

— Eu estou com medo... Como vai ser a minha vida? 

— Calma... Calma – ele repetiu – Mantenha a calma... 

— E aquela empresa! - Bella se soltou do abraço e olhou para o rosto de Edward, a expressão apavorada - Meu pai a amava tanto... Eu não vou dar conta! Não!

— Não se preocupe. Eu vou estar ao seu lado no que você precisar na empresa... Você não vai estar sozinha. – falou sincero - Eu vou te ajudar no que for preciso, você tem  a minha palavra.

Bella voltou a abraçá-lo, aproveitando do calor do seu corpo, das suas mãos a afagando, estranhamente a trazendo a paz que precisava.

Ele estava sendo tão gentil com ela... Talvez ele não fosse a pessoa abominável e interesseira que ela pensava que ele era.

Eram muitas informações e ela estava quase louca!

— Me desculpa... – murmurou pouco depois, enxugando os olhos e se afastando de Edward envergonhada – Estraguei a sua roupa...

Edward deu um sorriso para ela, analisando o seu rosto, e então seu lado empresarial e menos nobre deu as caras.

Ele a tinha nas mãos naquele momento. 

Frágil, vulnerável, desamparada... 

Era só tratá-la bem e ela acreditaria  em tudo que ele a dissesse.

Este era o momento perfeito para dar um passo a mais em seu plano. Ele tinha que garantir a aliada, caso ainda precisasse dela.

Ele mirou os olhos dela e a realidade o atingiu.

Os olhos da garota expressavam todo o seu sofrimento.

Não era justo.

Ela estava muito fragilizada e ele não se aproveitaria daquele momento para conseguir nada dela.  

Iria ajudá-la no que fosse preciso, como havia acabado de prometer e queria deixar isto bem claro.

Ele tinha jurado a si mesmo que só iria até onde fosse seguro e aquele era o momento certo de parar. Então seguindo o que seu coração mandava, Edward deu um beijo na testa e depois sorriu, afagando sua bochecha.

— Não se preocupe com isto... Minha roupa não é importante, neste momento. – ele a pegou pela mão e a olhou – Eu acabei de chegar, mas se você quiser posso ficar aqui um pouco com você...

— Não, vamos entrar... Preciso voltar. A titia... A Rose...

— Então venha comigo, vamos procurar sua família.



Uma semana após a morte de Charlie Swan, o seu advogado e grande amigo, Bill Moore, convocou uma reunião com Edward e Isabella para discutir alguns pontos de um documento e do testamento deixados por Charlie, antes que o conselho da empresa fosse convocado para o rearranjo dos cargos e eleição do novo presidente.

Bella chegou no começo da tarde à empresa, logo encontrando-se com Edward e o advogado, que já estavam à sua espera na sala de reuniões.

— Boa tarde senhores – Bella os cumprimentou e sentou-se em uma das cadeiras – Vamos logo ao assunto, pois quero seguir com a minha vida em paz – fez uma cara entediada.

— Isto é o que mais quero também – Edward resmungou em um tom baixo e virou-se para o senhor careca e barrigudo sentado próximo a ela – Então Sr. Moore, qual o assunto que o senhor tem a tratar conosco?

Bill se remexeu na cadeira e abrindo sua pasta, tirou alguns papéis de lá e os colocou sobre a mesa.

— O motivo de ter convocado esta reunião somente com os senhores é que Charlie me deixou a incumbência de revelar o conteúdo do seu testamento e de um documento no qual ele fala sobre as ações e presidência da empresa - falou sério - Este assunto diz respeito apenas a vocês dois. Isabella, sua única herdeira e Edward, seu sócio e segundo maior acionista na empresa.

Bella olhou confusa para Edward que revirou os olhos, impaciente e também bastante temeroso.

O velho não tinha blefado sobre o documento e ele tinha certeza que algo, no mínimo constrangedor o esperava.

Provavelmente a necessidade de casar-se com Isabella continuaria para que alcançasse a presidência.

— Então pode começar Sr. Moore, somos todos ouvidos. – Edward apoiou os cotovelos em cima da mesa.

— Bom, como já falei, Charlie deixou em minha posse dois documentos muito importantes: o seu testamento, onde diz o que será feito com a sua fortuna - o senhor começou a falar, colocando uma cópia dos papéis na frente de Bella -  E o documento que detalha as suas vontades e ordena que algumas coisas sejam cumpridas na empresa – uma cópia foi entregue a Edward – Então preciso que vocês dois tomem ciência dos seus conteúdos antes que possam ser tomadas algumas providências. – ele pausou por um segundo, enquanto colocava os óculos– Acompanhem comigo as últimas vontades de Charlie Swan.

— Sr. Moore – Bella o interrompeu – Antes de o senhor começar, preciso saber se meu pai sabia que iria morrer em pouco tempo, por que ele estava tão esquisito nestes últimos tempos que me deu esta impressão.

Edward olhou para Bella e sorriu.

Boa pergunta a dela. 

Isto ele também queria muito saber.

O carrancudo senhor se remexeu na cadeira incomodado com os dois pares de olhos que o olhavam, curiosos e depois de um longo suspiro começou a falar.

— Não Isabella. Ele não sabia, mas tinha ciência de que sua situação era bem delicada e então, para não deixar pendências nem dúvidas, ele resolveu documentar suas vontades. – ele remexeu em seus papéis e ajeitou os óculos – Se sua dúvida só era esta, vamos começar logo as leituras.

Edward e Bella balançaram suas cabeças e concordância e o Sr. Moore começou a ler os documentos.

— Estes documentos que vocês têm em mãos expressam a vontade de Charlie de que vocês dois se casem para que obtenham alguns benefícios e possam assumir os seus postos na mineradora.

— Casar com o Edward? – Bella deu um grito e olhou para a expressão serena do homem ao seu lado – Como isto?

Edward escondeu um sorrisinho, já que desta condição ele estava meio que avisado.

— Isabella, por favor ouça o que tenho a te dizer antes de fazer perguntas – o Sr. Moore soou irritado olhando firme para o casal a sua frente – Mas continuando, Charlie deixou bem claro em seu testamento que o Sr. Edward Cullen não poderá comprar a sua parte na empresa caso ele morresse e que também estará impedido de todos os modos de assumir a presidência da empresa se não casar com Isabella.   

Bella perdeu a cor e o sorriso presunçoso de Edward desapareceu na mesma hora.

Com uma expressão satisfeita, o homem continuou.

— O Sr. Cullen terá a opção de vender as suas ações para qualquer outra pessoa ou permanecer apenas como mais um acionista da empresa, sem direito a decisão, já que perderá o seu posto após a nova distribuição acionária, caso a condição imposta não seja cumprida.

Edward revirou os olhos irritados.

Uma coisa era ele se casar para conseguir algo que ele queria, outra completamente diferente era ser ameaçado daquela maneira.

Ser obrigado a se casar para não perder o que ele já tinha conquistado, definitivamente não fazia parte dos seus planos de vida.

— Isto é uma brincadeira, não é? – Edward bateu na mesa nervoso. – Só pode ser!

O Sr. Moore balançou a cabeça negativamente.

— Não Edward. Isto não é uma brincadeira – o advogado deu um risinho sarcástico - Quanto a você Isabella, o testamento é bem claro. – o advogado voltou-se para Bella com o olhar incisivo – Para herdar o que lhe é de direito, a senhorita terá que se casar com Edward Cullen. Se não cumprir a vontade do seu pai a sua parte das ações serão doadas para o senhor Marcus Lexmann e para mim, que ficaremos com o mesmo percentual de ações de Edward, e as únicas coisas que você terá direito é a casa onde mora, a casa de praia, seu automóvel e uma pequena poupança. Boa parte do que seu pai construiu em vida, também será doado.

— E se eu me casar com o Edward? – Bella perguntou incrédula com os acontecimentos - O que acontece?

— Além dos bens descritos anteriormente, os 40% que cabiam ao seu pai passarão a ser seus e nada mudará. E quanto a você... – olhar do homem se voltou para Edward -  Casando-se com Isabella, você terá o controle da parte dela, sendo o presidente do conselho de acionista,  tendo que fornecer-lhe uma quantia mensal estipulada pelos lucros da empresa,  além de cumprir, é claro, com suas obrigações de marido e prover a casa de vocês.

Edward e Bella estavam arrasados, sentados em suas cadeiras e ouvindo atentamente a sentença que Charlie tinha imposto a eles.

Seus destinos estavam entrelaçado... Não tinha mais como escapar disto.

O advogado, após uma pausa, voltou a falar.

— Mas não se engane Edward. O conselho administrativo da empresa estará de olho em todas as suas movimentações com a parte da empresa que cabe a Isabella e ela, se assim for da sua vontade, poderá nomear alguém para te fiscalizar diretamente.

— É apenas isto o que você tem a nos dizer? Mais algum absurdo?– Edward vociferou irritado para o advogado.

Esta história de juntá-lo a Isabella a qualquer custo estava indo longe demais.

— Como vocês podem ver, o prazo estipulado nos documentos para se casarem é de dois meses, a contar da data de hoje – ele juntou seus papéis sem se importar com a tensão no ambiente e os colocou em uma pasta – Alguma dúvida por parte de vocês? 

— Não. – Edward respondeu – Você tem alguma dúvida Isabella?

— Também não... - Bella balançou a cabeça desnorteada e com vontade de chorar.

— Então quando vocês tiverem uma resposta a me dar, me procurem para que possamos dar andamento no que for necessário… Só não demorem muito, pois o prazo é curto. - levantou-se da cadeira e pegou sua pasta - E não se esqueçam que vocês não poderão burlar o previsto nos documentos, pois estarei de olho em vocês dois o tempo inteiro – o carrancudo senhor se retirou da sala – Um bom dia para vocês. 

Edward e Bella se olharam, incrédulos do que tinha acabado de acontecer. Agora sozinhos na sala tudo começou a fazer sentido para eles.

Charlie tinha preparado uma cilada para seu sócio e filha.

Por alguma razão, ainda desconhecida, ele os queria casados.

Bella mirou Edward, na esperança de que ele tivesse uma saída para aquela situação, mas o rapaz estava tão apavorado quanto ela com tudo o que estava ouvindo.

A sua experiência lhe dizia que Charlie tinha sido bastante cuidadoso em não deixar brechas ao redigir aqueles documentos e que para ele e Isabella não havia saída, a não ser cumprir o que estava escrito e determinado.

Nem após a sua morte, Charlie Swan deixava de atormentar a  vida do sócio.

— Edward, você sabia deste testamento? – Bella perguntou – Você já sabia dessa loucura? Por favor... Me fala a verdade...

Ainda muito perdido, Edward não respondeu, apenas balançando a cabeça em negativa.

Ele não sabia de nada daquilo que o Moore tinha afirmado.

Ao notar a cara desnorteada que ele fazia, Bella se desesperou.

Será que ela teria que se sujeitar aos caprichos do pai?

Será que não havia outra saída?

Bella levantou-se da cadeira e caminhou até o meio da sala entorpecida.

Ela estava perdida!

— Eu não estou me sentindo bem... – sussurrou e com sua visão escurecendo tombou seu corpo para o lado, desmaiando.

Em um movimento rápido e preciso, Edward amparou-a em seus braços e a sentou em uma das poltronas da sala.

— Isabella! – mirou em seu rosto sem cor e deu uma sacudida em seu corpo - Bella, por favor, acorde!

Aos poucos Bella foi retomando a consciência e se deu conta do rosto atormentando que a observava.

O rosto do homem que, assim como ela, estava preso aos caprichos malucos do seu pai.

Ela soltou-se dos braços fortes de Edward e em um só movimento se pôs de pé.

— Estou perdida! – Bella correu para o outro lado da sala, se encostou na parede e chorando foi deslizando até sentar-se no chão – O que farei da minha vida? – ela levantou o olhar e encontrou os olhos verdes e misteriosos de Edward a mirando – O que eu irei responder? O que irei dizer ao Sr. Moore?

Vendo-a tão frágil e perdida, Edward resolveu abaixar a guarda e se expor um pouco, afinal eles estavam juntos naquela enrascada e bem provavelmente, em um casamento arranjado.

Ele se aproximou da pequena garota que estava encolhida e com medo no canto da sala e lhe estendeu a mão.

 - Não precisa ser hoje. Tome o tempo que precisar Isabella – Edward a pegou delicadamente e a conduziu para o sofá - Converse com sua família e com um advogado da sua confiança, faça todas as pesquisas que você achar necessárias, tire as suas dúvidas, tente encontrar uma saída e daqui a uma semana nos reunimos outra vez e conversamos.

— Mas Edward... – Bella levantou o olhar e encarou os olhos verdes e misteriosos que estavam em sua frente.

— Não se preocupe, eu vou fazer o mesmo. – Edward esticou os braços até tocá-la de leve no ombro – Também irei visitar a minha família, conversar um pouco, pedir alguns conselhos e então quando voltarmos a nos reunir, teremos opinião formada sobre este assunto. – ele sorriu, passando serenidade – Vamos tentar nos livrar de toda esta loucura, combinado?

— Combinado então... – Bella esticou a mão e Edward a apertou com força, selando assim o acordo que poderia mudaria suas vidas.

De uma maneira irreversível.

Para sempre.


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