The Bet - Nova versão escrita por Anandika


Capítulo 5
Toda a Verdade de Charlie Swan




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— Alguém me ajude! – Isabella Swan voltou a gritar e seu apelo ecoou chamando a atenção de Jules, Rosalie e Edward que se encontravam na recepção da sala de Charlie.

— É a Bella! – Rosalie arregalou os olhos, aterrorizada e assim como a secretária do tio, não conseguiu reagir, ficando paralisada.

Ao se dar conta do grito de Isabella, Edward correu para a sala do sócio e se deparou com uma cena terrível.

Isabella estava sentada no chão da sala amparando o corpo inerte do pai enquanto chorava sem parar. 

— O que aconteceu? – Edward aproximou-se de Isabella e pegou Charlie, ainda desacordado dos braços dela.

— Não sei... – Bella murmurou – Ele caiu desacordado sem mais nem menos.

Edward encostou o ouvido no nariz do sócio e notou que ele ainda respirava.

Por sorte, ele ainda estava vivo.

— Venha comigo! – Edward, falou disparando pelos corredores da empresa, sendo seguido de perto por Bella e Rosalie, que saindo do estado de topor, segurou firme no braço da prima.

— Jules, avise ao motorista para ir ligar o carro. É uma emergência, o Sr. Swan desmaiou – Edward entrou no elevador da empresa e em poucos segundos já estava sentado no banco de trás do carro, tendo Charlie em seu colo, enquanto Bella e Rosalie se espremeram no banco do carona, que logo saiu disparado em direção ao hospital mais próximo.

Ao adentrarem o  hospital, os médicos logo levaram Charlie para o setor de emergência, deixando Edward, Bella e Rosalie sentados na recepção à espera de notícias.

Edward sentou-se eu uma das poltronas, enquanto as meninas se esparramaram em um dos sofás, Rosalie tentando confortar a prima.

Isto não podia estar acontecendo. Era a única coisa que se passava pela cabeça de Edward. 

Ele ainda não tinha conseguido o que ele queria, então Charlie tinha que permanecer bem vivo e forte até que as coisas se resolvessem.

O velho ainda não podia morrer, de jeito nenhum!

Bem que ele tinha notado que o sócio esteve meio esquisito nos últimos dias. Na reunião com os acionistas, na semana passada, ele quase desmaiou, além de andar com uma aparência abatida e estar solicitando menos a sua presença durante o expediente.

— Será que ele vai ficar bem? – Bella perguntou um pouco depois a Rosalie, que ainda segurava a sua mão firmemente.

— Vai sim Bellinha..– Rose acarinhou o cabelo da prima e deu um beijo no topo da sua cabeça – O tio Charlie vai ficar bem, você vai ver.

Edward que apenas as observava perdido em seus pensamentos, resolveu se juntar a elas e com isso tentar descobrir mais sobre Isabella e a sua relação com o pai.

Ele sabia que este não era o momento certo para uma aproximação, mas ele precisava achar uma distração para as muitas questões que pipocavam na sua mente.

— Acho que ele vai ficar bem sim, Bella – Edward sentou-se em uma das pontas do sofá e em uma ação calculada chamou-a pelo apelido, tentando forçar intimidade – Ele já apresentou outros episódios de mal estar e tudo ficou bem.

— Outros episódios de mal estar? - Bella levantou o rosto e olhou fixamente para Edward, tentando entender o que ele tinha dito e nem notando como ele a chamou – Como assim, ele já havia passado mal outras vezes?

Edward deu de ombros e aproveitou o súbito interesse dela para se aproximar mais.

— Ele já havia passado mal outras vezes na empresa – ele estreitou os olhos para Isabella - Nada parecido com o de hoje... Mais leves... Um desmaio breve em uma reunião, por exemplo... Você não sabia disto?

— Não! – Bella perdeu a cor – Não sabia, mas por favor me conte tudo sobre isto,  Sr. Cullen. – Bella nunca tinha o chamado por nome nenhum, então achou que o mais correto seria demonstrar respeito e não chamá-lo pelo primeiro nome, para, também, não dar a ele uma falsa impressão de intimidade.

Até porque intimidade era a última coisa que ela queria com o sócio maluco do seu pai que agora teimava em persegui-la.

— Edward... – pediu, suave – Me chame de Edward, por favor. –se aproximou ainda mais dela – Vou te contar tudo.

— Por favor Sr. Cullen – Bella voltou a falar – Quero saber de cada detalhe!

— Edward... – ele pegou as mãos da garota sentindo um formigamento estranho – Se você continuar a me chamar de Sr. Cullen, me sentirei um velho. – ele sorriu, sendo simpático.

Bella tirou suas mãos da de Edward rapidamente, pois uma estranha sensação passou por seu corpo, fazendo-a tremer.

— Então Edward, me conte o que sabe sobre os episódios de mal estar do meu pai – ela deu um sorriso desconcertada com aquela sensação.

Edward então contou tudo o que tinha visto e observado em Charlie Swan nos últimos tempos, fazendo Bella arregalar os olhos assustada.

— Eu não sabia de nada disto... – ela abaixou o rosto entre as mãos. – Então deve ser grave...

— Disto eu não sei. – Edward fez uma cara pensativa – Vamos esperar para ouvir o que o médico tem a nos falar.

Bella começou a chorar mais uma vez.

Aquelas informações eram demais para ela. 

Charlie era terrível, mas era o seu pai e ela tinha que saber como ajudá-lo.

— É isto Bella, espera o que o médico tem a dizer antes de tirar conclusões precipitadas. Daqui a pouco teremos notícias, fica calma... – Rose afagou as costas da prima, tentando acalmá-la. –O senhor poderia pegar um pouco de água para Bella? – ela de dirigiu a Edward com um sorrisinho ao notar que ele olhava para a prima sem para um só momento.

— Posso sim, senhorita. – Edward se levantou do sofá e foi ao bebedouro perto da porta da emergência.

Enquanto pegava o copo d'água, Edward concluiu que a relação de Bella com o pai era o que ele imaginava e já tinha descoberto em conversas com Jules: Uma relação bem difícil, mas aparentemente com alguns sentimentos ocultos.

— Bella, esse Edward Cullen não tira os olhos de você mesmo! – Rose soltou ao ver Edward se afastar delas – E ele está sendo tão solícito...

— Hoje não é dia para este assunto Rose - Bella bufou irritada, olhando diretamente nos olhos de Rosalie. – E ele só está aqui este tempo todo por que a doença do meu pai também interessa a ele como sócio, entendeu?

Rose acenou com a cabeça e deu um sorrisinho.

Realmente, esta não era a hora certa para esta conversa.

— Obrigada Sr. Cullen – Rose pegou o copo das mãos dele e entregou a prima, acarinhando suas costas outra vez – Beba toda Bellinha, vai te fazer bem.

Após beber a água bem devagar, Bella foi se acalmando com o carinho que a prima fazia nela e em pouco tempo seu choro cessou.

— Edward, já que está tudo resolvido e agora só nos resta esperar notícias, você pode ir embora – Bella levantou a cabeça que estava no colo de Rosalie – Sei que você tem muito o que tratar na empresa e não podemos tomar mais do seu tempo. 

— Acho melhor ficar - Edward falou suave – O que tenho a tratar não é mais importante do que a saúde do meu sócio e além do mais eu não vou deixar vocês duas sozinhas aqui. 

Ele queria saber de tudo o que estava acontecendo com Charlie e o melhor lugar para isto era ficar no hospital, com Bella e sua prima, esperando notícias.

— Não se preocupe em nos deixar, ligarei para meu primo e minha tia e eles virão nos fazer companhia – Bella voltou a falar tentando se livrar do homem e do seu olhar analítico – Você já ficou tempo demais aqui e os negócios te chamam. Muito obrigada pela ajuda, mas a sua presença aqui não é mais necessária.

Edward encarou Bella e deu um sorriso torto.

— Já disse que o que tenho a tratar na empresa não é importante. - ele falou firme. - Eu fico e fim de papo. Vocês podem precisar de mim e além do mais não é justo tirar o seu primo dos seus afazeres se eu já estou aqui e posso acompanhar vocês.

— Não, você vai agora! – Bella falou mais alto, já irritada com a presença de Edward.

Além do momento delicado que estava vivendo, ela ainda teria que ter Edward Cullen por perto? 

Tudo bem que ele tinha praticamente salvado a vida do seu pai, ao agir rápido quando do desmaio no escritório, mas ela agradeceria depois, quando estivesse mais calma.

— Bella... – Rose falou tentando salvar Edward do mau gênio da prima – O Sr. Cullen tem razão. Deixe-o aqui conosco, já que ele pode ficar sem que prejudique seus afazeres, não tem cabimento dispensá-lo e chamar Jasper.

— Rose, não... – Bella começou a falar, mas foi interrompida pela prima.

— Você fica Sr. Cullen – Rose sorriu para Edward e piscou o olho cúmplice.

Edward sorriu ao notar que tinha uma aliada em sua missão de domar Isabella.

Pelo visto, Rosalie o ajudaria no que fosse preciso.

Depois da pequena discussão, os três ficaram sentados e calados por um tempo, à espera de notícias, até que um dos médicos que atendeu Charlie saiu pela porta chamando por sua filha.

— Sou eu! – Bella levantou-se do sofá e puxando Rosalie, correu até o homem

— Eu gostaria de conversar com a senhorita, por favor me siga. – o homem abriu a porta de uma sala e entrou, sendo seguido com Rose e Bella.

— Espere Bella! – Edward falou também se levantando do sofá – Eu vou com vocês.

Bella virou-se para Edward e fez uma cara feia.

— Não Edward Cullen, você não vem conosco! – ela falou tentando fechar a porta, mas Edward colocou a mão – Agora o assunto é familiar e você não faz parte da família. Mais uma vez, obrigada por toda a ajuda, mas agora não te quero mais aqui. – ela empurrou a porta outra vez, sendo impedida pelo rapaz.

— Eu posso ajudar com mais algumas informações – ele falou olhando para o médico que já se encontrava sentado à mesa. – Eu presenciei os outros episódios de mal estar de Charlie na empresa e posso ter informações valiosas.

— Se ele tem informações, acho melhor ele ficar – o médico falou – Deixe-o entrar Srta. Swan.

Bella revirou os olhos, irritada e saiu da porta deixando que Edward entrasse na sala com um sorriso triunfante.

Porque todos estavam a favor de Edward Cullen e contra ela?

Assim que todos se sentaram em suas cadeiras, o médico começou a explicar a situação de Charlie e fez algumas perguntas a Bella e Edward sobre os hábitos dele e a carga de trabalho, sempre fazendo anotações do que era respondido.

— Como ele está doutor? - Bella já estava aflita pois o médico ainda não tinha falado sobre o estado de Charlie.

— Vou resumir para você – o médico olhou por cima dos óculos para as três figuras sentadas à sua frente – O Sr. Swan está bem por ora, mas ele tem um problema cardíaco grave e precisará, além de ficar uns dias em observação aqui no hospital, se cuidar diminuindo o ritmo de trabalho, tomando a medicação direitinho e fazendo uma dieta especial dentre outros cuidados. Por esta razão, conto com a colaboração de vocês em fiscalizá-lo e ajudá-lo neste novo desafio... Com tempo, eu converso direitinho com vocês e passo melhores orientações – o homem levantou-se da cadeira - Agora vamos vê-lo, mas por pouco tempo, pois ele precisa descansar.

Os três assentiram e o médico os levou para ver Charlie, que estava dormindo em um dos quartos do hospital.

Assim que adentrou o quarto, Bella correu para a cama do pai e segurou a sua mão.

— Que susto que o senhor nos deu, hein Charlie Swan? – Bella passou a mão livre no cabelo do pai – Nunca mais faça isto!

Edward ficou encantado com o que estava vendo. Bella acariciava os cabelos do pai enquanto murmurava algumas coisas no ouvido.

Ela podia ser carinhosa. A megerinha podia ser meiga.

Ele continuou observando o seu objeto de conquista, até que foi interrompido por uma mão em seu ombro.

— O que o senhor quer com a minha prima? – Rose se aproximou de Edward ao notar o olhar fixo que ele lançava para Bella. – Não a faça sofrer mais, por favor Sr. Cullen... Só se aproxime de Bella se seus sentimentos forem verdadeiros.

Virando-se para a garota, ele lançou seu melhor sorriso.

Ele tinha certeza de que era preciso conquistar a simpatia de Rosalie para que ela pudesse ajudá-lo a se aproximar de Isabella.

— Não se preocupe senhorita. Apenas quero conhecê-la melhor, se ela puder me dar esta oportunidade.

— Tem certeza? – Rose estreitou os olhos para ele – Por que, se o senhor ousar machucar a Bella... Eu nem sei o que posso fazer!

— Eu não quero o mal da sua prima, senhorita Rosalie... Minhas intenções com ela são verdadeiras.

Foi o que ele pôde responder naquele momento

E isto era, em partes, verdade.

Ele não queria o mal de Isabella Swan.



Os dias se passaram e Charlie continuou internado, em observação e fazendo uma bateria de exames. O seu estado de saúde era estável, mas para que pudesse receber alta, antes precisaria de mais um tempo tomando soro e medicamentos, além de ter sua função cardíaca monitorada.

Quando saiu da sedação, Charlie admitiu para Bella que já estava se sentindo mal a algum tempo, mas achando que não era nada demais, não se preocupou, levando um sermão tanto dos médicos como da filha.

Bella ficou com o pai por todo o tempo em que ele esteve internado, sempre recebendo a ajuda da tia e dos primos, que se revezavam nos cuidados com o Sr. Swan.

Edward, toda vez que saia da empresa ia visitar o sócio para saber do seu estado de saúde e também para observar Isabella um pouco mais.

Bella estava sendo educada com ele, sempre o recebendo bem e o informando da evolução do quadro de Charlie, mas não dando a ele a chance de se aproximar demais dela, para a tristeza do rapaz que queria aproveitar para conhecer um pouco mais da garota.

Neste período de intensa observação, ele notou que a relação de Isabella com o pai poderia esconder alguns mistérios que seriam importantes e que ele precisaria descobrir assim que fosse possível.



Após alguns dias a mais de internamento, Charlie recebeu alta, cheio de recomendações e restrições e seguiu para casa com uma Bella preocupada e disposta a fazer de tudo para que ele seguisse o que foi imposto pelos médicos.

Ao chegar em casa, Bella sentiu o pai diferente. Ele que sempre viveu só para ele, agora estava falante e interagia no meio da casa, cumprimentando os empregados e conversando mais com ela. 

Todo dia, quando Bella voltava das aulas, Charlie, que voltou a trabalhar no escritório que ele mantinha em casa, a chamava para perguntar sobre o seu dia e se mostrava interessado em tudo o que ela contava e até a obedecia quando ela o levava os remédios, tomando-os sem reclamar.

Bella tinha certeza que o medo que o pai tinha de morrer e a descoberta da doença tinha mudado o seu comportamento.

Charlie estava calmo e feliz como não tinha estado a muito tempo.

Desde da época que ele ainda tinha sua esposa em sua vida.



Após a alta do hospital, Edward não apareceu mais para visitar o sócio, apenas sabendo notícias por telefone, já que o homem ordenou que ele ficasse responsável por tudo da empresa em sua ausência.

Depois de algum tempo em casa, chegou a hora de Charlie Swan voltar ao trabalho, o que foi, em vez de um tormento, motivo de felicidade de Edward, uma vez que Bella passou a freqüentar a empresa para levar os remédios e o almoço do pai, além de monitorar qualquer travessura que ele tivesse fazendo.

Esta era mais uma chance que ele teria de fazer com que ela confiasse mais nele, mas sabendo que ela estava fragilizada com todos os últimos acontecimentos preferiu não forçar nada a mais do que o que ela o permitisse, então, toda vez que eles se encontravam, seja nos corredores da empresa ou na sala de Charlie, apenas trocavam algumas palavras sobre o único assunto que tinham em comum: A recuperação do executivo.

Agindo desta maneira respeitosa, Edward conseguiu chamar a atenção de Bella, que ficava cada vez mais confusa sobre ele e suas intenções com ela.

As únicas coisas que Bella sabia sobre Edward é que ele era sócio do seu pai e tinha fama de durão, sem emoção, além de apreciar muito ir para festas e andar rodeado de mulheres, conforme comprovava as várias fotografias que ela encontrou online. 

Às vezes, enquanto ela esperava a hora de ver Charlie, conversava com Jules, tentando ver se descobria mais algumas coisas sobre o rapaz, mas nem a secretária do seu pai, que trabalhava a tanto tempo com Edward, sabia muito sobre a sua vida. Não se sabia muito sobre sua família, se ele tinha irmãos, quem eram seus pais. A única coisa que Jules pôde informar é que, pelo menos em Londres, ele era sozinho. Nunca se ouviu falar em esposa, nunca se ouviu falar em ninguém mais próximo ao rapaz.

Ele era um enigma! Um daqueles bem difíceis de resolver.

Toda vez que Edward a observava, sempre tão misterioso, Bella se punha a pensar na questão que tanto a incomodava:

Por que Edward a escolheria, uma garota sem graça e sem experiências de vida, se ele podia ter a mulher que quiser?



Os dias se passaram e Charlie, alegando estar se sentindo recuperado, reassumiu de vez seu lugar na empresa que ele tanto amava, convocando reuniões extraordinárias com alguns acionistas, sempre após o expediente e para as quais Edward nunca era convidado a participar, sob o pretexto de se tratarem de assuntos de fora da empresa, o que o deixou muito desconfiado e intrigado.

Já nas reuniões em que todos participavam, muitas vezes, após resolvidas as questões da empresa, o assunto principal era Edward e sua maneira de gerir a sua carreira. 

Charlie fazia questão de, na frente dos acionistas e sob os sorrisinhos sarcásticos destes, dar broncas em Edward, dizendo que ele ainda tinha que se esforçar e aprender muito até que conseguisse se tornar um grande líder e executivo como todos aqueles que estavam na sala e que isso só iria acontecer no dia que ele fosse mais respeitável, focando no trabalho e se esquecendo as farras que gostava de fazer.

Edward ficava irado com os comentários maldosos do sócio, que sempre fazia questão de deixá-lo com fama de incompetente perante os outros acionistas.

Era preciso mudar esta imagem e ele precisava saber como.



Logo depois de mais uma reunião do conselho, onde todos os já conhecidos ataques contra a sua moral continuaram, Edward teve uma surpresa ao retornar à sua sala para pegar alguns pertences seus. 

Sentado em sua cadeira e remexendo em seus papéis distraidamente estava Charlie Swan.

— Boa tarde Sr. Swan – Edward fez uma careta – Ao que devo a ilustre visita?

Charlie levantou os olhos e deu um sorrisinho para o sócio.

— Não te vi o dia inteiro e como tinha um assunto urgente a tratar com você, resolvi vir te esperar aqui na sua sala.

Edward puxou uma das cadeiras que ficam em frente à sua mesa e sentou-se.

— Estou aqui para ouvir o que o senhor tem a me dizer. Já pode começar. - ele colocou os cotovelos sobre a mesa e fez uma cara entediada.

— O assunto é importante, porém rápido - Charlie se levantou da cadeira de Edward e andou pela sala – Sei que você deve estar preocupado com o nosso acordo, por causa dos últimos acontecimentos com a minha saúde - colocou uma das mãos no ombro do rapaz - Então achei que eu tinha o dever de te avisar que nada mudou e caso eu morra, está tudo documentado e o meu advogado avisado. – Charlie abriu um sorriso enorme – É só cumprir a sua parte no trato, casando-se com Isabella, que a presidência da empresa será sua.

Intrigado, Edward fez uma careta e levantou-se, seguindo Charlie.

Será que o velho estava com alguma doença grave e sabia que não tinha muito tempo de vida?

Ao notar a cara confusa que o jovem sócio fazia, Charlie soltou uma gargalhada sonora.

— Antes que você pergunte, Edward Cullen. Não, eu não estou com nenhuma doença grave e acho que vou morrer não cedo, mas como sou uma pessoa sempre prevenida, resolvi alertá-lo de como anda nosso acordo e das condições caso algo me aconteça.

— Então caso o senhor morra, a condição para que eu assuma a presidência da empresa continua a ser o meu casamento com Isabella? – a cabeça de Edward estava cada vez confusa.

Ele, definitivamente, não entendia o velho sócio que agora estava calado e o observando atentamente.

O casamento não seria para Charlie se livrar dele e de Isabella? Mas se ele morresse antes, qual seria o seu interesse?

Como Charlie não se pronunciou, Edward voltou a perguntar, tentando ver se conseguia alguma resposta que fizesse sentido.

— Por que o senhor quer que eu me case com Isabella? 

— Um dia você irá entender...- Charlie riu – Só não deixe que ela saiba da aposta, para o seu bem... Você não vai querer ver Isabella irritada.

Edward ficou pensativo por um momento.

Tinha alguma coisa muito errada naquela história toda.

— O senhor tem certeza que não está prestes a morrer? – Edward voltou a perguntar.

— Não Edward Cullen! – Charlie bufou – Que eu saiba, não irei morrer por agora, então a única maneira de você se livrar de mim é cumprindo o acordado e se casando com minha linda filha.

— Entendi... – Edward sorriu – Não se preocupe, Sr. Swan, tenho certeza que conseguirei cumprir o combinado. A sua Isabella é difícil, mas não impossível.

— Que bom que você acha isto... Te desejo boa sorte nesta sua nova empreitada – um meio sorriso surgiu – Tenha certeza de que eu irei sumir definitivamente da vida de vocês sem deixar rastro quando tudo se concretizar. Isto é o que mais desejo.

Dito isto, Charlie se retirou da sala de Edward sem ao menos olhar para a cara atônita que o sócio fazia.



Naquela mesma tarde, quando Bella foi fazer uma visita ao pai para checar se ele estava seguindo as recomendações médicas, ele a chamou para uma conversar.

— Filha, tome um lanche comigo – Charlie a convidou indo em direção à sala de reuniões onde o pessoal da copa tinha colocado algumas frutas, sucos e lanchinhos – Queria conversar um pouco com você.

Bella, feliz pelo pai estar mais aberto e aparentemente mais tranquilo, o seguiu e depois de se servir de um pouco de suco, sentou-se em uma das cadeiras.

— Bellinha... – ele a chamou pelo apelido de infância depois de muitos anos – Sei que não fui o melhor pai do mundo para você, mas acredite que eu tive os meus motivos para isto. – ele se aproximou de Bella que já estava com os olhos cheios de lágrimas e pegou as suas mãos – Mesmo que pareça e que você não acredite, eu te amo muito e nunca deixaria que nada de mal te acontecesse... E depois do que me aconteceu, estive pensando em seu futuro, caso eu falte a você... – Charlie deu um sorriso e beijou a bochecha cheia de lágrimas da filha – Não se preocupe que você não ficará desamparada. Já resolvi tudo e Bill já sabe como proceder caso algo aconteça.

— Algo te acontecer? - ela murmurou, meio perdida - Não… Não estou entendendo… - olhou firmemente para o rosto dele - Pai... me diga a verdade... O senhor está com alguma doença grave? Algo que eu não saiba? Por favor não me esconda isto...

— Não Bella... - Charlie a abraçou e acarinhou as costas da sua pequena, passando verdade em suas palavras – Não tem nada escondido... Mas aquele susto me fez pensar um pouco. -  ele falou calmo – Não quero que você fique perdida em minha falta... Saiba que Bill Moore estará sempre pronto para ajudá-la.

Assustada com o teor da conversa, Bella prendeu seus braços apertado  ao redor de Charlie e chorou sem parar agarrada em seu terno, como fazia como era criança e algo a aborrecia, voltando a se sentir a garotinha de 10 anos, amada e protegida que ela nunca mais foi.

— Se cuide pai, por favor... – Bella beijou a sua testa – Por que eu te amo... Eu não quero te perder...

— Eu também filha... Eu também te amo – sorriu e beijou a bochecha da filha outra vez – Eu te amo muito, Bella e quero que você nunca se esqueça disto… Nunca se esqueça, que apresar de tudo, acima de tudo, eu te amo muito.

E com estas palavras aparentemente doces, Charlie Swan deu prosseguimento a mais uma parte do  plano que tinha traçado para o futuro da filha e do sócio.

Algo grande e transformador estava por vir.

Algo que colocaria a vida de Edward Cullen e de Isabella Swan de ponta a cabeça.


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