The Bet - Nova versão escrita por Anandika


Capítulo 42
Inesperado




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Naquela tarde Bella estava um pouco aérea na sua aula de empreendedorismo. Enquanto a professora discursava sobre algum assunto chato, ela não ouvia nada e apenas desenhava figuras aleatórias em seu caderno. 

Pouco mais de duas semanas já haviam se passado desde a sua volta para casa, e na manhã daquele dia, Bill Moore havia lhe procurado para conversar sobre a possibilidade anteriormente levantada da maneira existente para que não fosse mais preciso que ficasse casada com Edward para poder ter direito à sua herança.

Apesar de temerosa em saber sobre o assunto, ela havia aceitado se encontrar com Bill Moore em um restaurante perto da faculdade e a conversa deles não durou mais do que meia hora, pois quando o advogado lhe contou sobre as possibilidades encontradas para anular o testamento e que também havia conversado com Edward naquela manhã e que o mesmo não lhe pareceu muito interessado no assunto, Bella, sentindo-se um pouco tonta e confusa, apenas disse ao senhor que conversaria com o marido e a partir do que fosse decidido entre eles, daria uma resposta definitiva.

Se livrar de uma vez daquele casamento... Se separar de Edward... Isto era o que ela mais queria no primeiro momento e foi a coisa que mais desejou quando soube do testamento de seu pai e também a poucos dias atrás, quando soube do acordo, mas agora...

Agora, definitivamente, não era o que queria...

Quanto mais ela pensava na possibilidade de viver longe de Edward, mais odiava esta ideia.

A cada dia que passava, as emoções e pensamentos dela se tornavam mais conflitantes. Cada vez mais, não imaginava a sua vida sem a presença de  Edward, mas como viver em paz se a confiança estava quebrada?

Em vez de amá-lo desesperadamente como ela o amava, o certo era odiá-lo e desprezá-lo por ter jogado com a sua vida, com o seu destino.

Não era certo querer ficar com ele... Não era racional!

Como também não era racional jogar a vida feliz que tinha construído para o alto por causa de um capricho, um assunto que, se ela quisesse,  poderia facilmente ser superado.

Aquela conversa com o advogado ainda martelava em sua cabeça e tentando se distrair, Bella resolveu prestar atenção às palavras ditas pela senhora à sua frente, mas estava difícil tendo a cabeça tão tumultuada.

Ela precisava tomar decisões importantes e sabia que não poderia adiar esse momento por muito mais tempo.

Estava pensando em conversar com o marido e falar sobre a proposta do Moore… Não poderia viver se escondendo para sempre e mais cedo ou mais tarde eles teriam que reorganizar suas vidas. 

Juntos ou separados, era preciso seguir em frente. 

Para ser sincera, nos últimos dias tinha tomado algumas resoluções quanto ao seu futuro e entre elas estava a que não queria a separação, mas também não queria voltar a ser como antes. 

Talvez tentar algo novo e ver como funcionaria… Recomeçar de alguma maneira que fosse boa para ambas as partes.

Estava certa de que queria ter o tempo restante determinado pelo testamento para ter plena certeza de que não se arrependeria das suas decisões.

Era a sua vida que estava em jogo, então teria que ser bastante cautelosa.

Estava decidido! Chamaria Edward para uma conversa séria e equilibrada e assim decidirem juntos o futuro da relação deles!

— Bellinha, você vai na festa da Jane hoje, não vai? – Marie chamou atenção da amiga, assim que a professora dispensou a turma.

Bella olhou o relógio e suspirou, fechou o caderno. 

Eram quase quatro horas da tarde. Como o tempo passou tão rápido?

— É hoje o aniversário dela? – sorriu para a ruivinha, que apenas assentiu – Onde ela vai comemorar?

— Vamos sair depois da última aula. – Marie continuou, sentando-se no braço da cadeira de Bella e dando seu maior sorriso – Estamos pensando em ir a um bar mexicano que inaugurou em Camden e gostariamos muito da sua presença, já que a Senhora - tocou o nariz da amiga - Depois que se casou com o maior gostosão de Londres quase nunca você nos dá a graça da sua presença em nossos encontros. O que você me diz, Isabella Cullen? - pulou da cadeira animada - Topa uma noite de diversão com suas amigas?



Sem precisar pensar muito, Bella resolveu aceitar o convite de Marie e sair para se divertir um pouco com as suas colegas de faculdade. A amiga tinha razão em dizer que ela andava distante desde o casamento e além do mais, estava precisando relaxar para esquecer um pouco dos seus problemas com o marido e principalmente as palavras de Bill Moore. 

Iria se distrair um pouco antes de começar a difícil tarefa de  reorganizar a sua vida e casamento.

— É claro que topo! – falou decidida - Preciso me distrair um pouco e estar na companhia de quem eu gosto é uma excelente distração.

— É assim que se fala, Bella! – Marie bateu palminhas com a concordância da amiga - Então só mais uma aulinha chata e depois a diversão!

Depois que o último professor liberou a turma, Bella e suas amigas seguiram animadas para o mais novo bar da cidade, e sentando-se em uma mesinha discreta no canto, deram início à comemoração planejada para aquele começo de noite. 

— Bella, hoje você não vai avisar em casa que vai chegar um pouco mais tarde? - Marie perguntou curiosa, pois desde que Bella tinha se casado, raramente ficava fora de casa até tarde e quando precisava chegar depois do horário habitual, por causa de algum trabalho da faculdade ou nas poucas reuniões de amigos que participava, ela sempre informava ao marido ou à governanta.

— Não... – Bella deu de ombros - Edward nunca chega cedo... E também não devo satisfação da minha vida a ele! – olhou desafiadora para a amiga.

— O que está acontecendo entre você e o Edward? – perguntou preocupada com o comportamento estranho que a amiga estava tendo nos últimos dias - Vocês brigaram?

— Eu não quero falar sobre isto, Marie... Hoje quero esquecer todos os meus problemas e apenas me divertir! – ela pegou uma dose de tequila e riu. –Vamos beber e comemorar esta noite linda! – levantou o copinho – Vamos brindar a nossa amiga Jane!

— Viva a Jane! – as amigas brindaram e viram os copinhos, bebendo todo o conteúdo.

Essa era a noite divertida que Bella estava precisando para acalmar seus pensamentos.



Enquanto Bella se esquecia do mundo e celebrava com as amigas, Edward seguia para casa, cansado.  Seus dias estavam sendo exaustivos por conta da carga de responsabilidade na empresa e do clima tenso em casa. Ele não vinha dormindo e nem se alimentando bem, pois estava muito preocupado por Bella estar tão arredia e magoada com ele por tanto tempo. 

E como se não bastasse tudo isto, para completar o seu tormento, naquela manhã o Sr. Moore havia o procurado e voltado a falar sobre alternativas de anular o testamento de Charlie e assim liberá-lo do casamento. 

A sua mente se manteve distante durante toda a conversa e ele só passou a prestar atenção na fala do Moore quando o nome de Bella foi mencionado. O advogado comunicou que conversaria com a moça o mais breve possível e que a partir da decisão dela, voltaria a contatá-lo para resolver as questões formais de um documento que precisaria ser redigido e assinado por eles.

Anular o testamento de Charlie... Algo que ele não desejava, mas que poderia ser a solução perfeita para que Bella pudesse se separar dele sem problemas e assim seguir a sua vida.

Já tinha convencido a si mesmo de que, se ela estivesse feliz, não se importava por sofrer… 

Se fosse da vontade dela, ele a liberaria de qualquer compromisso assumido.

Buscando encontrar a esposa e chamá-la para uma conversa franca sobre as alternativas apresentadas pelo advogado, Edward chegou em casa mais cedo e saiu por todo o apartamento procurando por ela, sem sucesso.

— Berna, você sabe onde está Bella? – ele encontrou a governanta na cozinha, dando as últimas instruções para o jantar – Já procurei por toda a casa e não a encontro.

— Ela saiu na hora do almoço dizendo que ia a uma reunião importante e ainda não chegou – Berna falou ao patrão fazendo uma careta – Ela não avisou onde está?

— Não, ela não me avisou...- ficou pensativo - Ela te disse com quem iria se encontrar?

— Com quem ela estava indo se encontrar não, mas me disse que tinha que ir até a faculdade e que não iria almoçar... – Berna tentou o acalmar – Vai ver ela está fazendo alguns daqueles trabalhos complicados que sempre faz para a faculdade.

— Vou ligar para ela então - pegou seu celular na pasta - Deve ter acontecido algo diferente já que ela nunca fica na rua até tarde sem nos avisar.

Preocupado com o sumiço de Bella, Edward discou os tão conhecidos números, mas a ligação acabou sendo direcionada para a caixa postal.

— O telefone está desligado… - ele murmurou, olhando o aparelho.

Milhões de pensamentos passaram pela cabeça do jovem e um em especial o fez tremer.

E se Bella estiver conversando com Bill Moore?

E se ela já soubesse que tinha uma maneira de se livrar dele para sempre?

Edward desabou no sofá da sala, derrotado.

Ela não podia deixá-lo... Ela não podia fazer isto...

— Alguma notícia da Dona Bella? – Berna se aproximou do patrão, que negou com a cabeça - Quer que eu tente ligar para ela?

— Por favor… - ele pediu - Pode ser que ela tenha bloqueado o meu número.

— Está dando a mensagem de caixa postal… - a governanta fez algumas tentativas, também frustradas - Ela pode ainda estar em aula - falou, esperançosa - Sempre que está em aula, ela desliga o telefone. 

— Pode ser isso… - Edward passou as mão no cabelo, meio nervoso - Vou tentar mais uma vez, em alguns minutos, para ver se consigo falar com ela.

— Não quer jantar por enquanto? O senhor não anda se alimentando bem…

— Não, Berna. Vou esperar Bella chegar – ele levantou a cabeça e mirou sua governanta - Deixe a mesa arrumada e se quiser, pode ir... Dispense os outros empregados também, por favor.

— Não quer que eu fique? - Berna ficou preocupada com o patrão - Posso dispensar o pessoal e te fazer companhia enquanto esperamos a  Dona Bella chegar.

— Não precisa, de verdade - Edward sabia que a presença de Bernadete só aumentaria sua ansiedade - Pode ir descansar. Você tem feito tanto por mim que não tenho nem como agradecer.

— Eu vou então, mas se o senhor precisar de alguma coisa, não hesite em me ligar. 

— Eu ligo sim Berna, pode ficar despreocupada – ele falou, fingindo um sorriso - Boa noite!

Assim que Edward ouviu a porta da saída se fechando, foi até a sua pequena adega e após se servir de uma dose de whisky, ligou o som baixo para começar a sua espera pela esposa. 

— Onde Bella se meteu? – sussurrou para ele mesmo, cansado, ao se sentar no sofá mais próximo da porta.

Depois de alguns minutos apreciando da música e da bebida, impaciente, tirou o paletó, arrancou a gravata, descalçou os sapatos e olhou o relógio. 

Oito horas da noite... Pelo visto, a sua espera seria longa.

Ele deitou com um braço descansando na testa e passou a pensar em Bella... 

Já não sabia mais o que fazer para reconquistar sua pequena. Já tinha tentado de tudo, contado toda a verdade, deixado-a em paz, como era da sua vontade, tentado conversar e ela continuava irredutível!

A esta altura, seu maior medo era perdê-la de vez. 

Nove horas da noite... Edward se levantou do sofá  e foi até a janela olhar o movimento da rua.

Será que Bella tinha ouvido a proposta do Moore?  

Será que, sabendo das alternativas, ela vai querer a separação? 

Se ela quiser se separar, ele acatará a sua vontade, mas não desistirá dela... 

Fará o que estiver ao seu alcance para tê-la de volta.

Cada vez mais desesperado, ele começou a imaginar onde Bella está...

Será que neste exato momento, ela estaria comemorando a sua vitória sobre ele? Será que ela estaria se divertindo com algum outro rapaz?

As dúvidas o atormentam, mas seu coração dizia que ela não faria estas coisas... Bella não era desse tipo de garota volúvel, mas mesmo assim imagens da sua esposa, feliz ao lado de outro rapaz não saiam da sua cabeça.

Dez horas da noite... O tempo estava passando arrastado, então ele ligou de novo para o celular. Caixa postal outra vez. Andou pela sala, tentou ver TV, até que, por fim, sentou-se na penumbra, apenas com uma luminária acesa. 

Onze horas da noite… Mais algumas doses de uísque e várias tentativas frustradas de falar com ela ao celular. 

Ele já estava desesperado.  Precisava tanto da sua Bella, a amava tanto...

Não iria suportar perder a sua esposa…

E então ele adormeceu um pouco, a cabeça apoiada no encosto do sofá. A última dose de uísque ainda em seu copo.



Bella se distraiu tanto com as amigas, contando histórias, bebendo tequila e sendo apenas uma jovem sem muitas preocupações, que esqueceu do tempo e acabou perdendo a hora de voltar para casa.

A bebida conseguiu entorpecer seu cérebro e ela pouco pensou no marido depois do terceiro copo de tequila. Após beberem bastante água e comerem um pouco a fim de curar os efeitos da bebedeira, as moças resolveram que era hora de ir para casa, então Bella pegou um táxi ainda se sentindo meio tonta.

Ela estava feliz por ter conseguido esquecer Edward e sua vida por um tempo, mas à caminho de casa lembrou-se dele e de todos os problemas que vinham juntos com a sua presença sempre marcante.

Ela olhou o relógio, mas não conseguiu distinguir que horas eram.

Será que ele já tinha chegado em casa ou ainda estava na sua amada empresa?

Isso pouco importava, pois não pretendia falar com ele naquela noite, então iria se trancar em seu quarto o quanto antes.

Ele provavelmente já sabia da sua conversa com Moore e gostaria de saber o que tinha decidido,  mas ainda não estava pronta para uma resposta definitiva, pois tinha bebido além da conta e não estava raciocinando direito para discutir de algo tão importante.

No dia seguinte, quando sua cabeça parasse de doer e ela estivesse bem, conversariam  e certamente chegariam a um consenso.

Ela olhou pela janela e suspirou. Nunca pensou em chegar a um ponto aquele. Beber para fazer seu coração parar de doer tanto.

Alheia à presença do marido em casa, ela abriu a porta com um ruído alto, fazendo com que Edward acordasse e  ficasse de pé no meio da sala parcialmente escura.

— Edward? – falou com a voz afetada, típica de quem tinha bebido ao notar uma pessoa imóvel à sua frente. – Eu não esperava que você estivesse em casa...

Ele a fitou por um momento, com um olhar analítico, os braços cruzados e uma cara de poucos amigos.

Assim como ele, Bella tinha bebido, disso tinha plena certeza.

— Posso saber onde você estava até uma hora dessas?  - a voz saiu como um rugido.

— Que horas são? - ela perguntou, soltando uma risadinha

— Quase meia noite, Bella! - Sua cabeça rodava um pouco, mas a raiva era maior. - Onde você se meteu até uma hora dessas?

— Meia noite? - se espantou - Hiiiiii... Tarde – riu ainda sentindo um pouco o efeito da bebida - Muiiiitooo tarde… Preciso ir dormir agora mesmo - ela chegou perto dele para provocá-lo - Boa noite, Edward Cullen…

— Onde você estava, Bella? Porque não atendeu o seu celular? – questionou em um tom de repreensão.

Ela estava o matando de preocupação.

Pegando o aparelho na bolsa, Bella percebeu que não havia ligado o celular depois que saiu da aula e mesmo que não atender o marido não tenha sido intencional, ela não se entregou.

Com a bebida, se sentia muito corajosa em desafiá-lo e testá-lo mais uma vez.

E além disso, era um pouco divertido vê-lo aborrecido e preocupado.

Daria um grande alívio àquele lindo homem no dia seguinte, mas por ora, queria provocá-lo um pouquinho mais.

— Acho que não é da sua conta onde eu estava… – fez um tom de deboche e deu mais alguns passos para perto dele - Você pensou que eu não iria voltar? – fez uma cara sarcástica – Eu não vou fugir de casa, Edward... 

— Não pensei que você fosse fugir, Bella... – tentou soar ameno para não brigar com ela naquele estado de embriaguês que estavam - Eu só estava preocupado, pois você nunca chega em casa muito tarde… Me diga onde você estava, por favor.

— Eu estava na festa de aniversário de uma colega de faculdade – Bella revirou os olhos como forma de provocação. – Satisfeito?

Então Bella estava com as amigas e não com o Moore?

Edward estava feliz por ela não ter ouvido as perigosas propostas do advogado, mas apesar do alívio momentâneo, ele se sentiu aborrecido por ela tê-lo deixado tão preocupado.

— Em uma festa? – Edward praticamente rosnou - Eu aqui desesperado, louco de preocupação e você estava se divertindo com suas amigas, Isabella? - se aproximou dela, dando um passo a frente – Você poderia ter avisado a mim ou a Berna que iria chegar tarde, como você sempre fez... Aliás, você deveria ter me chamado pra ir junto, afinal, para todos os efeitos, nós somos um casal.

— Até que se prove ao contrário, o nosso casamento é uma mera transação comercial com data marcada para terminar! – ela o lembrou  – Então nada de te levar para onde você não é bem vindo!

Era claro que desejava que Edward estivesse com ela em todos os momentos. Ele não lhe saía dos pensamentos e até quanto tentava bloqueá-lo na sua mente, era nele, no lindo homem que era seu marido que ela lembrava, mas ainda assim, mesmo desejando a sua presença mais do que tudo, ela continuou mentindo e provocando-o.

— E além do mais, a conversa com as minhas amigas estava tão boa que nem me lembrava da sua existência para que me importasse em te avisar a hora que chegaria em casa. – notando o olhar de Edward vidrado nela, completou com uma gargalhada.- Eu não me importo com você!

—Quer dizer que você não se importa comigo e nem lembrava da minha existência, Isabella? – cheio de ciúmes, a segurou pelos ombros - Pois eu vou te recordar de como estou presente em sua vida... 

Em um movimento rápido, Edward imobilizou a esposa, colando seus lábios nos dela por um instante.

Tinha que fazer com que Bella lembrasse a todo o momento a quem pertencia e ela, mais uma vez, quase sumcubiu a saudade enorme que sentia daquele contato.

Quase... Pois logo notou a besteira que estava fazendo e assim se desvencilhou dos braços fortes, correndo para longe dele.

— Me deixe em paz Edward! - passou a mão por seus lábios - Não encosta em mim!

Não iria mais se entregar a ele. Não iria repetir o seu grande erro!

Não! - para a surpresa de Bella, ele negou seu pedido e voltou  se aproximar - Eu não vou te deixar em paz enquanto você continuar a me ignorar… Você está me deixando doido com essa sua teimosia!

— Você já não conseguiu o que queria? Você já não é presidente da sua empresa que você ama tanto? Eu não represento o papel da esposinha perfeita para a sociedade? – irritada, mirou em seus olhos – Então o que você ainda quer de mim?

Naquele momento ela estava realmente tomada pelo ódio, pois pela primeira vez, não sentiu que suas vontades estavam sendo respeitadas. 

—Você ainda não sabe? - Edward balançou a cabeça  e com um meio sorriso nos lábios se aproximou ainda mais de Bella.

— Não, eu não sei. - o desafiou, com as mãos na cintura - Me diga então.

Então ele segurou o rosto dela e voltou a beijá-la, na tentativa de que ela se convencesse, de uma vez por todas, do quanto a queria para o resto da sua vida.

— Eu já te disse, sua teimosa... – ele passou os lábios para o ouvido dela e sussurrou pausadamente - Eu não quero a empresa, eu quero você! 

— Você não vai arruinar ainda mais a minha vida! - após deferir-lhe um forte tapa no rosto, Bella saiu correndo escada a cima – Saia de perto de mim Edward, eu te odeio!

E então o clima entre eles mudou… Olhando para Bella, incrédulo e com a mão no rosto, a raiva de Edward cresceu e ele perdeu a cabeça.

Desejo. Paixão. Ciúmes. Desespero. Medo...

Eram muitos sentimentos juntos!

Ele não queria brigar, mas era impossível.

Isabella era impossível!

Aquela mulher o enlouquecia!

Mas isto não ia ficar assim, não mesmo...

Ela iria aprender a não desafiá-lo nunca mais!

— Volte aqui agora! – ele a alcançou no alto da escada e tomado pela raiva pegou-a pelo braço, com força - Eu estou falando como você!

— Me solte, Edward! Eu não te quero nunca mais! - ela puxou seu braço das mãos fortes e tentou se afastar, mas ele voltou a segurá-la.

— Repete, Isabella... – passou as mãos para cintura e desesperado, pousou os lábios no pescoço macio e alvo da esposa – Repete que você não me quer... Minta para mim...

— Eu não te quero mais, Edward Cullen! – apesar de seu corpo dizer exatamente o contrário, ela gritou, se debatendo nos braços dele – Satisfeito?

 - Não lute contra mim simplesmente por lutar, Bella... - ele murmurou sensualmente, junto à sua boca - Não quando você me deseja tanto quanto eu te desejo.

E com um movimento rápido, levantou-a do chão e a jogou sobre seus ombros, fazendo com que as pernas balançassem enquanto, ela socava suas costas e gritava sem parar.

— Me coloque no chão agora, Edward!

Tomado pela bebida e sem pensar direito, ele mal ouvia os protestos gritados e os tapas que a esposa lhe dava. 

A única coisa que ele desejava era fechar o imenso vazio que sentia no peito. Um vazio que era causado pela falta que ele sentia daquela mulher que agora o agredia.

Ele precisava se perder nos braços da esposa, até toda a sua dor desaparecer.

Ainda com Bella nos braços, ele chutou a porta do quarto e a jogou na cama, parando sobre o corpo delicado e trêmulo.

— Agora você vai aprender a não me desprezar, minha doce e amada esposa – ela falou e feroz partiu para cima dela, beijando o seu pescoço, enquanto tentava desabotoar a camisa que ela vestia.

Enquanto se debatia e socava o peito de Edward sem parar, um flashback instantâneo da noite com James surge na mente de Bella. Seu subconsciente trouxe à tona todas as terríveis imagens do fatídico dia que visitou o primeiro namorado no quarto da faculdade e ele praticamente a estuprou.

Ela tinha consciência de que Edward não era um sórdido como o James, mas o trauma que trazia em sua vida e a semelhança das situações, fez com que ela fique desesperada.

Não aguentaria passar por uma situação parecida... Não com Edward...

Não com a pessoa que aprendeu a amar tanto.

 - Não faz isso, Edward... – Bella finalmente falou em um fio de voz, mas ele parecia não lhe dar ouvidos, pois continuou a descer em um caminho de beijos violentos por seu pescoço e ombros, as mãos subindo o seu vestido.

— Para, Edward, por favor... – tentou outra vez, usando toda a sua força para afastá-lo, mas ele conseguiu imobilizar suas mãos acima da sua cabeça. 

Aquele não era o Edward que ela conhecia... Não conseguia reconhecer nenhum traço do seu gentil marido naquele homem bruto que estava sobre seu corpo.

Edward estava fora de si e esta constatação fez com que o desespero de Bella crescesse.

— Me solta... – ela clamou uma última vez, com a voz engasgada pelo choro que não conseguia mais conter – Edward... Por favor...

Neste momento ele finalmente despertou e olhando a cara desesperada da esposa, se deu conta da atrocidade que está cometendo.

Ele estava praticamente violentando a sua Bella!

Estava sendo uma canalha como o ex-namorado dela.

— Me desculpa meu amor... Eu não queria fazer isto... – ele rolou para o lado, libertando Bella do seu peso - Eu perdi a cabeça... Me desculpa...

Olhando para o marido apavorada, Bella apenas apenas saiu da cama.

— Você é um monstro, Edward! Um monstro insensível! 

Ela gritou e então,  correndo sem parar, passou pelas portas do apartamento e desceu pelas escadas de incêndio do edifício, até alcançar a rua.

Precisava se livrar o mais rápido possível daquela pessoa horrível que Edward havia se transformado.

Precisava correr para bem longe daquele terror.

— Espera Bella! Me ouça por favor.. Eu te amo e só te quero de volta!

Edward se apressou para alcançá-la o quanto antes, também disparando pelas escadas, mas a cena que ele viu a seguir fez com que ele parasse estático por um momento.

Sem que pudesse fazer nada para evitar a tragédia, ele assistiu a sua Bella atravessar a rua rapidamente e um carro, depois de uma tentativa de frenagem frustrada, bater nela, a arremessando longe.

— Não, não, não, não! Bella! – colocando as mãos na cabeça, desesperado ele começou a correr - Meu Deus, o que foi que eu fiz? 

Várias pessoas se aglomeram em volta de Bella, o motorista parou o carro e vizinhos do seu edifício apareceram nas janelas, mas Edward só tinha olhos para a sua esposa no chão.

— Bella! – gritou outra vez, chegando até o lugar onde ela estava caída e se agachando ao seu lado – Bella, meu amor você está bem? 

— Ela se jogou na frente do carro... Não teve como parar antes... – o motorista tentou argumentar, olhando para o casal - Me deixe ajudar, eu sou médico.

— Não! Eu cuido dela! – Edward gritou, afastando o rapaz com um pequeno empurrão - Só chama uma ambulância, por favor...

Sentando no chão, ele a amparou nos braços, fazendo com que ela lhe lançasse um olhar sofredor.

— Edward... – choramingou, levando a mão até a testa, onde tinha um corte aberto – Está doendo tudo...

— Vai passar pequena... Vai passar... – aceitando um lenço de uma das pessoas que os observava, ele estancou o sangramento – Fica quietinha que o socorro já vem...

— Dói muito... dói... – ela tinha voz cada vez mais fraca, as lágrimas escorrendo pelo rosto – Eu não agüento...

Olhando os outros ferimentos e a expressão de dor da sua pequena, Edward tentou aninhá-la um pouco mais em seu colo, mas ela apenas gemeu baixinho e fechou os olhos.

— Bella, abra os olhos... Olha para mim, minha pequena! – gritou desesperado, colocando uma das mãos no rosto cada vez mais pálido da sua esposa.

Ele não podia perdê-la... Não podia!

 – Por favor, Bella... Fica comigo... Eu não queria fazer isto... – ele falava freneticamente enquanto alisava a bochecha – É tudo culpa minha! Me perdoa, meu amor... Eu te amo, minha Bella...

Ouvindo os apelos do marido, Bella abriu os olhos e o fitou, mas a cada segundo tudo se tornava mais sem forma para ela... 

Era como se as mãos de Edward não estivessem a segurando mais... Como se a sua voz estivesse distante... Como se os seus carinhos estivessem cessados... Como se um buraco escuro estivesse sugando-a para um lugar escuro e frio... 

Antes que fosse levada para longe dele, ela precisava dizer que o perdoava para ele não se sentisse culpado caso algo de ruim lhe acontecesse.

Reunindo suas últimas forças e com um sussurro, Bella verbalizou o que sentia.

— Edward, meu amor... Eu te perdoo... 

E estas foram suas últimas palavras, antes de desfalecer nos braços do marido e ser levada de vez pela escuridão.

 


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Notas finais do capítulo

E agora?
Cenas dos próximos capítulos!



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