The Bet - Nova versão escrita por Anandika


Capítulo 41
Tempo




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Após uma noite cheia de pesadelos e incertezas, regada pelo cheiro e pelas lembranças da sua Bella ainda muito vivas e presentes em sua mente e corpo, Edward acordou assustado no começo da manhã, sentando-se na cama e colocando a cabeça entre as mãos.

Os momentos de entrega e paixão vividos na noite passada haviam sidos maravilhosos, mas ele tinha que estar consciente de que tanto ele como Bella tinham agido por impulso, por saudades... Por falta um do outro. 

Eles apenas se entregaram aos seus desejos e nada mais do que isto...

Ele ainda não tinha o perdão da sua Bella... Ela ainda não havia o aceitado de volta.

A sua maior vontade era de ir ao quarto da esposa, e mais uma vez implorar pelo seu perdão, mas ele sabia que isto era impossível.

Bella tinha lhe pedido um tempo... Ela não queria vê-lo.

O que ele pôde fazer para amenizar a sua situação com a esposa estava feito. Toda a verdade estava contada. Ele havia se mostrado arrependido do acordo aceito e reafirmou que a amava.

Tinha sido o mais verdadeiro possível e agora era só esperar que o tempo fizesse o seu trabalho e que Bella pudesse enxergar que suas vidas estavam entrelaçadas para sempre e por esta razão eles não seriam mais felizes separados.

Cabisbaixo, seguiu até o banheiro e após uma rápida chuveirada e de colocar um terno qualquer, ele já se encontrava pronto para um dia atribulado na empresa.

Naquela manhã ele iria à mineradora, pois além de ter que resolver alguns assuntos pendentes, esta era a melhor maneira de ocupar a sua cabeça e assim conseguir deixar a esposa em paz, dando-lhe o tempo pedido.

Como tinham o aconselhado, ele precisava ter muita calma neste momento. Se ele queria reconquistar Bella, teria que ir no ritmo dela, sem forçar nenhuma situação, conseguindo o seu perdão e fazendo com que nenhuma mágoa ou dúvida assombrasse o novo relacionamento que seria construído.

Teria que agir com muita cautela.

Com a cabeça fervilhando, Edward desceu as escadas e se dirigiu à sala, encontrando a mesa de café da manhã posta e Berna o esperando.

— Vai sair sem comer mais uma vez? – a governanta se aproximou dele, com uma expressão preocupada – Assim o senhor vai acabar ficando doente!

—Nem se preocupe Berna... – ele sorriu um pouco, dirigindo-se à mesa – Desta vez, vou comer alguma coisa antes de sair, mas para isso preciso da sua companhia – sentou-se e apontou para a cadeira ao seu lado – Temos que conversar um pouco.

— O que aconteceu? – Berna sentou-se de uma vez – Algum problema?

— Bella voltou para casa... – falou simplesmente, fazendo com que a senhora fizesse uma cara espantada.

— Bella voltou para casa? – um sorriso brotou no rosto da senhora - isto é maravilhoso! Onde ela está?

— No seu antigo quarto. Bill Moore, o advogado da empresa, que era grande amigo do pai dela, conseguiu convencê-la a voltar e nós conversamos um pouco ontem... – falou, a desesperança em seu tom de voz -  Ela está em casa, mas não me perdoou E nem sei se vai me perdoar, Berna...

— O que vocês falaram ontem? – perguntou Berna – O que aconteceu?

Enquanto bebericava um pouco de café e comia das guloseimas preparadas pela sua adorada governanta, ele contou toda a conversa que teve com a esposa na noite anterior, falando da maneira magoada que ela reagiu e do pedido para que tivesse um tempo para pensar.

— Não fique triste assim – Berna tinha um tom maternal na voz - Apenas faça o que ela te pediu e deixe com que ela se acalme antes, assim tenho certeza que ela irá te perdoar...

— Assim eu espero, Berna... Assim espero... – Edward tomou um último gole do café e levantou-se - Vou ter que trabalhar, pois tenho muito o que resolver na empresa e ficar em casa não adiantará nada. Tome conta de Bella para mim, não deixe que ela se sinta sozinha, Berna...

— Eu vou tomar conta, não se preocupe com isso – a senhora sorriu e apertou as mãos do patrão entre as suas - Pode ir trabalhar em paz, por que a sua esposa estará bem sob a minha responsabilidade. Daqui a pouco eu levo o café da manhã dela e aproveito para conversar um pouco e quem sabe ela não me ouve?

— Obrigada Berna... Obrigada por ser sempre tão leal a mim. – Edward agradeceu com um sorriso de esperança no rosto.

Ele confiava que Berna conseguiria com que Bella ouvisse o que tinha a dizer e assim fosse mais uma valiosa ajuda na dura missão de reconquistá-la.




Sentada em sua cama, Bella estava perdida em pensamentos, enquanto rodava a aliança que havia recolocado no dedo a fim de manter as aparências de um casamento sem problemas.

Na noite anterior ela quase não dormiu, pois além do sentimento de culpa que carregava por não ter resistido à Edward, ainda foi tomada por lembranças conflitantes onde todos os bons momentos vividos com o marido voltaram-lhe à cabeça, mesclados com os momentos de  desilusão vivenciados nos últimos dias.

Seu coração mandava que ela perdoasse o marido e se entregasse a ele, mas sua razão mandava que ela resistisse aos seus impulsos até que tivesse absoluta certeza das intenções de Edward.

Ela queria acreditar em tudo o que o marido tinha lhe dito da noite passada, que ele a amava e tinha escondido toda a verdade para protegê-la... Ela queria lhe dar uma chance de tentar consertar os erros, mas seu lado racional dizia que não era para perdoá-lo tão cedo porque, mesmo que todas as palavras ditas fossem verdade, ainda assim ele havia agido errado com ela e deveria ser punido.

E se nada tivesse mudado para ele? E se ele não tivesse, como afirmava, passado a amá-la? 

Edward, com certeza, a faria sofrer muito mais do que estava sofrendo agora, então ela tinha que ser forte e não se deixar ser levada pelo coração.

Para piorar tudo, ainda tinha a questão levantada pelo Sr. Moore no dia anterior. A possibilidade que lhe foi apresentada de cancelar o casamento… 

Era para ela estar feliz por ter uma alternativa para seu tormento, mas a verdade era que estava angustiada e um pouco temerosa.

Como sua vida poderia ter se transformado naquela bagunça logo após os melhores dias da sua vida?

A sua cabeça não estava nada boa, então contrariando o plano anterior de ficar em casa por uns dias, naquela tarde voltaria às suas aulas e assim tentaria, pelo menos,  se distrair um pouco, pensar menos no que teria que decidir e enfrentar.

— Bella... Posso entrar?- Berna parou na porta do quarto, um pouco desconfiada e trazendo nas mãos uma bandeja – Trouxe seu café da manhã... E vim te ver um pouquinho, falar com você...

— Oi Berna... – um pouco surpresa com a visita, Bella virou-se para a porta e fitou a governanta - Pode entrar sim... Venha cá.

Entrando no quarto vagarosamente e colocando a bandeja na mesinha ao lado da cama e a serviu com uma xícara de chá. 

— Beba um pouco… É chá de hortelã, o seu favorito!

— Obrigada - Bella pegou a xícara nas mão da senhora e sorriu - Mas pode deixar que eu mesma me sirvo. Sente-se para conversarmos um pouco - ela pegou um pãozinho e deu uma mordida.

Berna sentou-se na poltrona em frente à Bella e a observou um pouco. Ela tinha uma expressão cansada no rosto, mas mesmo assim tinha um brilho diferente em seu olhar. 

Não era mais aquele olhar triste de quando ela e Edward se casaram, agora tinha mais vivacidade, mais maturidade.

— Se eu soubesse que aquela encomenda fosse causar tanto sofrimento para você e Seu Edward, eu teria colocado aquela mulher para correr e dado fim naquela caixa... – Bernadete olhou séria para a patroa - Eu me sinto culpada por ter te entregado aquilo!

— Nada do que aconteceu foi sua culpa Berna... – Bella falou com sinceridade, dando uma outra mordida no pãozinho - – Um dia eu teria que saber de tudo o que Edward aprontou com meu pai...  E se ele não teve coragem de me contar, tinha que ter consciência que um dia toda a verdade viria à tona. Alguém, mesmo sem querer, ia acabar falando alguma coisa a respeito, eu poderia achar o documento por acaso ou até uma louca me mandaria uma encomenda, como aconteceu!

Não queria que a sua amada governanta se sentisse culpada por algo que não estava ao alcance dela impedir.

— Sei que não é minha culpa diretamente, mas eu não gosto de vê-los sofrer tanto e queria ajudar... – ela olhou de soslaio - Eu não devia estar me intrometendo nos seus assuntos com o seu marido, mas gosto muito de vocês para apenas assistir a esta situação sem fazer nada...  Então queria te dizer umas coisas, Bella...

— Pode falar Berna... – Bella deu um sorrisinho confiante, colocando a xícara na mesinha - Não se preocupe que não vou achar que você está se intrometendo... Você tem liberdade para falar o que quiser comigo, pois além de tudo, somos amigas e eu confio muito em você.

Ela estava disposta a ouvir o que Berna, uma das pessoas que Edward mais considerava e confiava, tinha a lhe dizer sobre os últimos acontecimentos da sua vida e a de seu marido e assim colher mais informações para que pudesse tomar a decisão certa quanto ao futuro do seu casamento.

— Bella, apenas me ouça e reflita o que vou te dizer… – ela pegou as mãos da patroa com carinho –  Sei que muitas pessoas já devem ter te dito coisas parecidas e que a decisão de perdoá-lo ou não deve ser sua, mas eu nunca tinha visto Seu Edward do jeito que ele ficou nestes dias em você esteve fora. Ele estava em um estado de desespero que eu nunca pude imaginar que ele ficaria por qualquer outra pessoa se não a Dona Esme e a Alice. Ele não se alimentava direito, não se preocupava com o trabalho, passava o dia inteiro à espera das ligações da menina Alice para saber notícias suas e por fim, aceitou até a ajuda do advogado da empresa, de quem ele não gosta muito, para te trazer de volta para casa... - suspirou antes de voltar a falar - Tenho certeza que se ele não te contou nada antes foi apenas para te proteger... Ele não queria te fazer sofrer, Bella… 

Bella sentia o coração palpitar, pois apesar de ter sido informada pela prima e cunhada, além de ter visto com seus próprios olhos no dia anterior um pouco do sofrimento de Edward, não imaginava que ele estivesse ficado naquele estado tão devastado!

Então existia mesmo um sentimento?

Bella não falou nada e levantou o olhar para Berna

Ainda queria ouvir mais o que a senhora tinha a lhe dizer.

— Vocês fazem um casal tão lindo, ele gosta tanto de você, Bella... – Berna continuou, observando a expressão impassível da jovem - Eu fico triste com isto tudo acontecendo, vocês brigados... Não gosto de vê-los sofrer desta maneira. – ela sorriu um pouco - Eu vi este amor florescer em vocês... Mesmo que Seu Edward, no início, tenha me escondido o principal sobre este casamento repentino, eu sabia que vocês não passavam de completos estranhos quando se casaram. - os olhos dela brilharam com as lembranças - Mas com pouco tempo isso mudou e eu vi um milagre acontecer! – o sorriso cresceu - Eu assisti vocês se apaixonarem aos poucos... Vi vocês mudando por causa do amor que estava nascendo e isso foi muito real e poderoso! Eu passei a não reconhecer o meu patrão… Ele sempre foi muito fechado e quase nunca sorria, mas ele mudou com a sua chegada… Ele ficou feliz!– Berna apertou a mão de Bella - Sei que é difícil para você, mas tente perdoar seu marido, faça um esforço... Faça com que eu veja o milagre acontecer outra vez, Bella… Vocês merecem ser felizes!

Bella sorriu para a governanta e a abraçou carinhosamente. Era bom saber que poderia sempre contar com o valioso apoio da sua adorada e sempre sábia Berna.

— Obrigada por suas palavras, Berna... – ela sussurrou grata - Quem sabe um dia tudo possa voltar a ser como antes para mim e para Edward? Quem sabe daqui a um tempo eu possa voltar a amá-lo como antes? Quem sabe? – desfez o abraço e olhou para a senhora - Mas entenda que agora eu preciso de um tempo... Eu preciso pensar em tudo o que aconteceu e principalmente encontrar uma maneira de não me magoar ainda mais com a traição...

No fundo, mesmo com raiva e magoada com o marido, Bella queria de volta a vida tranqüila e feliz que levava com ele.

Eu vou esperar… - Berna respondeu - Tenho certeza de que vocês vão voltar a se entender!



Uma semana se passou desde que, com muita ajuda, ele tinha conseguido levar Bella de volta para casa e o seu sofrimento e angústia em nada haviam diminuído, pois a sua esposa continuava irredutível em não querer nenhum tipo de conversa e contato com ele.

Edward não mais se arrumava com o capricho de antes para o trabalho, vestindo-se de qualquer jeito, deixando a barba crescer e o cabelo, que outrora era milimetricamente arrumado, agora se encontrava um pouco bagunçado, refletindo o seu estado mental. 

Algumas vezes, quando sua atribulada agenda permitiu, saiu mais tarde do que o habitual para trabalhar esperando que, como um milagre, Bella desistisse de ignorá-lo e viesse conversar.

No dia seguinte à volta de Bella para casa, o Sr. Moore conversou sobre a alternativa levantada para Bella, tentativa de convencê-la a voltar para casa, de uma maneira de reverterem o testamento de Charlie Swan e assim os libertar da obrigação de manter o casamento até o final. Ao ter ciência dessa possibilidade, Edward se desesperou, mas o senhor garantiu que não haviam motivos para se preocupar, pois além de ter sido uma jogada dele para testar os sentimentos de Bella, ainda não era uma certeza de que seria possível tal manobra.

Com tudo o que tinha ouvido naquela tarde, o advogado acreditava em uma rápida reconciliação do casal.

Sua mãe também havia telefonado e muito preocupada com ele, falou que Alice e Rosalie haviam ligado para ela e contado tudo o que tinha acontecido entre ele e a esposa, alertando-a sobre as circunstâncias do casamento, o motivo da briga e como eles dois estavam sofrendo com isto tudo. 

Edward ficou apavorado com a reação da mãe às verdades sobre seu casamento, mas Esme, muito tranqüila, apenas lhe disse que não importava mais como a história deles tinha começado e o que era essencial agora era reaproximá-los e assim dá-los a chance de continuar a linda jornada de descobertas, aprendizado e amor que eles haviam iniciado, deixando Edward mais do que aliviado por não ter mais que esconder aquele segredo da sua mãe.

Depois de mais uma conversa franca com Jasper Hale, onde eles falaram abertamente sobre o fatídico acordo, conseguindo o valioso apoio do assessor na tentativa de reconquistar a sua esposa, Edward se sentiu à vontade para falar sobre seus planos para o futuro e assim comunicar que a partir daquele dia o jovem rapaz teria que se empenhar ainda mais nas suas funções e também passaria a assumir algumas novas atribuições, pois o executivo o estava preparando para que fosse capaz de substituí-lo em qualquer situação dentro da empresa.

O plano de Edward era fazer de Jasper seu substituto perfeito, para que pudesse delegar algumas das suas funções e assim ter mais tempo para se dedicar a Bella.

Ele precisava ter mais tempo livre, para assim viver muito do que não tinha conseguido nos últimos anos, por ter sido, assim como Bella, alçado a grandes responsabilidades e dores com a perda precoce de seus pais.

Tinham passado maus bocados muito jovens e agora, com a estabilidade, mereciam viver como dois grandes bobos perdidamente apaixonados.

Queria oferecer a Bella o que ela desejasse. A sua presença e apoio incondicional, viajar sem ter data para voltar para casa. Passar um dia preguiçoso só assistindo TV ou à beira da piscina, conversando. 

Queria encher as suas vidas de alegria e recordações felizes!



Mais alguns dias tinham se passado e sentada em um dos sofás do seu ateliê e ouvindo música clássica, Bella se sentia cada dia mais sensível e chorosa toda vez que pensava na tortura que havia se tornado a sua vida naqueles últimos dias.

Será que ela nunca iria conseguir se livrar de Edward e dos seus sentimentos por ele?

Será que os seus relacionamentos amorosos estavam fadados a serem sempre mentirosos, enganadores e dolorosos?

Ela seria para sempre infeliz?

Edward... Seu coração palpitava apenas em ouvir o seu nome...

Ela amava Edward, disso tinha certeza, mas era muito difícil conviver ao mesmo tempo com este sentimento tão nobre e com a desconfiança.

Ela ainda precisava de tempo... Um tempo para fazer com que seu coração se acalmasse.

Um tempo para ela deliberar todos os acontecimentos e assim poder voltar a ser a Bella de Edward.

A Bella, livre, feliz e apaixonada que foi um dia.

Para ela, não bastava que ele reafirmasse que a amava a cada palavra. Ela precisava de uma prova concreta desse amor.

Ela precisava que Edward desse, em suas ações e gestos, uma nova prova de que ela podia confiar nele sem medo e assim fazer com que ela esquecesse todo o passado.

O testamento do seu pai e a exigência de um casamento por conveniência. Os maus momentos com a descoberta do acordo feito e sua infelicidade com isto

E assim, quem sabe, eles poderiam recomeçar e construir uma nova vida, desta vez baseada na verdade e sinceridade.

Nos últimos dias, observou o marido a uma distância segura e o vendo sofrer tanto quanto ela, Bella passava seus dias evitando estar no mesmo recinto que ele. Para ela era doloroso ter de resistir às caras arrasadas e aos resmungos baixinhos que Edward lhe lançava nas poucas vezes que se encontravam por acaso pela casa e mais ainda, era muito difícil ter que resistir a grande atração que ele exercia sobre ela.

Passou algum tempo na casa da tia, procurava sair e voltar para casa em um horário que não corresse o risco de encontrar o marido, no último final de semana ao litoral em companhia de Rose e Alice. Fez de tudo para blindar seu coração, pois se continuassem a conviver como antigamente, não demoraria para que sucumbisse às suas vontades e o reivindicasse de volta.

Seu coração queria Edward para sempre, sua razão mandava ela sair daquele casamento antes que se machucasse ainda mais.

As famílias tentavam não interferir diretamente na situação do casal, mas a cada encontro de Bella com sua prima, com sua tia, sua cunhada e até com seu primo, a única coisa que ela ouvia eram pedidos para que ela reconsiderasse tudo o que havia ocorrido e desse uma nova chance ao marido., o que ela ouvia atentamente, mas sempre respondia que ainda não era tempo de perdoar. 

Para que tivessem a vida que ela sonhava para si era preciso confiar nele incondicionalmente mais uma vez, o que ainda não conseguia fazer.

Concentrando-se na melodia que ecoava pela sala, Bella buscou tirar Edward dos seus pensamentos, mas o rosto arrasado dele voltava à sua mente a cada segundo... A todo tempo ela relembrava os apelos mudos daqueles olhos verdes e misteriosos.

Como ela podia, ao mesmo tempo, amá-lo e odiá-lo daquela maneira tão intensa?

Como ela podia querer tanto estar em seus braços e esquecer de tudo depois de ter sido enganada, ter sido iludida com uma vida que não era a dela?

Seria um grande erro ceder de uma vez e acabar logo com aquele tormento?

Ela estava quase enlouquecendo!

Edward estava lhe tirando o seu juízo!




Quando chegou em casa naquela noite, Edward resolveu passar um tempo na beira da piscina para pensar um pouco na vida e desestressar do dia atribulado que teve na empresa, mas ao subir ao último andar do seu apartamento ouviu uma música suave vinda do ateliê da sua esposa.

Seria possível que ela ainda não estivesse trancada em seu quarto como de costume nos últimos dias?

Ele estava cumprindo o que Bella havia lhe pedido. Estava dando o tempo que ela disse necessitar, ficando o mais distante possível e evitando confrontá-la, mas como Bella só vivia se escondendo dele, não podia perder esta oportunidade de estar junto a ela, de tentar fazer com que ela o ouvisse!

Entreabrindo a porta da sala, encontrou a esposa recostada no sofá com os olhos fechados, parecendo deleitada com a doce melodia que preenchia o recinto e esta era uma visão linda!

Sem tirar os olhos de Bella e ainda em silêncio, ele deu alguns passos e postou-se diante dela.

Ele queria tentar, mais uma vez, convencê-la das suas boas intenções. Precisava fazer com que ela acreditasse nele.

— Edward, o que você faz aqui? – Bella perguntou ao abrir os olhos e ver o marido parado à sua frente, com uma expressão enigmática.

— Shiiii... Me deixe falar por favor, Bella. – ele se aproximou, ajoelhando na frente dela, assim que ela se sentou - Eu estou te dando o tempo que você me pediu, mas preciso te dizer umas coisas... – deu um meio sorriso -Você me ouve só um pouquinho?

Impressionada com a imagem triste do marido, Bella piscou os olhos e assentiu, balançando a cabeça de leve.

Ela não tinha como negar aquele pedido.

— Eu sei que está sendo difícil para você passar por tudo isto. Eu sei que é complicado confiar em alguém que te escondeu coisas tão importantes, mas acredite em mim, meu amor... – ele continuou, fitando os olhos confusos da esposa com intensidade – Eu fiz isto pensando em seu bem... Eu não queria que você sofresse por causa de uma coisa que, para mim, não tinha mais importância e agora vejo como fui errado. Mesmo com todas as mudanças que ocorreram em nossas vidas desde a revelação daquele testamento, mesmo que nossos sentimentos tenham mudado e que o nosso casamento tenha se tornado algo bom e não o tormento que imaginávamos que seria, eu devia ter te contado sobre o acerto que eu fiz com seu pai. Eu não devia de certa forma, ter te enganado e ter permitido que você passasse por todo este sofrimento.

Edward passou os dedos pela bochecha da esposa, que entorpecida apenas fechou os olhos por um momento e aproveitou do carinho.

Mais uma vez, ela sentiu todo seu corpo se arrepiar ao toque dele.

— Bella, eu tenho consciência de que fui um canalha com você, mas preciso que você me dê mais um voto de confiança e uma chance de te mostrar o quanto eu te amo e te quero feliz  – ele sorriu leve ao vê-la relaxando - Eu não estou bem, você não está bem... Vamos tentar fazer diferente, dessa vez... Você escolhe a melhor forma para recomeçar, mas me dê uma chance e voltarmos a viver em paz… 

Ela também queria viver em paz. Queria ser feliz, mas não confiava mais em Edward como antes.

— Edward, se você me ama mesmo, deixe que a ferida se cure e quem sabe assim nós possamos chegar a uma situação nova? – fez seu melhor tom de voz frio, apesar de estar fervilhando por dentro – Eu fiz o que você me pediu e ouvi o que você tinha a me dizer, mas ainda não posso te responder nada... Ainda está tudo muito recente e dói muito. Eu não estou pronta para tomar essa decisão – resolveu ser sincera - Agora você poderia voltar a me deixar sozinha?

Odiava ser fria com Edward... Odiava ter que agir racionalmente quando seu coração mandava que ela esquecesse tudo e o aceitasse de volta.

Odiava mais ainda vê-lo naquele estado de tristeza, mas era preciso fazer isto.

Ele precisava provar do seu próprio veneno.

Cabisbaixo, ele se levantou e caminhou até a porta.

Faria, mais uma vez, a vontade dela, mas antes precisava lhe dizer mais algumas palavras.

— Bella, saiba que eu não vou desistir de você tão fácil... Não sem lutar, não sem tentar... Eu vou lutar todos os dias e com toda a minha força para te ter de volta... Para ter a nossa vida feliz de volta. Eu não vou jogar para o alto a única chance que o destino me deu de ser feliz! - prometeu a ela e também a si mesmo.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo.
No próximo teremos Bella tomando decisões e um fato inesperado.



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