Depois do momento que Bella desmaiou em seus braços, tudo começou a acontecer como em câmera lenta para Edward. 

Rostos curiosos os observando, as vozes ao longe, o barulho da sirene da ambulância, mãos tirando Bella do seu colo e a colocando em uma maca, o bipe dos aparelhos médicos soando sem parar, pessoas vestindo branco examinando sua esposa, murmúrios baixos e preocupados... Seus olhos observando cada detalhe.

Depois da chegada ao hospital,  uma correria, a maca passando rápido pelo corredor, mais pessoas de branco os cercando e falando rápido... Sua Bella sendo levada para longe.

Uma mão em seu ombro, perguntas feitas por alguém de rosto simpático, algumas informações e papéis assinados, passos incertos por um longo corredor... O silêncio de uma sala de espera fria e impessoal.

Ele estava vivendo momentos de terror!

Sentado em uma cadeira no canto da grande sala de espera em que foi colocado, Edward era a visão do desespero. 

Seu cabelo bagunçado, roupas manchadas de sangue, pés descalços... O olhar fixo no nada, os pensamentos perdidos...

Ele abaixou a cabeça entre as mãos. Só lhe restava esperar por notícias...

Bella... Bella estava ferida por sua causa…

Funcionários do hospital passavam a todo tempo para um lado e para o outro, mais pessoas chegavam à sala, mas ele mal notava a movimentação, perdido em pensamentos e lembranças. 

As últimas duas horas se repetiam em sua mente sem parar e ele pedia a Deus que não deixasse nada de ruim acontecer a sua esposa.

Preferiria morrer do que saber que a sua esposa teria alguma sequela daquele acidente. 

Suspirou alto e fechou os olhos.

Aquele era um dos piores dias da sua vida!

Depois de mais um tempo no mais absoluto silêncio, Edward ouviu vozes conhecidas e virando-se em direção à porta pôde ver Rosalie e Elizabeth acompanhada de uma pessoa de branco.

Um apoio... Era disto que precisava para não enlouquecer de vez!

— Edward!- a senhora se aproximou com uma expressão preocupada no rosto - Recebemos uma ligação da assistente social do hospital a poucos minutos e viemos o mais rápido possível... – continuou, colocando a mão no ombro dele - Está tudo bem com você?

— Foi a Bella! Ela está desacordada! – ele mirou o rosto preocupado de Elizabeth Hale - Nós brigamos, ela saiu correndo pela rua e  se acidentou!

— Se acalme, meu filho… Vai ficar tudo bem… -  Beth sentou-se ao lado de Edward e apertou a sua mão - A Srta. Amelie, nos contou um pouco sobre o acidente de Bella e pediu para que viéssemos te apoiar e para que trouxéssemos uma roupa limpa para você. O Jasper e a Alice foram até a sua casa pegar seus pertences e os documentos da Bella para que terminem o cadastro, mas logo estarão aqui.

— Dona Beth, a culpa foi minha... Toda minha! – ele desabou a chorar, o sentimento de culpa e o medo eram muito grandes – Eu sou o único culpado por Bella estar aqui nessa condição! Foi por minha causa que ela saiu correndo! Eu fui um animal com ela… Ela teve medo de mim…

— Não foi sua culpa, Edward. Foi uma fatalidade… – Rose disse, o apoiando – Poderia ter acontecido com qualquer um de nós. Foi só um desentendimento…

— Não Rose! – Edward falou mais alto, colocando as mãos na cabeça - Foi por minha culpa que Bella atravessou a rua sem ao menos olhar! Eu tinha bebido e perdi o controle com ela! Eu quase a violentei! 

— Tente se acalmar, Edward... Ficar assim não vai adiantar nada – Elizabeth deu-lhe deu um caloroso abraço – Tenha fé em Deus que tudo dará certo. Bella ficará bem.

— E se ela não ficar? - ele continuou - E se Bella tiver alguma coisa mais séria? A culpa será toda minha! 

— Ela vai ficar bem, tenho certeza disso – Rosalie afirmou, amena -  A moça que conversou conosco disse que ela está estável e que aparentemente não há danos graves... Tenho certeza que logo ela estará em casa e vocês poderão conversar direitinho para acertar tudo o que estiver errado. Você confia em mim?

Edward apenas assentiu.

— Então, fique calmo e vamos esperar as notícias que logo virão. O que aconteceu entre você e Bella mais cedo não os interessa, vamos focar nossas atenções em sua recuperação.

Ficaram um tempo calados por um tempo, sentados lado a lado e observando a movimentação, até que pouco depois Alice chegou, correndo em direção ao irmão, sentando-se em seu colo.

— Alice… 

Ele tentou falar, mas a irmã o calou, passando os braços em seu pescoço e sussurrando em seu ouvido calmamente.

— Não fale nada… Só me abrace forte… Tudo vai ficar bem.

— Já entreguei os documentos necessários na recepção - Jasper chegou logo depois - Me informaram que Bella estava estável e  que em breve o médico responsável pelo atendimento virá falar conosco. Edward… - entregou a sacola que trazia em mãos - A Alice escolheu uma roupa para você.

— Então vá se trocar enquanto esperamos notícias - a baixinha soltou o irmão - Tenho certeza de que Bella não vai gostar  nada de te ver assim quando acordar.

— Eu vou... – ele fungou, levantando da cadeira e colocando a irmã de volta no lugar - Mas se vocês tiverem alguma notícia, me chamem.

— Não se preocupe... – Alice piscou para ele - Agora vá trocar essas roupas sujas e ficar bem bonito para a sua esposa.

Ainda soluçando, Edward seguiu para o banheiro e após colocar as roupas limpas, voltou a sentar-se em silêncio. 

Os minutos passaram sem nenhuma nova informação e Edward apenas sentia as mãos acalentadoras de Alice em suas costas, ouvia as palavras doces de Rosalie e Elizabeth, sentia o olhar piedoso de Jasper.

Parecia que ele estava entorpecido. Cansado, fechou os olhos e deitou a cabeça no colo da sua baixinha.

— Tudo dará certo meu irmão, tenha calma… – Alice acariciou o cabelo do irmão e lhe deu um beijo no topo da cabeça. – Eu sei que Bella vai ficar bem.

Mais alguns minutos se passaram e as cenas ocorridas mais cedo não paravam de se repetir na cabeça de Edward. 

Bella o desafiando quando chegou em casa um pouco bêbada... A discussão acalorada que tiveram... Ele perdendo a cabeça e a atacando... Ela correndo escada abaixo e  para fora do prédio... O carro a atingindo... Bella desfalecendo em seus braços...

Era tudo culpa dele. Todos podiam lhe dizer que não, que foi uma fatalidade, mas ele sabia que a sua Bella estava neste hospital por sua causa!

Lágrimas voltaram aos seus olhos, mas ele tinha que ter fé que tudo daria certo.

Ele tinha que acreditar que a sua Bella ficaria bem.

— Boa noite, sou o Dr. Halls e estou cuidando de Isabella Cullen – um simpático senhor saiu de uma porta lateral e se apresentou – Gostaria de conversar com o marido dela.

— Sou eu, doutor! – Edward levantou a cabeça e sentou-se  direito na cadeira – Eu sou Edward Cullen, marido de Isabella.

— Boa noite, Sr. Cullen. - o médico o cumprimentou - Venha até meu consultório, por favor.

— Alguma nova notícia, Doutor? – Elizabeth perguntou, também levantando-se – Sou Elizabeth Hale, tia de Isabella. Como está a minha sobrinha?

— Sim, tenho boas notícias... Está tudo bem com a Sra. Cullen e ela está fora de perigo. Já a estabilizamos e os principais exames foram feitos, mas preciso conversar sobre o tratamento que faremos e transmitir algumas orientações para o período de internamento – O médico falou simpático – Pode me acompanhar ao meu consultório, Sr. Cullen?

Edward olhou para cada rosto que o observava e os viu assentir

— Por favor, Dona Beth, venha comigo - Edward pediu e a senhora o acompanhou.

— Tenha fé Edward. Tudo dará certo – Alice apertou a mão do irmão com força – Vá conversar com o médico e nos traga boas novas.

Temeroso Edward seguiu o médico até a sua sala.

— O que aconteceu, Dr. Halls? – Edward falou desesperado assim que a porta se fechou atrás dele - Pode me contar a verdade, eu aguento! Aconteceu algo grave com a minha Bella?

— Sentem-se Sr. Cullen e Sra. Hale – o médico sentou-se em sua cadeira e apontou para as poltronas em frente à sua mesa - Não se preocupe, pois a sua esposa está bem. Ela já foi minuciosamente examinada e nada de mais grave foi constatado. Ela tem apenas uma fratura na perna direita e algumas escoriações pelo corpo, mas já está medicada e segue em observação. Como ela teve uma pancada na cabeça, apesar do exame não mostrar alterações, teremos que monitorar por um tempo, O impacto com o veículo não foi muito forte e acredito que em poucos dias ela poderá voltar para casa. – sorriu, pegando uns papéis no prontuário de Bella  – E também gostaria de comunicar que está tudo bem com a gestação da Sra. Cullen. O bebê de vocês nada sofreu.

— Bebê? Gestação? - em choque, ele olhou do médico para Elizabeth - Bella está grávida? Ela não tinha me dito nada… A senhora sabia?

— Não… - ela pegou a mão do rapaz com força, tamanho a sua surpresa - Eu não sabia de nada.

— Então essa notícia é uma novidade para a família? – O médico sentiu-se feliz em poder dar aquela boa nova em meio a tanta apreensão - Foram feitos alguns exames de rotina e a poucos minutos recebi o resultado que confirmou a gestação – ele entregou um envelope a Edward - Isabella Cullen está de aproximadamente 4 semanas, o que, posso afirmar, é muito cedo para que ela soubesse sem uma investigação detalhada. 

— Um bebê... – ele murmurou, analisando o papel com calma - E o meu filho? Meu filho está realmente bem, Doutor?

— Seu filho está ótimo! Todos os procedimentos que pudemos fazer para monitorá-lo foram feitos e por sorte nada de anormal foi encontrado – sorriu feliz - O bebê nada sofreu com o acidente da mãe e está evoluindo de maneira satisfatória para o tempo de gestação - o médico apontou para um pontinho no exame de ultrassom - Não há mais o que temer e agora é só a Sra. Cullen se recuperar e vocês curtirem esse bebezinho que vem por aí.

—Um bebê! - a senhora exclamou emocionada -Que notícia maravilhosa, Edward! A Bella vai ficar tão feliz quando souber que será mãe! 

Ainda com as vozes do médico e Elizabeth ecoando em sua mente, Edward se deu conta da sua doce realidade. 

Bella está trazendo ao mundo um pedacinho dele e dela!

A prova concreta de tudo o que viveram e do amor que compartilharam.

Eles teriam um bebê!

Um lindo bebê!

— Eu vou ser pai... Nós vamos ter um filho! – os olhos de Edward marejaram - Doutor, Dona Beth, eu não gostaria que esta novidade fosse anunciada antes que a minha esposa acordasse e eu pudesse conversar com ela.

Ele queria dividir este momento especial com Bella antes de contar a novidade à família.

Ela merecia saber antes de todos e Elizabeth apenas assentiu, com o maior sorriso possível.

— Se o senhor desejar assim, comunicarei à equipe que não façam comentários sobre a gestação da Sra. Cullen em seus atendimentos – pegou alguns papéis que estavam sobre a mesa e levantou-se - Esta noite ela ainda ficará em observação na unidade intensiva, mas acredito que no começo da tarde já esteja estável o suficiente para que possamos acomodá-la em um apartamento individual, então algum familiar terá que acompanhá-la pelo período de internamento. Por hora, vocês devem ir para casa descansar, pois a Sra. Cullen ficará bem assistida por nossa equipe. 

— Eu não posso ficar, Doutor? - Edward perguntou, sem querer se separar da esposa -Posso permanecer aqui na recepção, pois se houver alguma mudança já estarei perto.

— Não, Sr. Cullen. O senhor deve descansar. Não há mais nada que o senhor possa fazer aqui até que a sua esposa receba alta da unidade intensiva.

— A partir da alta, nossa família fará um revezamento para acompanhar a Bella  - Elizabeth anunciou - E este rapaz irá mesmo descansar para estar bem disposto quando a esposa acordar.

— Ótimo! Em alguns minutos voltarei para que vocês e seus familiares possam vê-la  – parando ao lado de Edward, apertou a sua mão – Parabéns pelo bebê que virá, Sr. Cullen - virou-se para Elizabeth - Um prazer conhecê-la, a Sra. Hale.

— Obrigada por tudo, doutor… – Edward murmurou e assim que o médico saiu da sala, lágrimas de felicidade e alívio correram por seu rosto - Deus, que alívio!

— Está tudo bem, filho…. - Elizabeth abraçou Edward e chorou com ele - Está tudo bem!

Ele se sentia aliviado, pois além de ter a certeza de que a sua Bella estava bem e logo voltaria para casa, tinha acabado de receber a melhor notícia da sua vida:  Ele vai ser pai!

Apesar do momento tenso e das incertezas que rondam a sua vida, Edward se sentia exultante! 

Dentro de alguns meses, ele e Bella terão um lindo bebê para alegrar ainda mais as suas vidas e para que a felicidade seja ainda mais plena, só seria preciso que a sua preciosa esposa o perdoasse.

Pouco depois, o Dr. Halls retornou com a autorização para que pudessem ver Bella, que estava em um dos leitos da unidade intensiva, com vários aparelhos monitorando seus sinais vitais. O seu  rosto estava sereno e ela dormia tranquilamente por conta dos remédios. 

Enquanto os outros a observavam pela janela, Edward recebeu autorização especial para vê-la de perto por um instante, então se aproximou do leito em companhia de uma das enfermeiras e voltou a chorar baixinho, a culpa o corroendo ao ver Bella naquela situação por sua causa.

Por que tinha bebido e perdido o controle com ela? Por que ela tinha que sair correndo daquela maneira enlouquecida?

Por que ela tinha que se acidentar?

— Meu amor, me desculpe. Eu nunca quis te machucar… - deu um beijo na testa dela e se afastou da cama, assim que a enfermeira sinalizou que ele devia sair.

Ao retornar para a companhia dos seus familiares e do Dr. Halls, Edward recebeu mais  algumas informações sobre o tratamento de Bella e uma receita de remédios para o caso dele não conseguisse dormir, sendo praticamente expulso do hospital em seguida.

Naquela noite, Edward seguiu para a sua casa junto com Alice e dormiram juntinhos na mesma cama, como sempre faziam quando crianças e estavam com medo. Como fizeram nos meses seguintes à perda do pai. Com o carinho e apoio da irmã, assim como, com a cantiga que ela entoava baixinho, conseguiu se sentir mais calmo e dormir tranquilo por um bom período.

Assim que soube do acidente sofrido pela nora, Esme seguiu para Londres a fim de apoiar o filho naquele momento tão difícil e também para resolver alguns assuntos pendentes com Rosalie.

As duas combinaram de almoçar com Bill Moore em um horário que Elizabeth estava acompanhando Bella no hospital e depois de uma importante conversa ficou decidido que era hora de contar aos outros familiares o que elas sabiam sobre os planos de Charlie Swan para sua filha e sócio e assim poderem ajudar Bella e Edward a se reconciliarem, se fosse preciso.  

Os familiares provavelmente não reagiriam bem às notícias recebidas, mas era o que tinha que ser feito no momento. Essa história já estava indo longe demais, assim como estava causando muitos males para todos os que estavam envolvidos nela.

Três dias após Bella dar entrada no elegante hospital em Kensinton e ao finalizar mais uma  minuciosa baterias de exames foi constatado que seu quadro estava evoluindo perfeitamente bem, então os médicos decidiram por ir diminuindo a medicação administrada gradativamente, para que assim, tanto o seu estado, como o do bebê que carregava em seu ventre fosse monitorado e melhor avaliado. 

Acharam melhor não liberá-la para voltar para casa antes que tivessem plena certeza de que não haveria nenhuma ameaça de problemas futuros ou sequelas, pois todos os que acompanharam seu caso, foram unânimes em dizer que tinha sido uma grande sorte ela ter escapado quase ilesa do atropelamento.

Bella estava confortavelmente acomodada em uma suíte da ala semi-intensiva do hospital e cercada dos melhores cuidados médicos disponíveis. Os seus familiares não saiam de perto, revezando no acompanhamento, para que ela nunca ficasse sozinha. Seus colegas, assim que souberam do acidente, quiseram saber notícias sobre a sua recuperação e alguns, que eram mais próximos, foram visitá-la. Berna e os outros empregados da sua casa também estavam bastante preocupados e fizeram até um momento de orações pedindo sua pronta recuperação.

Assim que a medicação foi diminuída, Bella começou a se movimentar mais e, algumas vezes, passou a balbuciar algumas coisas sem sentido. O nome de Edward sempre era dito, seguido de algumas palavras soltas, o que fazia o coração dele bater ainda mais feliz e esperançoso.

Ele não saia do lado da esposa, indo para casa apenas no final do dia, depois de ser praticamente expulso por uma das mulheres da família que não entendiam a necessidade dele ficar no hospital o tempo inteiro, sentado em uma poltrona e assistindo a esposa dormir, mas ele não queria largá-la nem um segundo, pois além de estar no controle da situação, se sentiria a pior das criaturas se ela acordasse, o procurasse e ele não estivesse ao seu lado.

A empresa, por sua vez, estava entregue nas mãos de Jasper, que vinha substituindo o chefe nas reuniões e encontros que não puderam ser remarcados, sendo  que a única aparição de Edward nos dias de internamento da sua esposa se deu pela pequena reunião com o Sr. Moore para tratar sobre uns documentos que precisariam ser redigidos e discutidos com Bella, assim que ela tivesse em condições para isto.

Assim que sua esposa estivesse bem, teriam que negociar como seria a vida deles daquele dia em diante, por esta razão queria apresentar alternativas que fossem interessantes para ambas as partes.

Aceitaria qualquer decisão que ela tomasse, mas não desistiria de lutar para provar o seu amor e boas intenções se ela não o quisesse mais.

Ainda tinha na cabeça as últimas palavras de Bella antes que ela desmaiasse.

Ela tinha dito que o perdoava… Tinha o chamado de meu amor…

Tinha a esperança de que não fossem apenas palavras soltas, ditas no desespero e que Bella tivesse sido sincera.

Será que ela o aceitaria de volta?

Será que a vida deles voltaria a ser tão feliz quanto antes?

Do fundo do seu coração, ele esperava que sim!