Dois dias tinham se passado desde que o acordo tinha sido descoberto e Bella, bem mais calma,  decidiu que era hora de ir para a casa da tia e assim contar com mais aquele carinho e apoio a fim de conseguir passar por aquele momento turbulento da sua vida.

Assim que Bella, Rosalie e Alice chegaram ao casarão da família Hale, Elizabeth tinha se trancado no quarto com a sobrinha para uma conversa amorosa porém firme, como as que ela sempre teve desde que Bella tinha perdido a mãe e por consequência, a senhora tinha se tornado sua referência materna. 

Ouviu todas as reclamações da sobrinha atentamente e por fim, deu conselhos para que ela, pelo menos, ouvisse o Edward antes que tomasse sua decisão definitiva, mas com os mesmos argumentos que tinha usado nos últimos dois dias com Rosalie e Alice, a moça continuava irredutível sem sua decisão de não querer nenhum contato com o marido.

Bella achava que aquele ainda não era o momento certo de  voltar para casa e muito menos conversar com Edward...

Tudo o que tinha acontecido ainda estava muito recente e vivo na sua memória... Ainda doía muito pensar que tinha sido enganada mais uma vez, para que ela remexesse este assunto.

Ao ouvir seus familiares e cunhada narrando o tipo de relação que tinham visto entre ela e o marido nos últimos meses, passou a compreender algumas coisas que aconteceram, mas ao mesmo tempo que se sentia segura em relação a algumas informações, ainda sentia que existiam coisas difíceis de aceitar.

Tudo era complicado… Muito enlouquecedor! Parecia que sua cabeça estava dando um nó!

A cada relato, a cada nova informação ela o amava e o odiava ao mesmo tempo. 

Como podia esse tipo de sentimento existir?

Como iria sair ilesa  a tudo isso? 

A raiva que precisava sentir por ter sido traída, a falta do seu amor que realmente sentia…

Teria que ser muito forte e sábia para tomar a decisão certa, mas por enquanto, só queria descansar um pouco e não pensar em nada.

Edward, por sua vez, estava quase enlouquecendo de sofrimento e culpa. Aqueles dois últimos dias tinham sido dos piores da sua vida. Ele se sentia esgotado mental e fisicamente por todas as incertezas que estava vivendo, assim como com a falta de notícias concretas sobre o que Bella estava pensando, já que as poucas notícias que tinha sobre a sua esposa vieram através da sua irmã, que o ligava quando podia, informando que elas estavam bem, que Bella se acalmava gradativamente.

 No começo da tarde do incidente, assim que retornou a empresa, encontrou Jasper o esperando em sua sala, que após lhe dar um sermão sobre os últimos acontecimentos, prometeu conversar com a prima e assim ajudar na reconciliação do casal.

Também tinha tido uma boa e reveladora conversa com a Berna, que passado o choque das revelações, resolveu que iria ajudar os dois. Ela tinha desenvolvido uma boa relação com a patroa, então tenha certeza que Bella ouviria o que ela tinha a dizer.

Contava com muita ajuda para fazer Bella acreditar que tudo o que viveram era de verdade, mas tinha consciência de que só ele poderia mesmo consertar a besteira feita.

O poder, no final, estava em suas mãos e ele não desistiria de ter a sua esposa de volta.

Mesmo que isto significasse mais e mais dias no estado catatônico que estava vivendo, ele precisava achar uma maneira de fazer com que Bella o perdoasse...

Ele precisava trazer a sua Bella de volta.

Assim que terminou de se trocar naquela manhã, Edward recebeu uma importante ligação. Era Alice informando que estavam indo para a casa de Elizabeth Hale, onde Bella tinha aceitado ficar hospedada, o que o fez sentir esperança de que tudo acabaria bem pela primeira vez desde que aquela confusão toda tinha se iniciado.

Com a ideia fixa de levar a sua esposa de volta para casa ainda naquele dia, Edward procurou Bill Moore pela primeira vez desde que a sua trama foi descoberta, e lhe contou que Bella tinha descoberto o acordo feito e que tinha saído de casa.

— Como isto aconteceu Edward? – sentando à sua mesa de trabalho, o senhor olhou de soslaio para o jovem empresário - Depois de tanto tempo… Estranho.

— Pelo que eu soube, Bella recebeu uns pertences vindos da ex-governanta da família Swan e entre eles havia uma cópia daquele meu acordo com Charlie. – o empresário narrou sem emoção – Bella agora sabe de tudo... E ela descobriu da pior maneira possível!

— A ex-governanta de Charlie? – pensou alto - Consuelo... Claro! Ela deve ter se apoderado de alguns pertences de Charlie após a morte dele... – Bill Moore lembrou-se da carrancuda governanta da casa do amigo e como a mulher sempre lhe pareceu mal intencionada – Na época que a casa foi vendida e que Rosalie foi tirar os pertences de Bella, a Consuelo ajudou a organizar tudo… Aquela mulher era um terror!  - organizou uns papéis em pilha - Onde está Isabella agora?

— Ela saiu de casa assim que descobriu tudo e depois de passar os últimos dois dias em algum hotel da cidade com Rosalie Hale e a minha irmã Alice, foi para a casa de Elizabeth Hale há pouco.

Bill Moore assentiu, organizando mais uma pilha de papéis.

— Você sabe que ela tem que voltar para casa, senão o que Charlie exigiu no testamento será descumprido e vocês terão problemas... – alertou  - Você perderá seus direitos na empresa e ela...

— A empresa pouco me importa Bill! – Edward o interrompeu, demonstrando toda a sua frustração – Eu já não me importo mais com a mineradora ou com mais nada disso!  A única coisa que me importa é ter a minha Bella de volta!  Se eu tiver que abrir mão de tudo por ela, se ela me pedir que me desfaça da sociedade, eu faço! Eu abro mão de qualquer coisa por ela!

— Edward se você desistir de tudo agora, a Bella perde o direito à herança e isto não será nada bom... Tenho certeza que ela ficará muito chateada. 

— Eu cumpro o que for preciso! - continuou, fazendo as palavras jorrarem da sua boca - Eu faço o que ela quiser... O que for preciso para ela ficar bem!  Eu me ajoelho aos seus pés, eu aceito o que for, mas me ajuda Bill, me ajuda, por favor... – Edward implorou – Me ajuda a trazer a minha Bella de volta!

Impressionado com o estado despertado do executivo, Bill Moore resolveu que era hora dele entrar em ação e além de fazer alguns ajustes nas condições impostas anteriormente, também ajudar o casal pela primeira vez.

Ele devia isso aos corajosos jovens, que vinham enfrentando seus desafios tão dignamente, mas principalmente, ele devia cumprir o que tinha prometido ao seu amigo Charlie.

E como eu poderia te ajudar? - perguntou, muitas informações e ideias começando a vir à sua mente. Não sei Bill, faz qualquer coisa que você ache que possa ajudar! Você conhece bem a Bella… Foi amigo do pai dela por tantos anos, então deve ter ideia do que é preciso para que ela me ouça e entenda que eu a amo e que abro mão de tudo por ela! Me ajuda, por favor… O senhor é a minha última esperança, pois a Bella não quer ouvir ninguém… A minha irmã já tentou, a Rosalie também e ela só diz que precisa pensar e que não quer me ver!

Bill pensou mais um pouco e então deu um meio sorriso, satisfeito.

Com certeza, tinha algumas armas para convencê-la a voltar para casa.

Sabia muito bem como a cabeça de Isabella Swan funcionava. Apesar de ser bastante teimosa, ela era inteligente e saberia que era importante ouvir o que ele tinha a dizer e assim discernir o certo e o errado. 

Apenas teria que ter o cuidado de falar o que ela queria ouvir. 

Já sei o que posso fazer…  – ele levantou-se da cadeira, pegando sua pasta –  Vamos Edward! Vamos à casa de Elizabeth Hale, pois eu preciso ter uma boa conversa com Isabella. 

Pouco depois Edward, estacionou o seu carro em frente à casa dos Hales e acompanhado do advogado, com as esperanças renovadas depois da conversa que teve durante o percurso entre a empresa e o local onde a sua esposa estava refugiada.

Nunca tinha pensado em Bill Moore como aliado, mas, por algum milagre, parecia que ele estava realmente disposto a ajudá-lo na terrível missão de consertar o maior erro que já tinha cometido em sua vida.

Ele tocou a campainha e anunciou a sua chegada, logo avistando a figura surpresa de Elizabeth Hale.

— Edward, o que você faz aqui? – ela aproximou de portão destrancando-o – A Bella não deseja te ver. Estava conversando com ela a pouco e apesar de todos os esforços que todos nós estamos fazendo, ela ainda não mudou de opinião a respeito…

— Dona Beth, me desculpe interromper, mas eu preciso que Bill Moore converse com ela... – Edward falava freneticamente, com medo de que a senhora impedisse a sua entrada e a do advogado – Por ora, eu entendo e aceito que ela não queria me ver, mas, por favor, peça para que ela pelo menos receba o Sr. Moore.

— Ela está no quarto com as meninas, descansando um pouquinho… - murmurou, pensativa - Eu posso avisar que o Sr. Moore está aqui e deseja falar com ela  – Beth abriu o portão e cumprimentou o rapaz e o advogado com um aperto de mão - Não é uma certeza, mas apenas uma tentativa.

— Muito obrigada! - Edward deu um abraço na tia da esposa -  Não tenho como agradecer à senhora por toda a ajuda.

— Filho, antes de qualquer coisa, eu queria conversar com você a sós na biblioteca, pode ser? – ela falou firme, olhando de Edward para o advogado postado atrás dele.

Edward se virou e lançou um olhar para Moore, que apenas balançou a cabeça em concordância e sentou-se em um dos sofás da sala, dando ao rapaz a certeza que ele devia seguir Elizabeth e ouvir o que ela tinha a lhe dizer.

Sentada em uma confortável poltrona de couro da biblioteca da sua casa, Elizabeth analisou o rosto de Edward e constatou que tudo o já achava ser verdade e que a nora tinha lhe dito: Ele amava Bella e  estava sofrendo com a sua falta.

— Eu sei que isto tudo está sendo bem difícil para você, Edward... – ela começou, lançando um sorriso triste para o rapaz sentado à sua frente - Alice já me contou como você está sofrendo com toda essa confusão, mas entenda que para Bella é ainda mais complicado... Ela já sofreu muito nesta vida e acreditou que tudo seria diferente com você, que a sua vida transcorreria sem problemas, que teria um casamento feliz como foi o dos seus pais e então veio a descoberta este grande segredo, que a fez questionar toda a verdade da relação de vocês… Ela está se sentindo traída, você tem consciência disto, não?

Ele balançou a cabeça, concordando. Ele tinha consciência de que Bella se sentiria péssima ao descobrir que ele escondia um grande segredo, mas mesmo assim não teve a coragem necessária para lhe contar antes. 

— Eu não queria fazer com que a Bella sofresse mais, Dona Beth... Eu não queria que ela passasse por mais nenhuma decepção… Eu queria ter sido capaz de mantê-la segura, mas falhei miseravelmente, – Edward se permitiu abrir seu coração - Amo a sua sobrinha... Eu amo Bella mais do que qualquer coisa neste mundo... No começo do nosso relacionamento eu achava que não seria capaz de tal feito, mas agora tenho consciência que não vivo mais sem ela... Ela é parte essencial da minha vida e preciso dela para ser feliz, acredite em mim...

— Eu sei disto meu filho... Eu sei que isto é verdade e eu acredito em você, não se preocupe – ela falou, simpática – Eu sei que você está fazendo a minha sobrinha feliz como ela nunca tinha sido nesta vida e por esta razão estou fazendo tudo o que está ao meu alcance para que vocês fiquem bem.

— Não tenho dúvidas… Todos vocês, a senhora, a Rosalie, o Jasper e a Alice, estão sendo de fundamental importância. 

— Estamos fazendo o nosso melhor e tenho certeza que já tivemos muitos avanços, mas você também tem que ajudar, principalmente dando a ela o tempo preciso para se recuperar, para pensar… Ela nos pediu isso… Que déssemos um tempo para processar e compreender cada informação, depois de tudo o que tinha ouvido de nós.  Eu conheço a minha sobrinha e sei que ela vai te perdoar, mas não vai ser nem hoje e nem amanhã. Você vai ter que ser paciente e esperar o tempo dela,  para que toda a mágoa se cure… 

— Eu faço o que ela quiser para pelo menos me ouvir... – os olhos dele se encheram de lágrimas. – Só preciso que ela me ouça! Eu não quero perder a Bella…

Penalizada com a situação do rapaz, Beth o abraçou maternalmente.

Ela tinha aprendido a gostar de Edward como se fosse um filho.

— Edward, não fique assim... Apenas confie que com o tempo tudo vai dar certo para vocês... Tenha fé que logo mais vocês voltarão a viver em paz  - Beth pegou as mãos dele, e após dar-lhe um aperto acolhedor, levantou-se do sofá - Vou avisar a Bella que você está aqui e que o Sr. Moore deseja conversar um pouco com ela.... Mas entenda se ela ainda não quiser te ver neste momento. Não fique chateado. – a senhora saiu da biblioteca, seguida por Edward.

— Eu vou entender Dona Beth... – ele sentou-se ao lado do Moore no sofá - Eu vou procurar entender...

Elizabeth Hale subiu as escadas e após alguns minutos, voltou com a notícia de que Bella tinha aceitado a presença de Bill Moore, mas ainda se recusava a conversar com Edward, fazendo com que o rapaz suspirasse desanimado.

No fundo, ele tinha esperança de que Elizabeth estivesse enganada e que a sua amada Bella tivesse finalmente mudado de ideia.

Bill Moore deu um significativo aperto nas mãos de Edward e então seguiu Elizabeth até o aposento indicado, abrindo a porta devagar e encontrando a filha do seu grande amigo,sentada ereta em uma poltrona, com uma expressão fechada no rosto e o observando atentamente. 

Boa tarde, Sr. Moore - falou em tom sério - A que devo essa ilustre visita? O senhor é mais uma pessoa a tentar me convencer a voltar para casa e para Edward depois dele ter me enganado?O Moore suspirou. Não esperava menos dela do que uma recepção desconfiada.

— Isabella você sabe que eu fui o melhor amigo do seu pai e que sempre te quis bem, estão estou aqui hoje muito mais como um amigo do que como o advogado para conversar com você...– sentou-se na poltrona em frente à garota – Eu sei que esta situação com o Edward é muito difícil para você, mas apenas ouça o que tenho a te dizer… Eu quero te ajudar e nada além disso. Não tenho intenções ocultas nesta visita.

— Bill, o que você sabe disto tudo? – ela se manifestou, o cansaço impresso nas grandes olheiras que tinha debaixo dos olhos – O que você sabe sobre esse acordo, sobre o testamento deixado pelo meu pai? Por favor, não me esconda nada...

— Não vou te esconder nada, te prometo. – falou suave - Eu pouco sabia desse acordo que seu pai tinha feito com Edward até ele descobrir que estava realmente doente e me chamar para uma reunião, onde ficou decidido sobre o testamento, que foi um acerto apenas meu com seu pai.

— Então o Edward não sabia do testamento até aquele fatídico dia? - tentou tirar todas as informações que conseguisse.

 - Exatamente!  Edward Cullen não tinha ciência de nada o que tínhamos decidido até aquela reunião da qual você também participou. – a expressão dele passou a ser enigmática - Entenda uma coisa Isabella, o seu pai só queria o seu bem e por um motivo que você irá compreender um dia, ele escolheu Edward para cuidar de você na falta dele... Ele sabia que poderia morrer em pouco tempo e como não queria te deixar desamparada, teve a ideia de obrigar vocês a casarem por força daquele testamento… Ele teve uma grande intuição e assim viu algum potencial em uma união entre vocês - ele sorriu - E eu acho que ele nunca esteve enganado, pois você e o Cullen se afinaram muito bem! 

— Então ele me fez casar com um homem enganador e que só ama a sua empresa, para me proteger sei lá do que? Eu tinha o Jasper para me defender! Eu poderia ter arrumado um bom marido por mim mesma! – Bella se indignou por Moore estar querendo defender Charlie -  Para mim isto não é querer bem! Me desculpe, mas meu pai não queria o meu bem me forçando a conviver com Edward, pois ele não me ama e nunca vai me amar!

— Aí é que você se engana, menina...  - o senhor falou convicto - Edward Cullen nutre um sentimento muito forte por você e este sentimento não tem nada a ver com as pretensões dele na empresa! Eu o conheço a bastante tempo e sei bem como ele sempre se comportou. Fechado. Carrancudo. Focado. Inacessível - Bill sorriu ao relembrar tudo o que tinha presenciado -  E então veio o casamento e a convivência de você… E ele foi mudando aos poucos. Foi ficando um pouco mais depois na sala de reuniões e conversando comigo e com os outros acionistas. Passou a chegar um pouco mais tarde e sair mais cedo da empresa. Sorria e cumprimentava pessoas aleatórias. e por fim, eu nunca o vi da maneira que ele estava hoje cedo... Posso afirmar que ele está devastado com a possibilidade de te perder!

— Ele está devastado por que tem medo de perder tudo o que ele conquistou! – Bella falou mais alto, batendo com a mão na testa – Ele tem medo de perder a presidência da empresa dele! Tem medo de se tornar um fracassado!

— Apenas me escute, Isabella... – Bill tentou mais uma vez - Sei que para você é difícil, mas faça um esforço...  Deixe que Edward lhe conte a versão dele deste acordo. Posso te garantir que foi muito mais um fruto da guerra velada pelo poder travada entre ele o Charlie do que qualquer coisa que tenha a ver com você.  O Edward gosta realmente de você e não quer mais te machucar.

— Eu não sei se posso confiar nele… - Bella cedeu um pouco - Eu não sei se eu consigo!

— Isabella, eu vou te contar uma coisa e isto diz muito sobre os sentimentos que Edward nutre por você. – Bill continuou em um tom muito calmo – Ele está tão desesperado para te ter de volta, que até propôs abrir mão da empresa e de tudo o que ele construiu só para ficar com você. – pegou a mão dela - O que tem que ser feito agora é você voltar para casa... Lembre-se que, além disso tudo, você ainda tem que cumprir o testamento de seu pai para que possa ter acesso a sua herança. Edward me disse que faz qualquer coisa por você, então volte e tenha uma boa conversa com ele. Se ainda assim você achar que não tem mais como continuar com o casamento, tem a minha palavra de que eu vou tentar livrar vocês dessa obrigação.

— E como o senhor pode nos livrar do casamento? – Bella perguntou bastante interessada, mas ao mesmo tempo desconfiada das intenções do amigo do seu pai – Como eu posso me ver livre do que me prende a Edward?

— Se você me prometer tentar ouvir a versão de Edward para os acontecimentos, eu te falo como.. Existem meios para libertar vocês… São um pouco complicados, vou precisar de alguns esforços e concordâncias também, mas pode dar certo… – ele deu um meio sorriso ao notar que a garota estava mesmo cedendo - Só que para isto acontecer, você precisa voltar e conversar com ele sem restrições e querendo, de verdade, entender tudo. E esta conversa não só pelo que está determinado no testamento, mas principalmente por vocês dois, pela relação de confiança e parceria que eu sei que construíram neste tempo de convivência. Você consegue fazer isso, Bella? – perguntou, fazendo-a ficar ainda mais confusa - Você consegue dar um voto de confiança ao seu marido?

Será que estavam todos certos e ela era a única errada?

Será que Rose, Alice, Jasper, a sua tia e até Bill Moore tinham razão em dizer que ela tinha que ouvir o que Edward tinha a lhe dizer com atenção antes de tomar alguma decisão?

O certo naquele momento era dar a ele o direito à defesa?

Após pensar por um momento e ponderar sobre tudo o que ela tinha ouvido nestes últimos dias, Bella deu seu veredicto ao senhor que, sentado à sua frente, a observava com cautela.

— Sim, eu consigo. – falou decidida, levantando-se do sofá – Eu vou ouvir o que Edward tem a me dizer!

Sentado no sofá da sala de Elizabeth Hale, Edward esperava notícias da sua esposa e de como tinha transcorrido a conversa com Bill Moore, enquanto conversava com a irmã. 

Alice, com seu jeito sempre espevitado, estava lhe contando tudo o que havia acontecido naqueles dois últimos dias, detalhando cada conversa, cada reação de Bella, cada tentativa de fazê-la entender que ele não tinha lhe escondido a verdade por mal e sim por medo de vê-la sofrer.

Cada nova revelação feita por Alice, em vez de acalmá-lo, o deixava ainda mais apreensivo e nervoso, pois ele sabia muito bem do gênio forte de Bella e como seria difícil convencê-la de que as coisas não eram tão ruins como parecem ser.

A poucos minutos tinha visto Jasper Hale chegar em casa e sem dar uma única palavra, se dirigir ao andar de cima do casarão.

— O Jasper me mandou uma mensagem dizendo que a Bella pediu para conversar com ele, mas que não é nada demais… - Alice falou ao entender o olhar interrogatório que Edward lhe lançava - Tenha paciência que tudo vai se resolver no tempo certo, Edward... – ela apertou a mão do irmão, ao notar que ele estava tenso - Faça o seu melhor, mas se ela se mostrar aversa a qualquer tipo de aproximação, tenha em mente que Bella está se sentindo traída e que ela tem todo o direito de desconfiar de você.

— Eu sei disso baixinha... – ele sorriu triste – Fui eu quem procurou esta situação e agora tenho que saber lidar da melhor forma possível com isto...

— Você vai conseguir reverter esta situação, Edward... Eu tenho certeza disto! Vocês só precisam conversar com calma e desta vez, faça o favor de deixar tudo às claras e não esconder mais nenhum segredinho sujo – ela tocou o nariz do irmão - Por que se você deixar a minha cunhadinha chateada de novo , eu juro que vou te abandonar e ficar à favor dela, está me ouvindo?

— Estou te ouvindo sim… - ele conseguiu esboçar um sorriso - Deus me livre você se virar contra mim!

— Ainda bem que você tem essa consciência! - Alice olhou para o corredor e viu o advogado se aproximando – Agora faça uma cara alegre porque estão vindo notícias da sua Bella!

Edward se virou e viu a cara satisfeita que o senhor trazia no rosto enquanto se sentava em frente a eles.

— Como foi a conversa com a minha esposa, Sr. Moore? – ele perguntou curioso em saber a decisão de Bella – Algum avanço?

—  Correu tudo bem, Edward. Na verdade, melhor do que eu imaginava! – falou orgulhoso da sua ajuda – Tive uma conversa franca com ela, não como advogado e sim como um amigo, alguém que a viu crescer e que só quer o seu bem, e finalmente consegui convencer Bella não só a te ouvir, mas também a voltar para casa.

— Ela vai voltar comigo hoje? – os olhos de Edward brilharam- Minha esposa vai voltar para  mim?

— Sim, ela vai... Mas seja cauteloso –  Moore alertou - Isabella está muito magoada e desconfiada, então qualquer palavra errada pode colocar tudo a perder. 

— Está vendo que tudo deu certo?  – Alice se alegrou com a fala do advogado e deu um abraço apertado no irmão – Faça o que o Sr. Moore está falando. Tenha calma e não faça nenhuma besteira

— Eu não vou mais fazer mais besteiras, te prometo! – ele falou feliz e então se virou para o Moore - Onde está a minha esposa?

— Bella está tendo uma conversa com os familiares e me disse que em breve desce para te ver – Moore respondeu – Edward, mais uma vez, aja com calma e não force nenhuma situação constrangedora para Isabella. Deixe-a falar e extravasar sua frustração.

— Eu vou, Sr. Moore…– Edward abriu um sorriso esperançoso – Eu faço o que for preciso!

— Então o meu papel aqui está cumprindo - ele sorriu - Pedi ao motorista que veio trazer o Jasper que me esperasse. Amanhã, quando você chegar à empresa, precisamos conversar mais um pouco, então me procure.

— Está combinado! Muito obrigado, Bill!

— De nada, Edward! - o senhor se dirigiu à porta de saída - Quero muito que você e a Isabella fiquem bem.

Enquanto isso, no andar de cima da casa da família Hale, Bella se preparava para uma importante conversa com a sua família.

Tinha que comunicar aos seus queridos parentes a sua decisão de voltar para casa e enfrentar a sua dura realidade, assim como seus conflitantes sentimentos por Edward.

Depois que o Moore a deixou sozinha para pensar mais um pouco, ela tinha chegado a conclusão que o melhor a fazer naquele momento era ter uma conversa franca com o marido e deixar claro toda a sua mágoa com o segredo que ele tinha lhe escondido. Precisava mostrar como ele tinha lhe deixado decepcionada.

Precisava ouvir a sua versão dos fatos, mesmo que isso lhe doesse como a morte.

Não tinha nenhuma dúvida que o amava, mas a confiança que existia entre eles foi quebrada e agora ele teria que ter uma boa explicação para os seus atos.

— Tia... Rose... Jazz... – Bella olhou para cada um deles demoradamente - Eu decidi que vou voltar para casa e conversar com Edward como os dois adultos conscientes que somos. Além de todas as conversas que tivemos nos últimos dias, os argumentos utilizados pelo Sr. Moore me deram a certeza que eu precisava de que o meu marido merece uma chance de, pelo menos, explicar toda esta história de acordo.

Assim que ela terminou de falar, os três rostos à sua frente exibiram diferentes sorrisos. 

O de Elizabeth refletia a esperança de que a sobrinha resolveria todos os seus problemas e voltaria a ser feliz. O de Rosalie era a mais pura felicidade pela decisão sensata que a prima estava tomando e o de Jasper era um misto de apreensão e alívio, pois tinha certeza que o novo desafio da sua adorada prima não seria fácil, mas mesmo assim ela decidiu enfrentá-lo.

— Isto é ótimo, minha filha! – Elizabeth foi a primeira a se manifestar, abraçando a sobrinha com carinho - Faça o que for melhor para você, o que te fazer feliz, Bella... – seu sorriso cresceu ainda mais -  Ouça o que Edward tem a te dizer e se você achar que tem que perdoá-lo, perdoe-o sem medo!

— Obrigada pelo apoio, tia... – Bella deu um beijo na bochecha da senhora– Eu vou fazer o que for o melhor, pode ter certeza.

— Tenha calma prima... Seja sensata e lembre-se de todas as palavras que eu te disse – Rose pulou para o lado de Bella e brincou, tocando seu nariz - Leve em conta como a sua relação com Edward mudou neste tempo que vocês têm de casados... Lembre-se do amor lindo que vocês construíram...

— Eu vou lembrar Rose, não se preocupe... 

 Se aproximando de Jasper, que estava calado, apenas a observando, Bella murmurou.

— Jazz... - sabia que era mais difícil para o primo, que sempre se achou muito responsável por ela.

— Faça o que for melhor para você, Bella... – ele lhe deu um abraço apertado -  Seja feliz minha prima e se a sua felicidade ainda estiver com o Cullen, perdoe-o e deixe no passado isso tudo… Recomece, sem medo! Reafirmo que ele é uma boa pessoa e te ama de verdade. Deixe que ele se explique. Talvez você tenha outra visão sobre o acontecido depois de saber detalhadamente como tudo aconteceu e as razões do Edward – ele sorriu, relembrando a breve conversa que tinha tido com a prima pelo telefone, assim como o que o rapaz tinha contado – Mas se você achar que não consegue mais viver com ele, saiba que sua família estará sempre aqui para apoiar qualquer decisão sua.

— Eu sei disto Jazz... Eu sei que eu posso contar com vocês. – Bella pegou seus parentes em um abraço apertado e falou emocionada – Eu sei que tenho a melhor família do mundo!

— Agora vá, Bella – Beth se levantou da cama e pegou as bolsas da sobrinha – Volte para a sua casa e converse com o seu marido... E qualquer problema, saiba que eu e seus primos estaremos sempre prontos para te ajudar.

Bella pegou suas coisas e saiu do quarto, caminhando lentamente até a escada, enquanto era seguida de perto pela tia e primos.

— Força... – Elizabeth tocou o braço da sobrinha, fazendo com que Bella sorrisse de leve.

Todo o corpo de Bella estremeceu quando seus olhos deixaram os da tia e miraram a figura imponente do seu marido sentado no sofá da sala.

Sua grande vontade era correr para os braços de Edward e sentindo o seu cheiro acalentador, chorar até quando sentisse vontade, enquanto ele a acalmava e falava que tudo não passou de um grande mal entendido.

Ela queria apagar todo o sofrimento dos últimos dias, mas não devia...

Tinha que ser forte e manter em mente que ele a enganou... Que podia facilmente enganá-la outra vez...

Ele merecia ser punido, então não podia perdoá-lo tão facilmente.

Merecia boas explicações e segurança nas ações dele.

Não queria e nem podia voltar a  viver com medo.

Com um suspiro resignado, ela desceu as escadas, os olhos fixos em Edward.

A hora da verdade tinha chegado e não tinha mais como fugir.

Assim que viu a sua pequena, Edward se levantou do sofá e correu para abraçá-la, morto de saudade.

— Meu amor... – ele falou, apertando Bella o mais forte que pôde em seus braços - Me perdoe, por favor…

Ao sentir aquele abraço, toda a calma cuidadosamente construída nos últimos dias ruiu e a sua raiva ferveu.

Por que ele tinha que acabar com a sua felicidade, sendo um mentiroso?

Por que seus dias de paz tinham que durar tão pouco?

Por que ele a fez acreditar que era para sempre?

— Fique longe de mim, Edward Cullen! – Bella se soltou do abraço e se afastou o marido – Não se esqueça de que só estou voltando pra casa por causa do maldito testamento que nós ainda temos que cumprir... Afinal tem pessoas nesta família que merecem meu sacrifício.

Ela olhou para Jasper, Rose e a tia, que juntos com Alice, assistiam a cena no canto da sala sem se manifestarem.

Além do amor que sentia pelo marido, mas que não podia admitir naquele momento, sua tia e seus primos eram a grande razão de estar voltando para casa.

Eles eram o seu porto seguro e mereciam que ela lutasse até o fim pela herança que os garantiria um futuro tranquilo.

Mesmo que o seu relacionamento com Edward não voltasse a dar certo, ela teria que se manter casada por Elizabeth, Rosalie e Jasper.

— Bella apenas me ouça, por favor... – ele tocou o braço da esposa de leve, fazendo com que ela se virasse com um olhar raivoso.

— Eu estou falando sério, Edward!  –tirou a mão dele do seu braço – Se mantenha longe de mim, senão eu desisto de voltar para casa! E além do mais, eu não quero ouvir nada do que você tem a dizer agora... A nossa conversa acontecerá no dia e na hora que eu quiser! 

Bella saiu praticamente marchando em direção ao carro parado nos jardins da casa da sua tia, sem ao mesmo voltar a olhar para o marido.

Ela não queria nenhum tipo de contato com Edward, para não correr o risco de cair em tentação. Já seria muito difícil conviverem na mesma casa e se ele começasse a tocá-la daquela maneira que fazia todo seu corpo se arrepiar, a tarefa de ignorá-lo se tornaria quase impossível.

— Bella! – ele tentou segui-la, mas a mão forte de Jasper o parou.

— Calma Edward... Mantenha a calma. – deu um tapinha no ombro do rapaz – Lembre-se do que todos te disseram... Deixe que Bella tenha tempo.

— Eu vou tentar, Jasper… Eu juro que vou tentar - foram suas palavras antes de entrar no carro à sua frente.