Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 17
Nova tentativa


Notas iniciais do capítulo

Após meses longe aqui estou eu o queria escrever até acabar e depois ir postando, mas não vou fazer isso então por esse motivo não vou vir todos os dias ;((
Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Não conseguia esperar a hora de derreter tudo que me lembrava outro momento e uma vida muito mais feliz e transformar tudo em cinzas. Ninguém conseguiria entender o que eu estava passando e nem ter nenhum real apreço.

Vejo o mínimo sinal de calor, continuo andando pelo porão... Mexo em um pedaço de vaso quebrado me perguntando se foi ali que depositei todo o meu amor. Sei o que preciso fazer, mas quero mais alguns instantes para organizar meus pensamentos. Mais alguns instantes para me despedir do meu lar antes que tudo incendeie.

Odeio todo mundo ao meu redor, odeio ter que fazer isso, mas prefiro agir assim que estar no papel de vítima. Sempre me orgulhei das minhas atitudes, não vai ser agora que eu vou fraquejar. Uma vida inteira me preparando para assumir o lugar de Caleb, e veja só, era mesmo isso que estava prestes a acontecer. Assim como ele desejava.

A noite escura e quente do verão me traz a tranquilidade e segurança que preciso. A falta da lua lá fora completa todo o panorama. Dou uma leve risada, irônica talvez, pois é assim que costumo agir.

Penso em acelerar aquele processo e esse pensamento passa rápido por minha cabeça. Hesitar era melhor agora. Queria poder endereçar ao culpado da minha desgraça, mas não sei bem a quem me dirigir. Não era uma pessoa só que carregava toda a culpa.

Eu poderia culpar as circunstancias, mas não seria nada convincente. Poderia culpar meu pai, porém não acho que ele tenha qualquer interferência em meu sofrimento presente. Não posso culpar nada. Não foi assim que fui ensinado. E por tudo que aprendi, devo entregar minha casa em chamas para todos aqueles que me cercam verem que não estou de brincadeira. Não quero lembrar nada que vivi ali e se não posso queimar a cobertura do hotel, esse é o lugar que me restou.

Além de tudo isso, eu sou o herdeiro que quase teve seu trono usurpado por pessoas que mesmo sabendo da minha capacidade, me julgavam incapaz ou até que aquilo fosse injusto. E isso não era o que mais me incomodava atualmente. O meu mundo desabou nas últimas horas e eu iria reconstruí-lo do meu jeito.

E aqueles doces olhos vieram visitar minha mente. Sei que ele me beijaria e me daria todo prazer se assim eu quisesse e demonstrasse, se eu ordenasse que ele se atirasse às chamas, eu certamente o veria derreter em agonia. E por ter tanto poder sobre ele é que eu preferia não ter nada.

“Prometo que vou devagar” foi a frase que lembrei dando um sorriso... Sabia que Murilo também lembrava dessa fala, assim como eu. Não era hora de pensar nele e em nada disso.

E então comecei a ter em meus pensamentos um loiro desvirtuoso. Quando Rafael me traiu foi quando me senti humano. Ele queria sentir o sabor do prazer, e talvez fosse sua verdadeira essência se sobrepondo ao nosso amor. Ou seria ilusão pensar que realmente existiu amor?!

Eu não deveria ter confiado em alguém que teve atitudes tão sujas antes de mim. Mesmo assim quem sou eu pra julgar alguém? Sua criação deformada me fez justificar todos os seus erros. Busco uma forma de odiá-lo, alguma forma de me vingar por ter partido meu coração e só encontro algo oco, sem definição. Ele me deixou completamente vazio.

 - Você encontrará outro. – só lembro das palavras da minha mãe antes de sumir daquele lugar.

— Oi irmãozinho. – encontrei Nicolas, atrás dele Rafael e por um milagre não havia o resto daqueles imbecis.

— Como você pode tentar fazer isso? – o loiro apontou com a cabeça para a casa. – Ficamos sabendo de tudo.

— Suas ações me deixaram vazio e uma pessoa indiferente a sentimentos é capaz de fazer tudo. – tentei seguir em frente, mas não me deixaram. Vi meu irmão parado em minha frente.

— Sai Arthur. – Nicolas se juntou a ele. – Ainda está atrás do Murilo? – me ignorou. – Sabe... Ele não tem muita sorte no amor. E ele não tem sorte no amor porque os homens e mulheres que ele arruma sabem que... – o olhei a fundo – Simplificando... Todos vocês passam e eu sou constante. Não posso fazer nada quanto a isso. Nem ele.

— Se é tão constante assim, por que não estão juntos? – dei uma risadinha cruel.

— Porque eu não quero. – Alice acabara de chegar e escutou tudo. Eu me senti melhor por ter magoado tantas pessoas ao mesmo tempo.

Mesmo assim lá estava ele atrás de mim enquanto eu seguia o meu caminho. Não poderia existir no mundo alguém mais persistente que Murilo.

— Eu queria que me deixasse chegar perto Kevin. Eu me preocupo. Quantas vezes vai ser preciso te dizer isso? – ele quase não teve tempo de acabar sua fala, pois eu fui embora antes.

Estar no bar que Luiz trabalhava era o que me deixava com a sensação de que eu podia enfrentar tudo o que estava passando.

— Uma dose por seus pensamentos – ele brincou se aproximando de mim no balcão.

— Adivinha. – Provoquei.

— Seria incapaz. Sua mente é sombria e desafiante demais pra isso. – dei uma risada.

Dizer que eu não estava me distraindo seria mentir. Mas os pensamentos autodestrutivos não me deixavam. E nesse momento eu direcionava minha raiva a alguém que não tinha nada a ver com a minha vida.

— Aquele cara está me olhando torto já tem um tempo. – reclamei com insatisfação. Luiz balançou a cabeça negativamente.

— Sabe que é assim. Já devia estar acostumado. E você nunca liga para essas coisas.

— No momento que estou passando eu ligo muito. – levantei e cheguei até o dono do olhar inconveniente. Claro que a conversa não seria amigável e acabou com meu rosto roxo, já que ele era dobro do meu tamanho.

Para piorar quando cheguei em casa meu irmão estava me esperando. Quase fechei a porta da garagem nele, foi por pouco. Sorte a dele ser rápido.

— O que foi Arthur? – questionei em um resmungo.

— Você está sem controle. Deixa-me ver seu rosto.

— Sai. – tirei sua mão.

— Se você continuar assim e ir por esse caminho, vai juntar inimigos igual a ele e acabar como um cadáver. Vai parar no inferno. É isso mesmo que você quer?

— Eu acho que é sim. – tentei passar por ele.

— Você tentou incendiar a sua casa! Mais uma vez. E mesmo sabendo que não alcançaria êxito você tentou. – exclamou com os olhos tristes. – Kevin se persistir nisso quando você se curar vai se arrepender amargamente e não tem volta. Nada vai ser como antes. – avisou com toda sua seriedade.

— Eu aceito isso Arthur. – consegui subir para o meu quarto e ele não veio atrás, acho que iria embora. – Você ainda não foi? Que inferno!

— Eu não vou te deixar. Eu nunca vou te deixar.

— ME DEIXA EM PAZ! – gritei por diversas vezes desesperado. – Até ele já desistiu.

— Eu estou aqui Kevin. – ouvi a voz do meu primo e o vi atrás de Arthur.

— Por que você é assim comigo? – direcionei a pergunta ao meu irmão tentando sair daquele momento constrangedor.

— Porque eu falhei com você. Quando eu soube das intrigas de Caleb anos atrás devia ter salvo você da influência dele. Só piorei tudo dando a ele o que ele queria.

— Já está se culpando de novo? Você é mesmo o mestre nisso. – Murilo falou alguma coisa com Arthur que saiu em seguida.

Ficamos tanto tempo em silêncio que eu achei que ele já havia ido embora. Olhei para o lado e ele me observava quieto.

— Eu não imaginei que sentiria a falta dele. O desgraçado arruinou minha vida e eu sinto a falta dele. – fiz a confissão mais sincera e dolorosa que eu podia fazer.

— Ele era seu pai e você se enganou em relação a ele por anos, é normal Kevin.

— Por que você é sempre tão compreensível? Mesmo o odiando tanto. – ele desconversou e se sentou ao meu lado enquanto eu tentava dormir. Não sei se ele ficou ali a noite toda, quando amanheceu eu estava apenas comigo e o arrependimento de ter falado mais do que devia.

Otávia Narrando

O mundo estava girando em torno de Kevin e das perversidades dele. E no momento eu só conseguia pensar no quanto eu queria Ryan de volta, principalmente após saber que ele estava com Giovana. Porém, eu não iria dar o braço a torcer. Nunca.

— Veio tentar me convencer a ser alguém melhor? – Kevin perguntou ao me ver chegar a sua casa.

— Isso é impossível. – dei uma risada. – Só o tonto do Murilo acredita que vai conseguir.

— O que você quer Otávia? – olhei na sala e meus olhos alcançou as bebidas. Eu me servi enquanto ele se aproximava com seu péssimo humor. – Fala logo garota!

— Passar o tempo. As férias estão me deixando louca. – levei o copo a boca e ele se serviu também.

— O Ryan está te deixando louca. – sorriu. – Ele e a loirinha. – revirei os olhos. – Sou algum tipo de distração?

— Você tem sido uma preocupação para todos. E é por isso que estou aqui. Para me distrair com toda essa carga que você traz consigo.

— Isso é algum tipo de aliança?

— Ser perspicaz é sua maior qualidade, sabia?! – abri ainda mais os olhos mantendo a boca em linha reta. – O que está pretendendo fazer?

— Vai mesmo se juntar a mim em alguma maldade condenável? – concordei. – Faça como eles. Diz alguma coisa moralmente lúcida e me faça desistir Otávia.

— Você tem que tirar a dor de você e se é assim, que seja. – levantei o copo com a bebida alcoólica.

— Não é à toa que você sempre foi mais amiga de Murilo. – brindamos. Ele mandou que eu fosse me arrumar e mais tarde iriamos sair para aprontar o que quer que fosse que estivesse passando pela cabeça dele. Coloquei uma jaqueta de couro preta e uma calça jeans e ele começou a rir quando me viu, me olhei o questionando.

— Qual é a graça Kevin?

— Você nunca usa couro. É para parecer mais durona? – revirei os olhos. – É uma pena eu não ter uma moto para fazer jus ao seu vestuário. – não aguentei e dei uma risada.

— O difícil é ter que ouvir suas idiotices.

— Vamos logo. – entrei em seu carro e vi quando ele estacionou em frente a uma boate que ficava entre Alela e Torres.

— Sua ideia genial é ir dançar? – questionei perplexa.

— Vê se me acompanha e tenta ficar quieta.

Aquela noite não foi nada como imaginei. Ele simplesmente arriscou me vender a um cara e usando um truque bem baixo... Quando Kevin me apresentou como sua amiga e disse que eu poderia passar algum tempo com aquele homem, eu tive vontade de sair correndo.

— Era necessário Otávia. Preciso de umas informações dele. – falou assim que saímos daquele lugar escuro e barulhento. – Eu iria chegar antes que acontecesse qualquer coisa e você é bem espertinha para se cuidar sozinha.

— Quais informações? Você não me fala nada! – cruzei os braços e bati os pés.

— Agora você é inútil. Não vou falar mesmo. E não posso te contar, pois faz parte de um plano maior.

— Tem a ver com o seu pai?

— Incrivelmente não.

Passamos a maior parte do caminho de volta em silêncio. Se por um lado eu estava tentando me distrair e esquecer Ryan, por outro ficava ainda mais nervosa com Kevin.

— Sabia que seu apelido é Murky? Estamos te chamando assim. Significa... – e ele me cortou abruptamente.

— Eu sei o que significa. – rangeu os dentes. – Cheio de trevas são vocês.  Vai querer ficar em casa?

— Vou, você só me fez perder o meu tempo. – assim que ele parou vi minha mãe e meu pai junto de todos na entrada. – Que merda. Acho que estou ferrada

— Isso vai ser divertido. – ele saiu antes de mim e imaginei o quanto aprontaria.

— Você é um nefasto Kevin. – estranhei as palavras de Arthur, ele sempre defendia o irmão apesar de tudo. – Primeiro, você Otávia nunca mais saia com ele.

— Você não manda... – antes que e terminasse a frase minha mãe mandou que eu o fizesse.

— E segundo, que história é essa de agir igual a um tirano em relação ao hotel e fazendo assim com que as ações da família caiam, você tá prejudicando a mim e a Alice.

— Mas não foi você que fez e sim eu.

— Eu sei, é por isso que você vai lá e vai dar um jeito.

Se tinha algo capaz de passar por cima da importância que Kevin tinha para Arthur esse algo era o amor que ele sentia por Alice. E a preocupação com o futuro dela sendo prejudicado pelas ações do perverso, o deixou completamente revoltado.

Ele não poderia ir embora sem deixar de causar alguma intriga ou insultar alguém. O que já era um hábito.

— Kevin é filho de um homem que o via como um objeto e que até o bateu para conseguir o que queria. Não consigo não ter comoção e aceitar os atos dele. Releve. – Alice falou para Arthur que foi o ofendido da vez.

— Você e Murilo são mesmo irmãos.

— Eu só vou parar quando acreditar que não há mesmo mais nada a ser feito – meu primo acrescentou ao ser citado por tentar salvar Kevin. – E isso nunca vai acontecer.

— Como ainda consegue ama-lo? – cheguei perto dele e questionei carinhosamente.

— Ele conseguiu fazer o que ninguém fez em todos esses anos. Trouxe paz e lucidez a minha vida. Senti isso em meu coração a cada segundo desde a primeira vez que nos beijamos.

— Isso foi forte. – nos olhamos de perto.

— O que eu sinto por ele é forte e talvez não passe nunca. Mas... depois desse tempo separados a gente aprender a lidar com a saudade e com o sentimento.

Alguém nos interrompeu e então pude prestar atenção no que eu menos queria: Ryan. Pelo menos ele não estava próximo de Giovana. Sentia vontade de ir até ele e iniciar uma conversa, mas a vergonha era maior. Depois de tudo que ele fez por mim e eu nunca dei valor, agora ele não queria nem mesmo ser meu amigo. E isso era compreensível.


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Notas finais do capítulo

até sexta ♥



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