Almas Perdidas escrita por Olivia Darkheart


Capítulo 2
Rosas Tem Espinhos


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o 2 cap de Almas Perdidas, boa leitura e comentem, por favor ♥



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Bella estava sentada numa enorme pedra que achou enquanto perambulava pela floresta.

Quando saiu da casa, ela começou a correr tão rápido que se surpreendeu com sua própria velocidade. Um dos benefícios de ser vampiro era a habilidade de correr super rápido. Bella também notou que sua visão e audição agora estavam além de perfeitas. Ela podia ver uma formiga andando em busca de comida a metros de onde ela estava. Conseguia ouvir o som de um cervo comendo a quilometros de distância. Seu faro também estava super apurado. Ela sentia os mais diversos cheiros e conseguia identificar todos.

Bella se lembrava de ter acordado de manhã e como o céu já estava escuro, provavelmente já estava a muitas horas em cima daquela pedra, apenas sentada, pensando em tudo o que tinha acontecido. O acidente de carro, sua quase morte, toda aquela dor pela qual passou e agora ela era uma vampira. Agora, nunca mais poderia falar com seus pais. Nem com seus amigos. Seu novo emprego também já era. Sua carreira como jornalista nunca se concretizaria. Ela não se casaria, não teria filhos, não teria sua própria família. Ela perdeu os sonhos que tinha. Estava tudo perdido.

Bella quis chorar outra vez, mas é claro que as lágrimas não desceram. Não poder chorar a irritava profundamente. Como ela iria estravazar e se acalmar se não podia chorar? Toda aquela angústia em seu peito ia simplesmente ficar presa ali?

Ela colocou a mão no peito e arregalou os olhos ao finalmente notar que seu coração não batia. Nunca mais bateria.

Vampiros eram criaturas mortas vivas. Eram seres sobrenaturais que perambulavam pelo mundo, procurando por sangue, por que sangue é vida, algo que eles não tinham.

Ela olhou para o céu estrelado, se perguntando se era melhor que tivesse morrido. Se perguntando se simplesmente era melhor se ela tivesse deixado de existir. Ela não era mais humana, as coisas já não faziam mais sentido para ela.

—Te achei.

Bella olhou pra baixo, se deparando com uma mulher alta, corpo cheio de curvas sensuais e enormes cabelos loiros lisos. Era Rosalie.

Com um único pulo, Rose subiu na pedra e se sentou ao lado de Bella. A morena desviou os olhos dela, permanecendo calada.

— Você foi ver seus pais?

Bella suspirou.

—Não, eu... fiquei com medo de machuca-los.

—Você ficou aqui todo esse tempo?

Isabella assentiu.

As duas ficaram quietas, ambas olhando as estrelas.

—Mandaram você vir me procurar?- Bella perguntou, por fim.

Rosalie sorriu para ela e negou.

—Não. Carlisle quer te dar espaço, embora Alice esteja super preocupada. Quando eu sai, ela estava tentando convence-lo a vir te encontrar.

—E por que você veio?

—Eu apenas me identifico com você. Eu entendo a razão de estar brava. Eu passei por esse mesmo processo. Perder minha humanidade foi... angustiante para mim. Eu queria ter me casado, tido filhos e netos, envelhecido com meu esposo. Queria tudo isso, mas não pude ter. Foi tirado de mim, como foi tirado de você.

—Posso perguntar o que aconteceu com você?- Perguntou, meio hesitante.

Bella estava curiosa quanto a história de vida da outra, mas não queria ser intrometida.

Rosalie assentiu, a olhando.

—Você vai ficar sabendo de qualquer maneira, então é bom que eu mesma conte. Era abril de 1933, eu tinha 18 anos. Estava voltando da casa de uma amiga que havia acabado de dar a luz e depois de passar uma tarde inteira com ela e o bebê, eu estava andando distraída pensando no quanto eu queria aquilo pra mim também. Um bebê. Eu sempre quis ser mãe, sabe? Enfim, um colega do trabalho do meu pai, que visitava nossa casa frequentenente, passou por mim de carro e parou, me oferecendo uma carona. Estava de noite, muito frio e nevando e eu pensei que não haveria problema, afinal, ele era amigo do meu pai. Eu entrei no carro. Quando eu percebi que ele não estava me levando para casa, eu pedi para parar o carro, pois eu queria descer e ele riu de mim. Disse para eu não me preocupar pois ele faria o que tinha de fazer bem rápido. Eu implorei para ele me deixar ir e isso pareceu ter o incentivado ainda mais. Não foi rápido. Foi lento e doloroso. Depois, ele jogou meu corpo num lago congelando. Ele sabia que eu não estava morta, mas me jogou lá mesmo assim. Carlisle seguiu o cheiro do meu sangue e me achou. Me levou para a casa dele e me transformou e hoje em dia, somos uma família. Não é exatamente a família que eu queria e, com certeza, é uma família meio estranha, mas nós nos amamos. Faríamos tudo um pelo outro. Você faz parte da família agora também, Bella. Eu  sei que é díficil, mas dê uma chance para nós. Queremos o seu bem. Todos nós. Eu inclusa.

Bella, pela terceira vez naquele dia, queria chorar.

Ela ficou sensibilizada pela história de Rosalie e se deu conta de que provavelmente todos eles tivessem histórias traumáticas como aquela. Ela não era única que tinha sonhos. Eles também sofreram e mesmo assim queriam ajuda-la e inclui-la na família.

A morena olhou para Rose e, pela primeira vez desde que aquele pesadelo começou, sorriu.

—Acho que eu estou pronta para voltar.- Falou baixinho.

Rosalie colocou a mão em seu ombro, sorrindo.

—Ótimo! Mas vamos caçar primeiro, você deve estar faminta!

Bella arregalou os olhos.

—Nós vamos comer... pessoas?

Rosalie explodiu em uma gargalhada, fazendo a morena a olhar confusa.

—Não se preocupe. Nós somos "vegetarianos". Tomamos sangue de animais. Você vê meus olhos dourados?

Bella assentiu.

—Toda a família tem olhos dourados por que tomamos sangue de animais. Os vampiros que tomam sangue humano, tem olhos vermelhos como os seus. Depois de algumas caçadas, seus olhos vão mudar para o dourado também.

Bella estava aliviada que eles não tomavam sangue humano. Não sabia se conseguiria fazer aquilo sem se sentir culpada. Até tomando sangue de animais já a incomodava, imagina drenar um ser humano?

Pensando em todo aquele assunto de sangue, a queimação na garganta de Bella aumentou, fazendo-a salivar.

—Então vamos logo, eu realmente estou com sede.

Rosalie assentiu e pulou para fora da pedra, caindo graciosamente no chão, de pé. Bella a seguiu e as duas se entranharam ainda mais na floresta, a procura de suas futuras refeições.

(...)

—Pra uma iniciante, você foi muito bem.- Rosalie elogiou, depois de drenar seu último cervo daquela noite.

Ela havia caçado a menos de uma semana e não estava com tanta sede, mas precisava ensinar Bella a caçar, então resolveu que não faria mal fazer um lanchinho.

—Obrigada, mas minha roupa está toda suja. Como você consegue ficar tão limpa?- Bella perguntou, enquanto olhava com horror para si mesma e para suas roupas, rasgadas e manchadas de terra, sangue e mais o que quer que tivesse no chão de uma floresta.

—Ah, isso leva prática, mas logo você vai conseguir também. Demorou menos tempo para mim, pois eu sou naturalmente elegante.

Rosalie piscou e riu, suavemente. Bella riu também, agradecida pela conversa com a loira estar distraindo-a dos pensamentos pessimistas que insistiam em voltar a sua mente.

—Me diga, você sabe o que aconteceu com sua família? Depois que você se transformou? - Bella perguntou, de repente.

Rosalie a olhou, inclinando a cabeça para o lado.

—Você está preocupada com os seus pais.

Bella assentiu, cabisbaixa.

—Depois que eu me transformei, eu costumava observar meus pais de longe, para ver como eles estavam indo. Eu era filha única, então minha morte foi um completo choque para eles. Eles superaram com o tempo e até tiveram outro bebê, chamada Margareth. Depois de um tempo eu parei de ir visita-los, mas ainda sei onde ela, os filhos e netos moram. De tempos em tempos, eu mando uns presentes.

—Isso é legal da sua parte.- Bella disse, sorrindo.- Que tipo de presentes?

—Paguei a faculdade de todos eles e comprei uns carros também, nada de mais.

Bella a olhou de olhos arregalados.

Se isso não era nada de mais, quais presentes ela teria mandado se tivesse se esforçado?

—Então eles sabem sobre o que você é?

Se a família de Rosalie soubesse a verdade sobre ela, talvez Bella também pudesse contar aos pais sua situação.

—Não, eles só sabem que um "doador anônimo" vem ajudando eles todo esse tempo.

A morena, desanimada, voltou a ouvir o resto da história de Rose.

—Mas o pior foi ver meus pais sendo consolados no meu funeral pelo monstro que me arruinou. Minha mãe mal se aguentava de pé de tanto chorar e o meu pai ficava encarando o caixão vazio, já que não encontraram meu corpo. E aquele cretino lá, dizendo para eles que sentia muito e que eu estava em um lugar melhor agora. Quando Margareth nasceu, eu fiquei com tanto medo dele fazer algo a ela que decidi que tinha que fazer algo contra ele.- E então, Rosalie continuou a contar sua vingança, mas com um sorriso maligno no rosto.- Apareci para ele incontáveis vezes, exigindo que ele se entregasse a policia e ele sempre ficava desesperado, achando que eu fosse um fantasma. O perturbei tanto, que ele se entregou, mas como a polícia não achou meu corpo e não tinham provas contra ele, apenas o internaram num manicômio, pensando que ele estava louco. Continuei aparecendo, por que aquilo para mim não era o suficiente, eu queria desgraçar a vida dele, como ele fez com a minha. Depois de uns anos, quando eu me entediei, eu o matei afogado, no mesmo lago em que ele me jogou. Isso não me deu a paz que eu queria, pois nunca se pode ter paz depois de fazerem com alguém o que ele fez comigo, mas pelo menos eu sabia que minha irmã não correria perigo. Isso me deixou mais tranquila... e confesso, fez eu me sentir vingada.

—E o que eles disseram, os... não sei o sobrenome da sua família...

—Somos os Cullen.- Rosalie respondeu.- Bom, eles não concordam com matança, vingança e essas coisas, mas me deixaram fazer o que eu precisava e não se meteram no meu caminho. Carlisle e Esme são assim, compreensivos e amorosos. Fazem de tudo para você se sentir bem e confortável. Eu fui mimada por meus pais quando era uma mortal, e na minha imortalidade tive a sorte de ser mimada também.

—Isso é muito bondoso da parte deles...- Bella murmurou e nem percebeu que sorria levemente.

—O único problema foi Edward. Vivia me julgando por minhas ações naquela época, mas olhe para ele hoje em dia. É um hipócrita! Eu, pelo menos, nunca me infectei com sangue humano, principalmente o do tipo que ele caça.

A morena olhou para Rose com um olhar questionador.

Não fazia a miníma ideia de quem era Edward, mas se Rosalie falava dele daquele jeito, não devia ser boa pessoa.

—Quem é esse Edward?- Perguntou, por fim.

A loira suspirou, erguendo as sombrancelhas, desviando o olhar para o céu.

—É uma longa história... vamos voltar para casa, acho que Carlisle pode responder isso melhor que eu.

Isabella apenas assentiu e as duas saíram correndo, rumo a mansão dos Cullen. Bella, apenas querendo tomar um banho, embora estivesse curiosa sobre o tal Edward e Rosalie, pretendendo matar as saudades de seu Emmett, mesmo que estivesse longe dele apenas a algumas horas.<!--/data/user/0/com.samsung.android.app.notes/files/clipdata/clipdata_bodytext_210302_154627_017.sdocx-->


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Notas finais do capítulo

Cap curtinho, mas é um dos meus favoritos. Não esqueçam de comentar o que acharam ♥



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