Almas Perdidas escrita por Olivia Darkheart


Capítulo 1
Um Homem No Meio Do Caminho


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura e não se esqueçam de comentar, por favor ♥



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—Mãe, mesmo que eu chegue ai depois das 00:00, eu vou continuar dirigindo. Já era pra eu estar ai, mas eu não estava contando com essa chuva.- Bella falou, frustrada, com sua mãe através do aparelho celular.

Ela não entendia a razão de repente o céu ter escurecido e uma chuva forte ter começado a cair, deixando a tarefa de chegar até a casa de seus pais, em Forks, quase impossível. Ela havia checado a  previsão do tempo com bastante antecedência e todas as várias fontes que ela pesquisou, diziam que iria ser um dia ensolarado e de muito calor. Não foi o que aconteceu.

—Bella, a chuva está muito forte, talvez seja melhor você ficar parada ai, ou então, procurar uma pousada para esperar a chuva passar.- Rennée respondeu, e a preocupação pela sua filha estava bem evidente em seu tom de voz.

Bella suspirou.

Sua mãe tinha razão, ela sabia, mas Bella estava tão ansiosa para encontrar seus pais que não aguentava mais a espera. Queria abraça-los, contar sobre sua vida e perguntar da deles. Queria vê-los pessoalmente, escutar suas risadas, provar da comida de sua mãe, da qual sentia muitas saudades, e assistir filmes com seu pai, o passatempo preferido de ambos. Bella não via a hora de reencontra-los depois de tanto tempo morando longe deles.

—Já estou parada aqui na estrada a quase uma hora e o clima não melhora.- Disse, checando seu relógio de pulso e vendo que já eram quase 20:00.- E não tem nenhuma pousada entre o lugar em que eu estou e a casa de vocês.

Rennée ficou em silêncio por alguns minutos e Bella pode ouvir sua mãe contando a Charlie a situação dela e pedindo conselhos sobre o que fazer ao mesmo.

—Bella, seu pai disse para você continuar parada ou voltar para o seu apartamento. Não é seguro vir até aqui com essa chuva pesada.

Bella bufou, irritada.

Por que justo agora que tinha motivos de sobra para comemorar, algo tinha que dar errado?

—Mas e o nosso jantar? Nós temos que comemorar o meu novo emprego! E a minha matéria que saiu no jornal!

—Eu sei, minha filha. Mas sua segurança é o mais importante. Podemos comemorar outro dia, tudo bem?

—Uma vez que eu começar a trabalhar, não vou ter mais tempo de ver vocês!- a morena argumentou.- Eu finalmente consegui um final de semana inteiro pra ficar com vocês, não posso desperdiçar isso!

—Isabella, obedeça sua mãe.- Bella ouviu seu pai gritar, de longe.

Ela sorriu, achando graça da preocupação dele.

A chuva estava forte sim, mas era só agua, no final das contas, e ela podia se cuidar muito bem.

—Vocês não precisam se preocupar, eu sou uma motorista incrível. Vejo vocês daqui a pouco, tchau.

—Isabella, não seja teimo...

Antes que Rennée pudesse completar a frase, Bella desligou o celular, jogando-o no banco do carona, onde também estava sua bolsa. Ligou o carro e o parabrisa automáticamente voltou a funcionar.

Como ela mesma disse para a mãe, poderia chegar até depois da meia-noite, mas chegaria. Pelo menos, era o que pretendia.

(...)

Bella dirigia calmamente devido a chuva, mas a sua amante por velocidade interior estava gritando de frustração. Se tinha uma coisa que a morena odiava, era dirigir devagar.

A chuva estava diminuindo gradativamente, então Isabella, sem a menor paciência, aumentou a velocidade, decidindo que nada de ruim poderia acontecer por causa disso. Ela estava com muita pressa para continuar devagar, e se a chuva já não estava tão forte como antes, não havia razão para não dirigir um pouco mais rápido.

Dez minutos se passaram e Bella, ainda dirigindo tão rápido quanto antes, ouvia uma música animada na rádio, enquanto cantarolava a mesma num tom de voz baixinho. Olhando para o lado, acabou se distraindo com uma corsa correndo na floresta, ao lado da estrada, quando olhou de novo para a sua frente, arregalou os olhos ao ver um homem parado bem no meio da estrada, onde seu carro passaria. Por alguns segundos, ela paralisou, sem saber o que fazer. Sabia que não poderia frear, por causa da alta velocidade em que estava, o carro poderia acabar capotando. A única solução que achou foi desviar o carro. Sabia que tinha uma floresta a beira da estrada e que ela poderia se machucar feio, mas não podia simplesmente passar por cima daquele idiota paralisado ali.

Como era a única opção que tinha, Bella desviou o carro, mas pode ver que ainda assim, acertou o braço do homem.

Melhor um braço do que ele inteiro, certo?, pensou.

O carro invadiu a floresta, como ela previra, mas não contava que haveria uma enorme ladeira bem ao lado. Antes que pudesse soltar o grito que estava preso em sua garganta, o carro caiu ladeira a baixo e capotou três vezes, até atingir o solo, de cabeça para baixo.

Bella estava de cinto, mas por algum motivo que ela não entendia, o cinto havia se partido, e durante a queda do carro na ladeira, ela foi jogada para fora pelo parabrisa, caindo de costas a quatro metros de onde seu carro caiu. Seu rosto, braços e pernas estavam com profundos cortes, causados pelos cacos de vidro das janelas, que estouraram durante a queda, e do parabrisa que ela atravessou.

Respirando com dificuldade, e sem conseguir se mexer, ela tentou olhar ao redor, tentando ver se tinha algo ou alguém que pudesse ajuda-la, mas o lugar estava vazio. Tentou falar, mas nenhum som saia de sua garganta. Grossas lágrimas saíram de seus olhos, enquanto pequenos gemidos de dor saiam de sua gargante seca. O único som que foi capaz de produzir.

Se sentia fraca e por mais otimista que fosse, sentia que morreria ali naquele lugar. Podia sentir seu corpo inteiro doendo, tinha certeza que tinha quebrado vários ossos, por causa do impacto do seu corpo contra o chão. Estava toda suja do seu próprio sangue e sentia o solo abaixo de si molhado, também com seu sangue. Ela sabia que estava perdendo bastante, e que se alguém não a achasse logo, morreria em pouquíssimo tempo.

Bella tentou gritar mais uma vez, mas sem sucesso. Seu choro aumentou, um choro agoniado e sem esperança.

Ela fechou os olhos, respirando devagar, sentindo todo o seu ser doer.

Deveria ter escutado seus pais, pensava. Deveria ter voltado para casa, ou procurado um  lugar para ficar, poderia até mesmo ter ficado parada, mas foi impaciente e decidiu se arriscar e agora, ela morreria sem ver seus pais, as pessoas que  mais amava, pela última vez.

De repente, ouviu passos e a esperança se ascendeu em seu peito.

Sentiu alguém parar ao lado dela e viu um homem, de capuz preto a olhando. Era o homem que estava parado na estrada, ela reconheceu e ele estava inteiro, sem nenhum arranhão. Bella tinha certeza que o carro tinha acertado o braço do homem, então como era possível que ele estivesse bem? Era o ser humano mais pálido que ela já tinha visto e seus olhos vermelhos a fizeram se perguntar se estava alucinando.

O homen sorriu para ela e abriu a boca, mostrando presas enormes e assustadoramente pontiagudas.

Ela não conseguia se mexer, mas se pudesse, correria dali o mais rápido que pudesse. Infelizmente, não era o caso.

O homem estava se abaixando, chegando perto do seu pescoço e pronto para morde-la, quando pareceu ter ouvido algo se aproximando. Se virou na direção em que ouviu o barulho e, com um olhar irritado, saiu correndo, tão rápido que Bella não conseguiu acompanhar. Ela nunca tinha visto algo tão rápido quanto aquele homem, ou seja lá o que aquilo era. Tinha quase certeza que aquilo não era um ser humano.

Que ótimo, estou alucinando antes de morrer..., Bella pensou, amarga.

Com um último suspiro, Bella sentiu algo gelado tocar sua mão. Estava com os olhos abertos, mas já não conseguia enxergar muita coisa. Sentiu algo se aproximar de seu rosto e ouviu uma voz baixinha, feminina e angelical lhe dizer que tudo ia ficar bem.

Talvez fosse um anjo, que tivesse vindo busca-la, Bella pensou.

A última coisa que sentiu foi o anjo lhe pegar no colo e começar a caminhar com ela, e então, desmaiou.

(...)

Isabella ainda estava desmaiada quando uma dor estranha, vindo de seu pulso a acordou. No início, era uma dor nem tão forte, nem tão fraca. Era como uma mordida. Bella sentiu, inclusive, os dentes, de seja lá o que quer que fosse, pemetrando sua pele. Logo a dor aumentou, fazendo seu corpo começar a se debater automáticamente. Bella não sabia o que estava acontecendo, mas em poucos minutos seu corpo começou a queimar, como se ela tivesse sido jogada numa bacia de água fervendo. Não, era pior. Era como se ele tivesse sido jogada em pura lava.

Ela  gritou, em plenos pumões, e se surpreendeu ao ouvir sua própria voz. Nunca tinha gritado tão alto em toda a sua vida.

—Não se preocupe, vai passar logo.-  A voz de antes falou.

Bella não tinha controle sobre seu corpo naquele momento, então não pode se virar para poder ver o rosto de quem estava ali.

Sabia que estava deitada em algum lugar, mas não sabia onde.

Talvez ela realmente tivesse morrido e estivesse no inferno. Não que fosse uma pessoa ruim, mas para sentir toda aquela dor e queimação, aquele lugar só podia ser o inferno.

Mas se ela estivesse no inferno, então o anjo não estaria com ela, certo? Pelo menos, era nisso que ela estava tentando se agarrar. Ela queria confiar no anjo e acreditar que aquela dor ia passar logo.

Um grito irrompeu de sua garganta outra vez, ainda mais alto que o primeiro.

Ela sentiu alguém segurar sua mão, firmemente.

—Isso é torturante. Só de ver, me lembro quando era eu.- Uma outra voz feminina falou, tão suave a bonita quanto a do anjo que a encontrou.

—Eu sei, Rosalie, mas eu tinha que salva-la. Não podia deixar ela daquele jeito.- Seu anjo falou, com a voz angustiada.

—Nós entendemos, Alice. Sabemos que você teve seus motivos, não se preocupe.- Outra voz, dessa vez masculina, consolou Alice.

Então Alice era o nome do anjo que a pegou. Bella pensaria em como esse nome era bonito, se não estivesse sentindo como se seu corpo estivesse explodindo de dentro para fora.

—Me salve...- Bella conseguiu sussurrar, implorando.- Dói... dói tanto...

Ela sentiu Alice, que ainda estava segurando sua mão, se inclinar e sussurrar de volta para ela.

—Me desculpe. Eu prometo que vai passar, aguente só um pouco.

E Bella tentou. Aguentava até onde podia e quando não suportava mais, soltava um grito agonizante de dor e voltava a implorar por misericóridia. Ela já estava convencida de que ainda estava viva, pois aquela dor não era algo que uma pessoa morta sentiria. Implorava para lhe matarem, para acabarem com seu sofrimento e sempre que fazia isso, Alice lhe pedia desculpas, com sua voz angelical angustiada.

Bella não sabia a quanto tempo estava ali, impotente, enquanto todo o seu ser se debatia e ardia, mas sabia que já fazia muito tempo. Talvez dias, talvez semanas. Para ela, era como se fossem anos. O tempo passava muito devagar, para o seu sofrimento.

E enquanto estava ali, sofrendo, podia ouvir as coisas acontecendo ao seu redor. Já sabia o nome de todos ali, pois todos conversavam com ela. A morena não sabia como nenhum deles se parecia, mas os reconhecia pela voz.

—Tão bonita...- Ela ouviu um dia Esme, que havia se apresentado para ela, dizer em tom de adoração.- Estou feliz que Alice te encontrou a tempo, Bella. Na verdade não sei se posso te chamar de Bella ainda... me corrija se você preferir Isabella, quando você acordar.

Mais tarde foi a vez de Rosalie e Emmett.

—Dói, não é?- Perguntou.- Todos nós passamos por isso, então sabemos como você se sente. Quando você acordar, vai ter passado. Enfim, você vai viver muitas coisas novas a partir de agora, então... se precisar de ajuda com algo, pode falar comigo. Eu sou experiente nessa vida. Te vejo quando você acordar.

—Hey, eu sou Emmett, marido da Rose. Nós meio que somos irmãos agora, eu e você. É bom ter alguém novo por aqui, pra variar. Quando você acordar, vamos sair para caçar, vou te ensinar a quebrar o pescoço de um urso. Vai ser divertido, maninha.

Caçar? Quebrar o pescoço de um urso? Quanto mais tempo passava, mais Bella achava que estava louca.

Logo em seguida, Jasper e Alice  vieram falar com ela. E depois Carlisle. E então o ciclo se repetia. Todos eles sempre vinham conversar com ela, mesmo que ela não conseguisse responder. Bella desconfiava que em todo aquele tempo que estava ali, eles nunca a deixaram sozinha. De alguma forma, isso a confortava.

Um dia, Alice, mais animada que o normal, foi até Bella, sorridente.

—Achamos que hoje você vai acordar. Não vejo a hora! Estamos todos ansiosos para te conhecer, Bella!

E, realmente, depois de algumas horas, Bella sentiu a dor partir. Não de uma vez, como ela desejava, mas aos poucos. Ela já não se debatia mais e logo a queimação foi deixando suas mãos e pés, braços e pernas. Logo, seu corpo inteiro estava livre da dor e da ardência, menos sua garganta. Uma sensação extremamente incomoda se concentrava lá, deixando sua garganta extremamente seca e vazia. Bella nunca tinha sentido aquilo antes, mas definitivamente, era melhor que a tortura  de antes.

—Bella?- Alice a chamou.

Isabella abriu os olhos e se sentou devagar, olhando para baixo e vendo que estava deitada em uma cama. Olhou ao redor e viu os rostos que ansiara ver desde que ouvira suas vozes. Ela ainda não sabia quem era quem, embora tivesse palpites. Tinha certeza que a baixinha de cabelo preto e curto, exalando graciosidade pelos poros, era Alice.

—Olá.- Bella disse, logo em seguida, se espantando com a própria voz. Estava diferente. Mais suave, mais aveludada e até mais sensual, diria.

—Você deve estar confusa.- Um homem loiro e de aparência confiável afirmou, com um sorriso amável. Era a voz de Carlisle, a morena concluiu.

—Estou, eu... eu estava em um acidente de carro. Eu lembro que eu estava muito machucada, achei que fosse morrer e... ela me achou.- Bella apontou para Alice.- E me tirou dali e então eu senti tanta dor e não conseguia controlar meu próprio corpo. Eu conseguia ouvir vocês conversando comigo durante esse tempo todo. O que aconteceu? Por quanto tempo eu... "dormi"? Quem são vocês? Como sabem meu nome?

A família se entreolhou, receosos.

Sabiam que deveriam contar logo a verdade, mas não sabiam como ela reagiria quando soubesse de tudo.

—Primeiro, preciso que se acalme.- Carlisle pediu, andando até ela e colocando as mãos em seus ombros.- Nós vamos explicar tudo o que você quer saber.

Bella assentiu.

—Bom, Alice foi quem encontrou você. Ela estava pelas redondezas quando você sofreu o acidente de carro e te achou, quase morta. Ela te trouxe para casa, para que eu pudesse ver o que eu podia fazer por você. Eu sou médico.

—Entendo. Então você me curou?- Ela perguntou, ainda confusa.

Carlisle suspirou.

—Bella, o que eu vou falar agora pode assustar você. Quando Alice te trouxe, não havia nada que eu pudesse fazer, como médico. Você ia morrer. Nós tinhamos que decidir rápido sobre o que fazer, deixar que você... morresse, ou te transformar. Então, decidimos pela transformação.

Bella franziu o cenho. Aquela resposta não tinha sido nada esclarecedora.

Enquanto Carlisle explicava para Bella a situação, os outros a encaravam, estudando suas reações.

—Que transformação?

Carlisle suspirou, de novo. Era a hora da verdade.

—Em vampira, Bella. Eu te mordi e te transformei em uma vampira para salvar sua vida.

—O que...?- Isabella o encarou de olhos arregalados, não acreditando no que ele lhe acabara de falar.- Vampiros não existem. São lendas. Nada mais que isso.

Alice deu um passo a frente e levantou um espelho de mão na altura do rosto de Bella.

—Eu sei que é difícil de acreditar, mas é verdade.- Disse.- Olhe, essa é você agora.

Bella pegou o espelho e se olhou, assustada. Aquela não parecia ela. Não podia ser ela. A mulher no espelho tinha os cabelos castanhos, quase ruivos, iluminados e volumosos, tinha as maças do rosto bem definidas. Sua pele era extremamente pálida, como a de uma pessoa morta, e seus olhos... seus olhos  antes castanhos chocolates, agora eram vermelhos intensos e vivídos. Seu corpo também havia mudado, percebera, olhando para baixo. Seus seios antes eram pequenos, agora estavam maiores e redondos, suas curvas, que antes não enxergava, agora estavam bem evidentes. Seus quadris estavam maiores, suas coxas estavam maiores e sua cintura estava mais afinada. Tinha até a impressão que tinha ficado mais alta. Tudo tinha mudado nela. Bella não era mais ela mesma, mas de alguma forma, ainda era.

Depois do que tinha visto em si mesma, não tinha como não acreditar no que estavam lhe dizendo. Ela era uma vampira. Agora a ardência incômoda em sua garganta fazia sentido.

—Toda aquela dor que você estava sentindo era a sua transformação de humana para vampira ocorrendo.- Carlisle explicou.- Você ficou "dormindo" durante três dias, quase quatro.

Isabella olhou para ele, chocada.

—E como sabem meu nome?

—Depois que eu te trouxe pra cá, voltei até o local do acidente e procurei pelos seus documentos. Foi assim que fiquei sabendo do seu nome.- Alice respondeu.

E então Bella se lembrou dos seus pais. Ela estava indo visita-los quando tudo aconteceu, se ela ficou quase quatro dias desaparecida, eles deviam estar preocupados.

—Meus pais devem estar preocupados... eu preciso ve-los, avisar que eu estou bem.

Carlisle, mais uma vez, a olhou hesitante. Mais uma dura verdade deveria ser dita.

—Bella, sentimos muito.- Começou.- Mas seus pais acham que você morreu.

—O que?! Como assim?- Perguntou, sua voz demonstrando incredulidade.

—Como eu trabalho num hospital, tenho acesso ao necrotério. Peguei o corpo de uma mulher parecida fisícamente com você, vesti suas roupas nela e a coloquei dentro do carro e... então causamos uma explosão nele. A polícia achou o carro e o corpo queimado, achando que era o seu. Como não podiam identificar o corpo por estar queimado, te identificaram pelos documentos no carro. Seus pais foram notificados e depois de toda a burocracia do funeral, te enterraram. O funeral aconteceu ontem.

Bella olhava para Carlisle com os olhos arregalados e com as mãos fechadas em punho. Não podia acreditar que ele tinha feito aquilo. Não podia acreditar que ele tinha forjado sua morte.

Bella sentia muita vontade de chorar, mas não conseguia. As lágrimas não saiam. Ela estava seca por dentro, assim como sua garganta.

—Por que fez isso?- Perguntou, por entre os dentes.

—Quando nos tornamos vampiros, todos ao nosso redor que são humanos, família, amigos e etc, correm perigo.- O loiro disse, pacientemente.- Você provavelmente está sentindo muita sede, certo? Uma queimação forte na garganta, que te faz querer beber alguma coisa. Não água, ou qualquer outra bebida, mas sangue. Sangue humano. E se você se descontrolasse perto de alguém que ama? Sinto muito, Bella, mas se você quiser que os seus pais fiquem seguros, o melhor é não se aproximar deles.

Ela negou com a cabeça, inconformada com a situação.

—Eu jamais machucaria meus pais! Eu os amo! Eles devem estar sofrendo, pensando que eu morri queimada num acidente de carro estúpido. Precisam saber... precisam saber que eu ainda estou aqui!

Alice tentou chegar mais perto de Bella, estendendo a mão, mas ela andou para trás, se afastando.

—Não chegue perto. Eu... eu não conheço vocês, como vou saber que estão falando a verdade sobre tudo isso? Eu estou indo embora.

Isabella se virou, pronta para sair pela porta, mas num piscar de olhos, um enorme homem de cabelos pretos curtos se colocou a sua frente, impedindo sua passagem.

—Sabemos que está brava, Bella, e você tem todo o direito, mas Carlisle fez isso pro seu próprio bem.

Ela reconheceu a voz de Emmett e, definitivamente, não esperava que uma pessoa com a voz tão doce e brincalhona poderia ter aquele tamanho.

—Sai da minha frente.- Bella disse, ameaçadora. Um rosnar baixinho foi ouvido e ela se surpreendeu ao perceber que era ela fazendo aquele som típico de animais selvagens. As coisas ficavam cada vez mais estranhas, ela pensou.

Emmett sorriu, a provocando.

—Hum, ela é brava! Mas você não me assusta Bella, não vou tirar um pé daqui. Se quiser sair, vai ter que passar por cima de mim.

Isabella rosnou de novo, dessa vez, alto e claro, de propósito. Estava preparada para enfrenta-lo. Na verdade, ela ansiava por isso. Bella nunca foi de arrumar brigas, mas algo dentro dela estava implorando para estraçalhar algo. E não se importava se esse algo fosse o gentil e risonho Emmett que passou grande parte da transformação de Bella conversando animadamente com ela.

—Emmett, deixa ela ir, se ela quiser.- Carlisle falou, calmo.- Não podemos e não devemos obriga-la a nada. A escolha é sua, Bella. Se quiser ver seus pais, vá. Se quiser ir embora e seguir sua vida, vá. Mas se quiser ficar conosco, fazer parte da família, volte. Você sempre será bem vinda.

—Carlisle!- Alice protestou.

Ele apenas a olhou, sorrindo, tranquilo e isso foi o suficiente para ela se calar.

Emmett saiu da frente da porta e Bella, sem olhar para trás, saiu. Saiu correndo, o mais rápido que pode, sem rumo.

Sabia que não poderia se encontrar com seus pais, pois Carlisle estava certo. Era perigoso para eles. Ela não queria aceitar que ele estava certo, mas ele estava.

Ela apenas precisava de tempo para pensar sobre aquilo tudo. Precisava ficar sozinha. Apenas ela e seus pensamentos. E sua sede.
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Notas finais do capítulo

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