Spotlight escrita por Fe Damin


Capítulo 4
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!
Nesse clima de feriado, aqui está um capítulo novo de S para vcs!
Vamos ver como estão os ânimos depois dos últimos acontecimentos.
Espero que gostem :)



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Agora eles combinam e ainda teve cena de elogio e sorriso ao vivo. Como é que lida com isso, meu povo? É oficial, esse ship está lançado! #ShippoMuito #Romione 

Rita Skeeter - via Twitter

 

Ron cometeu o erro de abrir os aplicativos do celular antes de ir para casa. A enxurrada de postagens sobre ele e Hermione não deixaram dúvidas de que encontraria um problema em casa. Adiar não resolveria de nada, então se ajeitou em sua moto e chegou rapidamente no apartamento que alugara assim que regressara dos EUA. 

Inicialmente ele havia pensado em procurar uma casa, algo mais espaçoso, principalmente para acomodar seu cachorro. Soneca era um dálmata, então apartamentos não eram o mais indicado, porém a noiva levantou o ponto de que estariam ali por pouco tempo, apenas para que ele cobrisse a licença do antigo âncora, não tinha porque ajeitarem uma casa grande apenas para isso.

Acenou a cabeça para o porteiro da noite ao passar pelo hall de entrada e pegou o elevador até o sexto andar. Ao abrir a porta, apenas o amigo de quatro patas o recebeu.

—Olá, amigão, se comportou hoje? - ele afagou as orelhas do cachorro que o rodeava, buscando mais carinho.

Por sorte, o animal não costumava latir ou fazer qualquer outro tipo de escândalo. Se Ron desse sorte, Lilá estaria dormindo e não teria visto o jornal ou a internet. Ao menos adiaria a discussão até o dia seguinte quando estivesse menos cansado.

Ron sabia que tinha passado um pouco da linha, aliás fizera isso o dia inteiro quando, numa escolha muito estúpida, decidira que provocar Hermione era um bom negócio. Aquilo se configurara num prazer quase viciante. Não saberia dizer o porquê de se divertir tanto com a situação, mas a forma como ela reagia com os olhos e boca apertados, jogando palavras afiadas de volta, geravam uma sensação gostosa em si. Quase uma volta no tempo para a época da faculdade.

Não que ele estivesse interessado em saber mais a fundo da vida de Hermione, porém, não deixava de ser irresistível o contato.

O ruivo foi checar a comida e água de Soneca e, vendo tudo em ordem, se dirigiu ao corredor que levava ao seu quarto, esperando encontrar Lilá perdida em sonhos. 

—Pensei que tinha desistido de dormir no quarto hoje - ela estava muito bem acordada, sentada na cama, com o robe da camisola entreaberto, braços cruzados e os olhos volta e meia se dirigindo à televisão que estava num filme qualquer.

—Claro que não, Lil, só fui cuidar do Soneca - ele desabotoou a camisa, com toda intenção de ir tomar um banho e dormir, mas a noiva tinha outra ideia em mente.

—Que prestativo, aliás estava todo elogioso hoje, não é, mesmo?

—Lilá… - Ron não sabia como responder ao tom hostil da noiva. Ela nunca se mostrau tão ciumenta antes e não era como se, até o presente momento, seu trabalho não tivesse incluído mulheres à sua volta. Ele sabia que a mudança de país e a nova rotina de trabalhar em casa estavam sendo complicadas para Lilá, mas ela não tinha com o que se preocupar no quesito de fidelidade dele, principalmente com Hermione. Só gostaria que ela entendesse isso.

—Vai me dizer que não foi nada também?

—Mas não foi nada, eu só estava sendo cordial, só isso, eu juro - ele sentou na cama, se acomodando ao lado dela, tentando fazer com que ela visse que não tinha razão para ansiedades.

—Sei… e tinham que colocar vocês naquela cafonagem de roupas? - Ron quase riu por concordar com a opinião, porém a situação não estava para comentários bem humorados.

—Não sou eu que decido isso, você sabe - por um instante, ela ficou em silêncio, fazendo com que Ron acreditasse que a discussão tinha terminado até bem.

Mas ele pensou cedo demais, Lilá estava ali para ir até o fim.

—Seu comportamento de hoje deixou a internet toda muito feliz - ela continuou, carregando na ironia.

—Não liga pra isso, Lil - ele levou a mão aos cabelos dela, fazendo um carinho que não foi muito bem recebido.

—Não vou ligar como? - ela disse se esquivando do toque do noivo.

—Ela e eu não temos nada em comum, já te falei isso, sempre foi assim  - era um tanto cansativo ter que se repetir e a pessoa não acreditar.

—Sempre? - Lilá levantou a sobrancelha e se endireitou na cama, não gostou nada do que ouviu.

—Desde a época da faculdade - ele explicou.

—Ah, então vocês estudaram juntos? - agora Lilá parecia mais incomodada do que nunca.

—Eu te falei isso - Ron passou a mão pelos cabelos, ele sabia que a noiva não tinha prestado muita atenção quando ele mencionara o fato anteriormente.

—Pois eu não me lembro de você mencionar que já conhecia a mulher que o país inteiro quer ver casando com você - o bico dela era quase infantil.

—Não é importante, nós só brigávamos naquela época e ainda é assim, ela me acha a pessoa mais irritante do planeta - Ron tentou mostrar ao máximo sua sinceridade.

—E o que você acha? 

—Eu… - Ron nunca tinha sido questionado dessa forma para dizer o que pensava da antiga colega de faculdade - também acho ela irritante - disse por fim, seguro de que estava sendo sincero.

—Hum…  - Lilá parecia ter gostado da resposta - mesmo assim não é fácil ler aquelas coisas na internet, imagina como eu me sinto!

—Eu sei, as pessoas são idiotas, é só.

—Você não diz pra ninguém que é comprometido, que é meu noivo?

—Claro que eu digo, mas você acha que adianta, Lil? - não era como se ele tivesse gritado aos quatro ventos que tinha uma noiva, mas tampouco tinha escondido, simplesmente não era da conta de ninguém, dizia respeito apenas a sua vida e de Lilá - isso é besteira da internet, aqueles ships idiotas. Somem tão rápido quanto aparecem.

—Idiotas? Já tem até um nome! - ela vociferou exasperada e se inclinou em direção à cômoda que ficava do seu lado da cama para pegar o celular.

—Nome? - Ron não se cansava de admirar a rapidez das pessoas nas redes sociais, devia ser muito tempo livre.

—Sim! - ea virou a tela, praticamente colando-a na cara do ruivo - está no top trends to twitter #Romione, parece que a nação inteira quer vocês dois se agarrando.

—Não importa o que a nação inteira quer, importa o que nós queremos .

A discussão não terminou tão cedo. Lilá levantou vários pontos para expressar como se sentia em relação ao que estava sendo veiculado sobre seu noivo e ele foi tentando assegurá-la que tudo não passava de bobagens.

Quando finalmente colocou sua cabeça no travesseiro, Ron podia ver os raios de sol se esgueirando pelas frestas da cortina. Tinha sorte de seu horário de trabalho começar às 14h, mas não estaria com a melhor das caras.

O relógio despertou ao meio dia e tão rápido quanto soou, o ruivo desligou o som, ainda sem acordar. Quando finalmente deu por si, já estava perigosamente perto de se considerar atrasado. Pulou da cama e se arrumou o mais depressa que pode. A moto foi costurando o trânsito carregado de Londres, mas mesmo assim, já tinham se passado 30 minutos do horário em que deveria chegar.

Viu Hermione saindo de sua sala quando chegou esbaforido para entrar na sua. Para sua surpresa, ela apenas o fitou de canto de olho, sem emitir nenhum comentário. Agradeceu baixinho em sua mente por não ter que entrar em outra briga tão cedo.

Passou o restante do dia sonolento e cansado, a noite mal dormida estava cobrando seu preço, no entanto, tinha um trabalho a fazer. Revisou as notícias do dia, verificou o figurino e foi para uma reunião com os chefes do programa.

Durante toda a reunião, lutou para permanecer de olhos abertos e não deixar transparecer o cansaço. O que o deixou mais intrigado foi perceber que, vez ou outra, o olhar de Hermione estava sobre ele, ela o desviava assim que ele notava, mas estava lá.

O que tanto ela queria ver?

Provavelmente só estava irritada por ter conseguido perceber que ele estava no auge do cansaço, mas não era da conta dela o que ele fazia fora da emissora e ele não deixaria nada mal feito por ali.

Foi apenas quando os dois já estavam vestidos e se encaminhando para o set no horário da transmissão que a morena lhe dirigiu a palavra.

—Aconteceu alguma coisa, Weasley? Seu rosto está… não está normal.

—Isso é preocupação, Granger? - a primeira reação que teve para se esquivar foi provocar, quase se chutou por isso, ela estava sendo civilizada.

—Sim... que dizer, não! - notou a confusão momentânea de Hermione, mas ela logo se recuperou, era estranho vê-la se importar dessa forma - aparecemos juntos para milhares de pessoas, é apenas isso. Se você não estiver se sentindo bem…

—Não aconteceu nada, eu só tive uma péssima noite de sono - disse por fim.

—Pesadelos? - ela perguntou e ele não deixou passar a sombra de um sorriso no rosto dela, ele devia estar vendo coisas.

—Acho que já passei da idade de pesadelos - ele deu de ombros e continuou em frente passando pela miríade de portas e corredores.

—Ah, desculpa, força do hábito de perguntar.

Por um instante. Ron ficou curioso em saber para quem ela tinha o hábito de perguntar sobre pesadelos, mas se conteve. Não era de sua vontade saber da vida dela.

—Na verdade foi a internet tirando a minha paz de novo… - resolveu dar uma pequena explicação, já que era a primeira interação cordial que tinham desde que se reencontraram - viu que agora eles tem até um nome para o nosso ship?

—Ah, por Deus!

—Sim e é ridículo, Romione! - ele revirou os olhos.

—Ridículo mesmo, ao menos o meu nome deveria estar na frente - ela torceu o nariz e ele teve que rir.

—Não acho que Mioron ia ficar tão sonoro…

—Por que estamos debatendo isso mesmo?

—Não faço a mínima ideia, é uma besteira sem tamanho.

—Como você descobre essas coisas, fica procurando?

—Não, minha noiva fez questão de me contar. A Lilá não está nada feliz com isso…

—Ah, agora entendi o noite em claro, não tenho saudade nenhuma das brigas - ela pareceu um pouco aérea se lembrando de algo, aquilo o deixou novamente curioso.

—E com quem você brigava?

—Ninguém… o Harry está nos chamando, vamos - ela não esperou que ele a acompanhasse para ir embora.

Não que Ron fosse passar algum tempo da sua vida pensando na de Hermione, mas achou a forma como ela desconversou do tema um tanto estranho. No entanto, não era hora de se distrair, havia um jornal para apresentar.

 

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Hermione sabia que havia tomado atitudes um tanto idiotas naquele dia. Não tinha nada que ficar se preocupando com o porquê de Ron parecer cansado, ou ainda abrir a boca mais do que devia quando iniciaram uma conversa.

Por sorte, aquela edição do jornal passara sem incidentes, incluindo as roupas de ambos que eram, novamente, diferentes. A morena teve uma longa conversa com Harry sobre isso e ele aceitou advogar seu caso para a diretoria que, aparentemente, entendeu.

Na manhã seguinte, o alarme tocou cedo como todos os dias. Não foi muito tempo depois de desligar o relógio que Hermione escutou passinhos apressados no corredor.

—Mãe, acordei! - Rose abriu a porta sem cerimônias e pulou na cama ao seu lado, dando beijos no rosto da mãe.

—Que jeito mais gostoso de acordar - Hermione se espreguiçou e fez um cafuné no cabelo castanho da filha.

—Viu, eu acordei antes de você me chamar!

—Isso não vai me convencer a te deixar dormir mais tarde, pequena - Hermione riu, sua filha tinha uma insistência impressionante.

—Eu tinha que tentar - Rose deu de ombros, ainda afundada entre as cobertas da mãe.

—Que tal um café da manhã bem gostoso?

—Você vai cozinhar? 

—Ei, o que está querendo dizer com isso? - Mione fingiu estar ofendida, mas se conteve para não rir da cara de descrença da filha.

—Ah, mãe… você disse um café da manhã “bem gostoso” - ela colocou ênfase nas últimas palavras, como se já explicasse tudo.

—Minha própria filha me avacalhando…

—Eu gosto dos seus muffins! Aqueles com gotas de chocolate! - Rose tentou remediar o caso, mas Hermione quebrou sua farça e caiu no riso, puxando a filha num abraço.

—Eu estava pensando em panquecas, o que acha?

—Podemos ir na Sam? - os olhos de Rose já brilhavam com o prospecto, não tinha como Hermione resistir, não que ela quisesse.

—Claro, vá se arrumar rapidinho então - a menina já tinha pulado para fora da cama - e não esqueça o casaco e cachecol, está bem frio lá fora.

Seguindo o exemplo da filha, Hermione levantou e colocou um vestido confortável e quentinho, junto com meias grossas e uma bota de cano alto. Estava terminando de se arrumar quando Rose voltou para o quarto.

—Pronto, mãe, estou arrumada!

—Esse cabelo viu algum pente? - era uma briga fazer a menina domar os fios.

—O vento vai bagunçar mesmo, não precisa - ela dispensou o comentário da mãe.

—Nada disso, venha cá - ela foi até o banheiro de seu quarto e  pegou a escova de cabelos.

—Eu coloco um gorro, mãe!

—Vai ser mais rápido se você vier logo - Hermione não era o tipo de mãe que se convencia fácil, nem mesmo com a carinha pidona de Rose.

A menina se rendeu e sentou na cama, deixando Hermione correr a escova pelos fios lisos. Diferente de Rose, Mione tinha cabelos cacheados, adorava usá-los soltos em sua forma natural que não exigia a preocupação de escovas, mas diariamente escováva-os para ir ao trabalho. Era uma rotina que já estava acostumada a cumprir e a equipe de cabeleireiros sempre reajeitava seus fios para deixá-los domados.

—Agora sim, tudo pronto - assim que ficou satisfeita com o resultado, Hermione deixou a filha levantar.

—Podemos ir? 

—Sim, mas assim que voltarmos você vai fazer sua lição de casa sem reclamar, certo?

—Eu nunca reclamo - Rose torceu o nariz.

—Se eu não te conhecesse, dona Rose - a filha riu junto com ela.

Em poucos minutos de caminhada estavam no local favorito de Rose para tomar café da manhã. Era um pequeno bistrô pertencente a uma senhora chamada Samantha. A mulher adorava conversar, principalmente com os clientes assíduos e Rose e Mione iam ali desde que se mudaram há três anos.

—Minhas meninas favoritas chegaram! - Sam as recebeu por detrás do balcão - ela tinha seu tradicional avental azul e os cabelos loiros presos em um coque no alto da cabeça.

—Oi, Sam - Rose acenou e escolheu a mesa de sempre.

—Deixa eu adivinhar: panquecas de morango com chocolate quente? - Sam atravessou o balcão e veio até a mesa onde as suas se acomodaram.

—Sim! - Rose abriu um sorriso do tamanho do mundo.

—Para mim com café, Sam, obrigada - Hermione complementou.

—Fazia tempo que vocês não vinham, pensei que tinham cansado da minha comida - a senhora se queixou.

—A gente ama a sua comida, Sam! - a menina se adiantou para deixar a senhora tranquila.

—É verdade, as coisas só andaram corridas ultimamente - Hermione complementou.

—Ah, sim eu vi, novidades no jornal! Que moço bonito que arrumaram, hein? 

—Hum… as pessoas dizem que sim - a morena tentou dispensar a conversa.

—Você não é cega, Hermione, não é possível. Um rosto desse do lado! E você aí desimpedida…

—Ele é comprometido - Mione adorava Sam, mas ela tinha mania de tentar arrumar pretendentes para ela, mesmo que já tivesse assegurado-a de que não estava interessada.

—Uma pena… só temos que olhar para outros lados então - concluiu antes de sumir na cozinha para preparar os pedidos.

—Tem que olhar o que em outros lados, mãe? - Rose era uma criança curiosa e gostava de entender tudo à sua volta.

—Nada, pequena, bobeiras de adulto. 

O resto da manhã correu sem incidentes. Mione ajudou Rose com o dever de casa, brincaram com alguns quebra cabeças, almoçaram o menu de comida italiana que Isa preparara na noite anterior. Quando deram conta, já estava na hora de Rose ir para escola. Hermione adorava levar a filha para aula, porém, desde que ela fora para sua nova escola no começo daquele ano letivo, seu rosto já era muito conhecido por aparecer na televisão, então, a fim de conseguir manter sua vida longe da mídia, optou por contratar o serviço de transporte para que a filha pudesse ir sem problemas. Isa a buscava no colégio no fim da tarde e ficava com ela até que Hermione chegasse.

Assim que mandou Rose para escola, a morena terminou de se arrumar para o trabalho. Chegou na emissora sem percalços e foi direto para sua sala. Já estava em sua mesa estudando as notícias do dia quando puxou sua bolsa para pegar uma caneta e fazer algumas anotações.

Notou que havia um envelope branco que não conhecia e riu ao ver a letra tremida da filha que começara a aprender a escrever há pouco tempo. Um post-it sob o envelope indicava o que ela deveria fazer com ele.

“Pro seu amigo Mãe não lê”

A falta de pontuação e os desenhos imprecisos e incorretos das letras denunciavam a idade da escritora. Por mais que estivesse dizendo para que ela não lesse, claro que Hermione não entregaria aquilo para Ron, muito menos sem ler. Abriu o envelope e quis rir ainda mais.

“Oi, eu sou a Rose

minha mãe disse que tava errado. Seu cabelo é da cor da Ariel, como ficou assim? Conta só pra mim, eu guardo segredo! 

Obrigada”

Sem pensar duas vezes, Hermione guardou o envelope na gaveta. Aquilo não chegaria nas mãos do Weasley, com sorte Rose esqueceria do bilhete.

A semana passou correndo, cada dia juntando mais interações das pessoas na internet para promover o ship favorito da nação. No sábado, Hermione só queria uma folga de tudo aquilo e teve uma ideia que tinha certeza que Rose gostaria.

—Estava pensando em fazer alguma coisa diferente hoje - ela começou.

—O que?

—E se a gente fosse ao zoológico?

—Sim! Eu vou poder ver o leão?

—Claro, se ele estiver fora da casa dele, nesse frio, não tenho certeza.

—Mas tem a girafa também e o elefante - Rose já saltitava pela casa.

—Vamos ver todos.

—O padrinho pode ir também?

—Vou ligar pra ele e ver se está com tempo, pode ser?

—Oba! Vou tomar banho então.

—Não precisei nem mandar, gostei de ver! - a filha passara por uma fase onde era muito dificil fazer com que se arrumasse por vontade própria.

—Eu já sou grandinha, mãe - Rose revirou os olhos, claramente insatisfeita pela mãe não perceber a maturidade de seus seis anos.

—Tudo bem, vai lá que eu vou falar com seu padrinho.

Rose subiu as escadas, mas imediatamente Hermione ouviu os passos voltando.

—Mãe, não tem nenhuma resposta pra mim? Do meu bilhete?

—Bilhete? - Hermione ficou confusa, até se lembrar do envelope que ainda estava em sua gaveta.

—Que eu mandei pro seu amigo… - a filha parecia mais tímida do que o normal - ele não quis me responder?

—Não é isso, filha, não tive tempo de entregar, desculpe, mamãe vai entregar, pra ele, tá? - a culpa se esgueirou por dentro de sua mente. Hermione sabia que a filha lidava com uma boa dose de sentimentos de abandono desde sempre, não mediu as consequências ao ignorar o pedido dela e se sentiu mal por isso.

—Tá bom - Rose se contentou com a resposta e voltou escada a cima para seu banho.

Hermione viu a filha sumir no andar de cima e foi pegar seu celular que tinha deixado na cozinha. Achou o nome que queria na sua lista de contatos e inciou a chamada.

—Oi, Harry, tudo bem?

—Oi, Mione, tudo ótimo - a voz sonolenta do amigo denunciava que não fazia muito tempo que tinha acordado.

—Como está sua vontade de ir ao zoológico hoje?

—Minha tarde está livre.

—Ótimo, a Rose vai ficar feliz.

—O que eu não faço pela minha afilhada - ele riu.

—Até levanta da cama num sábado frio para ir ver leões - ela zombou.

Combinaram os detalhes do passeio e Hermione foi se arrumar também, Rose já estava à sua volta para saber quando saíriam. No horário combinado, Harry tocou a buzina e as duas foram se juntar a ele.

—Oi, padrinho! - Rose entrou pela porta traseira do carro, abraçando Harry pela parte de trás do banco.

—Oi, formiguinha, estava com saudade de você! - desde que Rose começara a andar e mostrara sua vocação de criança elétrica, Harry dizia que ela era uma formiguinha atômica.

—A minha mãe contou que a gente vai ver todos os animais?

—Claro, passeio completo!

Rose foi falando o caminho todo, contando para Harry dos últimos acontecimentos na escola e na aula de natação que fazia duas vezes por semana. Hermione sabia que tinha escolhido certo ao pedir que o amigo fosse padrinho da filha. Não tinham muito tempo de amizade na época, mas ela já sabia que podia contar com ele e que ele seria presente e atencioso com Rose.

Cada novo animal que viam empolgava mais a menina que pedia que os adultos lessem todas as informações das placas que ficavam no alto das jaulas e espaços onde os bichos ficavam.

—Vamos tomar um sorvete? - ela pediu ao ver uma barraca que vendia o doce.

—Está frio pra isso, não acha, formiguinha?

—Seu padrinho está certo, Rose, olha o vento que está fazendo - naquela época era complicado ir a qualquer lugar em Londres sem encarar o tempo ruim.

—Mas, podemos tomar um chocolate quente depois, pode ser? - Harry adorava mimar a menina, se não fosse de um jeito, seria de outro.

—Tá! - ela adorou a troca e saiu em direção ao fosso onde se encontravam os jacarés.

—E como estão indo as coisas nos bastidores do jornal? - Hermione decidiu abordar um dos temas que a estavam deixando curiosa.

—Você sabe que os chefes estão amando tudo, a internet está facilitando as coisas

—Nem me fala nisso, Harry, não aguento mais abrir o twitter e ver aquelas besteiras - só de lembrar, Hermione já ficava irritada.

—Pelo menos parece que você e o Ron não brigaram mais, ou estou enganado?

—Sim, viu como estou sendo pacífica? - ela zombou, lembrando da recomendação do amigo para que ela fosse educada e cordial com o ruivo.

—Do jeito que eu gosto. Nem é por muito mais tempo, né? Uma hora o velho Dumbledore volta… - por mais que respeitasse o jornalista, Harry não parecia muito animado com a perspectiva.

—Espero que seja logo.

O dia foi agradável e passou depressa. Rose correu tanto de um lado para o outro, que ficou exausta e acabou dormindo no carro no caminho e volta. Harry a carregou para dentro, depositando-a na cama.

—Espero que ela durma até amanhã, senão vai ser um baile essa noite.

O desejo de Mione se concretizou, a filha dormiu profundamente até o dia seguinte, porém o domingo amanheceu com uma Rose enjoadinha.

—Acho que você está ficando resfriada, pequena, melhor ficar em casa amanhã, vou ligar para a escola e para a tia Isa para ver se ela pode vir mais cedo.

—Não, mãe! Amanhã é o aniversário da Júlia, lembra? Vai ter parabéns! Eu tenho que iiiiiir.

Júlia era a melhor amiga de Rose, seria difícil fazê-la aceitar que era melhor ficar em casa.

—Tudo bem, vamos ver como você está amanhã. E mesmo assim vou falar com a escola que qualquer coisa é para me ligar que eu vou te buscar.

—Mas você vai estar no trabalho - Rose pontuou.

—Não importa, se precisar, eu te busco.


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Notas finais do capítulo

Sou só eu que acho fofos esses momentos em família? Eu sei que sou suspeita, mas não aguento a fofura da Rose, essa criança espevitada e alegre... fico só no aguardo dela conhecer o Ron! O que será que sai daí?
Falando em Ron... será que esse noivado vai longe? Vão ter mais brigas?
Não deixem de me dizer o que acharam lá nos comentários!
Bjus