É mais do que oficial! Nosso querido Dumbledore resolveu se despedir definitivamente do Profeta Diário o que nos deixa para sempre sendo agraciados como o ruivo mais querido de todos! Preparem suas fanfics, comecem as simpatias, #Romione vive! #NossoShipÉEterno #NaTorcida

Rita Skeeter - via Twitter

Por mais que seu aniversário fosse ser uma ocasião simples, nada muito maior do que uns 20 convidados, Ginny sabia que o dia de sábado seria atribulado. Sem nenhum pudor, escalou o irmão para auxiliar. Ela queria mudar alguns móveis da sala de lugar para dar mais espaço de circulação, então esse seria o encargo do ruivo e de seu pai, enquanto ela organizava a mesa principal e ajudava a mãe com as comidas.

—Acho que terminamos, Gin, vai lá ver se está como você quer - Ron entrou na cozinha, já de olho no doce que a mãe mexia na panela.

—Não adianta me olhar com essa cara, Ronald, de noite você come - a mãe impediu a ação do filho antes mesmo de acontecer.

—Sem beliscar, Ron, senão, do jeito que você é, não vai ter comida para as pessoas - Ginny provocou, largando o pano de prato com o qual enxugava a louça em cima da mesa e indo averiguar o trabalho feito na sala.

Vendo o serviço ainda por fazer, Ron pegou o pano e continuou a secar os utensílios que povoavam a pia. Sabia que a mãe preferia trabalhar com tudo organizado.

—E então, querido, como você está? - Molly Weasley começou de forma sutil.

Ron sabia que já tinha demorado bastante até que a mãe indagasse sobre seu estado de espírito. Não que ela e Lilá tivessem convivido muito, porém ela sabia que o relacionamento havia acabado e não era de seu feitio deixar de lado os sentimentos dos filhos.

—Estou bem, mãe - não era inteiramente verdade, porém Ron ainda não queria falar do assunto, talvez nunca quisesse.

—Tem certeza? - os sagazes olhos azuis o encaravam através da fumaça que saia da panela.

—Tenho sim, tá tudo bem.

—Se você diz, querido - aquilo era a amostra definitiva de que ela não acreditara em suas declarações, mas que deixaria passar por enquanto - já se acostumou com sua promoção?

—Não mudou nada na prática…

—Mas eu vi que as pessoas andaram gostando da notícia de que você e a Hermione vão continuar apresentando juntos.

—Mãe, não dá atenção pra essas coisas, as pessoas são doidas na internet - Ron apertou as têmporas, tentando jogar pra longe a dor de cabeça que a mera menção daquele assunto ainda trazia.

—Tá bom, tá bom! - ela chacoalhou a mão, se dando por vencida, ou quase - mas vocês realmente fazem um par muito bonito.

—Não começa você também com isso! - Ron resmungou, deixando o pano de lado assim que seu trabalho terminou.

—Por que essa tromba, Ron? - Ginny retornou a cozinha depois de ficar satisfeita com a arrumação da sala.

—A mãe tá falando umas besteiras.

—Só estava comentando que ele e Hermione parecem agradar ao público… até eu sei usar essas coisas de facebook pra saber - e mãe deu de ombros, mas Ginny não deixaria passar a provocação.

Ela tinha uma suspeita no fundo da mente de que esse assunto incomodava o irmão por motivos diferentes do que ele gostava de afirmar.

—Eles não apenas agradam, mãe, são uma sensação do momento! Acredita que me mostraram esses dias na faculdade que já tem até páginas em redes sociais dedicadas a eles? 

—Vocês duas estão impossíveis! Se não precisam mais da minha ajuda, eu vou pro meu quarto - o tom rabugento de Ron ao sair fez com que Ginny risse ainda mais.

—Ele ficou bravo, Gin, a gente não devia ter brincado com isso… - Molly parecia um pouco arrependida.

—Que nada, mãe, o Ron precisa ser zoado de vez em quando pra ver se coloca as ideias em ordem.

—Você acha que tem alguma coisa nessa história? - claro que a senhora Weasley ia querer saber as fofocas oficiais sobre seu filho.

—Não sei, mãe… vai saber? Seu filho é um legume pra esse tipo de coisa na maioria das vezes.

—Ele reclamava tanto dela na época da faculdade - a senhora tirou a panela do fogo, satisfeita com o recheio pronto que despejou no bolo já cortado.

—As coisas podem mudar, não é?

Ginny ajudou a mãe com o resto dos preparativos e quando estava tudo finalizado, já era hora de ir se arrumar para receber seus convidados. Colocou o vestido azul marinho que tinha separado para a ocasião e checou o resultado no espelho que ficava em sua parede. O tecido ajustado em seu corpo caiu bem e a ruiva decidiu que gostou do que via refletido. O toque da campainha a levou a descer as escadas e ir dar as boas vindas aos primeiros amigos a chegar.

Sua família já se encontrava na sala, junto a alguns de seus convidados. Os aperitivos arrancaram elogios e Ginny se apressava em dar os créditos à mãe, quando novamente a campainha soou. A ruiva se encaminhou a porta, mas antes mesmo de abrir, sabia quem encontraria do outro lado.

—Eu vou me comportar, mãe, prometo! - a voz de Rose soou abafada, trazendo humor aos lábios de Ginny.

—Essa é uma festa de adultos, pequena, então nada de dar ideias indevidas - Hermione advertiu pelo que Ginny imaginou ser a milésima vez.

—Olá! - Ginny os cumprimentou assim que abriu a porta.

—Parabéns tia Gin! - a atenção da ruiva foi capturada pela garotinha que a abraçava - esse é o seu presente, eu que escolhi.

—Obrigada, Rose - ela pegou o embrulho que tinha certeza que continha algo relacionado à pequena sereia.

—Feliz aniversário, Ginny - Hermione a parabenizou e foi aí que a ruiva percebeu a presença de mais uma pessoa na entrada.

—Harry! - ela não quis soar tão espantada, mas tinha grandes dúvidas de que o moreno apareceria.

—Parece surpresa em me ver - ele ergueu os lábios em um sorriso petulante que ela já esperava que fosse aparecer.

—Não, claro que não, vamos entrando - ela deu passagem para que o grupo pudesse entrar, porém Harry fez questão de ficar para trás.

—Eu não sabia muito bem o que te dar de presente, espero que goste - ele entrou o embrulho que tinha em mãos e Ginny achou que ele ia se afastar para se juntar à amiga e à afilhada, porém ele se aproximou com um beijo em sua bochecha - Feliz aniversário - ele sussurrou em seu ouvido, uma atitude que ela achou completamente proposital, mas que não falhou em causar um arrepio em suas costas.

—Obrigada - ela respondeu sem deixar transparecer nada do que sentia no momento, e agradeceu mentalmente quando os dois se separaram.

Ela apresentou os recém chegados aos amigos e aos pais e foi deixar os presentes no quarto. Tinha em mente que deveria se manter longe de Harry naquela noite, já que o vinho que estava sendo servido adicionado a ideais que surgiam em sua cabeça não seriam bons conselheiros para qualquer tipo de proximidade com ele.

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

Hermione se sentiu um pouco sem graça ao ser apresentada aos pais de Ginny. Lembrava vagamente deles presentes no dia de sua formatura e esperava que eles não tivessem muito conhecimento sobre ela da época em que estudava com o filho Weasley mais velho.

—Então essa é a famosa Hermione - A senhora Weasley a cumprimentou com um sorriso assim que a filha saiu para guardar seus presentes.

—Não sei quanto ao famosa, mas sou - a morena respondeu, tentando esboçar um sorriso seguro.

—Você aparece na tv, mãe, claro que é famosa - Rose comentou, como se a mãe não soubesse das coisas.

—Tem razão, Rose, mas sua mãe é famosa por aqui faz muito tempo - o Senhor Weasley entrou na conversa e já recebeu um olhar reprovador da esposa, aparentemente aquele não era um tópico para ser abordado.

—Por quê? - claro que Rose não deixaria a curiosidade de lado.

—Sua mãe estudou com meu filho, sabia? Um tempão atrás - Molly tentou remediar a conversa.

Hermione agradeceu mentalmente à senhora a sua frente por não comentar com a filha que ela e o Ron viviam em pé de guerra na época da faculdade. Era claro para ela que os pais do ruivo estavam cientes disso.

—É mesmo? O tio Ron é seu amigo da escola?

—Sim, pequena.

—Ele veio? A gente pode ir falar com ele?

—Ele deve estar no outro cômodo, é só seguir - Molly comentou - mas você não quer vir comigo e pegar um salgadinhos bem gostosos?

—Eu posso, mãe? - Hermione concordou e a filha saiu saltitante de mãos dadas com a senhora.

Um grupo de amigas de Ginny, ao qual Hermione e Harry haviam sido apresentados, se aproximou novamente. As três garotas traziam papéis em mão, então Hermione já tinha uma ideia do que queriam.

—Desculpa incomodar com isso, Hermione, a Ginny vai nos matar quando descobrir, por isso aproveitamos que ela subiu… Você pode nos dar um autógrafo? - pediu a loira que Mione lembrava se chamar Alex.

—Claro - ela se aproximou para assinar e pôde ver de canto de olho Harry segurando o riso ao seu lado.

Ainda conversaram mais um pouco, as meninas tinham curiosidade sobre o dia a dia do jornal, porém Ginny chegou e acabou com a graça das amigas.

—Eu não falei que não era pra importunar a Hermione? 

—Elas não estavam incomodando, Ginny - Hermione partiu em defesa das meninas, era natural querer saber coisas diferentes de sua realidade e ela não se importava em responder perguntas simples.

—Tá vendo, sua sem graça - respondeu Mary, a mais baixinha das amigas - a gente só tava batendo um papo.

—Completamente inocente - completou Anne, mas Ginny não pareceu convencida.

—Eu não me importo, de verdade, Ginny, mas o que vocês querem saber, o Harry aqui sabe melhor, ele que trabalha na produção.

As três meninas viraram os olhos ao mesmo tempo para o rapaz que não tinha feito questão de ser notado pelo grupo e Ginny não falhou em ver um interesse dessa vez, nada inocente, surgir. Harry era muito bonito, as amigas seriam idiotas em não perceber, porém, mesmo sem ter a intenção, a ruiva não gostou de pensar que outras pessoas ali olhassem daquela forma para ele, afinal… afinal nada! Ela não tinha nenhuma exclusividade sobre o moreno com o qual tinha apenas dividido um suco. Entretanto, não se conteve mesmo assim.

—Vocês vão acabar fazendo perguntas para sempre, conheço vocês! Andem, eu preciso de ajuda pra trazer algumas coisas da cozinha - ela foi direcionando as amigas para o cômodo.

—Posso ajudar se quiser, Ginny - Harry se ofereceu, o que era a última coisa que ela precisava.

—Não precisa, Harry, essas três são o suficiente,

—Tem certeza? - Hermione indagou, mas recebeu a mesma negativa - Tudo bem, vou ver por onde anda a minha filha, já está alugando sua mãe há muito tempo.

Hermione foi em busca de Rose e deixou Harry para trás, já que ele decidiu que ia pegar algo para beber. A sala da casa dos Weasleys era consideravelmente grande e em formato de L. Mione foi se desvencilhando das pessoas, esperando encontrar Rose no outro canto perto da mesa de comida amolando a Sra Weasley, porém nada da garota. Decidiu então seguir para o cômodo seguinte que parecia ser uma sala de estar menor, poucas pessoas estavam sentadas ali e, no canto perto da janela, ela viu Ron conversando com uma mulher que devia ter a idade de Ginny.

Não que aquilo fosse da conta dela, porém a mulher não parecia ser a noiva de Ron. A maneira polida com a qual ela apoiava a mão no ombro dele não denunciava a intimidade de pessoas que dormem lado a lado todos os dias. Ele tinha o semblante fechado, como se algo o incomodasse e a moça, um tanto bonita como a morena reparou, falava com tranquilidade.

Nada naquela cena dizia respeito a ela, portanto, o mais correto seria seguir em sua busca por Rose, porém, a tal moça se afastou de Ron, passando por seu lado e o deixando sozinho e Hermione não conseguiu conter o impulso de ir falar com ele.

—Sua noiva já está acostumada com todas as fãs? - Hermione sorriu brincando, em momento nenhum teve a intenção de começar uma briga.

—Isso - ele respondeu entre dentes, com a cara completamente fechada - não tem absolutamente nada a ver com você, Hermione, que tal cuidar da sua vida? Que da minha cuido eu!

A morena nem teve tempo para processar as palavras ácidas que recebeu, Ron saiu andando em passos duros, sem ao menos cumprimenta-la. A atitude foi tão inesperada que Hermione ficou confusa, eles não tinham um certo tipo de amizade agora? Da onde viera aquela grosseria toda por conta de uma brincadeira? Sem saber exatamente o porquê, a forma que ele a tratou acabou por magoá-la, e quando isso acontecia, principalmente vindo do ruivo, sua reação era a de ficar brava.

Sempre fora assim, Ron e ela discutiam, se ele tocasse em algum ponto que a deixasse chateada, mais raiva ainda ela sentia. Sabia que a festa era de Ginny e que a garota não tinha culpa do cavalo que tinha por irmão, mas Hermione não queria mais ficar naquela casa, correndo o risco de ter que dar de cara com aquele irritante. Sem pestanejar, se virou para achar Rose. Elas iriam embora.

Achou a menina na cozinha, fazendo prova de todos os doces que ainda não tinham ido para a mesa. A Sra Weasley estava se divertindo ao fazer as vontades da menina, que deu um pulo da cadeira ao ver a mãe séria.

—Eu não pedi nada, mãe, foi a tia Molly que me deu - os olhos azuis suplicavam para que a mãe acreditasse, mas Hermione tinha mais coisas na cabeça do que pensar no consumo de doces da filha.

—Tudo bem, pequena, agradeça os doces que a gente já vai.

—Mas já? Nem teve parabéns ainda! - Rose fez um bico de decepção.

—Eu sei, mas a mamãe tem coisas para fazer muito cedo amanhã...

—Poxa...

—Se a sua mãe disse que tem que ir, então tem que ir, lindinha - Molly disse - pode ficar sossegada que a Ginny vai levar um pedação de bolo pra você na segunda-feira.

Rose ficou mais alegre com a promessa de bolo, porém ainda não estava satisfeita de perder o resto da festa. Hermione disse a Harry que estavam indo embora e ele concordou em ir junto, já que vieram no carro dela.

Já era algo desagradável ir embora assim tão cedo, Hermione não deixaria também de se despedir de Ginny. Só preferia que ela não estivesse ao lado do irmão quando foi fazê-lo. De certa forma se sentia idiota por estar tão irritada com o acontecimento besta de minutos antes, mas seu humor não permitiria ser uma boa companhia para um evento social no momento. Ainda mais se tivesse que olhar muito na cara de Ron. A segunda-feira de trabalho já seria penosa o suficiente tendo um tempo de distância para digerir a atitude dele.

—Ginny, nós vamos ter que ir - Hermione foi explicar à ruiva, mas não pôde deixar de ver os olhos de Ron nela, o que só ajudou a irritá-la mais.

—Mas já, Mione? Você nem comeu direito!

—Tenho umas coisas para fazer amanhã muito cedo e...

—Eu posso falar com você um pouco, Hermione? - Ron a surpreendeu com o pedido, o rosto nada tinha da dureza de minutos antes.

—Não acho que temos algo para falar - a última coisa que ela queria era levar outro comentário atravessado do ruivo.

A morena notou que Ginny percebeu a situação incômoda em que Ron e ela se encontravam, porém decidiu por não falar nada.

—Por favor, eu prometo que é rápido...

Ela queria bater o pé e dizer que não, que não era saco de pancada pra ficar levando tapas por aí, porém respirou fundo e se lembrou de que não era mais uma adolescente na faculdade. Ela e Ron trabalhavam juntos e de nada adiantaria prolongar qualquer picuinha, por mais que sua vontade fosse a de pegar a bandeja de bebidas mais próximas e tacar na cara dele.

—Tudo bem.

Sem explicar nada a nenhum dos pares de olhos curiosos que ficaram para trás, Ron guiou Hermione para fora da sala.

—Melhor a gente subir, tem gente por todo lado aqui embaixo - o Ruivo comentou, pedindo que ela o seguisse escada a cima.

Hermione achou estranho entrar numa parte tão privada da casa, mas decidiu não pensar nisso. Não importava de quem era o quarto pelo qual passaram, só iria ouvir o que o Weasley teria a dizer e resolver se ficaria tudo bem ou se realmente jogaria algo nele.

—Aqui é melhor - ele abriu a porta do que ela viu ser um tipo de escritório misturado com biblioteca.

O cômodo era aconchegante, exatamente o tipo no qual ela escolheria passar suas tardes quando estava crescendo. Resistiu ao impulso de olhar a lombada dos livros e ver seus títulos, não estava ali para isso, na verdade, nem sabia a razão de estar ali.

—Pode ficar à vontade - o ruivo indicou uma das poltronas grandes que havia no cômodo.

—Não, muito obrigada, vou ficar de pé, espero que isso seja rápido, o que quer que seja - Hermione cruzou os braços, com plena consciência que sua expressão era de poucos amigos.

—Tudo bem, eu... - o ruivo pareceu se perder em suas ideias, mas Hermione não estava com paciência.

—Se você me chamou aqui pra nada, eu vou embora - fez menção de se dirigir a porta, mas ele rapidamente se colocou no seu caminho.

—Não, espera... eu queria me desculpar por mais cedo – as palavras saíram amontoadas, ele estava claramente constrangido, não que isso a deixasse menos irritada.

—Hum... se desculpar pelo quê exatamente? - Hermione não era o tipo de pessoa que facilitava a vida de quem a tinha atingido.

—Você sabe... por ter sido um estúpido com você agora há pouco, você não merecia isso.

—Certamente que não! Eu não falei nada de mais!

—Eu sei... eu que estou com muitas coisas na cabeça e você acabou pagando por isso.

—A mocinha que estava conversando com você antes não parece ter sido tratada com a mesma delicadeza que eu - Hermione sabia que estava sendo petulante, mas não se importou.

—É que... - ele passou os dedos pelas mechas do cabelo, denunciando seu incômodo - bom, você vai saber mais cedo ou mais tarde mesmo... eu e a minha noiva não estamos mais juntos.

—Ah... - aquela era uma das raras vezes em que Hermione não teve resposta. Nem passava pela cabeça dela a possibilidade de que Ron pudesse ser uma pessoa disponível, não que isso mudasse alguma coisa, mudava?

—E eu sei, eu sei que isso não é desculpa, mas várias pessoas vieram me perguntar dela e minha mãe já tinha enchido minha cabeça com isso e com todas aquelas besteiras da internet sobre nós e eu... acabei respondendo torto, me desculpe. Você não tinha nada a ver com meu estado de espírito e não merecia essa atitude.

A voz dele demonstrava sinceridade, o que acabou arrefecendo a raiva de Hermione. Não era uma situação fácil e ele era apenas humano.

—Eu sinto muito, Ron, pelo que aconteceu - ela respondeu em voz baixa.

—Já tem um tempo, é só que... as pessoas ficam me lembrando e eu acabo tendo dificuldades de lidar com esse fracasso - novamente as mãos dele foram bagunçar os cabelos.

As peças foram se juntando na cabeça de Hermione e, mesmo sabendo que não tinha que se intrometer na situação, as palavras acabaram saindo.

—Foi por causa da sua promoção, não foi?

—Como você... - os olhos azuis a fitaram arregalados, era estranho para o ruivo que ela conseguisse lê-lo tão bem.

—Você estava triste no dia que aceitou a proposta do jornal, não fazia sentido nenhum, bom, agora faz - ela deu de ombros sem dar ouvidos a voz em sua mente que dizia que ela não tinha nada que saber quando o Weasley estava triste ou não.

—Foi isso mesmo, nós não brigamos nem nada, só fomos realistas de que cada um queria uma vida diferente e que não seria justo obrigar o outro a abandonar a vida que queria.

—Eu entendo bem o que é isso... pelo menos não teve briga - Hermione se controlou para não voltar no tempo e revisitar o próprio relacionamento fracassado. Algumas feridas, mesmo cicatrizadas, ainda doíam.

—Sim. Me desculpa mesmo, Mini - ela não deixou passar despercebido o fato de que ele voltara a usar o seu apelido de sempre e de que dera um passo à frente, diminuindo a distância entre eles - não vai embora por minha causa.

—E quem te disse que eu ia por sua causa? - ela arqueou a sobrancelha, pronta para negar o fato de que ele pudesse influenciar suas decisões.

—Eu conheço bem demais sua cara de raiva pra saber que você estava querendo arrancar a minha cabeça e decidiu que não ia estragar a festa da minha irmã com isso - ele debochou, sabendo que estava certo.

—As vezes é um pouco irritante você me conhecer tão bem – a morena revirou os olhos, não gostava de dar razão a ele, força do hábito.

—São anos de aprendizado e agora somos amigos, não somos? Uma trégua em corda bamba, ao menos? - era engraçado ouvi-lo classificando os dois como amigos sem ser uma zombaria completa.

—Pelo menos enquanto você não decide empurrar todo mundo da corda.

—Eu sei, eu sou meio idiota às vezes, como fui mais cedo, eu prometo que vou controlar minha língua - ele juntou as mãos enfatizando a promessa e ela acabou por acreditar de vez.

—Tudo bem, eu entendi que não foi você voltando a velhos hábitos de ser insuportável.

—Jamais, Mini! Agora a gente é legal um com o outro - ele se adiantou e pousou a mão no ombro dela, que sentiu o calor de cada um de seus dedos de encontro com sua pele desnuda.

—Vale nosso emprego, não é? - ela desviou o foco da conversa para algo mais leve, por algum motivo só conseguia prestar atenção na mão que começara a acariciar de leve seu ombro.

—É, isso também - ele comentou distraído, antes dos dedos roçarem os cabelos dela e cessarem o contato entre eles - você vai ficar?

—Eu... - a atitude dele tinha deixado Hermione confusa, nunca foram dados aquele tipo de interação delicada e íntima.

—Por favor, a Rose deve estar doida pelo bolo - Ron insistiu.

—Colocar minha filha no meio é golpe baixo, Weasley! - a morena rebateu ligeiramente indignada com a aptidão dele em tocar nos pontos que a fariam ceder.

—É só dizer sim, Mini!

—Não quero te deixar presunçoso achando que você muda as minhas decisões fácil assim - concluiu, torcendo o nariz para a ideia.

—O que eu tenho que fazer pra te convencer então? Quer um pedido público de desculpas? Com certeza isso vai me render uns tapas da minha mãe...

—Claro que não! - ela não queria nem imaginar que tipo de fofoca aquilo geraria, era difícil, mas não podiam deixar de ter em mente que eram pessoas públicas.

—Posso fazer o maior prato de doces que você já viu pra você? Ou então uma taça dos melhores vinhos? Eu sei todos os esconderijos.

—Quanta besteira, Ron - ela suspirou, correndo os dedos pela testa.

—Você que é difícil - ela quase riu com o bico que ele fez.

—Talvez...

—Fica, vai! Eu fui tão grosso que nem tive tempo de cumprimentar o Harry a Rose e você.

Deixando um suspiro escapar pelos lábios, Hermione acabou cedendo.

—Podemos começar a noite de novo então.

—Ótimo! - um sorriso gigante surgiu no rosto de Ron.

—Oi, Ron, vejo que está aqui escondido da festa - a morena começou novamente o diálogo.

—Oi, Mini, estou só dando o tempo do povo comer o que quer pra depois eu me servir sem sufoco.

—Temos um estrategista de festas aqui! - ela zombou.

—Ufa, eu te fiz sorrir, agora está tudo bem.

—Não era um recomeço da noite? - ela levantou a sobrancelha, cobrando que ele seguisse o script.

—Ah sim, saí da proposta! Deixa eu continuar - ele limpou a garganta - você está linda como sempre, toda vez eu penso que deviam te dar mais figurinos nesse tom.

—Outro dia estava me dizendo que eu devia usar mais o cabelo cacheado, agora é palpite nas cores de roupa... acho que vou pedir para te trocarem para a equipe de figurino, você parece cheio de ideias.

—Tá certo, sem mais palpites - Ron levantou as mãos em sinal de derrota - eu sei que a minha companhia é maravilhosa, mas a comida toda está lá embaixo e se a gente demorar mais um pouco, vão começar a imaginar o que estamos fazendo aqui. - ele indicou a porta com a cabeça.

—E o que a gente podia estar fazendo aqui que é digno de interesse? - apenas depois que perguntou foi que Hermione percebeu que suas palavras caminharam para um sentido que não deveriam.

—Bom, se você perguntar para qualquer um na internet, as possibilidades são inúmeras... - a voz dele soou um pouco mais grave que o normal e, por um segundo, ficaram se encarando em silêncio, ambos sem saber exatamente como tudo tinha chegado até ali.

—Mas a gente sabe que é só um monte de besteiras - Hermione quebrou o silêncio.

—Sabemos...

O melhor a fazer era não continuar aquela conversa, então Ron e Hermione desceram as escadas para anunciar a uma Rose amuada, que elas ficariam mais tempo na festa. Hermione notou os olhares desconfiados de Harry e Ginny, mas nada demais havia acontecido na biblioteca, tudo continuava como sempre, certo?