Um Sangue Doce escrita por Thay Nascimento


Capítulo 5
Capítulo 5




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Wiltshire,1705

Wiltshire não ficava muito longe de Londres. Tínhamos uma boa carruagem à disposição.

— Vamos, Elouise! E onde está seu irmão? Thomas precisa entender que é obrigação dele acompanhar a irmã mais nova. Você precisa encontrar um marido hoje, afinal, a nossa família tem uma reputação a zelar.

— Não se preocupe, Sharon Blackrun, Tommy tem 22 anos, pode se cuidar sozinho, e eu tenho Vossa maternidade — reprimi um risinho.

Minha mãe ignorou meu comentário e inspecionou o salão de baile à procura do meu irmão até eu ouvi-la exclamar.

—Thomas! Thomas!

Tommy veio até nós e fingindo não ter sido chamado pela nossa mãe, apenas abriu um sorriso e me estendeu o braço, que aceitei sem hesitar.

Saímos dali deixando a Sra. Blackrun sozinha, sabendo que ela iria em busca do nosso pai.

—Ela é uma boa mãe, de qualquer forma —meu irmão resmungou.

—Sim, ela é, mas eu espero que você seja um bom irmão e me apresente ao Sr. Kaelson.

—Então ele está na sua lista de pretendentes, Elouise?!




             

Os últimos dias foram os piores pra mim, não consegui parar de pensar no meu passado e em como fui abandonada pelo único que sobrou da minha família: meu irmão. Não faço ideia do que o transformou em algo tão impiedoso e misterioso, mas eu sei que independente de quem ele é, ainda sinto sua falta. Observo durante alguns segundos, as árvores perto da minha casa ,eu não deveria estar na varanda, afinal, os Alfws não são tão confiáveis assim, então nada me surpreenderia se eles decidissem atacar. Ainda assim permaneço sentada, e depois de perceber que não estou fazendo nada útil me levanto e decido encontrar o restante dos Eghy.

Chego na casa de Heather, uma das vampiras mais poderosas do nosso Clã e quase fico surda com o barulho de música que invade meus ouvidos quando a anfitriã abre a porta.

—Elouise Blackrun, que imenso prazer recebê-la. Faz muito tempo que não recebemos uma visita sua, às vezes quase questionamos se ainda pertence ao Clã! -ela disse franzindo a testa, se eu não a conhecesse acharia que estava falando sério.

—Ah, você sabe como é muito ocupada sendo perseguidas por Alfws caçadores. — Eu disse com uma piscadela seguida de uma risada que faz Heather dar um sorriso descontraído.

—Vamos, fique à vontade, afinal, aqui também é a sua casa.

Cumprimento Nancy e Kimberly, amigas de Heather, e sigo pelo pequeno corredor que me guia até o som, onde a festa deve estar acontecendo. Estão comemorando a trégua com os nossos adoráveis inimigos, como se isso fosse durar. Os vampiros estavam notavelmente espalhados pelo grande local. Alguns conversavam no canto, outros dançavam em um ritmo eletrizante, e ainda tinha os que bebiam, mesmo que isso não influenciasse em seres que não estavam realmente vivos.

Avalio o local durante alguns minutos, mas quando me viro novamente me assusto quando vejo pela primeira vez em séculos, Thomas Blackrun.

—O século XXI fez mesmo bem a você, Ellie. —Tommy diz.

—Não se assuste, Thomas, estamos apenas em 2005. — eu digo com firme frieza, mas não consigo esconder por completo o choque por vê-lo, quando já tinha me conformado que ele havia me deixado.

—Parece surpresa em me ver. Vamos conversar em um lugar reservado, por favor. — Então pega a minha mão e me conduz para longe dos outros vampiros.

No exterior da casa, mais precisamente ao lado dela, havia um pequeno gramado com bancos de madeira rústica, onde nos sentamos. Apesar de ser um lugar simples, os interiores de uma cidade têm suas vantagens. Estamos em frente a um jardim.

Thomas apressadamente coloca a mão no meu queixo-me fazendo olhar em seus olhos tão verdes quanto os meus, então coloca uma mecha do meu cabelo trás da orelha, levando em seguida, sua mão ao amuleto de esmeralda que ele me deu.

—Eu senti muita saudade, irmã. — Me olha profundamente sob a meia luz do ambiente. — Será que posso te dar um abraço e explicar o que aconteceu?

—A saudade que também senti por você é maior que qualquer mágoa causada há séculos, então acho que sim. — Me rendo, desarmada pelo seu toque fraterno.

Ele se levanta e puxa minha mão para que eu também ficasse de pé, e então me abraça. Foi o abraço mais forte que ele já me deu e eu me senti de novo a garota de dezessete anos que precisava do irmão para ajudá-la a ser uma vampira.

Fungo uma vez e o solto fazendo com que ele olhasse mais uma vez, diretamente nos meus olhos, como se quisesse provar que ainda era meu irmão.

—Por que você está aqui? — questiono calmamente.

 ♤





Wiltshire, baile de debutantes

—Não acredito que você está interessado em Lisa Watson! — o acusei com euforia adolescente para uma moça do século XVII.

—Elouise, não a julgue mal, ela é uma boa moça.

Encarei-o por alguns minutos até ser surpreendentemente convidada à dançar com Marx Kaelson, quando Lisa vinha ao nosso encontro.

Espero pacientemente a resposta de meu irmão quando finalmente ele disse:

—Há coisas que precisam esperar, Elouise, e esse não é o momento oportuno para dizer a razão de eu estar de volta, mas preciso dizer que eu não a abandonei. Fui forçado a isso.

—Nunca somos realmente forçados a fazer algo, Tommy, a decisão final sempre é nossa e você sabe. O mal está em nós. Sempre em nós.


Casa em Londres,1708

Ouço sons de objetos sendo quebrados, então saio do meu quarto e vou até a sala de jantar para ver o que está acontecendo.

—Mamãe? Papai? —pergunto em vão quando meus pais saem diabolicamente descontrolados do quarto, ambos com a boca suja de sangue.

Corri em vão para a passagem secreta do meu quarto quando outro vampiro (que eu não julguei ser capaz de ser real) entrou em uma velocidade impossível e sentou na cama.

—Um dia você vai entender que tudo que fiz foi salvar suas vidas — Lisa disse vindo rapidamente em minha direção cravando as presas em meu pescoço e meu último pensamento foi:"Eu não queria ser salva."


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