Um Sangue Doce escrita por Thay Nascimento


Capítulo 4
Capítulo 4




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Eu não precisei responder, logo Hermione e Mellody Denvers chegaram no pequeno local em que estávamos.

—Ellie? —Mel pergunta como se não esperasse me ver ali. —Eu não esperava vê-la aqui, o que está acontecendo?

—Eu posso responder essa pergunta, minha adorável Denvers. — diz Hermione. — Ela veio pelo Grimório das Artes dos Sentidos. Já que está aqui Courtney e Kaelson, que por acaso me surpreendeu com a sua bela presença, sentem-se, vamos conversar. Há muito a ser explanado. — Ela diz e eu ainda me questiono o que aconteceu com a mulher que cuidou de mim todos esses anos.

O que eu realmente queria naquele momento era sair dali e fingir que nada aconteceu, mas como uma Blackrun, precisava ficar e mostrar que não tinha medo, embora eu estivesse mais preocupada com o que Hermione iria introduzir nos pensamentos de Mel em relação a mim.

—Não há o que discutir, Hermione, e você não tem tanta certeza que viemos aqui por esse livro velho. Não sabíamos que ninguém estava em casa. — Marx diz.

—Pelo Lorde das Trevas! Eu avisei à Ellie que iríamos à Colina do Carvalho Branco. — Mel diz indignada.

—Mellody Denvers, sua essência de bruxa conhece os meus planos e sentimentos. Eu nunca mentiria pra você, e nunca faria algo que eu não achasse que é o melhor para todos e eu... — começo a dizer desarmada pela possibilidade de Mel deixar esse detalhe ser mais importante que o suficiente.

—O problema, Ellie, é que o seu conceito de melhor não se encaixa na vida de todos. — Mellody fala em um tom baixo, e eu soube que não conseguiria dizer mais nenhuma palavra que fosse capaz de magoá-la.

Dor. Essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas nesses últimos séculos, terremotos estranhos têm desmoronado tudo na minha vida e a única forma foi tentar poupar quem eu amo.

—Mel, eu sou a garota do acordo, e não os Alfws. E pretendo ofertar o meu sangue, ou pretendia até a sua avó decidir falar de um passado que realmente não importa para mim...Eu só gostaria de resolver tudo, Mellody. — Falo com o olhar que minha melhor amiga sempre sabia que era de sinceridade.

Baixo os olhos e começo a refletir sobre tudo que fiz de bom pelos que estão ao meu redor: A vez em que lutei com uma alcateia de lobos para conseguir recuperar o amuleto de Mel, ou quando fingi que não tinha habilidades de vampiro como estratégia em uma batalha com os Eghy, ou até mesmo a minha viagem à procura da Coroa de Sangue. Essas memórias quase me fazem sorrir. Quase. Até eu levantar a cabeça e os meus olhos ficarem presos ao olhar gélido de Hermione Denvers, como se ela quisesse falar algo e tivesse medo de pôr em risco os seus planos sujos.

Encaro por um momento o olhar tóxico da velha Denvers e começo a pensar se por acaso eu não seria capaz de descobrir o que ela estava planejando e por quê , mas fui interrompida por Mellody que, por fim, decidiu que deveríamos encerrar o assunto, mesmo que automaticamente, todos ali soubessem que aquilo havia apenas começado.



 

Vou até uma floresta distante dali. E Enquanto me aproximo devagar,(não porque eu era incapaz de correr, mas porque os meus pensamentos estavam inclinados ao cansaço)começo a observar o brilho do sol desaparecendo atrás das árvores, me deixando sozinha com a melancolia da noite e penso que na verdade era bom ter espaço para respirar um pouco. Na verdade, aquele era o meu lugar preferido, onde eu podia pensar em tudo o que estivesse me sufocando e lembrar que, afinal, eu era uma vampira e eu podia dar o meu jeito. Hoje está um dia calmo apesar da agitação com as bruxas Denvers. É bom que finalmente estamos de trégua com os Alfws, e tudo graças ao Grande Mal com o seu acordo e o clã dos sanguinários. Duvido muito que vá aceitar a minha proposta, mas é necessário que eu seja diferente dos outros que se importam apenas consigo.

Deixo meus pensamentos fluírem.

— Por que um maldito vampiro teve a ideia de transformar a sua família em abominações, Elouise?— eu digo com um suspiro como se não fosse para mim mesma e volto a pensar em algo que achei que havia se perdido assim como a minha humanidade.





Século XVII, Londres

—Espere, mamãe!

—Rápido, Elouise, não podemos perder o chá da tarde com a Sra. Denvers, você sabe que é falta de ética chegar atrasada.

—Eu sei, Sra. Blackrun, eu sei — respondi com um risinho abafado atrás da mão enluvada. —A verdade, mamãe, é que não sei porque estamos indo tomar chá, enquanto o papai está doente.

—É apenas febre, logo irá passar sei — mas eu sabia que ela não estava tão convencida assim.

Sou arrancada do meu devaneio quando um vento forte e mais frio que a minha pele começa a agitar os meus cabelos e anunciar que iria chover, então sem antes olhar para a lua atrás de mim e observar mais uma vez o meu refúgio, não dou atenção à uma presença perto da sombra de uma das árvores, apenas pego a minha tristeza nos braços e vou embora dali.

Em poucos minutos, eu estava de volta à minha casa, sonhava com um banho e cobertas quentes, apesar de não sentir frio, mas esse pensamento é destruído quando avisto Marx Kaelson sentado à minha porta.

—Até que enfim, achei que teria que contratar algum Alfw para me ajudar a resgatá-la. — diz revirando os olhos mas vindo até mim para me dar um abraço, me examinando por um momento .—Você está bem? Você não parece bem.

—Acho que não preciso responder, já que está tão seguro de si. Vamos...Vamos entrar logo.

A noite torna-se um incômodo, as vezes, quando se é um vampiro, e eu realmente estou bem melhor agora que vejo a luz do sol escapar pelas grandes cortinas vermelhas sobre as janelas do quarto, apenas porque tenho o meu amuleto de esmeralda para me proteger desses raios ofuscantes que insistem em ser contra os vampiros —escravos da noite.

Sinto os olhos de Marx me observarem, então viro as costas para o sol e meus olhos se fixam aos dele.

—O que foi? — especulo curiosa sob o olhar vago dele.

—Estava apenas pensando quanto tempo estamos perdendo nesse joguinho sobrenatural, e claro me pergunto porque não vim atrás de você antes. — Ele fala brincalhão com um sorriso maroto que me faz cair na gargalhada.

— Vou ignorar esse comentário. — Sorrio lembrando de noite passada.

— Claro. Mas posso perguntar? Por que de repente você parece amargamente triste?

—Prefiro não falar sobre isso, afinal, foi o pior fracasso que já vi, e não tente me fazer sentir melhor, sou uma vampira velha e não estamos mais no século XVII!

—Não sei qual a lógica da sua frase, mas espero que esteja bem.—fala enquanto prende o riso.

—O que eu sei, Ellie e que custe o que custar, Hermione vai pagar por cada coisa que desgastou você. Isso é uma promessa.

Então eu acreditei. E talvez tenha sido inútil.


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