Um Sangue Doce escrita por Thay Nascimento


Capítulo 14
Capítulo 14




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Corro até a minha casa, esquecendo que meu carro estava na Aldeia do Carvalho.

O que é tão importante para aquele vampiro estranho? Tudo bem... Tenho o sangue de um Original, mas e daí?

 Ligo para Marx: Caixa postal.

Eu precisava conversar com o Lorde das Trevas, ele poderia me explicar algo, certamente, mas se não por aquela bruxa traidora.

Dentro da minha casa tento organizar os pensamentos, depois resolvo ligar para Mellody.

"Você ligou para Mellody Denvers, deixe seu recado e lembre-se que sou uma bruxa."

— Mellody, quando ouvir essa mensagem me ligue imediatamente, preciso falar com você.



Lorde das Trevas:

— O que você tá dizendo, Clark? Isso não é possível, me certifiquei de que ela não havia entrado na Biblioteca antes, e o livro era tão velho que ninguém se interessaria por ele.

—O livro é tão velho que todo mundo se interessaria por ele, principalmente sua filha.

—Se ela leu o livro, então sabe que você é o pai dela. —Hermione finalmente diz algo sobre o assunto, enquanto olhava para mim compreensiva.

—Como ela conseguiu disfarçar? Conheço Elouise muito bem, se trata da minha filha afinal, e eu sei que uma coisa que ela faz horrivelmente mal, é tentar disfarçar algo. Diga, Clark, como sabe que ela tem o livro? — eu digo cruzando os braços.

—Por que ela chamou Lisa de irmã e depois se martirizou por ter deixado isso sair dos próprios lábios, em seguida perguntei como ela sabia disso e ela tentou sair. Ainda pensei em citar o livro, mas não poderia cometer esse erro, então deixei ela ir embora.

—Não sei o que dizer, mas parece que ela não conseguiu ler o livro completamente, ou saberíamos. Alguém deve tê-lo levado. E só havia uma pessoa que estava caçando o livro.

—Lisa Watson, é claro. —Hermione fala lendo os meus pensamentos.




Lisa Watson:

"Procurei em vão por Sharon. Em vão porque quando a encontrei suas palavras me machucaram, infelizmente ser vampiro não te impede de sofrer, mas na verdade, aumenta a possibilidade disso. Quando a encontrei ela disse: 'Estou com o meu próprio império, fique e faça parte dele ou me deixe em paz, não vou lutar contra a minha natureza, não é culpa minha que os humanos tenham um sangue tão doce e revigorante, em seguida ela riu. Eu já não a conhecia, e não podia fazer parte disso, não poderia dar espaço ao monstro que havia me tornado."

"Procurei então pela descendente da bruxa que criou os vampiros. Foi difícil no início, mas depois de muitas viagens e de fazer muitas amizades com bruxas, vampiros e até lobisomens, consegui encontrá—la. Para superar as minhas buscas por Sharon, eu pensei que poderia criar o meu próprio império. A bruxa apenas me olhou quando contei tudo sobre mim, mas parecia que ela já me conhecia. Balançou a cabeça, suspirou e disse apenas que me ajudaria, que um dia me procuraria, quando eu estive poderoso o suficiente, iria pedir minha ajuda. Não acho que ela tenha me ajudado por esta causa, e na verdade eu nunca soube o porquê. Depois dos feitiços e dos laços que ela fez para que eu me tornasse um bruxo além do vampiro que eu já era, sua força se esvaiu como se ela tivesse esgotado o próprio poder. Acredito que já sabia que isso iria acontecer, mas tenho a impressão de que a ajuda que ela diz precisar no futuro, envolva o Outro Lado."

Aquelas palavras tinham um enorme peso para mim, mas significavam mais que qualquer coisa, deixava claro quem era meu pai e me faz lembrar quem são os meus irmãos, então decido deixar meu orgulho de lado e ir até a casa de Elouise.



Elouise Blackrun:

Como Mellody e Marx não me atenderam, chamo Thomas até minha casa, precisava falar com ele também, que tinha se afastado de mim desde o dia que foi tentar me buscar no Palácio de Sangue.

—Sente-se, Tommy. —Falo depois de abraçá-lo.

—Estive com saudades, apesar de não poder me aproximar de você com aquele Sr. Manto Negro guardando você.

—Eu precisava ficar lá. Eu queria muito voltar pra casa, mas tinha que descobrir algo mais.

—Experimente contar.

—Não é tão fácil assim.

—Foi fácil ficar no covil das trevas, não? —Tommy diz erguendo uma sobrancelha.

—Você não entenderia.

—Tente. Não vai adiantar ficar se esquivando disso enquanto fica se matando por dentro, Elouise.

Então eu simplesmente despejo tudo. A minha necessidade em descobrir o quanto eu era importante, o Livro dos Blackrun que era tão misterioso quanto a origem dos vampiros, o encontro com nossa mãe que ele ainda não sabia como havia ocorrido, e por fim, que Lisa Watson era na verdade nossa meia- irmã.

Thomas permanece em silêncio, apenas me olhando, porém não parece surpreso com as informações. Mas quando ele abre a boca para dizer alguma coisa sobre o assunto, alguém bate à porta.

 



Ao abrir a porta, fico paralisada olhando para a garota pálida à minha frente e espero que falasse.

— Boa noite, Elouise, não vai me convidar para entrar? —Lisa fala parecendo nervosa, por mais que não fosse algo aparente.

—O que quer Lisa? —Thomas sibila atrás de mim antes que eu possa falar algo.

A expressão de Lisa se torna uma máscara confusa e ela dá um passo para trás como se não esperasse ver Tommy ali.

—Thomas, a gente acabou de conversar, lembra? Se Lisa está aqui, deve ter algo importante a dizer. Entre por favor. —Eu digo tentando parecer meiga com um sorriso forçado para a garota.

Depois de estarmos todos bem acomodados na minha sala de estar, Lisa umedece os lábios e tira um embrulho negro de dentro do moletom que estava vestindo

—Acho que isso estava com você. —Me entrega o embrulho que depois de pegá-lo percebo que se tratava do Livro dos Blackrun.

—Então foi você. — Me refiro ao sumiço misterioso do livro.

—Sim, embora não acredite, eu precisava mais que você.

Thomas nos olha com uma expressão odiosa, mas permanece em silêncio.

—E pretendia nos dizer que é nossa meia-irmã? — falo encarando-a.

—Não, Elouise, não pretendia. O que mudaria? O que mudou? Continuo a ser odiada por vocês e sei que tem razão, mas não é culpa minha. Não foi culpa minha ter sido rejeitada pelo meu próprio pai, não foi culpa minha que a minha mãe tivesse morrido. E eu amo vocês como minha família, depois de tanto tempo movida pelo ódio que eu nutria por algo que eu havia criado. Eu finalmente descobri isso. Não tenho ninguém além de vocês. E pode ser tarde, mas eu preciso dizer isso.

—Nunca é tarde quando se é um vampiro. —Thomas diz em voz baixa, mas nossa audição aguçada faz com que ouvíssemos.

—Vocês poderiam me perdoar? —Lisa questiona mais pra si mesma do que para nós.

Não precisamos responder, Thomas se levanta do sofá e estende a mão para ela. Ele acena para mim e pego na outra mão de Lisa. Então ela levanta e nós três nos abraçamos sabendo que agora éramos uma família de verdade, embora com muitos segredos a serem desvendados e grandes diferenças a serem superadas.



Mellody Denvers:

Marx havia me pedido para conversar logo depois que eu avisei a Ellie que o Lorde a tinha chamado.

—O que houve? —pergunto preocupada pela expressão cabisbaixa de Kaelson.

—Os acontecimentos estão me acabando, acho que é isso e estou tão distante de Ellie. Depois que ela se pôs obcecada por tudo do Grande Mal, se afastou de todos, e não sei o que fazer.

Reflito sobre o que ele diz e compreendo exatamente o que Marx quer dizer, mas como estávamos no meio da Aldeia do Carvalho, pergunto se ele quer ir a minha casa onde seria mais confortável para conversar, já que todos estavam conversando e provavelmente iam demorar.

Chegando na casa Denvers, onde eu e agora vovó também morávamos, entramos e vamos para o escritório.

—Mellody, desculpa perguntar, mas sabe por que o Grande Mal queria tanto conversar com Ellie? — ele pergunta assim que sentamos.

—Na verdade, não faço ideia, ele apenas disse que a chamasse e que não desse mais detalhes sobre isso.

—Entendo, gostaria de saber o que falavam, isso me preocupa, mas acho melhor não falarmos sobre isso. Me fale de você. Como está?

—Estou bem, levando em consideração que os humanos não descobriram nada sobre nós ainda. —Respondo dando de ombros.

—De qualquer forma, espero que nunca nos descubram, sabemos que isso pode ser horrível para nós, principalmente se descobrirem que verbena pode enfraquecer aos vampiros exclusivamente.

—É claro.

Abaixo a cabeça e penso como seria se todas as espécies sobrenaturais se extinguissem. Apesar que os Alfws com certeza tentariam lutar contra isso do jeito deles, não seria tão fácil assim.

—Tem certeza que está tudo bem? —Marx perguntou.

Assinto, mas mesmo assim meus olhos começam a marejar. E imediatamente nego freneticamente e deixo os ombros caírem. Continuo chorando e soluçando enquanto Marx pergunta o que aconteceu e me envolve em seu abraço tentando me consolar por algo que ele nem sabia o que era.

—Vai ficar tudo bem, Mel, sabe que pode contar comigo. Estou aqui. —Ele diz secando minhas lágrimas com os dedos incrivelmente macios.

Olho para ele quando outro soluço escapa dos meus lábios e percebo que ele agora me encara e seus dedos ainda permanecem em meu rosto. Sua mão começa a acariciar minhas têmporas que estão tensas, até que ele deixa seu polegar ir em direção aos meus lábios trêmulos.

—Uma mulher tão linda não deveria ter motivos para chorar. —Ele sussurra e começar a enrolar em seu dedo um dos cachos do meu cabelo.

Se eu dissesse que nesse momento penso em algo além do que o que está dentro do escritório, especificamente no pequeno sofá que estávamos, eu mentiria.

Com um suspiro estranhamente doloroso, Marx Kaelson me olha nos olhos e me beija.


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